Capitulo 7 – A Fada dos Dragões 

“Às vezes um pequeno ato pode mudar alguém a ponto de esta pessoa necessitar preservar aquele pequeno laço. E assim uma amizade nasce, e a vontade de mantê-la acaba tornando-se maior.”

Juntando todas as forças que possuía, ergui-me e corri para longe carregando Lector comigo.

Eu não podia deixar que a existência dele fosse descoberta por qualquer membro da Saber que não fosse Sting ou Rogue.

Após longos minutos parei. Estava ofegante, meu corpo todo doía e podia sentir as lágrimas escorrerem livres por minha face.

Eu ainda podia sentir toda aquela dor e angustia chegando até mim.

- Fada-chan... – murmurou-o. – O que vai acontecer agora? E-Eu... eu não quero ficar longe do Sting-kun... – afirmou-o. Pude notar as lagrimas formando-se em seus olhos.

Respirei fundo tentando acalmar-me.

Com uma mão sequei as lagrimas que ainda escorriam por meu rosto.

- N-Não se p-preoc-cupe... – sussurrei com uma tentativa de retomar o fôlego. – M-Mais tarde... – respirei fundo. – Mais tarde, quando for de madrugada, levar-te-ei de volta para Sting.

Ele me olhou por alguns segundos.

Podia ver seus lábios tremerem e prontamente Lector me abraçou.

- O-Obrigado Fada-chan – chorou-o. Acariciei sua cabeça.

- Precisamos nos esconder agora – sussurrei observando a nossa volta.

Tomei-o em meus braços novamente, e voltei a correr.

...

Ergui o olhar para o céu. O sol ainda não mostrava-se no pico. Ou seja, não era meio dia ainda.

Respirei fundo logo fechando os olhos.

Eu e Lector estávamos afastados do palácio, dos alojamentos... bom, estávamos nos arredores da cidade nas proximidades de um rio raso.

O lugar era lindo.

A água cristalina, cercada por algumas pedras e o restante era apenas grama e mais grama verde.

Sentei-me com Lector sobre meu colo.

Suspirei.

- Levy-chan deve estar preocupada já – murmurei mais para mim do que para o pequeno neko.

- Fada-chan, estou com fome – disse-o após alguns minutos de silencio.

Coloquei-me de pé, ainda com o gato em meus braços.

- Melhor voltarmos para a cidade e comermos algo – disse sorrindo para ele.

Vir-me-ei e subi a elevação que havia.

Caminhei por algum tempo e logo chegamos a uma rua movimentada. Havia diversos restaurantes e lojas.

Olhei ao redor tentando localizar onde estávamos e logo vi o alojamento da Mermaid Hell. Frente a ele estava Milliana e Kagura.

Engoli em seco, Kagura era assustadora. Melhor eu fingir que não as vi.

- Vamos ali! – pediu o neko apontando para uma barraquinha de takoyaki.

Ergui-o nos braços como uma criança.

- Vocês vai ficar gordo Lector – disse rindo e ele fez bico.

E assim segui para a barraca.

- Boa tarde senhorita – a atendente, uma mulher morena, magra e vestindo um avental branco, sorriu para mim.

- Boa tarde – respondi educada. – Uma porção de....

- Duas – cortou Lector.

- Guloso – murmurei. – Duas porções de takoyaki, por favor.

Após alguns minutos a peguei duas travessas pequenas contendo, cada uma, dez bolinhos redondos. E paguei a mulher.

Segui para um banco próximo sendo seguida por um Lector babão que voava ao meu redor só esperando eu deixá-lo atacar o prato.

Sentamo-nos e começamos a comer.

- Fada-chan... – chamou-me o neko com a boca cheia. Após engolir continuou. – Fada-chan, como você me salvou?

- Err... – coloquei um bolinho na boca. E agora o que respondo? – Com uma magia muito antiga – murmurei sorrindo nervosa.

Ele pareceu interessado. E não se demorou muito para perguntar:

- Que magia?

Aproximei-me dele, mas sem antes olhar se não havia ninguém muito próximo.

- Arco do tempo – sussurrei e voltei a comer meu takoyaki. Ele pareceu surpreso.

- Mas Fada-chan não é só uma maga celestial... – murmurou-o sem entender, comendo seu ultimo bolinho.

Neguei.

- Existem coisas sobre mim que ninguém sabe Lector – sorri para ele comendo meu ultimo takoyaki. Mas acabei engasgando-me devido uma explosão que aconteceu ao longe.

Minha garganta ardeu, e muito. O ar que estava me faltando voltou assim que senti uma mão chocar-se com força contra minhas costas.

Respirei fundo recompondo-me.

- O-Obrigado – agradeci a... Flare?

Arregalei os olhos.

- V-Você é da Raven Tail!! – afirmei assutada. – V-Vocês não foram c-capiturados pelo exercito?

- Nos só quebramos as regras... não a lei. Só fomos interrogados – disse-a.

Recuei um passo.

- P-Por que você esta aqui? – indaguei levando a mão as minhas chaves.

Ela abaixou a cabeça encolhendo os ombros.

- Me desculpe... – sussurrou.

O-O que?

- Isso era tudo o que eu queria dizer... – murmurou virando-se e indo embora.

Surpresa. Era assim que eu estava nesse momento. Extremamente e completamente surpresa.

- Isso foi estranho – afirmou Lector. Assenti.

Mas enfim, ainda estou intrigada com o fato daquela explosão que aconteceu.

Olhei na direção onde podia-se ver fumaça subir. Prestando melhor atenção dava para se ver o nome Ryuuzetsuland.

Então a ficha caiu.

Foi obra do Natsu, só ele para fazer tudo isso.

Suspirei.

- Quer ir aonde agora? – sorri para ele, ignorando completamente a fumaça que subia ao longe e também o fato de ter completa certeza que a Fairy Tail esta envolvida nesse incidente.

Ele olhou para mim e depois para a fumaça que subia. E novamente para mim.

Dei de ombros pegando-o nos braços e seguindo para qualquer lugar.

...

Após algumas horas de caminhada que, devo acrescentar, não foram nada relaxantes. Eu já conhecia bastante Lector.

Ele me contou que foi ‘adotado’ por Sting quando ainda era criança e que juntos entraram para a Sabertooth, assim como Rogue e Frosch. Contou-me também que Sting era o ídolo dele – mas isso eu já tinha percebido pela forma como ele fala daquele loiro.

Enfim, continuamos conversando. Mas eu não havia me esquecido do que aconteceu mais cedo, assim como sabia que o neko também não havia esquecido. Apenas deixamos o assunto em ‘off’ por agora, e trataríamos disso melhor mais tarde quando encontrássemos Sting, Rogue e Fro.

Estávamos atravessando a rua quando os vi.

Eram seis. E caminhavam sérios sem notar que eu os observava.

Franzi a testa e me escondi em um beco próximo.

Por que eu estava me escondendo deles? Quem sabe. Apenas acho que há algo suspeito, pois Natsu e Gray não estavam brigando. E também por que Gajeel estava em frente os guiando.

Mordi o lábio e comecei a segui-los. Claro que dando graças aos céus pelo vento esta a meu favor impedindo que eles me notassem através do cheiro, e também, meu poder mágico estava praticamente nulo o que torna minha presença como a de qualquer outra pessoa que havia na rua há essa hora.

Respirei fundo e mantive-me na cola deles levando Lector à tira colo.

- Fada-chan por que esta os seguindo? Não são da sua equipe? – indagou-o baixo.

Confirmei.

- Mas há algo suspeito. – murmurei de volta. – Veja estão seguindo para o estádio dos jogos. – apontei e os acompanhei a distancia.

Pude vê-los darem a volta e adentrarem em um tipo de caverna extremamente grande.

Gajeel continuava na frente seguido por Gray, Natsu, Happy, Charles e Wendy.

Adentrei na caverna continuando a segui-los.

E quando eles pararam, escondi-me atrás de uma rocha grande.

- É aqui – pude ouvir a voz de o moreno ecoar. E assim que vi o lugar em que nos encontrávamos arregalei os olhos.

- I-Isso é... – Wendy. Eu podia ouvir o medo em sua voz.

- O que é isso? – indagou Gray.

Encolhi-me em meu lugar. O medo que sentia era mais que evidente.

O lugar era realmente assustador. Era como um salão imenso cheio de declínios. E sobre a terra haviam diversos ossos cheios de lodo e sujeira.

Mas não eram ossos pequenos. Eram grandes... imensos... pertencentes aos mesmos tipos de criaturas... eram ossos de...

- Ossos de Dragões... – ouvi Natsu. Meu coração apertou. – Um cemitério de Dragões...

O neko azul perguntou algo, mas não ouvi.

- São tantos... – pronunciou a gata branca.

- Que lugar é esse? – a voz do mago de gelo ecoou mais uma vez.

- Sei lá... - fora tudo que o Dragon Slayer de ferro respondeu cruzando os braços.

Gajeel aparentava querer mostrar indiferença, mas seu nervosismo estava evidente para mim. Ele temia, mais que qualquer outro Dragon Slayer ali presente, que Metalicana estivesse repousando ali.

- Não entendo, por que tem tantos Dragões...? – Natsu. Ele estava confuso.

Mas eu sabia o que havia acontecido ali.

Trinquei o maxilar. Devia mostrar-me para eles? Revelar a verdade? Seria algo chocante...

Mas... algo me diz para não o fazer.

- Talvez Igneel... – Happy começou.

- Happy! – repreendeu a gata branca.

- Nossos Dragões desapareceram há quatorze anos. – começou Gajeel. – Estes ossos que estão aqui são de um tempo muito mais antigo...

- Então ainda há chance de... – começou Lilly logo sendo cortado por Wendy.

- Via Láctea – disse-a.

Todos a encararam.

- Como...? – indagou Gray.

- Via Láctea. É uma técnica de Dragões que a Polyushka-san me ensinou – iniciou-a. – Escutar as vozes dos Dragões que estão conectados ao rio do céu. – Ela suspirou. – Achei que era uma magia de ataque... mas talvez seja isso... Via Láctea pode ser uma magia que serve para ouvir as vozes das almas dos Dragões.

- O-O que!? – Gajeel.

- Isso é... – Natsu.

Ela realmente cresceu.

Grandine ficaria orgulhosa.

- Se ouvirmos as vozes dos Dragões daqui, talvez possamos saber o que aconteceu... – afirmou-a. – E talvez possamos saber algo sobre os nossos Dragões também.

Ela estava determinada. Sorri pequeno, Wendy estava mais forte.

Ergui-me devagar e sai através de uma fissura que havia próxima. Se eu voltasse pelo mesmo caminho eles saberiam que estive aqui.

Suspirei seguindo o caminho de trilhos que, se eu estivesse certa, poderia nos levar direto para a saída.

Após alguns minutos pude ver uma claridade diferente, e logo sentir uma brisa suave em meus cabelos.

Sorri. Achamos a saída.

Assim que saímos nos vemos no interior da cratera no centro do estádio. Quem diria...

Agora era só sair pela entrada do estádio.

Observei ao redor lembrando-me da batalha intensa que meus amigos tiveram com os Dragões Gêmeos.

Lembro-me de ver a espada de Rogue cair em algum lugar.

Vir-me-ei procurando-a com o olhar. E logo me deparai com uma pequena peça brilhando perto de algumas rochas.

Caminhei até ela, com Lector em meu encalço.

Assim que cheguei próximo o gato amarronzado se manifestou.

- O brinco do Sting-kun!! – afirmou prontamente tomando o objeto entre as patas.

- Que sorte encontrá-lo – sorri para Lector que devolveu o sorriso.

- Ele vai ficar feliz de tê-lo de volta, foi o Dragão que criou ele quem deu esse brinco – disse-o.

Abaixei-me.

- Deixe-me guardá-lo para você – pedi. – E mais tarde entregaremos para Sting-san.

Ele assentiu me entregando o objeto. Coloquei-o em um pequeno bolso que ficava no cinto de couro que prendia minhas chaves.

- Vamos ver se achamos a espada de Rogue-san também – disse. Ele confirmou e começamos a vasculhar o lugar.

Nossa busca demorou horas, podíamos ver que o sol já estava para se pôr, mas enfim encontramos a arma.

Ela estava embaixo de uma pedra que, cá entre nós, era pesada.

- Como vamos tirá-la daí? – indagou Lector.

- Eu tenho um pouco de magia ainda... posso chamar o Taurus e pedir para tirá-la, mas depois ficarei muito fraca – murmurei.

- Então eu posso te levar daqui para o alojamento da Sabertooth – disse-o.

O sol já estava se pondo, acho que não faz mal ir para lá agora.

- Tudo bem – sorri para ele.

Peguei a chave de Touro em meu cinto e estendi-a a minha frente.

- Abra-te portão para o touro dourado! – girei-a. – Taurus!

Um clarão tomou minha visão e logo o espírito celestial fez-se presente.

- Lucy-san! Esta com um corpo maravilhoso como sempre! – gritou-o.

- Não grite – mandei. – Agora, Taurus retire essa pedra daqui, por favor. – pedi, e ele assim o fez. – Obrigado... – e logo o portão do touro fechou-se.

Respirei fundo caindo sentada frente à arma.

- Minha magia se foi toda agora – suspirei.

Curvei-me um pouco para pegar a arma, que notei ser um tanto pesada.

- Podemos ir Lector? – indaguei. Ele apenas acenou e abriu suas asas.

Em poucos segundos ele segurava-me pela camisa que vestia enquanto voávamos alto.

Agarrei-me firmemente a espada enquanto admirava-me com a vista de toda a cidade e também de o pôr do sol.

Sorri. Era uma visão realmente bela. O sol se pondo deixando o céu tingido de um dourado perfeito, as nuvens refletindo os últimos raios de sol tornavam-se alaranjadas. E, se prestasse bastante atenção, o ultimo raio que o sol mostrava antes de se pôr era de um vermelho sangue indescritível.

Abaixei o olhar. Há quanto tempo eu deixei de notar esses mínimos e belos detalhes? Talvez tenha sido depois que mamãe morreu... talvez...

- Fada-chan vamos entrar pela varanda do quarto do Sting-kun – afirmou o gato.

- C-Certo... – murmurei.

Não tinha mais tanta força para falar. Meu corpo estava cansado demais e os ferimentos do dia anterior ainda não estavam curados, sem contar as duas costelas que fraturei.

Lector deu a volta no prédio e logo avistei duas varandas. Cada uma com uma porta levando a um aposento. Ele me colocou com cuidado no chão, mas assim que meus pés encostaram o piso, as pernas não agüentaram o peso do corpo e tudo o que senti em seguida foi à dor de meu corpo chocando-se contra a superfície dura.

- Arg... – gemi sentindo minhas costelas voltarem a doer devido à espada que se encostou ao ponto dolorido.

- Que barulho foi esse? – essa voz...

Pisquei. De alguma forma minha visão estava embaçada. Talvez tenha sido a utilização em excesso do meu poder mágico unido ao meu cansaço.

- Fada-chan!? – chamou Lector ao meu lado sacudindo-me. Parecia desesperado...

- L-Lector? – em seguida outra voz chegou aos meus ouvidos enquanto uma claridade forte cegava-me. – Espera... o que essa blonde esta fazendo aqui?

Depois disso tudo o que eu pude ouvir foram passos apressados e em seguida o nada.

xXx

Quando eu tento me lembrar do que aconteceu naquela noite. Tudo pelo que eu me pergunto é o “Por que?”. A verdade é que eu também não sei responder...

Mas eu sei que Sting Eucliffe possui um bom coração, mesmo que ele tente o esconder por trás de uma sórdida face de playboy metido e arrogante.