— Não vão sair daí até que comam tudo!

       O garoto de cabelos negros olhou para seu prato mais uma vez. Continha uma pequena porção da leguminosa que mais odiava nesse mundo: brócolis.

       Cutucou o conteúdo do prato com o garfo, encarando os terríveis monstrinhos verdes.

       — Terminei! — Seu irmão, que estava ao seu lado exclamou, com o prato vazio, enquanto se levantava. O cão Scooty parecia satisfeito com alguma coisa.

       — Ok, Tom, pode sair. — A avó doa irmãos gêmeos disse ao constatar que Tom comera tudo.

       O gêmeo que nascera exatamente 10 minutos antes do outro saiu para a sala, deixando o irmão ali, com uma de suas maiores fobias.

       — Vovó, eu preciso mesmo comer isso?

       — Sim, Bill, você precisa.

       — Por quê?

       — Porque é saudável, e vai te fazer bem. — Respondeu ela, colocando fim a conversa.

       Bill olhou para seu prato, novamente. Oras, o que poderia haver de errado com legumes? São apenas coisinhas verdes e desagradáveis, que mal poderiam fazer?

      — “Vai ver foram trazidas por alienígenas“ — Pensou, brincando consigo mesmo, mas não rindo da brincadeira.

      Olhou para a avó que lavava a louça. Ela ainda estava lá, vigiando como um cão de guarda. A única solução era, realmente, enfrentar os alienígenas que repousavam calmamente na base de porcelana.

       Espetou o garfo em uma delas e a levou até a boca.

       Assim que a leguminosa tocou as papilas gustativas de Bill, ele sentiu seu estômago revirar. Era um gosto terrível e não definido. Mastigou uma, duas vezes e aquilo havia se tornado uma pasta na sua boca, mas a sua garganta se fechara impedindo que ele conseguisse engolir. O Big Mac que comera tempos atrás começara a querer voltar.

       O garoto tampou a boca para evitar cuspir. A meleca não era nem mais mastigável. E o pior: Sentiu o que havia comido anteriormente começara enfim a voltar. E aquilo não podia acontecer, porque provavelmente levaria uma bronca feia.

       Tomou coragem, se preparou e engoliu tudo de uma vez, cobrindo com água, sentindo cada pelo de seu corpo se arrepiar.

       Olhou de novo para o prato. Aquilo era tortura. Resolveu, por fim, seguir o exemplo de Tom, e simplesmente deixar que Scooty se satisfaça mais uma vez.

       Afinal, é melhor mesmo deixar essas monstruosidades para quem tem coragem, e estômago, pelo menos. E esse, no momento, não era o caso de Bill Kaulitz.