Novo Rumo escrita por Nah


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Ai esta mais uma parte da historia... no total deram 35 paginas do word... eu tentei dividir no meio mas ainda sim nao aceitou... entao estou dividindo em tres partes...



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Reconheci de cara a voz de Eleazar, após o incidente, Marcus achou que seria melhor para mim se eu simplesmente não cruzasse mais com a guarda, mas como ele sozinho não poderia cuidar de mim começou a desenvolver uma amizade com Eleazar, em quem ele confiava minha segurança, pois sabia que de todos ali, o mais humano era o vampiro moreno


Eleazar deu risada da forma como Lina o descreveu.


Ele chegou mais perto de nós e sorri para mim, enquanto Marcus ainda estava parado entre nós.


-Marcus, Aro quer falar com você.


-O que ele quer?


Eleazar não respondeu a pergunta, apenas acenou e se abaixou virado para mim.


-Eu já volto, Eleazar ira cuidar de você.


Eu apenas assenti, não havia necessidade de me preocupar com Eleazar próximo a mim, ele era quase tão protetor quanto Marcus.


Então meu pai sumiu, senti apenas a brisa carregada de seu aroma doce, Eleazar veio ficar a meu lado, eu sabia que de todos no mundo ele seria o único a não mentir para mim, a aquela altura eu já sabia da capacidade dele de ler mentes, apesar de Marcus ter represado ele por ter me contado, eu não conseguia entender o porque de Marcus e Didyme sempre tentarem esconder as coisas de mim, sempre diziam que não era algo que uma criança deveria saber, mas depois de tudo, eu já me considerava uma adulta aos 14 anos de vida.


Deixei minha mente começar a vagar para meus aniversários passados, o primeiro que passei ao lado de minha nova família, naquele Didyme ainda estava viva, ela me acordou com uma enorme caixa maciça colo, quando abri me deparei com uma linda jóia brilhante, um colar que agora eu sempre carregava comigo, nos outros aniversários eu sempre sentia que minha mãe estava presente quando tocava nos delicados rubis em volta do colar de ouro e isso me deixava feliz pois junto de mim eu sempre tinha também meu pai Marcus, ele também sempre estava lá, e me dava algo diferente, mas o presente que mais havia me deixado feliz foi em uma noite que ele disse ser natal, fomos para a campina e ele me mostrou uma estrela, a mais brilhante e disse que o nome daquela estrela seria Lina.


Eu teria continuado a divagar se não fosse pelo riso de Eleazar, olhei para ele e pensei ´´qual a graça?´´.


Ele deu outra risada, era estranho para mim pensar que ele podia estar na minha cabeça mas eu não poderia estar na dele.


-Você gosta muito do Marcus, não é?


´´Claro! Eu posso não ter seu sangue mas para mim é como se ele e Didyme tivessem me trazido à vida, eu não consigo me imaginar sem ele a meu lado, eu o amo, mais do que achava ser capaz de amar um dia meus antigos pais, claro que eu me irrito porque às vezes percebo que ele me esconde coisas, mas se Didyme também fazia a mesma coisa é porque eles tiveram um bom motivo.´´


Eleazar passou a mão por meus cabelos e sorriu, ele sempre fazia aquilo quando queria pensar, e aquilo sempre me irritava.


-Vocês humanos são tão interessantes.


Eu fiquei com cara de duvida, de onde veio aquilo?


Em um segundo Eleazar sumiu de minha vista e reapareceu a mais de 5 metros de distancia de mim, depois voltou a parar na minha frente, por instinto saltei para trás e cai sentada, ele continuou a correr e parou em frente a uma arvore, a arrancou do chão como se não fosse nada, pude ver suas raízes grossas e profundas se partirem quando ele a atirou a mais de cindo metros de distancia e se chocou com outra arvore ainda maior que tremeu, de repente ele estava novamente a minha frente, estendendo a mão para me levantar, com um sorriso cínico.


-Vocês humanos não são nada comparados ao que somos, porem ainda conseguem ser perigosos para nossa espécie.


Eu não estava entendendo mas nada. Ele deixo a mão cair e se abaixou para ficar com o rosto próximo ao meu, eu podia ver seus olhos vermelhos antes doces e gentis agora ficarem raivosos e ao mesmo tempo pareceram se divertir com a situação.


-Somos mais rápidos, mais fortes, e temos nossos próprios chamarizes que os faz cair a nossos pés, mas ainda sim, vocês tem algo que jamais somos capaz de compreender totalmente, algo que pode nos pegar como uma doença, isso nos modifica e depois nos destrói, assim como aconteceu com Didyme, assim como esta acontecendo com Marcus, e o pior de tudo é que ele não luta contra isso, nenhum de nós luta, nós sempre queremos mais, e isso eu não entendo.


Eu agora estava aterrorizada com nossa proximidade, e a forma fria como ele citou Didyme fez meu corpo tremer, mas eu tinha que perguntar.


-O que é isso?


Ele pareceu não se importar em me deixar com medo, pois continuou a me fitar.


-Alguns chamam de afeto, outros carinho, eu conheço por amor. Você não pode entender Lina porque você não é como nós, você não é fria, não é oca, a minha espécie pode viver para sempre, e de certa forma isso é ótimo, mas criaturas como você, nos faz amaldiçoar isso, faz com que percebamos que não somos naturais, nos faz desejar ser comum, ser como você, só para que algum dia possamos sentir realmente o que significa ´´um abraço caloroso´´ ou poder dizer que determinados gestos ´´aquecem meu coração´´, Lina ser como nós é não sentir, claro que a força, o poder, são grandes chamarizes mas depois de um tempo você e entedia com isso, mas agora os sentimentos humanos, eles não, eles mudam com o tempo, eles aprendem, se disciplinam e também crescem, e isso é fascinante para nós.


-O que você quer dizer quando diz ´´nós´´? Eu não sabia se ele poderia me responder aquilo ou se iria esconder como Marcus faz.


Eleazar se afastou e sentou sobre a mesma pedra que Marcus se sentava, parecia não ter certeza se deveria me contar ou não.


-Somos vampiros criança! Bebedores de sangue, demônios da noite.


Aquilo deveria ter me deixado apavorada mas não fiquei, no fundo eu já esperava que fosse aquilo, em minha antiga moradia eu ouvia historias sobre demônios que atraiam suas presas com uma beleza incomparável, eu sempre pensava nessas historias pelo lado do demônio, imaginava como era ser incrivelmente bela, e isso foi em partes a minha motivação que tive para seguir Aro naquele dia.


-Marcus realmente te subestima, mas no fim, no estado que ele se encontra ele não é capaz de raciocinar bem...


Eleazar riu e eu também, era como se aquela revelação não tivesse sido nada...


Marcus apareceu e parou perto de mim, seus olhos percorriam os rostos dos dois, ele não entendia a piada... nem eu. Mas minha posição sentada, ou melhor caída no chão despertou sua curiosidade.


-Não se preocupe eu estava apenas brincando com Lina. Eleazar garantiu.


Ele estendeu a mão para mim e eu me levantei, ele parecia preocupado, me lembrei de minha curiosidade que tinha de saber o que Aro queria, mas o rosto de Eleazar para mim me fez perceber que eu não deveria perguntar, não para Marcus pelo menos.


Por fim Marcus decidiu que aquela era hora de dormir, o sol já iria nascer, mas eu sempre insistia para esperar ate eu os primeiros raios tocassem seu rosto que cintilava como pequenos diamantes.


Lina fez outra parada para editar sua historia, ela sabia que se continuasse daquela forma levaríamos semanas para ouvir tudo então ela decidiu pular para seu aniversário de 18 anos.


Na manha do meu 18ª aniversario fui surpreendida com uma gigante caixa de madeira colocada ao lado de minha cama, dentro dela estava uma cadeira com varias pedras preciosas encaixadas, todas formavam um desenho incrível, aquela cadeira me parecia família, parecia os tronos onde Aro, Caius e as esposas sentavam, mas porque Marcus me daria aquilo se ele não me queria próxima à guarda, foi ai que um pequeno cartão me fez entender, aquilo não era de Marcus.


Didyme sempre fez questão de me ensinar tudo o que sabia, me ensinou a ler e escrever em diversas línguas, e naquele momento eu agradecia por aquilo.


´´Logo você terá seu lugar a nosso lado, apareça quando estiver pronta, mas não demore, a eternidade lhe espera. Parabéns. Aro´´


As ultimas palavras fizeram meu coração palpitar e minha respiração ficar escassa, Eleazar preferiu não me contar como acontecia à transformação, eu podia perceber que essa não era um do assuntos preferidos dele, eu não sabia que reação tomar até que a presença de Marcus me fez pular para trás num susto, por pouco não cai da cama, ele fitava a cadeira com os olhos frios, naquele dia eles estavam negros, e Eleazar já havia me explicado o motivo daquela cor, ele estava com sede.


-Bom dia. Eu falei.


Ele olhou para mim e desviou o olhar para a cadeira novamente, eu não sabia como ele iria reagir aquilo.


-Gostou do seu presente? Ele disse por fim.


-Não sei, não entendi bem o motivo dele. Menti.


Marcus não sabia de todas as conversas que tive com Eleazar, ele não sabia de tudo que eu estava informada. Eu odiava mentir para ele, mas temia suas reações e suas conseqüências. A morte de Didyme me fazia temer isso.


Ele pareceu se recompor de qualquer sentimento que estava vindo, empurrou a cadeira para o lado com o pé e se sentou na cama, mas dessa vez se sentou um pouco afastado de mim. Eu podia sentir como meu cheiro fazia mal a ele, Eleazar já havia me explicado aquilo, a sede, ele também havia me contado com aquilo ardia, eu contestei o fato de Marcus ficar tanto tempo sem se alimentar, e Eleazar disse que ele fazia aquilo porque não confiava minha segurança a ninguém às vezes, sem perceber que naquele estado ele era o que me causava maior risco.


-Você esta bem? Perguntei.


-Sim, Parabéns. Ele disse.


Achei que deveria fingir não me importar com o presente de Aro, sorri para Marcus e ele sorriu de volta. Por sorte me estomago roncou.


-Acho que devo pegar algo para você não é?


Eu sorri para responder a Marcus. Eleazar apareceu na porta com uma cesta de frutas na mão,Marcus ficou visivelmente tenso.


-Aro quer lhe ver Marcus, eu trouxe algumas coisas para Lina que agora é oficialmente uma adulta.


´´Como se minha mente já não fosse velha o bastante´´ pensei.


Eleazar riu e comentou algo baixo para Marcus, eu obviamente não consegui ouvir.


Marcus saiu pesaroso, mas ainda deixou o ultimo instante no quarto para encarar a cadeira que estava encostada na parede, Eleazar percebeu e comentou enquanto se sentava a meu lado, mais próximo.


-Aro às vezes é bem sutil.


Eu ri, era uma piada maldosa.


-Será hoje não é? Perguntei.


Eleazar olhou duvidoso para mim, mas depois que pensei no resto da frase ele entendeu.


-Hã! Sim, acredito que sim, Aro ainda esta preocupado com a reação de Marcus a isso, ele não quer perder o irmão, e bem... ele também esta preocupado com que irá fazer isso.


-Como acontece? Como irei ser transformada? Perguntei.


Eleazar pareceu não querer responder, como das outras vezes que perguntei.


-Acha que Marcus não quer que eu seja como ele?


-Ele a ama Lina e por tal ele não deseja esse futuro para você.


Eu pensei se talvez fosse melhor que eu fugisse, Aro não desejaria perder um dom como o meu, por isso ele não iria tentar me matar, e se eu fizesse isso sozinha, Marcus não precisaria me defender.


Eleazar se levantou em reposta a meus pensamentos e foi para a porta.


-Vou ver se Aro precisa de mim. Fique aqui e coma.


Eleazar se foi.   


Eu sabia que aquela era a deixa que Eleazar estava me dando, seu presente de aniversario talvez, corri para a porta e antes de sair me certifiquei de que não havia ninguém a vista, comecei a correr em direção a saída que Marcus sempre utilizava para que fossemos para a campina, por sorte quando fiz 13 anos comecei a protestar por eles sempre terem de me carregar e pular comigo por isso comecei a correr e aprendi a me locomover entre os intermináveis túneis subterrâneos, claro que nunca ganhei de Marcus nem de Eleazar em uma corrida, mas graças a isso eu já estava bem mais rápida e ágil do que os outros humanos, e isso deveria me dar alguma vantagem, demorei apenas alguns minutos para chegar a saída, ela era fechada por uma pequena abertura de metal, por sorte era leve o bastante para que eu a retirasse, quando sai meus olhos arderam pelo sol da manhã, mas assim que se acostumaram corri para a floresta, continuei a correr sem rumo algum, não fazia a mínima idéia de para onde ir, mas eu não deixava minhas pernas se atreverem a parar, eu sentia o vento em meus cabelos e o sol em meu rosto, aquilo me fez lembrar de meus tempos de infância, a forma como eu corria para a floresta, como eu corria para a cachoeira, meus instintos de índia estavam voltando a cada passo que dava, eu estava livre, livre das coisas que odiava naqueles túneis, do ódio que tinha por aqueles que mataram minha mãe, e estava livre também do amor que sentia por Marcus, eu senti isso ficar para trás, foi então que parei, como eu poderia deixar para trás tudo que passei, como poderia abandonar Marcus! Eu não queria isso! Não queria ter de deixar Marcus, nem Eleazar. Fiquei em duvida se realmente deveria correr de meu destino, uma vez que eu mesma decidi sela-lo quando peguei a mão daquela estranha criatura brilhante. O que minha fuga poderia trazer a Marcus? E a dor de me perder. E o que aconteceria  Eleazar se Aro descobrisse que ele havia me deixado escapar, como eu poderia conviver comigo mesma se aquele sádico do Caius destruísse Eleazar, ou se Aro fizesse algum mal a Marcus. Agora eu não sabia mais qual seria meu rumo.


Uma presença me tirou do transe no qual me encontrava, uma criatura morena, mais morena do que eu saiu de trás de uma arvore, seus olhos negros me fitavam com curiosidade e anseio, reconheci a espécie daquele instante no mesmo instante que o sol tocou seu rosto que brilhou, um vampiro.


-O que você quer? Perguntei com fúria na voz.


-Eu é quem deveria perguntar, quem é você menina? Uma humana que cheira tanto aos outros de minha espécie, eu nunca havia visto isso.


            A voz do vampiro era doce e melosa, parecia uma musica, ele andava para perto de mim, a cada passo que ele dava, eu recuava mais um, tentava me lembrar de como utilizar meu dom para me proteger caso fosse necessário, mas ele parecia ter sumido.


            -Vá embora vampiro!  Rugi.


            Ele riu e olhou para os lados, como se estivesse tentando se certificar de não haver nenhum outro por perto.


            -Meu nome é Senri, não precisa ser tão nervosa comigo humana, só estou curioso.


            Em um segundo ele parou na minha frente, os olhos fechados e o nariz empinado para sentir meu cheiro, eu não sabia como fazer para mover minhas pernas, ainda tentava usar meu dom, mas ele parecia não existir.


            -Você cheira bem, sabia.


            Ele estava próximo demais, senti sua língua roçar em meu pescoço, enquanto ele se preparava para me morder, nesse momento minha força pareceu novamente brotar, empurrei o vampiro para longe de mim,  ele caiu sobre a grama, espantado.


            -O que foi isso? Ele perguntou.


            -Vá embora ou será destruído. Ameacei, apesar de saber que eu não seria capaz daquilo.


            Ele levantou do chão sorrindo, parecia gostar de brincadeiras.


            -Parece divertido, o que você pode fazer humana? Ele perguntou.


            Me agachei ficando em uma posição protetora, assim como eu via Marcus fazer. O vampiro pareceu se divertir com aquilo.


            Ele saltou contra mim e usei minha força para afasta-lo, o escudo funcionou, mas a força foi tanta que dei um passo para trás. Ele percebeu que eu tinha limites.


            -Interessante, você parece ser capaz de repelir ataques diretos, é interessante isso, mas me pergunto se você consegue fazer isso por todos os lados.


            Ele voltou a investir contra mim, primeiro de frente, depois me acertou de lado, eu tentei levantar o escudo a tempo mais a força era tanta que eu fui jogada para o lado quando o vampiro e o escudo se chocaram. Me braço bateu com força na grama, pequenos cortes se formaram. O vampiro pareceu ficar sedento com o cheiro que deveria exalar de meu braço, mesmo a quantidade de sangue sendo mínima.


            Me coloquei em pé mas agora meu braço doía, ele deveria estar quebrado.


            -Quanto tempo mais será que você agüenta comigo menina. Ele perguntou.


            Eu me coloquei em posição de defesa novamente, mas não consegui levantar um dos braços, eu teria de me concentrar mais em meu escudo.


            Ele investiu novamente mas dessa vez na fui capaz de agüentar o primeiro golpe mesmo empurrando o escudo com  todo meu corpo, fui jogada uns cinco metros para trás, acertei uma arvore que pareceu não se importar com meu peso de humana, minhas costas doeram e eu cai quase inconsciente no chão, senti quando ele agarrou minha blusa e olhou em meus olhos.


            -Achou mesmo que pudesse competir com uma criatura como eu humana! Seria mais fácil se você tivesse corrido como todos os outros.


            Ele me jogou de encontro a outra arvore, pude sentir quando algo perfurou minha perna e meus ossos se quebraram.


            O rosto de Marcus veio a minha mente, ele jurou me proteger, talvez eu tivesse sorte e esse vampiro largasse meu corpo longe o bastante para eu Marcus não pudesse me encontrar e assim pensasse que eu estava tendo uma vida humana plenamente feliz, Didyme foi a próxima imagem eu pensei, será que eu poderia encontra-lá se morresse?


            Durante a maior parte da minha existência eu brinquei com a sorte, abandonei aqueles que algum dia me amaram, abandonei minha aldeia sem olhar para trás, sem me permitir ter remorso algum por isso, fui viver com os assassinos de meus pais, amei eles, causei a destruição deles, se Didyme não tivesse me encontrado, se Caius tivesse me matado naquela manha que nos encontramos, talvez ela ainda estivesse viva agora, talvez ela estivesse agora nos braços de Marcus, aquele que sempre a amou e amara por toda sua existência. Se eu tivesse morrido naquela noite em que Didyme foi destruída talvez Marcus lamentasse apenas a perda da esposa, não lamentasse a minha, talvez se eu tivesse ido procurar Aro quando queria mata-lo ele teria me destruído e talvez Eleazar não fosse penalizado agora por me deixar escapar. Quanta dor causei a aqueles que me amaram, quanto amei a aqueles a quem eu deveria odiar por matar os que me amavam.


            Talvez aquele fosse o meu castigo, talvez só aquele pudesse ser o castigo digno a uma criatura como eu, que só fui amada por todos e destruí suas vidas, ou talvez não houvesse castigo ruim o bastante para o que eu havia feito, me movi de acordo com o que eu queria, jamais pensei nas conseqüências, e graças a isso finalmente eu estava encontrando o que merecia...


            Pelo ultimo fio de minha consciência eu via o caçador se aproximar de mim com ar vitorioso, seus olhos sedentos pareciam reconfortantes quando comparado a dor que sentia em cada centímetro de meu corpo.


            O rosto de minha família foi à única coisa que preencheu minha mente.


            O resto parecia um sonho para mim, não sabia se ainda estava consciente ou não, sei que ouvi um rugido conhecido, Caius, que um dia rugira para mim, podia sentir um tipo de movimentação a meu redor, me forcei abrir os olhos, o primeiro rosto que vi foi Elezar, suas mãos frias tocaram meu rosto, ´´Lina´´ ele chamava, ´´Lina pode me ouvir?´´ ele estava gritando.


            ´´Caius cuide desse vampiro, Felix, Chelsea, vão com ele, fiquem longe daqui.´´ Aquele era Aro.


            ´´Marcus ela esta muito machucada, não vai conseguir, se ela continuar humana irá morrer´´ Eleazar parecia tenso.


            ´´Prenda a respiração Eleazar, você consegue.´´ Alertava Aro.


            ´´Marcus!´´ Eleazar gritava.


            ´´Marcus...´´ Sussurrei.


            Senti outro toque frio em meu rosto, era um toque mais doce, eu o reconheci imediatamente.


            ´´Marcus´´ sussurrei denovo.


            ´´Eu estou aqui.´´ Ele falou.


            ´´Eu estou morta?´´ Perguntei.


            ´´Não, você não vai morrer minha Lina, não aqui, não hoje.´´ A voz dele era agoniada.


            A mão de Eleazar se foi, ele também pareceu ter se afastado.


            ´´Só você pode fazer isso Marcus, eu sei que consegue´´ dizia Eleazar.


            Senti as mãos relutarem em meu rosto, ate que uma delas desceu ate minhas costas e me fez levantar um pouco, a outra mão segurou meus cabelos e deixou meu pescoço exposto.


            Senti uma pressão sobre minha pele no pescoço, doeu no começo, mas depois passou a ser agonizante, minha pele ardeu enquanto sentia meu  sangue ser sugado, por fim eu estava sendo punida por meus pecados, a dor começou apenas no pescoço mas depois se espalhou por todo o meu corpo, senti Marcus me largar e em seguida a dor ficou pior, por fim eu estava sendo abandonada por aqueles a quem causei tanto sofrimento, a dor estava apenas aumentando, pouco a pouco ela atingia cada canto de meu corpo.


            Minha consciência se esvaiu, e quando tornei a acordei sabia que jamais conseguiria dormir novamente.


            Quando acordei estava no salão, eu não conseguia entender o que havia acontecido, me lembrei da dor e meu corpo estremeceu, quando tentei me lembrar dos fatos anteriores minhas lembranças pereceram meio embaçadas, como se fossem um quadro borrado, vi uma mão estendida para me ajudar a levantar, eu a reconheci sendo a mão de Marcus, mas jamais há tinha visto daquela forma, sua pele era lisa e fina, parecia frágil, e quando a toquei era quente.


            Olhei em minha volta e toda a guarda estava no salão, todos olhavam para mim, alguns curiosos e outros desinteressados, os mais próximos eram Marcus e Eleazar, mas quando olhei para Aro ele se levantou para se aproximar, tocou na mão de Eleazar e parou ao lado de Marcus.


            -Ela ficou perfeita. Aro falou.


            Agora eu podia ver tudo com clareza, a pele de Aro era igualmente fina, aparentemente frágil, mas incrivelmente dura.


            Meus pensamentos foram interrompidos com uma queimação em minha garganta, instintivamente levei a mão ao pescoço, toquei um pouco a baixo de meu queixo.


            -Não se preocupe Lina, isso é normal, é a sede.  


            Eleazar estava ao meu lado com a mão sobre o meu ombro, meus instintos diziam  que eu não deveria deixar que ele se aproximasse daquele jeito, mês instintos diziam que ninguém devia se aproximar, Eleazar tirou a mão. ´´O que é isso?´´ Pensei.


            -É sua auto-preservação, Lina agora você é uma vampira, todos os seus instintos estão mais aguçados, suas emoções estão ´´a flor da pele´´ agora seus próprios instintos são um perigo, mas não se preocupe o controle vem com o tempo, todos aqui já foram recém nascidos um dia, todos entendemos como é.


            Lina fez uma pausa para se mover, Paul se moveu com ela e os dois foram sentar na escada perto de Alice, Paul preferiu ficar de pé, Lina se encostou na pernas dele.


            Bem, acho que o correto seria dizer que meus primeiros anos foram complicados, cheguei a atacar Caius e Felix algumas vezes porque eles eram os que mais faziam piadas sobre meu estado, sem era impossível me parar depois que eu ficava nervosa, eu mesma só conseguia me parar depois de destruir algo ou machucar alguém, Aro dizia ser minha adolescência rebelde que estava fluindo, Marcus não falava nada, apenas observava, Eleazar sempre ria.


            Depois de alguns anos com a ajuda de Marcus e Eleazar eu comecei a aprender a viver entre os humanos, a me controlar, a me mover como eles, em cima de nossa moradia uma vila estava se formando, Marcus sempre me levava para passear a vila e observar o povo, Aro estipulou que jamais deveríamos nos alimentar dos moradores dali, porque ali deveria ser nosso rebanho particular.


            Com o tempo eu aprendi a controlar meu dom, depois que virei vampira meu poder cresceu, agora eu era capaz de repelir ataques diretos sem me importar de que lado eles vinham, não era necessário ser uma outra criatura a ser repelida, eu conseguia também evitar rocha, arvores e ate mesmo o fogo, Aro ficara cada vez mais contente com minha evolução, Marcus ficava contente pois assim nada poderia nos ameaçar, minha relação com ele só se intensificara mais depois de minha transformação.


            Conforme eu me controlava minha parte humana voltava, com intensidade, mais voltava, eu deveria me sentir plena naquelas dias pois tinha tudo eu sempre sonhava, era bela, poderosa, Aro me enviava em algumas missões para destruir ´´ovelhas desgarradas´´, e graças a isso eu tinha a oportunidade de conhecer vários lugares diferentes mas uma missão em particular despertou uma emoção humana que eu nunca pensava ser capaz de desenvolver.


            Naquele dia Eleazar e Demetri saíram juntos para explorar procurando por novos talentos para a guarda, eu fiquei na fortaleza pois minhas saídas em pequeno grupo deixavam Marcus preocupado e Caius dizia que isso o tornava insuportável, eu ainda não sabia lutar direito porque isso não era de muita necessidade para alguém com minhas especialidades, lembro-me de que Eleazar e Demetri chegaram ansiosos e logo foram falar, ou melhor, mostrar algo a Aro, eles deveriam ter encontrado alguma coisa.


            Aro nos ordenou ir em um grande grupo para uma vila que ficava a alguns kilometros dali, ele só deu instruções a Felix, Demetri, Eleazar e Heidi, eu apenas os segui junto com Afton, Santiago, Renata, Corin e Chelsea, eu estranhei a quantidade que ele utilizara, normalmente os únicos eu realmente eram necessários seriam Eleazar, Demetri e Felix, pela quantidade presumi que seria algo perigoso, Marcus também percebeu e questionou minha ida porem  Aro interveio dizendo que eu deveria aprender a cumprir minha obrigações como parte da guarda, eu fiquei feliz pela intervenção porque queria ir, estava curiosa e me interessava ver do eu era capaz em uma batalha contra alguém eu realmente tivesse interesse em me ferir, os únicos com quem eu batalhara pra valer eram Felix, Demetri e algumas vezes com Caius mas eles sempre se seguravam, apesar de eu ter impressão de Caius não e segurar sempre... Eleazar às vezes tentava me treinar  mas o olhar atento de Marcus o deixava pouco a vontade para isso.


            Quando partimos o sol estava no seu ponto mais alto, tivemos de tomar cuidado para não sermos notados pelos humanos mesmo tendo mantos negros cobrindo nossos corpos, corremos na direção leste, Heidi deu sinal para que aumentássemos a velocidade quando saímos da vila, os humanos a nossa volta sentiam apenas uma leve brisa quando passávamos, eu gostara daquela parte da velocidade me sentia bem com o vento sobre minha face, Eleazar pediu concentração, não me olhou, mas soube que isso era para mim. Ele e Demetri iam na frente seguidos por Felix e Heidi, eu estava logo atrás com os outros, Afton e Chelsea iam mais atrás como se estivessem de guarda-costas.


Corremos durante algumas horas, eu reparei que a vegetação estava ficando diferente, mais fechada, mais úmida,o sol já estava se pondo, Eleazar e Demetri pararam.


-Ali esta o motivo de nossa vinda. Falou Demetri.


Todos olhamos através das pedras havia um vilarejo, pessoas iam e vinham, de inicio não consegui identificar o motivo, mas logo vi que todos carregavam algo nas mãos, parecia palha, alguns carregavam madeira, no meio da cidade havia uma praça e no meio dela duas enormes fogueiras estavam sendo colocadas, próxima a ela uma jaula continha duas crianças que aparentavam ser mais novas do que eu, a garota era loira com a pele branca, já o garoto tinha o cabelo castanho claro, olhos azuis assim como o da irmã, eles deveriam ser gêmeos porque apesar dos cabelos suas feições eram idênticas.   


            -Aqueles gêmeos tem poderes peculiares, se bem orientados podem ser poderosos. Falou Eleazar.


            -Por que estão presos? Perguntou Afton.


            -Eles estão sendo acusados de bruxaria, devemos resgata-los e leva-los para a fortaleza. Declarou Eleazar.


            -Mas como faremos isso sem sermos vistos? A gente demais ali.


            Eleazar pareceu infeliz com a minha pergunta, ele não gostava da resposta.


            -Nossos mestres nos deram permissão de nos desfazermos das testemunhas.


            As palavras de Demetri saíram duras, Eleazar deu um leve rosnado, eu sabia que não era do feitio dele matar humanos assim, eu também não concordei.


            -Como assim! Mataremos todas essas pessoas? Quanta gente tem ai? 200, 300 habitantes, e não são só adultos, há crianças, famílias lá, tem que haver outro jeito, não somos assassinos frios! Matamos o necessário para nos alimentar e destruímos os que não cumprem as leis, mas a gente inocente ali!


            Felix deu um passo em minha direção para responder.


            -Faremos o que for necessário cumprir as ordens de nossos mestres, eles são apenas gado! Você deveria entender isso Lina! Quer obedecer as ordens ótimo, se não quiser diga que já é destruída aqui mesmo, não esta debaixo da saia de Marcus agora, aqui é o mundo real, pessoas morrem para dar a vida a outras, é uma conseqüência simples, mataremos todos que estiverem no nosso caminho1


Eu me agachei pronta para atacar Felix, todos saíram do caminho, meu lábios instintivamente se puxaram sobre os dentes, um rugido saiu de minha garganta, o fogo me dominou, minha boca se encheu de veneno eu saltei pronta para dilacerar seu pescoço e separar sua cabeça do corpo ele parecia preparado porem quando saltei os braços firmes de Eleazar me restringiram e me puxaram para a floresta, eu rugia em protesto mas não era capaz de lançar meu escudo contra Eleazar.


-Vá! Eu cuidarei dela! Falou Eleazar.


-Largue-a Eleazar.


-Já chega Felix. Advertiu Demetri


Eleazar rugiu também.


-Vamos Eleazar deixe-a, ela já esta abusando da sorte há muito tempo, esta na hora de aprender uma lição!


-Chega Felix, pare, concentre-se na missão! Dessa vez Heidi parecia nervosa.


Eleazar me arrastou floresta adentro, ate o cheiro de Felix sumir de minha mente e meu corpo não desejar mais mata-lo, Eleazar não sofreu nada com meu descontrole mas as arvores em nossa volta não tiveram a mesma sorte, arranquei algumas pela raiz e quebrei outras com socos, Eleazar apenas observou esperando.


-Mantenha a calma Lina, não ira valer de nada se arriscar dessa forma, Felix só espera um bom pretexto para destruí-lá, ele não aprova seu envolvimento próximo com Marcus, ele sabe que próximos a ele em uma briga ele ira cair, tenta se aproveitar os momentos fora da fortaleza, você deve tomar cuidado com seu temperamento, deve proteger-se de sim mesma.


Eu aos poucos conseguia recuperar a consciência, o monstro dentro mim que antes pedia para arrancar a cabeça de Feliz estava cedendo.


-Todas aquelas pessoas Eleazar, isso não era necessário, poderíamos pensar em outra maneira.


-Eu sei, também não aprovo isso mas não há nada que possamos fazer, estamos em menor numero, não podemos lutar contra eles.


-O que faremos agora? Perguntei.


Ele hesitou por alguns instantes.


-Vamos voltar para Volterra, se corrermos bem rápido chegamos antes da meia noite.


Ele fez menção para começar a correr, e eu  o segui.


Chegamos a Volterra por volta das 11h30min, tomamos cuidado para evitar qualquer humano, apesar de que estávamos tão rápido que eu duvidava se alguém seria capaz de nos ver. 


Quando entramos em nossa ´´casa´´ senti um cheiro diferente, Eleazar sorriu para mim.


-Parece que temos visita.


´´Visitas?´´ Isso para mim era algo estranho, pensei se deveríamos ir nos apresentar agora, o eu iríamos dizer?


-A verdade. Aro é bem perceptivo, ele vai entender.


            Concordei com Eleazar, então fomos para o grande salão, eles já deveriam saber que estávamos ali, Aro surgiu na frente da porta com um sorriso estranho.


-Bem vindos de volta meus amigos!


Eu olhei para Aro incrédula, mas Eleazar tomou a frente para dar as explicações então sorri para Marcus, ele não precisou dizer nada, apenas estendeu os braços para mim, o abracei brevemente porque uma imagem estranha me chamou a atenção, um vampiro loiro, alto e belo, mas o que mais me chamou foram seus olhos, dourados, não vermelhos, como aquilo poderia ser assim?


O estranho vampiro se abaixou para me cumprimentar de forma cavalheira ´´Madame´´ ele disse, eu sorri e o cumprimentei também. Caius bufou.


Aro percebeu que não só eu mas Eleazar também olhavam para Carlisle.


-Desculpe minha falta de educação, esse é Carlisle nosso mais novo amigo.


Eleazar o cumprimentou e estendeu a mão para Aro que permaneci próximo a porta, eu era a única a me aproximar dos tronos sem preconceitos, claro que eu sempre percebia o quanto Caius odiava isso mas eu não ligava, era ate mesmo uma felicidade pessoal irrita-lo, eu me abaixei e sentei no chão com a cabeça no colo de Marcus, ele apenas afagava meu cabelo, Aro ainda via a mente de Eleazar mas agora seu rosto era duro e frio, eu me perguntava de para quem era essa face, Carlisle pareceu indiferente.


-Por que seus olhos tem essa cor? Perguntei.


Ele se virou pra me olhar, seus olhos eram amistosos.


-Porque eu não caço humanos, eu me alimento apenas de animais.


Achei incrível como seus olhos amigáveis pareciam transbordar de sinceridade, eu jamais vira aquilo em um vampiro, mesmo em minha infância eu me via coberta por mentiras e encenações, mas eu não via isso nele.


Deixei que Marcus e Carlisle conversassem sobre os pros e contras de uma dieta diferente, deixei minha mente vagar pelos acontecimentos daquele dia, tomando cuidado para me manter calma o bastante pra que ninguém percebesse, descobri que eu não podia pertencer a aquele grupo, eu não podia concordar com aquilo, mas se eu não era dali a que lugar eu pertencia? A vila que um dia chamei de lar morreu, todos quem conhecia moravam ali entre aquelas paredes, sem os Volturi nada me restava, mas como poderia conviver com o peso dos atos daquela família? Como eu poderia não me revoltar por mortes sem sentido? Se em Volterra não era o meu lugar onde seria? Onde mais eu poderia ser feliz?  Achei melhor guardar meus pensamentos para mim saindo da sala onde estávamos, fui para a campina, um lugar onde eu me sentia segura para pensar, Marcus se levantou para me seguir, ele deveria estar querendo saber porque voltei antes mas meu olhar o fez se sentar novamente.


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Notas finais do capítulo

No proximo capitulo a parte final!



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