Fogo Na Água escrita por Laís Oliveira


Capítulo 4
Confiança não se pede, se conquista.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Me desculpem a demora, eu estava completamente perdida essa semana, cheguei a me desesperar, haha!
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Primeiramente desejo à todos vocês um feliz natal, e um próspero Ano Novo! Que todos os sonhos de vocês se realizem e que passem um tempo significativo com a família, pois ela é muito mais importante do que aparenta ser!
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Boa leitura e espero que curtam o capítulo, o próximo será narrado pela Bella e muita tensão vai rolar, porque o Carlisle vai descobrir tudo, heim...



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EDWARD POV.

Naquela noite eu deixei Bella e Savannah em meu apartamento e peguei um táxi de volta para Forks. Durante toda a viagem eu estava pensando em uma história convincente para contar ao meu pai, eu sabia que não seria nada fácil engana-lo e era muito provável que ele descobrisse a verdade; Carlisle era esperto. Minha sorte: Eu sabia mentir. Um problema: Até quando a mentira duraria?

Paguei o táxi que me deixou no portão de casa e sem rodeios entrei. Meu pai estava sentado devidamente na poltrona em frente à mesa de centro e eu engoli seco ao ver o seu semblante sério e pensativo.

– Oi pai. – O cumprimentei normalmente e como eu já esperava, ele levantou caminhando até o escritório, eu o segui como de costume.

– Bem, onde está Isabella e Savannah? – Carlisle perguntou-me assim que se sentou e eu fiz o mesmo.

– Elas foram embora pai. – Soei despreocupadamente.

– E você deve saber para onde elas foram.

– Não sei. E por que o interesse? – Franzi o cenho e olhei em seus olhos, eles estavam duros e sua expressão era fria.

– Elas são as garotas que eu havia lhe dito. O seu futuro em meu negócio depende delas, Edward, somente delas.

– Eu não sei onde encontra-las pai. – Menti.

Vacilei. Eu estava me mostrando desinteressado no assunto, totalmente ao contrário como eu deveria soar. Meu pai analisou-me friamente e não tirava os olhos dos meus, eu também não fiz questão de quebrar o contato forçado.

– Certo. E para onde elas foram? Tenho certeza que você saberá me dizer.

Carlisle, esperto como sempre. Não era basicamente uma pergunta, era uma afirmação. Ele sabia que eu estava sabendo do que acontecia, e a desconfiança beirava em seus olhos azuis.

– Eu não sei dizer pai, Isabella disse que estava procurando uma pessoa aqui em Forks, mas não citou nomes e nem para onde iria. Ela estava estranha.

– E vocês foram mostrar a escola para Savannah? – Meu pai sorriu irônico.

Amaldiçoei-me, não havia história melhor para eu inventar?

– Sim, mas ela não pareceu muito interessada. Apressou Isabella para irem embora logo.

Novamente vi-me sob o olhar sombrio de Carlisle. Eu não estava me saindo como pretendia, não estava sendo convincente o bastante para omitir o paradeiro de Isabella e Savannah.

– Por que você demorou a voltar? – Carlisle insistiu.

– Conversamos um pouco e andei por aí também.

– O que conversaram?

– Conversamos pai, banalidades, nada de mais. – Alterei-me um pouco.

O nervosismo já queria tomar conta de mim e por um momento me perguntei o que eu estava pensando em mentir para meu pai. Isso não estava certo, mas eu não poderia cumprir com o meu dever e acabar com a vida de duas garotas inocentes sendo que uma delas era tão... Conhecida por mim.

– Boa noite Edward. – Meu pai disse ao sair do escritório com a face indecifrável.

– Boa noite. – Falei quando ele estava longe o suficiente para não ouvir.



Dormi por lá mesmo, quando acordei com os primeiros raios de luz acinzentada atravessando a janela me coloquei de pé. Tomei um banho quente não muito demorado, fiz minha higiene matinal e passei na cozinha pegando uma única maçã e dirigi-me até a garagem. Fui no meu volvo até Port Angeles, o tempo todo pensando na grande merda que eu estava fazendo.

A todo o momento eu debatia comigo mesmo um dilema interno: Nada faz sentido, nada. Qual o sentido em mentir para meu pai e tentar manter Isabella e Savannah a salvo, quando o que eu tanto queria estava facilmente alcançável as minhas mãos?


FLASHBACK ON

“Oi querida!” Esme soou surpresa e feliz ao ver Bella entrar correndo dentro de casa acompanhado por mim, Alice e Emmett.

“Oi tia Esme” Bella disse a abraçando e depositando um beijo em sua bochecha.

“Posso saber o motivo desse sorriso bobo no seu rostinho, pequena?” Esme perguntou docemente.

“É que hoje... Sabe... Olhe só tia, hoje está fazendo Sol” Bella respondeu-a com um enorme sorriso nos lábios, como se estivesse contando um segredo divertido “Eu adoro o Sol!”.

“E eu adoro ver minhas crianças correndo por aí juntas, vocês são o Sol da minha vida, sempre serão!” Esme completou beijando os seus cabelos e em seguida abrigando quatro crianças em sua volta.

FLASHBACK OFF


Meus olhos arderam com a lembrança, era tudo tão mais fácil com Esme presente. Tudo tão mais fácil quando todos éramos crianças birrentas e chatas. E se Esme estivesse aqui hoje? E se ela soubesse onde quer que esteja, que eu deveria acabar com Isabella? O Sol da vida dela? Afastei o pensamento.

Antes de ir para meu apartamento resolvi passar no supermercado e comprar algumas coisas para abastecer a geladeira e o armário, já que por lá não tinha muita coisa para manter alguém de pé.

Abri a porta com a minha chave – a reserva eu havia deixado com Bella para alguma eventualidade – e deixei as sacolas logo na entrada.

Ainda era cedo, não devia passar das nove da manhã, e assim que entrei não pude identificar nenhum sinal de que o apartamento era habitado por algum ser vivo. Peguei as sacolas que eu havia deixado no chão e me dirigi até a cozinha as colocando em cima do gabinete.

– Oi – Ouvi uma voz suave atrás de mim e automaticamente virei-me.

– Oi – Respondi-a e retribuiu o sorriso que brincava por seus lábios. – Dormiu bem, mocinha?

– Dormi sim, mas eu acho que a Bella não dormiu. – Savannah disse-me com o olhar de preocupação.

– Por que acha isso? – Perguntei curioso.

– Eu a ouvi chorando boa parte da noite, não sei. Ela tá chateada com tudo isso.

– É, deve estar mesmo. – Falei com pesar – E você, não está?

– Estou, mas o papai deve ter um motivo, não é? – A menininha de olhos chocolates perguntou-me retoricamente.

– É ele deve ter sim. Está com fome? – Perguntei tentando a distrair da conversa pesada que instalou-se entre nós.

– Estou. – Savannah confessou tímida.

– Eu não sei fazer muita coisa na cozinha, mas eu comprei uns biscoitos e tem leite na geladeira, fique a vontade, sim?

– Obrigada. Eu posso me virar.


Dito isso eu fui até o quarto onde eu tinha indicado para Bella na noite passada. A porta não estava fechada então não achei que seria um problema entrar ali e fiquei a observa-la. Enquanto dormia, uma ruguinha que eu poderia chamar de preocupação estava instalada em seu rosto, e mesmo assim sua expressão era suave e doce.

Seu rosto tinha traços extremamente delicados. Ela não havia mudado muita coisa desde nossa época. Cabelos cor mogno castanhos avermelhados, pele alva, lábios fortemente rosados e cheios, longos cílios, nariz arrebitado. Isabella havia se tornado uma linda garota, uma menina mulher.

Deixei os pensamentos de lado e fui até a sala. Eu estava pensando freneticamente em uma saída que não deixasse ninguém sair machucado desta história; e que também não envolvesse mais ninguém nela. Nada vinha a minha cabeça, eu estava completamente perdido e desamparado, desde que minha mãe se foi eu não tinha muito em quê ou em quem me amparar.

Era quase começo da tarde quando eu vi Bella entrar na sala em passos curtos e sentar-se no sofá formato L o mais distante que fosse possível de Savannah. A aversão que Bella tinha em relação à menina me incomodava de certa forma; eu sabia que se eu perguntasse a ela, ela não me diria a verdade, era como uma intuição que perambulava dentro de mim e preferi não arriscar a pergunta tão cedo.

Olhei em sua face cansada e com olheiras, Bella lançou-me um sorriso tímido e forçado que eu não consegui retribuir. Ficamos nos olhando por alguns segundos até que ela resolveu cortar o silêncio.

– Eu fiquei sabendo... Depois que eu fui embora. Eu sinto muito... – Bella disse com os olhos desfocados e eu soube imediatamente ao que ela se referia; ou melhor, a quem.

– Ela era como uma segunda mãe para mim. – Bella completou.

– Foi tão de repente, um momento que ela saiu de casa para ir ao banco e... Aqueles porcos a assaltaram e mesmo levanto o dinheiro, levaram a vida dela também. – Soltei com a voz repleta de dor e os olhos queimando por conta das lágrimas.

Esme não merecia isso. Ela era pessoa mais doce que eu havia conhecido em toda a minha vida e era tão injusto que a vida dela fosse tirada de forma tão cruel.

– Ela gostava muito de você, Bella. – Falei nostálgico e o silêncio perambulou entre nós.

– Eu também sinto muito... Muito por Renée. Ela era muito especial. Eu não sabia que ela... Eu só soube quando você disse ontem lá em casa. – Falei realmente sentindo.

Renée era uma pessoa meio louca, divertida e seu interior era de uma mulher jovem com muito a viver. Um verdadeiro desastre na cozinha, quase todos os dias Bella reclamava da culinária da mãe; e às vezes Alice levava janta feita por Esme para Charlie quando ele chegava do trabalho à noite. Apesar disso, Renée ria dos comentários maldosos da sua comida, e não ficava chateada quanto às críticas. Ela morreu depois de Esme; e perguntei-me o motivo de meu pai não dizer o que havia acontecido com Renée, será que ele não queria que nós tivessemos mais contatos? Será que ele já planejava incluir Charlie em seus jogos? Esme falaria para nós qualquer coisa que acontecesse com os Swan's.

Bella trincou os dentes e nada disse, achei estranha a sua reação e ela nada falou. Savannah retraiu-se no lugar onde estava e sorrateiramente saiu de seu lugar indo em direção ao corredor que dava acesso aos quartos. E então todas as peças se encaixaram, confirmando minha suspeita.

– Você culpa Savannah pela morte de Renée? – Perguntei não conseguindo conter a acusação em minha voz.

Bella olhou-me friamente e abaixou os olhos, confirmando minha hipótese.

– Isso é ridículo, Isabella.

– Você acha que é fácil estar tudo bem em um dia e do nada sua mãe morrer deixando a culpada para conviver com você? – Bella cuspiu as palavras como veneno.

– Não seja hipócrita! Minha mãe também morreu, estava tudo bem em um dia e de repente ela não estava mais aqui.

– É diferente! – Alterou-se.

– Claro que é diferente! Savannah não tem culpa! Ela não pediu para nascer e tenho certeza de que se ela soubesse que iria sofrer a rejeição por sua parte ou causar a morte da própria mãe ela jamais teria vindo ao mundo!

– Você não entende! – Bella praticamente gritou.

– Eu não entendo mesmo, Isabella, não entendo! Isso é jogo baixo! – Respondi abruptamente no mesmo tom.

Bella lançou-me um olhar duro e frio, deixando um sorriso sarcástico escapar por seus lábios.

– Olhe só quem está falando de jogo baixo, se não é Edward Cullen! O todo poderoso filho de Carlisle que estava encarregado de matar duas garotas por causa de dinheiro! Ou melhor, seria apenas por diversão? Por que pelo que eu vejo, dinheiro para vocês é o que não falta!

A frieza que Isabella usou em suas palavras me assustou e sua acusação me pegou de guarda baixa. Ela colocara sua revolta para fora em forma de um grandioso anuncio dito pelo presidente das Américas.

– Você não sabe de nada. – Sibilei desconcertado.

– Claro que eu não sei, oras. – Ela ironizou. – Eu não sei nada sobre você, eu não confio em você, Edward!

De certa forma Bella não estava errada, certamente era de se esperar que ela tivesse um pé atrás em relação a mim; e isso soou totalmente estranho. Estranho por que no passado apesar de tudo éramos confidentes, e hoje a ideia de Bella não poder confiar em mim e eu não poder transmitir confiança para ela era totalmente diferente. Eu não gostava da sensação.

Por outro lado, eu era única pessoa que Bella poderia esperar alguma coisa neste momento. Mesmo com a minha luta interna, por algum motivo desconhecido eu resolvi ficar ao seu lado, e não do lado de quem eu deveria realmente estar. Carlisle.

Olhei no fundo dos olhos chocolates a minha frente. Os olhos que eu tanto odiava e amava ao mesmo tempo na infância, agora aparentavam serem desconhecidos por mim. Ódio, raiva, amargura, dor; era tudo o que eu enxergava nos orbes marrons. Mas, eu estava disposto a fazer um reconhecimento deles, talvez, ainda, houvesse alguma maneira de recuperarmos o que ficou no passado.

Eu nunca fui de lembrar-me de Isabella no decorrer dos anos. Depois que ela foi embora, eu bloqueava meus pensamentos quando eles por vontade própria se direcionavam a ela. Suas lembranças faziam-me sofrer. Esme, ela sim soube a falta que Isabella fez em minha vida, na vida de Alice e Emmett, em sua própria vida. Éramos um quarteto – e repentinamente, somente um trio chato e sem graça, porque sempre faltaria alguém.



– Eu vou mostrar que você pode confiar em mim, Bella. – Falei depois de minutos em silêncio.

– Eu não posso confiar em ninguém. – Ela disse com a voz embargada e eu a olhei interrogativamente.

– Eu não posso Edward, eu vou sempre me decepcionar no final. Eu não quero criar expectativas. – Ela continuou encarando as palmas das mãos. – Exemplo disso é meu pai, ele nos abandonou, eu sei que eu não sou uma boa filha, mas não esperava que ele fizesse isso comigo. – Ela se calou por um momento, decidindo se me falaria alguma coisa ou não. – Eu pedi ajuda para minha melhor amiga... Tudo isso que está acontecendo, ela me mandou embora, disse que não poderia me ajudar. Charlie e Lauren eram pessoas que eu confiava cegamente, Edward. Eu não quero me decepcionar novamente, dói, sabe? – Ela finalmente me olhou nos olhos novamente, o chocolate intenso abandonando a postura fria e transbordando angústia. – E Charlie me mandou para cá acreditando que Carlisle poderia ajudar a mim e a Savannah, ele nem deve imaginar que Carlisle é o causador disso tudo...!

– Eu sinto muito. – Falei com sinceridade.

– Não sinta. – Ela disse simplesmente. – O que eu vou fazer? Eu estou perdida. Eu preciso de uma luz. Eu não sei com o que eu estou lidando, com quem.

– Bella... – Minha voz saiu abafada – Eu... Ele não vai desistir tão fácil assim. Acredite, Charlie fez o certo, seria mais arriscado ainda se vocês estivessem com ele. Eu não sei muito sobre os negócios de meu pai, ele esconde tudo. Mas, o que eu sei é que é barra pesada.

– Eu não consigo entender, meu pai, Carlisle, eles são amigos. Ou eram.

– Um dia você vai entender, não é necessário pressa agora. – Tentei a acalmar.

– Se eu estiver viva até lá, quem sabe. – Ela disse forçando um sorriso.

– Eu não vou deixar ninguém machucar você. E nem sua irmã. – As palavras saíram de minha boca sem permissão, que diabos eu estava fazendo?

– Não me prometa nada, Edward. – Ela sussurrou.

– Bella, alguma vez eu menti para você? – Perguntei repentinamente e ela negou com a cabeça. – Pois eu estou dando minha palavra agora, não vou deixar ninguém machucar você. Você sempre foi a minha melhor amiga, mesmo com todas as brigas e depois de todos esses anos você ainda continua sendo.

– Eu não sei... – Ela balançou a cabeça afastando algum pensamento.

– Não precisa saber, não agora. Tá?

Bella me olhou por baixo dos cílios e assentiu. Meu peito inflou como se tivesse sido atingido por uma lufada de ar, e só então percebi que eu estava prendendo a respiração em expectativa. Sorri torto, eu havia dando um grande passo.

– Edward? – Bella chamou-me.

– Estou aqui.

– Ele é seu pai. Você não pode.

– Sim, eu posso. Eu vou fazer isso por você, por mim... Por Esme.



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Notas finais do capítulo

E então galera, mereço reviews? Próximo capítulo sexta-feira! Beijos e boas festas!



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