Depois daquela "briga" da Lily e do James no salão as coisas ficaram um tanto pesadas. Eles mal se olham, ou melhor, o James mal olha para ela, o que convenhamos é a parte mais inacreditável. Meu cérebro ainda não se acostumou com essa frase mas dessa vez é verdade, James Potter desistiu de Lilian Evans. Eu repassava mentalmente tudo que o Pontas me contou enquanto andava até a saída do quarto, no mesmo momento que o mesmo entrava igual uma mula manca pela porta.

Ele me fez cair da cama de cara no chão, e acho que eu quebrei meu nariz, ou talvez um traumatismo craniano. Semana passada eu me levantaria desse chão e lançaria uma azaração nesse veado, mas eu fico até feliz que alguma coisa tenha feito ele dar risada, mesmo que isso seja meu lindo rostinho quebrado.

— Quer ajuda? - Ele perguntou segurando a risada e me oferecendo a mão.

— Não, obrigado. Não que ir de cara no chão de novo. - Eu falei me levantando sozinho e indo para o banheiro ver se meu nariz estava inteiro. - Afinal de contas o que raios aconteceu para você entrar no quarto desse jeito? - Eu falei encostado no batente da porta e seu sorriso sumiu na hora, sendo trocado por uma careta de desgosto.

— A Evans está namorando com Amos Diggory. - Ele falou com uma mistura de raiva, ciúmes e tristeza na voz. Eu levantei uma sobrancelha e deixei ele terminar de falar. - Eu vi eles se beijando no corredor e ela quase esfregou isso na minha cara. Como se já não tivesse ouvido o suficiente dela - Suspirei e sentei na minha cama. Já estava ficando irritado com toda essa história de filme água com açúcar. - Deixa pra lá, eu sei que é ridículo, mas eu não consigo evitar. Mas isso não muda nada da minha decisão, até me ajuda a esquecer ela - O sorriso meio amarelo dele não ia me enganar e ele sabia disso, mas qualquer conselho que eu pudesse dar só iria piorar a situação e ele também sabia disso. Mas eu era bom em outra coisa.

Coloquei uma roupa e desci para o Salão sem falar mais nada e procurei a ruiva. Ela estava sentado perto da janela com as meninas e eu me aproximei lentamente. Virei sua poltrona na minha direção e puxei ela para um canto.

— O que você ... - Ela começou a falar.

— Eu vim em paz, só quero conversar. - Disse soltando o braço dela e ela assentiu desconfiada, suspirei. - O James já me contou a história toda, e francamente eu não vou me meter, mesmo que eu queira. - A pose dela sumiu e ela me olhou mais compreensiva. Opa, acho que temos um ponto fraco. - Eu não tenho nada a ver com seus relacionamentos, apesar de não achar o Diggory grande coisa, você namora quem você quiser. - E a pose tinha voltado. Ela estreitou perigosamente os olhos na minha direção mas eu só levantei uma sobrancelha. - Só que o James é meu melhor amigo, e eu assumo que esse namoro até ajude ele a te esquecer. Mas até que isso aconteça, que tal se você não se agarrasse com ele na frente do amiguinho? - A pergunta estava carregada de sarcasmo e eu sabia que ela tinha notado, porque seu olhar foi ameaçador. Mas após uns segundos ela desviou o olhar e concordou com a cabeça.

— Não que isso vá fazer uma grande diferença na minha vida, mas tudo bem. - Ela deu de ombros e se ela não fosse mulher eu teria dado uns tapas nela para ver se ela acordava para a vida e pedia desculpas. Revirei os olhos e me despedi dela enquanto subia as escadas novamente. 

— Aonde você foi? - James me perguntou, mas sua atenção estava toda voltada para o Aluado, que estava mais vermelho que o brasão da nossa casa. 

— Fui conversar com alguém. - Eu falei e os dois olharam para mim, o Remo muito corado e o James curioso.- E ai, o que a Dorquinhas fez ? - Eu perguntei mudando de assunto rapidamente.

— E-e-ela m-e be-be-beijou! - Ele falou baixo e gaguejando, e minha risada/latido foi tão escandalosa que eu quase chorei de rir, enquanto James o provocava e o Remo ficava ainda mais vermelho. 

— Não acredito que foi ela que saiu do 0 á 0. - James falava dando tapinhas nas costas do Aluado, que começava a mudar a expressão para uma emburrada. Baguncei o cabelo dele e fui para o banheiro ainda rindo.

Sai do banho e coloquei apenas uma cueca box, me jogando na cama de qualquer jeito. Pontas já estava no 12° sono e o Aluado ainda olhava para o teto com um sorriso bobo. Me virei e dormi pensando em piadinhas para zoar coma cara dele na presença da Dorcas amanhã.

Acordei no meio da noite, por algum motivo, e não consegui mais dormir. Cansado de ficar no quarto, me levantei e desci para o Salão Comunal, de cueca mesmo. Me joguei no sofá que fica em frente a lareira, eu meus pensamentos viajaram de forma aleatória, até que o rosto de uma certa morena apareceu e se recusou a sair da minha mente. Minha sorte deva estar de greve, porque no momento que eu consigo esquecer seus olhos, a figura morena aparece na base da escada.

Ela ficou parada por um tempo, talvez raciocinando se deveria voltar para cima ou não, mas quando seu olhar fixou no meu corpo eu pude sentir meu ego inflar mais ainda. Ela começou a andar em direção ao sofá, mas seu olhar ainda preso em mim fez com que ela tropeçasse em algo quando estava quase chegando, para que ela não caísse no chão eu a puxei para o sofá. Ela caiu com a cabeça e o tronco o sofá e com as pernas em cima das minhas.

— Não sabia que meu tanquinho era tão hipnotizante. - A malícia era palpável na minha voz e eu percebi que nós estávamos perto, perto demais. Eu estou muito perdido quando o assunto é Marlene, desde aquela cena no aqui no Salão eu não sei o que acontece comigo quando ela está por perto. O olhar daqueles caras em cima dela fez meu sangue ferver, ela era minha. Melin, eu já estou falando que ela é minha ... Mas ela é minha! Ela gosta de mim! Ou pelo menos gostava. Eu já sabia disso a algum tempo, mas eu achava loucura. Mas vendo ela corada por causa do meu comentário e desviando o olhar de mim me deu a certeza de que não era tanta loucura assim.

Eu não poderia dizer que estava apaixonado ou algo de tipo, mas não podia mais negar que existia alguma coisa. E mesmo sem nunca ter provado do seu beijo, nunca passei tanto tempo querendo alguém. Talvez seja isso, só desejo. É perfeitamente normal desejar alguém com o corpo dela. Precisava urgentemente libertar essa vontade, e quem sabe, depois de provar o que eu queria, todos esses sentimentos fossem embora. Eles tinham que ir embora, porque todos esses pensamentos obsceno estavam ficando perigosos para minha sanidade. Olhei em seu olhos e eles imploravam por mim (n/a: que se dane a modéstia, ele é Sirius Black). Saber que ela me queria desse jeito foi talvez a última coisa que precisava para avançar o sinal.

— Posso? - Gostava da minha vida, então era melhor ter certeza de que ela queria antes de beija-la. Me inclinei até ficar quase em cima do seu corpo, com minhas mãos em sua cintura. Suas mãos foram para o meu cabelo, aproximando mais ainda meu rosto do seu. Aceitei aquilo como um sim e dei uma leve mordida em seu lábio inferior antes de beijar sua boca com vontade. Seu corpo ainda estava tenso ao meu toque, então passei minha língua em seus lábios para ela entreabri-los, e quando invadi sua boca com minha língua ela pareceu derreter. A beijei do modo mais sensual que eu conseguia, tendo certeza que aquele beijo era o melhor beijo que já provei. Senti suas unhas passarem levemente pelas minhas costas e aprofundei mais ainda o beijo, fazendo ele durar o máximo de tempo possível, já sabia que aquilo ia acabar em um belo tapa no meu rosto e  queria aproveitar cada segundo até lá.

Depois de um bom tempo, separei nossas bocas com mais uma mordida leve no seu lábio inferior. Ela olhava para mim confusa e eu não pude evitar de sorrir abertamente. Minhas mãos continuaram na sua cintura até ela acordar do transe e se levantar balançando a cabeça em negação. - Eu não estou só me aproveitando de você, antes que comece a me acusar. - Seu olhar desviou para qualquer lugar e ela arrumou as vestes e subiu as escadas depressa, sem falar absolutamente nada.

Também subi para o quarto e fiquei olhando o teto da minha cama, falando sozinho e me corroendo por dentro. Depois desse beijo eu tive certeza que não era desejo passageiro, porque a única coisa que eu queria era repetir a dose todos os dias. E eu vou repetir. Beija-la só piorou minha sanidade, mas valeu muito a pena. 

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Quando acordei me arrependi de ter ido dormir tão tarde por ficar pensando nela. Mas hoje tem História da Magia, então seria fácil recuperar o sono. Remo e Pedro já estavam de pé e o James ainda estava largado na cama quando levantei. Terminei de me arrumar e fiquei esperando ele junto com o Remo, o Pedro inventou uma desculpa meio estranha e saiu apressado do quarto.

Fomos lentamente em direção ao Salão Principal, queria ver se a morena estava pelos corredores. Tinha a sensação que ela não iria falar comigo, porque o orgulho dela é maior que meu ego, então queria esclarecer as coisas com ela. Não tinha sido só um beijo e eu esperava que ela acreditasse em mim. Vi ela passar por um corredor sozinha e dei graças a Merlin por minha sorte ter voltado. Falei para o James ir pro Salão que eu o encontrava lá e fui atrás dela.

Andei atrás dela silenciosamente até passarmos por uma sala vazia. Agarrei seu braço, puxando ela para dentro e prendendo ela na parede com meu corpo. Ter ela ali me deixou desnorteado e eu fiz o que meu coração queria. Ela retribuiu o beijo do mesmo modo intenso de ontem, mas depois de uns segundo ela tentou me empurrar para longe, continuei prendendo ela na parede mas parei o beijo para olha-la. 

— Só me escuta. - Eu pedi e ela ficou tensa, desviando o olhar e tentado se afastar de mim. - Eu só queria dar ênfase no fato de que eu não quero me aproveitar de você, muito menos quero te usar. Eu ainda conheço seu lado assassino. - Com uma risada leve ela se virou para me olhar de novo, corando. - Eu não vou te pedir uma chance, porque eu sei que você não me daria uma. E eu espero que você não me peça um relacionamento porque eu não sei se posso te dar um. Mas as coisas podem ser diferentes entre nós dois - Eu disse olhando nos olhos dela que negou com a cabeça como se não acreditasse - Eu não sei o que você faz comigo, mas sua boca me viciou e seus beijos me fazem ter mini ataques cardíacos. Sem contar no fato que você é a única que me deixa assim com um simples beijo á essa hora da manhã. - Sussurrei em seu ouvido e coloquei sua mão em cima do meu coração, enquanto fazia pressão com meu quadril nela, a fazendo sentir meu "amiguinho". Seu rosto ficou muito vermelho e sorri me afastando por completo dela, que andou depressa até a porta ainda olhando para mim. - Eu sei que não é isso que você quer, mas eu gosto de estar com você e queria continuar com isso. Se quiser, já sabe onde me encontrar - Passei por ela na porta da sala e dei um último selinho antes de me encaminhar para o Salão com um sorriso no rosto.