E lá estavam os dois de novo, sozinhos no parque, tomando sorvete em cones, mesmo com o frio se tornando cada vez mais aparente, era bom tomar sorvete a dois. Era um dos melhores momentos possíveis, pra Tsuna, estar a sós com o seu amigo.

Tudo era mais fácil com ele. Tudo parecia muito simples com ele.

Não haviam chefes e guardiões, não existiam mafiosos em treinamento, existiam apenas dois amigos tomando sorvete.

Yamamoto sorriu pra Tsuna enquanto o puxava pela mão e arrancava um pedaço da bola de sorvete do amigo, ainda com um sorriso brincalhão no rosto e Tsuna corado reclamando.

Yamamoto tinha uma visão de Tsuna, era a de seu amado amigo a quem devia a vida.

Diferente da de Gokudera, Tsuna não era um chefe da máfia que devia ser protegido e idolatrado.

Diferente da de Haru, ele não era um príncipe em um cavalo branco.

Diferente da de Hibari, ele não era um animal que merecia ser esmagado.

Diferente da de Ryohei, ele não era um ser com potencial adormecido.

Diferente da de Mukuro, ele não era o culpado de todas as desgraças do mundo.

Diferente da de Reborn, ele não era um garotinho idiota que deveria crescer.

Ele era apenas o Tsuna, um garoto que ele conheceu de uma forma estranha, e alguém que ele gostava muito.

Yamamoto passou o seu braço ao redor do pescoço de Tsuna, o puxando pra mais perto e acomodando sua cabeça em seu ombro largo. O menor corou com isso, mas aceitou depois de algum tempo, já se sentindo confortável perto dele de novo.

Tsuna ainda lambia seu sorvete timidamente enquanto Yamamoto o assistia em silêncio. Aquela forma magra e frágil coberta em finas camadas de roupas pro frio se aninhava em direção ao corpo do moreno com delicadeza e fragilidade, e ainda assim, com um sorriso tímido sujo de sorvete de baunilha.

–Tsuna, você se sujou todo de baunilha. –Yamamoto apontou, rindo do menor que corado limpava a baunilha das bochechas.

–Saiu?

–Só tem mais um pouquinho, bem aqui. –Yamamoto segurou o menor pelo queixo, o puxando lentamente em sua direção e selando um beijo nos seus lábios, sentindo o gosto de baunilha dentro da sua boca gelada, explorando cada canto da boca do menor. Quando finalmente se separaram, as bochechas de Tsuna estavam prestes a estourar de vermelhidão. –Agora saiu.

–N-Não em publico, Yamamoto!!! –ele falou, dando um empurrão pra afastar o maior, que apenas continuou rindo.

–Maa Maa, não precisa ficar preocupado, Tsuna, praticamente estamos só nós dois aqui. –o outro sorriu, voltando a sua posição original e enrolando um braço em torno do pescoço do menor outra vez, os colocando ainda mais próximos do que antes, com um sorriso satisfeito no rosto de ter o menor perto de si. –Afinal, é difícil não gostar do Tsuna.

Tsuna suspirou se aninhando no abraço do menor e terminando seu sorvete enfim, sorrindo pro maior.

De fato, Yamamoto amava Tsuna.

Mas ele amava o Tsuna.

Não o chefe da máfia, ou o lutador, ou mesmo o perdedor.

Ele amava aquele garoto inocente que ele conheceu em um dia qualquer, por uma mera coincidência feliz de estarem próximos um do outro.