Estávamos deitados lado à lado no sofá cama desarrumado - e agora, provavelmente também quebrado, desculpe Gina.

Bem... Aquilo tinha sido bom. Quero dizer, ótimo. Não fosse o fato de parecer que passou um furacão no meu cabelo. Se Gina me chamasse lá pra cima de novo, eu não poderia ir, como tinha dito que ia. Desculpe Gina. De novo.

Nos sentamos, e eu vesti a minha camisola. Fiquei observando, deliciada ao ver enquanto ele vestia a camisa de um jeito casual, mas que simplesmente me encantava.

Ops. Acho que tudo nele me encantava.

–Ah... certo. Os presentes materiais. - Ele se lembrou. Seu cabelo estava igual ao meu, sua expressão ainda um pouco maravilhada, o que me fez rir. - O que foi?

–Nada. - respondi. - Quero dar o meu presente primeiro.

Estiquei a mão para trás do sofá, onde, escondido debaixo de um monte de tralhas, estava o embrulho verde.

–Bem... É uma vassoura. Deve estar se perguntando porque eu vou dar isso.

–Exatamente. - Ele concordou, sorrindo.

–Hã... certo. O... Weasley - Tomei o cuidado de não chamá-lo de Rony.- ganhou uma igual. Tenho certeza de que você pode provar que é melhor que ele em tudo, portanto...

Ok, na verdade eu estava tentando mascarar minha falta de criatividade. Desculpe Draco.

–Hum... Você acha que eu sou melhor que ele em tudo?- Perguntou com um sorriso torto.

–Tudo. - Assegurei. Ele ergueu uma sobrancelha, e eu lhe assegurei novamente. - Tudo mesmo. Principalmente nisso que acabamos de fazer.

Ele riu e pegou a vassoura, desembrulhando-a.

Certo certo. Agora era minha vez. Eu estava morrendo de curiosidade.

–Feche os olhos. - Pediu. Eu obedeci. - Só pra você ter uma idéia, foi muito difícil encontrá-lo, e ainda mais difícil escondê-lo. Mas sei que você vai gostar.

Ouvi um barulhinho. Parecia um miado contido. Ele colocou alguma coisa fofa nos meus braços.

Espera aí. Não pode ser...

–Abra os olhos.

Sem querer acabar com as minhas esperanças caso não fosse o que eu pensasse, abri os olhos lentamente.

– Ah. Meu. Merlin. Você o encontrou! - Abracei a bola de pêlos que eu costumava chamar de bichento. - Como você...

–Ele estava em Hogwarts.

Me lembro que quando havia saído da escola com Harry, atrás das Horcruxes, eu o havia deixado lá, seguro, me esperando.

–Eu mandei uma coruja pra eles. Filch disse que ele tinha fugido... - Falei, sem entender.

–Acontece que madame Nora gostou dele. Agora tem um monte de bichentinhos vagando por lá.

Mas que egoísmo da parte de Filch. Não me devolver meu gato, só porque madame Nora queria que ele ficasse.

Mas... Bichentinhos? Que fofura!

Segurei a bola de pêlos na minha frente. Não mudou muito. Continua com a cara mal humorada.

– Como sabia que ele estava em Hogwarts?

– Na verdade, foi um chute. Se não o encontrasse lá, procuraria em outros lugares então.

Ele iria a ponto de procurar por dias o meu presente de natal. E eu simplesmente lhe comprei uma vassoura.

Me sinto desprezível.

–Você... teve tanto trabalho pra encontrá-lo. Por mim. Draco, isso é...

–Incrível, eu sei. - Ele falou, daquele jeito metido novamente. - Acontece que eu sempre soube que você adorava esse gato. Mas ele não parece gostar muito de mim.

–Como você sabe?

–Ele me deu uns arranhões quando eu tentei colocar isso aqui.

Ele segurou delicadamente a coleira vermelha que bichento carregava. Na coleira havia uma caixinha, menor que a palma da minha mão.

–D-Draco, o que é isso? - perguntei. Com as mãos trêmulas, segurei a caixinha e a abri. Um anel de prata estava lá, brilhando pra mim.

Ok ok. Em uma noite, reencontrei alguém que eu não via há pelo menos 4 anos atrás, reencontrei meu gato, e agora havia ganhado um anel.

Acho que minha vida nunca foi tão animada assim.

–Mas isso é...- Tentei continuar, chocada.

–Ei, eu não estou te pedindo em casamento. Ainda. - Draco riu da minha surpresa. - É só uma coisinha pra... Não sei. Oficializar um pouco? se você quiser, é claro.

–Mas é claro que eu quero! - Sem me dar por mim, pulei em seus braços, fazendo nós dois cairmos do sofá, rindo.

–Ok. Permita-me? - Ele se recompôs do tombo e segurou delicadamente minha mão, colocando o anel frio em meu dedo anular.

Sorri, observando-o. Via-se pelos seus olhos cinzas que ele estava muito feliz. A minha expressão deveria ser a mesma, senão mais feliz ainda.

Inclinei-me e lhe dei um beijinho rápido. Encostei minha testa na sua, e lhe sussurrei:

–Feliz natal, Draco.

E então, ouviu-se um grito reverberar nas paredes da casa.