–O que foi? - Draco apareceu ao meu lado, e olhou pela janela. Falou um palavrão.

–Gente, tem uma criança aqui, sabiam? - Gina repreendeu.

–Desculpe.

– O que há de errado afinal? - Ela se levantou e veio olhar pela janela, ao lado dele.- Ah. Ele só aparece nas horas erradas.

–Rony? - Harry adivinhou, ainda sentado na mesa.

–Sim.... Vocês dois, subam já pro quarto de James. - Gina nos empurrou cozinha afora. Chegamos à escada assim que a campainha tocou. -Vão logo!

Subimos as escadas, apressados, e entramos no quarto azul celeste de James. Gina pediu para fazermos silêncio, e fechou a porta.

–Sabe, - Draco comentou. - Parece que, pra onde quer que ele vá, ele arruma encrenca.

–É, talvez.

–Eu deveria estar lá embaixo, pra deixar isso claro. - Cruzou os braços.

–Porquê tanto ódio gratuito? Agora você se dá bem até comigo. - Observei.

–Quatro palavras: Ele é um idiota. A diferença básica é essa Hermione.

–E você fala que ele é que é o encrenqueiro. - Ri.

–Além do que, é difícil ficar calmo quando se sabe que ele já beijou sua namorada. - Continuou, como se eu não tivesse respondido.

–Certo. Então você tem tooooooooda razão pra ficar com raiva.

–Isso mesmo. - Ele franziu o cenho, me fazendo rir mais.

Oh, temos que fazer silêncio. Certo.

–Rony, o que você está fazendo aqui? - Ouvi Gina falar lá de baixo.

–Ué, vim visitar. Não posso?

–Hum, pode, claro. Entra. - Ouvi os passos pesados de Rony no piso de madeira.

–Harry. - Rony cumprimentou.

–Rony. Como andam as coisas?

–Bem. Mas mamãe me expulsou de casa. De novo. Falou que eu devia arrumar um emprego e blá blá blá.

Ouvi Harry engasgar com o café.

–Isso quer dizer que você vai ficar aqui?!

Ele tinha razão pra se preocupar. Imagine se eu desse de cara com Rony, a caminho do banheiro.

–Não. Vou arranjar um lugar. Não quero incomodar.

–Ah. Tudo bem então. - Harry respondeu, mais calmo.

Rony deu mais uns passos lá em baixo.

–Ah, o pequeno James. Como ele está?

–Está bem. Decoramos seu quarto esses dias e... - Gina se interrompeu. - Er, você quer um café?

–Decoraram o quarto dele? Posso ver?

–Ahn... não é uma boa idéia... Está meio bagunçado ainda e.... Você não quer um café?

–Você sabe que eu não ligo pra bagunça, Ginny.

Ouvi passos subindo a escada.

Droga, droga, droga.

–Pra trás do berço, - sussurrei pra Draco. - rápido.

Puxei a mão dele mas ele não se moveu. Eu o fitei. Havia aquele sorriso presunçoso em seus lábios novamente.

–Ah, não. Você não vai... - Antes de eu terminar a pergunta, ele sacudiu a cabeça, afirmativamente. Céus, porque eu só me metia em encrenca quando estava com ele?

A porta se abriu, um pouco indelicadamente e vi a cabeleira ruiva entrar.

Tentei soltar a mão de Draco, talvez para esconder meu rosto de tanta vergonha que eu iria sentir com Rony ali, olhando para nós (pela segunda vez). No entanto, ele não soltou minha mão. Na verdade, me puxou pra mais perto e colocou o braço em minha cintura, só pra piorar o efeito que causaria em Rony.

Rony olhou em volta do quarto.

–Ah, azul celeste. Muito bacan... - Então ele nos viu.

–Bom dia Weasley. - Draco sorriu.

Merlin. Eu ia me tornar viúva. Se é que se pode ser "viúva" apenas namorando. Não sei.

Rony arregalou os olhos, chocado, e então se virou para Gina. Ela sacudiu a cabeça, afirmativa, um tanto envergonhada pela situação.

–Você está falando sério? - Gina olhou para o chão, assim como Harry. - Eu sempre soube que vocês eram do contra! Não dão a mínima pra mim, e então acolhem esse bastardo na casa de vocês! Só podem estar brincando. Gina, sinceramente, essa foi a pior coisa que você já fez! Você deve ser uma idiota, ou alguma coisa do tipo...

Que estranho. Ele deixou Draco pra resolver depois. Talvez porque fosse uma coisa mais complexa de se resolver, pensei, preocupada. Uma briga seria o mínimo, com aquele temperamento dos dois.

Os olhos de Gina começavam a brigar com as lágrimas. Quem ele pensava que era?

–Ronald Weasley. Porque você não cala essa sua boca e para de falar besteiras pros meus amigos?!

Eu achei que fora alguma outra pessoa que tinha falado isso, mas todos os olhares voltaram-se para mim. Céus, eu tinha dito isso!

Finalmente.

–Você é um idiota completo! - Continuei entusiasmada, me aproximando dele. - Se você fosse alguém razoavelmente decente, talvez eu até tivesse continuado com você. Mas não. Você não tem salvação.

Todos me olhavam chocados.

– E sabe o que você deveria fazer? Pegar esse seu orgulho todo e enfiar no seu...

Me interrompi, lembrando que James ainda estava nos braços de Gina.

Rony parecia ter se encolhido. Sua voz estava um tom mais fina quando ele falou :

–Hermione?

–Não me chame de Hermione. É Granger pra você. - Respondi, seca.

Ele me olhou, profundamente ressentido, e andou pra fora do quarto, os ombros caídos.

Assim que ele saiu, ouvi uma salva de palmas vindo de Gina.

–Sabe, eu nunca te vi assim. Você é bem mais incrível quando está brava.

Harry parecia meio ressentido também.

–Eu vou falar algo pra ele...- E saiu do quarto. Gina o seguiu.

–Eu exagerei? - Perguntei para Draco, que ainda me olhava atônito.

–Sim. Muito.

Ops.

–E eu adorei. - Ele pegou meu rosto nas mãos, e me deu um selinho rápido.

Quando se afastou, eu vi uma expressão de orgulho em seu rosto.

Não sei se eu deveria me sentir bem com isso. Quero dizer, ele estava com orgulho somente por que eu tinha mandado aquele ruivo tomar naquele lugar, praticamente.

Mas dane-se, eu estava quase dando pulinhos de alegria.

Finalmente eu falei tudo que eu queria.