Entrei em meu quarto, procurando ser o mais rápida possível, e vi que a camareira tinha deixado um recado ao lado do meu telefone, dizendo que Gina Weasley me ligara.

Ah droga. Eu tinha praticamente esquecido que o mundo lá fora existia. Mas eu deveria ligar pra ela? Ainda era de madrugada, e seria a segunda vez que eu a acordara no meio da noite.

Bem. Vamos lá.

Disquei o número rapidamente, e uma voz sonolenta atendeu.

–Alô....?

–Hã... Harry? – Perguntei.

–ahã.... Quem é? – Respondeu, bocejando as palavras.

–Hermione. – Respondi.

–Hm.... – Respondeu. Percebi que ele tirou o telefone do ouvido, e se referiu à alguma pessoa ao lado dele. – Gina? Hermione no telefone...

“como é que é?!” Ouvi Gina falar, surpresa e irritada. Ela arrancou o telefone da mão de Harry.

–Oi Gina... – Falei cautelosa.

– Oi?! Oi?! É isso que você me diz? Eu fiquei aqui esperando noticias suas, e você não me manda uma coruja desde o show.

O show. Merlin, parecia que tinha sido há anos atrás.

–Desculpe, Gi. Eu não tive tempo... – Tentei explicar.

Gina respirou fundo do outro lado da linha.

–Mione, o que tá acontecendo? Você acaba tudo com o meu irmão, o cara que você amou desde o terceiro ano, e depois me reaparece do nada com Draco Malfoy.

Ela tinha razão. Eu havia virado meu mundo de cabeça pra baixo. Pra mim, poderia não estar parecendo nada demais, mas para as pessoas que viam de fora, provavelmente acharam que havia algo muito errado.

–Não suportei a rotina.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos.

–Mas Hermione, talvez você não precisasse ter feito aquilo. Ter terminado com ele de um jeito tão bruto. Ele ficou arrasado. Apesar de ser um idiota, metido, hipócrita e retardado, ele ainda é meu irmão. – Então murmurou baixinho: - Além do que, ficou chorando por três dias, foi um saco.

É, eu fora um pouquinho cruel. Mas não sabia que ele reagiria assim. Não sabia que ele era tão sensível. Agora ele deveria ter uma idéia de como eu me sentia quando via Lilá Brown se agarrando com ele, no sexto ano. Não consegui sentir a mínima culpa.

– Foi rápido demais. Nem eu percebi Gina. – Tinha que andar logo com aquela ligação. Logo Bella iria se recuperar, e podia aparecer do nada na porta do meu quarto. O telefone era sem fio, então, enquanto eu falava com Gina, comecei a arrumar minhas malas.

– É, você parecia estar no mundo da lua. Mas o quê foi rápido demais? Aquilo foi só um beijo não é? – Ela perguntou, surpresa. Então continuou: - ou então...

–É, estamos... Juntos.

Gina emitiu um som de surpresa.

–Eu- não-acredito! Pensei que tinha sido só um beijo pra dar fim no namoro com o Rony!

–É, mas depois aconteceram mais coisas... – Estava falando meio distraída, enquanto fechava as malas. – Gina, vou ter que desligar. Pode ser que eu pare de manter contato por alguns dias ok?

Ela suspirou desapontada.

–De novo? Amigas não fazem isso, Mione.

Agora eu me sentia culpada. Eu não estava dando nenhuma explicação à ela. Desde quando eu guardava segredos das minhas amigas?

– Tem razão, não fazem. Mas eu prometo, eu vou lhe contar tudo. É que eu realmente preciso ir, Gi. – Falei, com a voz rouca.

Novamente ela ficou em silêncio por alguns segundos.

–Certo, Mi. Vou ter que confiar em você de novo. – Respondeu.

Não sabia o que responder à aquilo. Simplesmente me despedi.

–Tchau, Gina. Prometo que darei notícias em breve.

–Tchau amiga. – Ela desligou o telefone.

Fitei o telefone por alguns segundos até me lembrar que estava com pressa. Fechei a última bolsa, e encontrei Draco no corredor, já pronto.

–Vamos? – Ele estendeu a mão pra mim. Eu as segurei, e senti a sensação de sufocamento do aparatar.

Bem na hora que também havia ouvido outro estampido, no quarto de Draco.

Bellatriz não chegara a tempo, felizmente.