Olhei curiosa pra o envelope. O que era aquilo...?

Meus dedos deslizaram pela aba, e eu tirei a carta lá de dentro, abrindo-a. Em uma caligrafia bagunçada, consegui ler:

“Parece que finalmente seu namoradinho Malfoy não vai conseguir escapar das minhas mãos. Quem sabe ainda haja uma chance para você salvá-lo não é, sangue–ruim? “

Senti minhas mãos começarem a tremer, ao ler embaixo: “casa dos gritos.”. Era óbvio. O lugar onde ele estaria.

Eu não precisava saber o remetente. Eu sabia que algum dia ele não conseguiria escapar.

Bellatriz finalmente tinha o encontrado.

Minhas mãos deixaram o envelope cair no chão acarpetado. Eu precisava fazer alguma coisa.

Mas o único lado meu que raciocinava agora, dizia que claramente era uma armadilha. Isso qualquer um saberia.

Mas eu nunca poderia ficar ali sem fazer nada. Por mais de toda aquela confiança que ele disse que tinha, eu ainda tinha medo de perdê-lo. Desta vez ele poderia não conseguir fugir.

Me sentei na cama, tentando organizar meus pensamentos.

Draco agora estava sobre poder da sua tia psicopata; A tia psicopata queria que eu fosse até ele, na casa dos gritos; Obviamente era uma armadilha, pois ele me contou que assim que ela acabasse com ele, viria atrás de mim; Eu não conseguiria ficar parada lá sem fazer nada; Talvez houvesse uma mínima chance...

Merlin, o que eu estava pensando? Que eu poderia ir atrás dele, e milagrosamente salvá-lo de Bellatriz?

Mas eu não poderia continuar sentada naquela cama esperando que ele voltasse, metido como sempre, enquanto eu me torturava de medo e curiosidade.

E também havia uma mensagem implícita naquele bilhete. Eu teria que ir sozinha. Bella deixou claro que eu poderia salvá-lo.

–Isso é loucura...! – Murmurei comigo mesma. Mas quase no mesmo instante me levantei e corri ao meu quarto.

Tirei o vestido chique e coloquei um jeans, colocando minha varinha no bolso de trás. Peguei um casaco, pois estava nevando lá fora, e comecei a pensar em Hogsmeade, logo sentindo a sensação de sufocamento de aparatar.

Meus pés pousaram suavemente na neve fofa, e eu comecei a correr em direção à casa que eu já fora várias vezes, anos atrás.

Casa dos gritos? Era óbvio que ninguém mais ia lá, Na verdade, as pessoas preferiam se manter bem longe. Inclusive eu. Mas eu precisava salvá-lo.

Agora a ultima coisa que eu deveria fazer era pensar sobre o que eu estava fazendo, pois eu sabia que iria recuar.

***

A casa escura se erguia no meio da neve branquíssima.

Examinei atentamente. Não parecia haver ninguém lá. A porta estava fechada, assim como as janelas.

Hermione, você acha que Bellatriz deixaria as janelas abertas enquanto tortura uma pessoa? Sabendo que é procurada pelo ministério? Dã.

Me escondi detrás de uma das àrvores sem folhas, e espiei mais um pouco. Pude jurar ter visto um movimento atrás da cortina no segundo andar. Quem sabe, talvez, alguma hora que Bella saísse, eu poderia entrar no quarto rapidamente, e iríamos conseguir sair de lá.

Antes que eu pudesse terminar meu raciocínio, ouvi um grito. Um grito de uma voz que eu conhecia.

E sem pensar, me encaminhei para a porta da casa, o mais silenciosamente possível.

As tábuas rangiam levemente aos meus pés, me causando desespero a cada segundo. Mas Bella parecia muito ocupada no andar de cima.

Subi as escadas, segurando firmemente minha varinha. Assim que alcancei o segundo andar, ouvi a voz que mais temia, vindo de um dos quartos com a porta encostada.

–Ah bem. Isso é divertido, enquanto ela não chega. – Bella falou, numa voz entediada.

–É, eu imagino que crucio deve ser muito divertido pra você. – Ouvi a voz de Draco. Crucio? Só de lembrar essa sensação senti minhas pernas bambas, sabendo que poderia sentir essa dor novamente hoje.

Me aproximei um pouquinho mais da porta, tomando cuidado para que eu não fosse vista.

– Eu estava me referindo aos gritos. – Bella explicou.

Olhei pela fresta da porta. A visão quase me fez ofegar, o que provavelmente causaria minha morte.

Draco estava horrível. Suas roupas estavam rasgadas em vários lugares, seu cabelo completamente bagunçado, e vários cortes em sua pele, que logo relacionei ao punhal de Bellatriz, jogado em uma mesa no canto da sala. Sentado em uma cadeira no meio do cômodo, olhava fixamente para o chão, enquanto Bella ficava rondando-o, segurando sua varinha contra ele.

– Eu imagino. Eu também me divertiria muito ouvindo seus gritos, tia Bella. Você merece, sabe como é. – Respondeu, dando de ombros.

– Não fale besteiras moleque!- Bella o olhou furiosamente. Ela se aproximou perigosamente de onde estava o punhal, mas Draco interrompeu-a, perguntando, num tom frio:

– Você me achou. Como?

– Ah Draquinho. – Ela se aproximou dele, e levantou seu queixo com o dedo indicador. – Você sabe que nunca se deve quebrar o coração de uma mulher. Somos vingativas.

– Pansy. – Murmurou, irritado. Então, sua irritação desapareceu, dando lugar a um sorriso torto: - Bella, você sabe que isso não vai dar certo não sabe? Ela não vai vir.

– Não tenha tanta certeza. – Uma voz grave falou alto atrás de mim, me fazendo arregalar os olhos.

Uma mão pousou pesadamente sobre o meu ombro, com garras amarelas, sujas de sangue. Senti um hálito de carne podre atrás de mim.

Greyback.