–Sabe, tem vezes que eu me pergunto como consigo te aguentar. Acho que você quer é me ver morta mesmo, me deixando perto de Pansy Parkinson. –Eu reclamei, enfiando a cara no travesseiro.

–Não morta, mas sim na mesma situação que eu estive a dois dias atrás.- Explicou ele.

–O quê? Eu fiquei desacordada por dois dias? –Levantei a cabeça do travesseiro e o olhei, chocada. Dois dias?

–É, por aí. Eu já falei que...

–É, eu sei, agora você fala alguma coisa sarcástica que vai me deixar irritada com você, etc. e tal. Mas eu não me esqueci Draco. Eu ainda lembro que você me deve uma explicação. – Eu o interrompi, me lembrando do que eu queria tanto saber.

–Hã... Que explicação? – Ele teve a cara de pau de fingir não se lembrar!

–Você me disse que não podia mais viver no mundo bruxo como antes, que nem deveria estar naquele show. – Lembrei-me das palavras exatas, determinada. - Eu quero saber por quê.

Ele hesitou, olhando pra todo lugar menos pra mim.

–Hã... É, acho que eu te devo alguma coisa, depois de você ter feito a estupidez de se por entre mim e o Weasley.

–Então...? – Encorajei.

–Bom, acontece que há algumas pessoas atrás de mim. E, digamos, não seria agradável se elas me encontrassem, se é que me entende. - Respondeu ele, obviamente achando que eu adivinharia o resto.

–Não, eu não entendo. Quem está atrás de você? Por quê? O que eles querem? – Não pude segurar as perguntas.

Ele revirou os olhos e respondeu:

–Bom, é uma longa história. Tem certeza de que quer ouvir?

Acenei com a cabeça em sinal de sim, tímida. O que quer que ele fosse me contar,estava começando a me deixar assustada. O que estaria acontecendo?

–Você se lembra, na guerra, eu e meus pais não fomos as pessoas mais corajosas, assim podendo dizer. – Ele começou a explicar em um tom normal e descontraído, o que me deixou mais calma. No entanto, eu sabia que ele usava esse tom para tudo, não importa o quão terrível o que ele contasse fosse. Minhas mãos começaram a suar. – Saímos daquilo antes de qualquer outro comensal. Algumas pessoas não gostaram nada disso. E agora, minha tia louca e psicotapa está atrás de mim. – Ele soltou um leve sorriso com a última frase, como se achasse a situação engraçada.

–Tia? – Perguntei, tentando raciocinar. Ele não tinha mais nenhuma tia, que eu soubesse, fora Bellatriz. Mas ela estava...

– Se ela está morta? Não tenha tanta certeza. – Ele me interrompeu, num tom divertido.

–Como assim? – Perguntei exasperada. – Molly Weasley a matou, todos sabemos disso!

–Mas alguém realmente se preocupou pra ver se seu corpo realmente estava caído no chão, no meio de uma batalha daquelas?

–Mas não tem jeito dela ter escapado!

–Você realmente viu isso?

Eu hesitei.

–Não, mas...

– Pois eu vi. Minha tia Bella não é tão frágil assim, nem tão burra. – ele sorriu.

–Como ela escapou? – Perguntei, me roendo de curiosidade.

–Digamos que quando a Sra. Weasley a acertou, Bella pensou que era muito mais rápido aparatar do que sacar sua varinha pra se proteger. – Explicou ele, calmamente.

–A Sra. Weasley não percebeu isso?

–Ah, claro, com seus 20 filhos atrás dela lutando contra comensais, ela realmente iria se preocupar em procurar o corpo de Tia Bella. – Ele falou, sarcástico.

–Não são 20... - observei. Ele me olhou com desdém, e então continuou:

–Dane-se. De qualquer modo, Tia Bella está atrás de mim agora. Mesmo que eu saiba que ela nunca vai me achar, – Ele riu consigo mesmo. – Eu tenho que me manter meio afastado.

–Você a chama de Tia, como se ainda tivesse alguma afinidade com ela. – Pensei em voz alta.

–Na verdade eu a chamo assim, porque é um tanto divertido. Ela tenta me caçar, mas nunca consegue realmente me matar. – Riu ele.

–Você tem noção de quanto isso é doentio?

–Tenho uma leve noção sim. Mas ela não vai me achar de novo tão cedo.

– De novo? – Perguntei horrorizada.

–De novo. Assim que Astoria me expulsou de casa, tive a brilhante idéia de ir pra uma estalagem no beco diagonal, sem me preocupar com a idéia de que ela mesma podia ir em pessoa lá. Mas, como eu estou aqui agora, você pode ver que ela não alcançou seu objetivo.

– Draco, como ninguém sabe disso? Que Bellatriz não está morta, e que agora está atrás de você?

–A Sra. Weasley sabe. O ministro a avisou, por precaução, caso Bella fosse atrás dela, mas não queria causar pânico, e pediu pra ela manter o segredo. Já eu, acabei sabendo por conta própria.

–Como você ficou sabendo?

–Ela enviou uma carta à minha mãe, em Azkaban. Dizendo que se ela já não saísse de lá morta, Tia Bella iria matá-la em pessoa, pela desonra que ela causou e blá blá blá. Fora o fato de eu ja ter a visto pessoalmente, como já disse, no beco diagonal.- Draco revirou os olhos.

–Ela só está atrás de você? – Perguntei, engolindo em seco com medo da resposta.

Ele sorriu novamente, desta vez de um jeito mais sombrio.

–Não. Eu sou só um primeiro passo. Assim que ela acabar comigo, Você, o Potter, e o Weasley serão os próximos.