A deusa perdida escrita por Nina C Sartori


Capítulo 22
Problemas


Notas iniciais do capítulo

Primeiro: Gostaria de agradecer a recomendação que Sarah fez. Adorei!
Segundo: Obrigada pelos reviews, sempre leio e respondo quando posso. A resposta sobre a história é muito importante, gosto de saber a opinião de vocês.
Terceiro: Aproveitem!



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Quando acordei fiquei pensando em minha conversa com Will. No fim, tudo estava resolvido e enfim consegui tirar um peso das costas. Darei um jeito de revê-lo. Fui tomar o meu desjejum já com um plano em minha cabeça. Depois da refeição, verifiquei as mudanças que estavam sendo feitas e tudo estava indo bem. Passei uma boa parte da manhã conversando com Kim, tentando resolver alguns assuntos chatos. Burocracia, por que tem que existir? Depois de alguns pontos resolvidos, pensei em fazer uma pequena visita para um certo deus.

— Kim, irei sair, não sei a hora que chego.

— Sim, senhora.

Preferi ir com a minha biga voadora, queria aproveitar um pouco a brisa do dia. Cheguei ao Monte Olimpo e segui para o norte, um pouco distante do palácio principal. Estava indo até o templo dedicado ao deus, sei que ele está lá, senti sua presença. Estacionei a minha biga em frente ao templo e subi as escadas. O templo era todo feito de ouro, claro, ele é vaidoso, tinha que ser construído só de ouro. Quando entrei, ele estava de costas para mim e olhando para a própria estátua. Tinham outras coisas no templo, mas não quis analisar aquilo tudo, estava mais preocupada com a postura dele. Estava tenso. Preocupado com alguma coisa.

— Sentiu saudades? – ele perguntou sem emoção na voz.

— Um pouco. Estou mais preocupada com você.

O ouvi rir, sem demonstrar alguma emoção.

— Não precisa se preocupar, estou bem.

— Não está, Apolo. Há dias percebi que está distante, algo te incomoda. Conte-me o que houve.

— Não aconteceu nada que precise se preocupar. Está tudo bem.

Eu estava odiando aquela esquiva, sem falar que ele continuava a ficar de costas para mim. Fui até ele e o contornei para ficar de frente. Ele continuou com aquela postura tensa, com um braço envolto à barriga o outro apoiado e com a mão no queixo, mas desta vez ele me olhou e não demonstrava nada.

— O que houve?

— Nada.

Analisei aquele rosto que escondia muito bem as emoções.

— Conte-me o que eu não sei.

— Não tenho nada para te contar. Creio que você tenha algo para me contar.

Aquele calor que sempre sentia emanando dele não estava mais lá. Desapareceu. Só sentia o ar tenso e frio.

— O que eu deveria contar-lhe?

— Sobre o seu filho.

— Por que gostaria de saber sobre ele?

Ele soltou os braços, andou para o lado e riu.

— Então confirma que tem um filho. Um semideus.

— Não iria mentir, afinal você estava me vigiando quando eu fiz a minha pequena visita a Terra.

— Por que não me contou antes?

— Para quê? A última coisa que quero é por o meu filho e único em perigo.

Ele virou e me olhou indignado.

— Perigo? Qual perigo ele iria correr se eu fosse o único deus que saberia dele? Diga-me.

— Não sei, mas não quero arriscar.

— Você sabe que eu não iria fazer nada com ele.

— Disso eu sei, mas quanto mais souberem, mais em perigo ele estará. Farei qualquer coisa que estiver ao meu alcance para protegê-lo.

Ele sentou-se, parecia cansado, perturbado.

— Eu sei que está incomodado por não ter dito na época, mas você sabe como está a minha situação. Se descobrirem que ele é o meu filho irão mata-lo, isso eu não aguentaria.

— Foi por esse motivo que sumiu por dois anos, para tê-lo em segredo e poder cuidar do garoto, não foi?

— Sim.

— Sabia que estava quebrando as regras?

— Isso não é novidade para mim.

Ele riu.

— Eu não deveria me importar tanto, afinal conheço bem esse lado seu.

— Concordo plenamente.

Ele ficou me encarando. Sinto que vem coisa ruim por aí...

— Conte logo o que houve, detesto suspense.

Ele suspirou e deitou naquele degrau em frente à própria estátua.

— Já sabem que você reapareceu.

— Imaginei. O que mais?

— São muitos os boatos. Quero que saiba primeiramente que conversei com Zeus.

— Sobre?

— Sobre os boatos, eles não são bons e Zeus concordou comigo.

— Você está sendo vago demais, quero saber o item principal deste assunto. Detesto suspense, lembra?

Ele abriu um olho e me encarou.

— Quer saber os boatos ou a conversa que tive com Zeus?

— Diga o início de tudo isso, por favor. – Estava impaciente!

Ele fechou o olho e voltou para a postura inicial.

— Alguém estava espalhando boatos de sua volta; só foram confirmados quando você fez aquela pequena aparição na Terra.

Gelei.

— Estavam me vigiando?

— Pensei que soubesse que eu não era o único interessado em seus passos.

— Quem mais me vigiava?

— Hum, lembro que quando fui conversar com Zeus ele já sabia onde você esteve. E os seus caçadores também sabem.

— Zeus está me vigiando? – Perguntei incrédula.

— Sim. Espero que agora em diante tome mais cuidado onde estará indo.

— Pensei que estava sendo cuidadosa...

— Essa nem é a parte pior. Os caçadores querem descobrir o porquê da sua visita para aquele mortal. Creio que em breve irão descobrir. Os dias do garoto no acampamento estão chegando ao fim e logo sentirão o poder que ele emana quando estiver de volta para casa, assim irão juntar as peças do quebra-cabeça.

Fiquei perplexa. Coloquei meu filho e Jared em perigo. Não sabia o que falar, o que pensar, o que fazer para agir. A única coisa que girava em minha cabeça era que eles estão em perigo. Quando pisquei, percebi que estava sentada e Apolo segurava a minha mão. Só agora me lembrei de soltar o ar.

— A minha conversa com Zeus foi sobre tudo o que está acontecendo e resolvemos vigiá-la sempre. Iremos fazer o possível para protegê-la, mas só se você cooperar. Só poderá ir a Terra acompanhada com outro deus. Os tempos agora são difíceis e não podemos arriscar.

— Me proteger? Eu estou pensando em minha família e não em mim!

— Sabe que não podemos interferir na vida dos mortais. Temos que deixar acontecer o que tem que acontecer.

Não acreditava no que ele dizia. Não mesmo. Levantei e o olhei com desagrado.

— Não irei arriscar a minha família por causa de um erro meu. Nunca.

Virei e fui embora.


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