A Chave-estrela escrita por TaediBear


Capítulo 2
No qual Haru descobre que é um herói


Notas iniciais do capítulo

YOYOYOYO! Mais um capítulo da chave-estrela! Muito obrigada, Gokkun e Kaaryu, por acompanharem a história!
Espero que gostem.



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– Io – Haru virou seus olhos para o capuz, onde o animal descansava -, o que é um lumpy?

A criatura abriu seus olhos escuros, focando o garoto que o carregava. Io não dissera realmente o que de fato era um lumpy. Um sorriso brincou em seu rosto, e ele deu saltos para fora do capuz, pousando nas mãos da Haru, as quais se abriram em concha para acomodar o animal.

– Nós, os lumpy, somos a melhor raça que existe na Terra de Lá. Vivemos em todos os lugares, desde as florestas até os desertos. E somos os seres mais belos, diferente de vocês, humanos, que temem até mesmo deixar a vila de vocês.

Haru arqueou uma de suas sobrancelhas e desatou-se a rir.

– Do que está rindo?

– A melhor criatura da Terra de Lá estava com medo de um licantropo. Oh, desculpe, você pode ser comido por um, enquanto nós, humanos, não podemos.

Io bufou. Aquele moleque impertinente estava irritando-o mais uma vez. Depois de dois dias juntos, Haru e Io pareciam se dar muito bem. Em verdade, pareciam amigos antigos, que passaram a infância brincando pela Grama Alta. O garoto divertia-se respondendo malcriadamente às perguntas e afirmações do animal em suas mãos. Às vezes, isso causava brigas longas.

Durante o dia, Haru caminhava, carregando Io em seu capuz, ou suas mãos, ou em sua cabeça. O fato era que a bola de pelos era demasiadamente preguiçosa para saltitar por conta própria.

No segundo dia, o menino começou a raciocinar novamente, como se o choque de finalmente entrar em uma aventura houvesse tirado-lhe momentaneamente a capacidade de pensar. Então, ao meio-dia, quando pararam para o almoço, Haru perguntou, após tirar o pão de sua mochila:

– O que é a chave-estrela, Io?

O lumpy pulou nas mãos do menino e comeu um pedaço da massa, antes de começar, com a boca ainda cheia:

– É um item mágico de um reino – ele engoliu o pão e, então, continuou: - Você sabe que existem nove reinos na Terra de Lá, certo?

Haru assentiu.

– O Reino das Cores, o Reino das Flores, o Reino da Floresta, o Reino Animalia, o Reino do Lago, o Reino Rubi, o Sultanato do Sol e o Reino da Neblina. Não são apenas oito?

O garoto ainda contou mais uma vez com seus dedos, enquanto o lumpy sorria vitorioso.

– Por isso que eu digo que os lumpy são melhores que os humanos. Vocês mal sabem da existência do Reino Oculto, só porque ele não está nos mapas – Io comeu mais um pedaço de pão. - Bem, de qualquer forma, existem esses nove reinos. Mas houve um tempo em que existiu mais um: o Reino da Estrela. Lá, moravam apenas sábios e feiticeiros, e eles diziam que acharam o maior tesouro que qualquer ser vivo poderia querer.

“O problema é que o Reino da Estrela extinguiu-se, assim como toda forma de vida que vivia no lugar. Dizem, porém, que o baú-estrela, onde os sábios guardaram o segredo do desejo, continua lá, sob os escombros do castelo. Mas a única coisa que pode abri-lo é a chave-estrela. Então, quando eu finalmente decidi ir atrás daquela maldita chave, um licantropo veio atrás de mim!”

Io comeu mais um pedaço de pão.

– Então o chamei para vir comigo.

– Incrível! – os olhos azuis de Haru brilhavam. – O que será esse segredo? E como vamos encontrar a chave? Será que realmente não existe mais nenhum sábio? E se nós encontrarmos um feiticeiro? Onde ficava o Reino da Estrela? E o que é esse Reino Oculto?

A antena de Io balançou-se para frente e para trás, até conseguir bater no rosto do menino. Uma expressão zangada tomava conta de seu rosto adorável. De fato, a personalidade da criatura não correspondia com sua aparência.

– Os sábios e feiticeiros foram extintos. Não há mais nenhum deles. O Reino da Estrela ficava no extremo norte da Terra de Lá, e vamos passar por todos os reinos para chegar. Além disso, eu não o chamei apenas para me proteger do licantropo. Ouça o resto – ele limpou a garganta. - A chave-estrela foi espalhada por todos os reinos da Terra de Lá. E, além dela, os sábios puseram um herói onde não havia parte alguma da chave. Acontece que você é o herói, que foi colocado no Reino das Cores.

Os olhos de Haru brilharam, um sorriso em seus lábios finos.

– Tem um poema que circula entre os lumpy:

Do Reino da Estrela, o herói

É um humano de baixa estatura

Com longos cabelos de ouro

Cujo único sonho é uma aventura

“Você não combina perfeitamente com essa descrição?”

Io ia morder o último pedaço de pão, mas Haru levantou-se em um salto e derrubou o lumpy no chão. Seus olhos da cor do céu possuíam um brilho peculiar naquele momento, um misto de admiração e felicidade. Ele jogou a massa em sua boca e puxou a bola de pelos para abraçá-la. Io resmungava em seus braços, enquanto o menino tagarelava sobre a aventura, sobre ser um herói, sobre tudo que estava dando certo para ele.

– Nós vamos partir em uma aventura ainda maior! Não acredito que sou o escolhido para isso! Toda aquela vida na Vila Amarela, quebrando regras e de castigo, foi para mostrar que eu não era daquele lugar. Que eu sou completamente diferente! Que eu sou um herói!

– Garoto! Garoto! – a voz grave de Io tentava sobressair contra a ligeiramente fina do menino, mas era quase impossível. – HARU!

O louro parou, enfim, e lançou um sorriso sem jeito para o lumpy.

– Desculpe – murmurou.

– Tanto faz. Você é irritante.

Io pulou mais uma vez para o capuz do menino e acomodou-se, resmungando algo como: comeu até o último pedaço do pão. Haru riu. Nunca tivera um amigo, e seus dias tornavam-se cada vez melhores desde que havia conhecido o lumpy. Ficava ainda mais feliz, ainda mais contente, sorrindo como um bobo sempre. Io era seu primeiro amigo e aquele que o levaria em uma aventura.

– Obrigado – ele sussurrou ao capuz e partiu em direção à Floresta.


 

A Floresta abrigava dois reinos: o Reino das Flores e o Reino da Floresta. O primeiro ficava próximo da trilha que Haru e Io seguiam e foi o primeiro que eles avistaram. A cidade fora fundada em uma clareira enorme e era composta por pequenas casas de madeira, decoradas por flores dos mais diversos tipos. Haru já ouvira falar que as pessoas do reino tinham nomes de flores, mas nunca acreditara já que os adultos que lhe contaram e eles nunca deixaram a Vila Amarela. Mas, quando ouviu uma mulher dizendo a sua filha Rosa para brincar direito com a irmã Margarida, ele teve que se esforçar para conter a risada. De fato, todos tinham nomes de flores.

– Chegamos ao Reino das Flores, Io.

Os olhos do garoto admiraram as copas frondosas das árvores altíssimas, e um sorriso insistia em estampar-se em seus lábios finos. Io movimentou-se dentro do capuz e saltou para as mãos de Haru. Um bocejo tomou-lhe a face.

– Dizem que os sábios deixaram as partes da chave-estrela com determinadas pessoas. Mas não sei como vamos encontrá-las.

– Não há nenhum poema como o meu? – Haru ainda estava encantado com as rimas que diziam que ele era o herói da Terra de Lá.

Io revirou os olhos.

– Não. Só o poema do herói foi passado de geração para geração.

– Io, então, como vamos encontrar a pessoa?

– Vamos perguntar a cada flor que vive aqui. Oras, alguém deve saber.

– Você não tinha dito que a chave-estrela guarda o tesouro que todo ser vivo quer? Se começarmos a falar abertamente disso, todos vão começar a procurar por ele, também, e nós nunca vamos ter a chave.

– Ora, garoto, você pensa demais. É só escondermos esse fato.

– Mas esse plano de perguntar a todo mundo também não é muito bom.

Os dois continuaram a discutir por um longo tempo, quando uma voz chamou-lhes a atenção:

– Com licença. Vocês estão pisando nas minhas flores.

Haru saltou para longe da voz, seu coração pulando de surpresa e susto. Ele levou seus olhos à figura atrás deles e pediu desculpas. Era uma menina. Seu cabelo era curto, ruivo e ondulado, além de deveras volumoso. Carregava um regador em suas mãos e sorria para o menino.

– Não tem problema – ela disse. – Vocês não são daqui, são?

– Claro que não – Io foi mais rápido que Haru e saltou para a cabeça do menino, a fim de ficar no ponto mais alto possível. Daquele lugar, ele ficava na altura dos olhos verdes da garota. – Eu sou o grande Io, da melhor raça da Terra de Lá, os lumpy. E esse é Haru.

O garoto revirou os olhos azuis e puxou a criatura para suas mãos novamente. Às vezes, aquela bola de pelos tornava-se extremamente irritante.

– Desculpe esse idiota. Ele é muito... egocêntrico. E chato. E irritante. Mas, então – ele sorriu -, somos viajantes e estávamos passando por todos os reinos da Terra de Lá. Partimos do Reino das Cores.

– Ah – a menina colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha -, parece divertido. O que os trouxe ao Reino das Flores?

– Nós viemos conhecer o reino. Soubemos que vocês são um povo amigável – outra vez, era algo que os adultos haviam lhe contato, e Haru não tinha certeza se era verdade. - Será que, bem, você poderia mostrá-lo para nós?

– Realmente, todos os outros reinos dizem que somos os mais hospitaleiros da Terra de Lá.

A menina abaixou-se sobre as margaridas ligeiramente amassadas e pôs água sobre elas, com um sorriso. Ela meneou com a cabeça e pediu que eles esperassem um pouco. Quando terminou de regar as plantas, ela levantou-se, arrumou o vestido e o avental e virou-se para os dois.

– Sejam bem vindos ao Reino das Flores. Ah, a propósito, meu nome é Dandelion.


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Notas finais do capítulo

Dandelion significa dente-de-leão (:
Então, o que acharam?
Comentários são bem vindos!
GAWSH, eu adoro o Io. Ele é o tipo de personagem egocêntrico que eu amo. E o Haru é o garoto fofo que dá corte nele 8DD
Então, até a próxima!
Takoyaki ~ quero apresentar logo o seme do Haru para ele.