Break Of Dead escrita por Write Style


Capítulo 6
Capítulo 8 - Fear Falls and the Badass


Notas iniciais do capítulo

Uns reviews para eu perceber que existem pessoas vivas a ler... ^^



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Nem acreditava que estava no telhado de uma casa tão alta como aquela e o tempo que necessitei para lá chegar já devia ter sido suficiente para o mentalizar, mas não e a rapariga não parecia lá muito gostar da minha demora, tanto que quando finalmente cheguei, ela me deu a mão e ajudou-me a chegar ali bruscamente. Quer dizer, as casas não estavam assim tão distantes umas das outras, mas Elizabeth pegou um enorme balanço e conseguiu alcançar com as mãos aquela casa que eles os dois usavam para morar até então. Engoli em seco, quando vi que ela deixava cair a mão, esperando que eu saltasse, decerto para me apanhar caso falhasse.

Ainda olhei uma vez para o chão, longe e perigoso, sem saber se aquilo seria uma boa ideia.

- Tens medo de cair? Já te vi a alcançar aquela janela ontem, porque não saltar casas?! – Dizia ela do outro lado, sem muitas emoções.

- Porque é completamente diferente… - Comentei, mas não de maneira audível por ela. Tomei coragem, peguei balanço e lá fui eu a correr que nem um desalmado e quando cheguei à umbreira do telhado, tentei saltar o mais alto que consegui. Tudo aconteceu muito depressa, mas não tive lá grande sucesso, pois só consegui colocar uma mão no outro telhado escorregadio e a mulher teve que me ajudar a subir o resto.

- Até agora nada de impressionante… - Criticava ela, preparando-se para seguir para a próxima. O resto da vizinhança parecia ser mais aconchegada, por isso os saltos seriam muito menos difíceis.

- Hei-de apanhar o jeito. – Respondi tão bruto como ela fazia. Se era assim que queria seria tal e qual assim. Também sabia ser uma pessoa menos amigável.

Nos seguintes saltos apenas tive de me preocupar em não escorregar e em não pensar muito no frio, que deixava alguns dos meus movimentos comprometidos. Fiquei bastante aliviado quando finalmente e ao fim de mais 6 casarões, por fim a linha era quebrada por uma estrada e vi que Elizabeth começava a descer por um tubo daqueles por onde escorre a chuva.

Mais uma vez a minha “amiga” foi mais rápida que eu e quase levei um sermão quando demorei demasiado a descer e cai de cú no chão gelado por fim. Quase nem me deu tempo para levantar, já estava Elizabeth a correr para o outro lado da estrada. Conferi se a pistola que recebi de Marcus ainda estava no meu bolso e coloquei-me logo a caminho para perto dela, que se escondia atrás da parede de uma das casas do lado direito, que seguiam caminho para uma nova estrada.

- Atenção. – Foi tudo o que ela me disse fazendo um gesto que me levou a contemplar quatro zombies a 30 metros mais á frente, perto do alpendre de uma das habitações. Vi que retirava algo do cinto, mas quando lhe fui perguntar um plano, estava a correr com um objecto na mão para a meio do caminho ficar calma e sem pressas, colocando um passo atrás do outro quando dois deles tomaram atenção nela. Saquei do facalhão e segui-a, com medo que estivesse a endoidecer ou uma merda parecida. Mas quando eles se aproximaram o suficiente, colocou o pé na barriga de um e empurrou-o para trás, colocando a ferramenta de canalizador enterrada na cabeça do outro com apenas dois golpes. Assim que puxou a ferramenta e o zombie caiu, literalmente saltou para o outro ainda no chão e matou-o com o mesmo processo.

Eu cheguei-me para o terceiro e enterrei o facalhão bem entre a testa e puxei-o antes que a queda do mostro me deixasse sem ela, já Elizabeth estava bem próxima do ultimo e deu-lhe uma paulada de lado, deixando-o a sangrar, mesmo que por si ele já não tivesse quase pele nenhuma e o sangue pudesse escorrer por completo. Finalizou-o igualmente no chão. Nem me voltou resposta apenas olhando para mim e fazendo um gesto para avançarmos.

- Foda-se, que durona do caralho… - Pensei eu, não tendo já coragem para lhe dizer aquilo verdadeiramente. Até agora Elizabeth se tem mostrado uma completa máquina, tanto a andar como a matar. Agora já me custava a acreditar que Chris estava a dizer verdade quanto a ela ser uma pessoa muito dada aos outros. Eu vi precisamente algo diferente.

Isso não me impediu de avançar sempre atrás dela e até chegarmos a uma zona de maior comercio, consegui matar mais dois zombies que por ali andavam, mas as minhas contas nunca ficavam saudadas com as dela, pois no total, tinha ficado 2 para mim e 4 para ela nesta ultima investida.

Quando percebi que fazia questão de tentar subir a um estabelecimento com um andar baixo, fiz o movimento de pé de ladrão e esperei que percebesse, o que acabou por acontecer e por breves segundos susti o seu peso até que conseguisse lá chegar. Depois baixou a mão e pegu na minha, fazendo força para me empurrar para cima, enquanto usava os pés contra a parede para que não tivesse o trabalho todo. Acho que nos estávamos a compreender melhor.

- Vês esta esquina toda? Eu e o Chris já tiramos tudo o que existia para tirar. – Depois avançou com a mão para um local que ficava a dois quarteirões deste. – Ali ainda não, já é quase para o centro da cidade, nunca fomos tão longe. Hoje vamos.

- É seguro? Quer dizer, terá muitos zombies?

- Existem alguns aglomerados aqui ou ali e o centro deve ser pior. Mas os telhados estão connosco. Conheço uma passagem para aquele quarteirão. Tens medo de ficar pendurado? – A voz calma dela assustava-me, mas ao menos estou mais descansado por saber que ela falava como uma pessoa normal.

- Depende. – Disse.

- Também não aceito nãos… - E dito isso dirigiu-me para um poste de electricidade, intacto e com o fio a dar a outro mais á frente. Desde que o vi percebi que a mulher queria ir por ali. Começo a ficar menos espantado com as suas escolhas pouco ortodoxas. Talvez seja por isso que Chris quase nunca a acompanha em buscas destas.

Puxei o corpo com força, cruzando as pernas enquanto subia pelo poste de madeira. Também ele estava escorregadio, para variar um bocadinho. Respirei fundo quando me pendurei no fio e fui colocando as mãos e puxando com os pés para a seguir. Aquela viagem quase nem percebi a dimensão do perigo, pois estava de rosto virado para cima e não queria também olhar para baixo. Só quando cheguei ao outro poste e desci é que olhei e vi que a estrada tinha vários carros acidentados, um tinha ido contra aquele poste inicial, mas não o movera nem um pouco. Cerca de cinco monstros de caras desfeitas, ou até um com a metade de baixo do corpo em falta, rastejavam/andavam por ali a vaguear e a gemer como simples animais. Nenhum parece ter reparado em nós cá em cima, talvez porque são bastante estúpidos. Nem foi necessário descer novamente pois esperta como era, Elizabeth encontrou milagrosamente uma entrada de tecto, através de uma janela de vidro. Estava bastante escuro ali, pois quase não via três palmos à frente da cara. Ela baixou-se e começou a apanhar algumas coisas do chão, como latas e coisas do género e foi quando percebi que por trás do mecanismo que suportava a caçadeira, trazia uma mochila, que agora estava ao seu lado a ser cheia.

- Apanha o que puderes e traz. – Foi o que me disse e eu lá fui para outras estantes e apanhei algumas garrafas de água, ainda dentro da validade e em perfeito estado. Dizendo bem toda aquela loja estava em quase perfeito estado, se não fosse parte do tecto lá mais à frente que tinha caído e deixado a neve se infiltrar pelas paredes. – Até que te safas… Eras de onde? Já agora qual é o teu nome.

- De Richmond. Sou Bruce – Respondi, enquanto continuei a minha tarefa. Agora era eu que não queria lá grande conversa.

- Ainda é longe. O meu nome já sabes. Já deves saber de onde somos também, aquele merdinhas contou logo tudo não é?

- Por acaso não.

- Hum… deixa ficar assim, também já não é a minha casa. Saberes ou não, já não muda nada. – Acabou o que tinha por ali e seguiu para uma mais ao lado esquerdo. Também eu mudava para uma outra, depois de deixar algumas coisas na mochila dela. – Vocês até não parecem ser inúteis, acho que podemos mesmo ter acordo. – Disse e eu fiquei a olhar para ela com um certo ar de desprezo pelo que nos estava a chamar.

- Obrigado pela parte que me toca a mim. – Brinquei ironicamente.

- De nada. – Respondeu, levantando-se e sentindo o peso da mochila. – Temos suficiente para algum tempo. Deve chegar para ir até onde temos de ir. Vamos sair antes que chegue prá´i algum andante.

Foi mais complicado voltar lá para cima que propriamente descer, pois tivemos de subir uma estante e pegar na umbreira da janela aberta. Mas acho que naquele dia já tinha praticado tanto que aquilo foi tão fácil que até estranhei.

- Isto é assim sempre tão simples para ti?

- A maior parte das vezes. Se não for à primeira, é à segunda. – Foi tudo o que disse antes de subir para o poste. Reparei que lá em baixo estavam consideravelmente mais mordedores que antes, pois os gemeres eram maiores em número. Assim que vi que tinha uma distância boa dela, também eu voltei a subir, já estava Elizabeth quase do outro lado.

Desta vez tive uma percepção melhor do que se passava durante a minha dura jornada pelo fio de electricidade. A neve estava novamente a cair e por isso às vezes tinha de mover a cabeça e parar de me esgueirar para que o gelo não se acumulasse na minha cara. A meio do caminho voltei a faze-lo e já a pouco menos de 10 metros de terminar, a ultima vez, pois o meu movimento deve ter quebrado a merda do fio que enfraqueceu de tantas viagens e me levou numa viagem vertiginosa pelo ar. Fiquei agarrado a ele e embati com as costas no poste, mas estava bem abaixo do andar de onde a jovem me olhava. Tinha dores em muitas partes do corpo, mas nenhuma suficientemente grande para me fazer desprender. Tinha levado na mão uma lata de conserva que não coube na mochila e esta tinha chegado ao vidro de um dos carros lá em baixo e para minha “sorte”, o alarme ainda trabalhava. Guinchos aqui e pi pis para ali, lá mais uma vez um carro iria atrair a atenção de todos os zombies das redondezas, tal como perto do campo de campismo tínhamos feito com aqueles da estrada para Washington. Não tinha muito mais tempo.

- Vá sobe porra! – Gritava ela lá de cima, mas era uma escalada pelo fio grande demais para as condições atmosféricas. Coloquei a mão direita por cima da esquerda, mas as duas escaparam e por segundos fiquei em queda livre, até que tive o reflexo de me agarrar ao próprio poste, bufando de ar com muita regularidade. Os monstro lá em baixo estavam a aglomerar-se cada vez mais e mais, até que o próprio carro anterior àquele que tocava o alarme estar cheios deles a querer passar, mas o acidente que ali se passou deixou-os em tão mau estado que não era possível transbordarem uma certa distância e chegar à parede daquele edifício. Ainda bem para mim, que lá me tirei do poste e encostei à tal parede, com eles a alguns metros, burros como o caralho a tentar trespassar para me comer. É a segunda vez que vejo literalmente a morte a chegar, mas nunca vou estar preparado para isso, afinal mesmo com toda essa morte por ai o está?

Foi quando procurei pelo facalhão ele tinha desaparecido. Observei melhor o perímetro perto da minha caída e percebi que estava ainda longe, talvez longe demais para o apanhar sem sofrer nada com isso. Quer dizer, sem ser mordido pois os zombies não andavam já lá muito longe dali também. Vi que havia um perto do facalhão que estava no chão parado, sem se mexer, como que congelado. Talvez a neve os estivesse a abrandar e agora que olhava para eles, reparava que estavam com partes congeladas e muitos deles nem voz tinham, talvez por uma garganta gelada. Mesmo que estivesse em perigo, não poderia sucumbir agora.

Tinha a arma comigo e se necessitasse, usava-a. Saltei entre os carros acidentados para a direita e continuei em frente, mesmo que reparasse que muitos dos zombies das redondezas vinham na minha direcção de frente. Um deles vinha por trás e estava já demasiado perto, logo antes de conseguir tive de disparar contra o mesmo, bem no centro da nuca e aquele sucesso talvez tenha sido de ele estar bem perto. Mas depois veio um do outro lado e eu nem tempo de disparar tive. Em segundos pensei que iria morrer, mas ouvi outro disparo seco e o zombie tombou. Elizabeth estava no cimo do prédio com a caçadeira em mãos e logo depois apanhou mais outro e com a potência da arma, estourou por completo com a cabeça de um outro. Aproveitei a distracção e peguei no facalhão, cravando-o na nuca de um velho desdentado e nojento.

- Esse lado está mais livre, mantem-te ai. – Disse ela, enquanto tive de matar mais um para me manter seguro. Reparando em redor percebi que tinha razão, para trás de mim, perto do carro que ainda disparava o alarme, os monstros aglomeravam-se, muitos mesmo. Elizabeth desceu pelo cabo da electricidade partido e quando desceu, aquele lado aguentou com ela sem a deixar cair. Aproximou-se de mim e nem deu tempo, pois agarrou-me o ombro com força e começou a correr. – Corre estúpido! Temos de arranjar outro tecto para subir!

E tivemos de arranjar, depois de rachar mais três zombies, ou pelo menos atingi-los com o facalhão para que caíssem e não dessem problemas por um tempo. As casas eram todas seguidas por isso não foi difícil recorrer ao mesmo processo anterior e subir até lá, já que algumas tinha garagens com telhados baixo, que conduziam uma boa subida. Quando dei por isso estávamos novamente no bairro de onde partimos.

Desta vez fui eu que desci primeiro assim que saltamos na casa da rapariga e de Chris. Sentia os pés dormentes e as mãos também, nunca tinha feito tanto exercício físico de uma vez só. As costas ainda me doem, oh como doem, parece que até ardem e latejam numa merda de dor daquelas mesquinhas e persistentes, mas nada que o repouso não trouxesse de volta. Sinto-me lisonjeado de estar vivo neste momento.

- Podias ter morrido sabes? – Comentou Elizabeth, apática quando começou a saltar a cerca. Parecia mais uma pergunta retórica.

- Sei. Mas as coisas não têm de correr sempre a cem porcento.

- Ai não? – Aproximou-se de mim e quase me deixou contra a cerca assim que saltei. – Se corres perigo assim tantas vezes, até me admira que ainda estejas vivo. E aquele teu grupo, os dois “músculos” parecem estar preparados, mas a velha e as crianças? És tu que os proteges, Bruce? Consegues fazer isso tudo? Ou estão eles preparados mesmo para o mundo de merda que temos agora?! – Conseguia ver a fúria nos seus olhos, mas era estranho, também via angustia. – Nunca mais me voltes a falar que fazes sempre as coisas a pensar no risco que podes correr e que ele irá correr de certeza. Pensa antes que tudo o que fazes tem de ser bem feito, ou então morres, ou então morrem eles! – Apontou para o interior da casa. – Eu já perdi demasiado para ouvir merdolas a dizer que todos se têm de colocar em risco mesmo que não se preparem.

- Eu protejo-os se for necessário, são o meu grupo agora…não tu… não neste momento. Mete-te naquilo que sabes. – Olhei-a com ar intimidante, mas ela não pareceu ficar nem um pouco afectada.

- Nem pretendo ser, nem pretendo ao menos que me protejas, ao menos tenho o tacto de aprender a defender-me se for necessário. Eu vi-vos a vir até aqui, eu vi os vossos movimentos. Levas pessoas que não ainda não sabem nada do que este mundo tem para oferecer de mau. Eu não estou a ser uma cabra, estou apenas a alertar-te e por muito que custe ouvir é a verdade: Ou todos funcionam da mesma maneira, ou quem não o faz está perdido, morto e enterrado. Eu trouxe-te nesta missão para isto mesmo, para que compreendas como isto está por ai, se é que não tenhas já visto. Achas que aqueles jovens estavam preparados para me seguir no que acabamos de fazer caso tu não pudesses estar presente?

- Não… - Tive de admitir. Estava destroçado, pois ela tinha razão.

- Então pensa nisso. – Foi como acabou aquela estranha conversa, com Elizabeth a afastar-se para encontrar os outros no interior da casa, também ela algo afectada. Eu sou atento e consegui ver nela algo mais que simples conselhos de um estranho. Ela preocupava-se connosco, agora sim. Não era assim tão má como tudo, estava apenas, farta deste mundo, talvez. Podia tentar perceber isso mais tarde, mas obriguei-me a prometer-me a mim próprio que quando finalmente encontrasse-mos um local mais estável, Brian e Marie teriam de começar a ser mais responsáveis.

***

Tinha-mos combustível e também comida suficiente para a viagem. Elizabeth decidiu receber a nossa ajuda e nós decidimos acompanha-los até aquele local que eles pretendiam encontrar. Por isso na manhã seguinte, estávamos a recuperar tudo o que existia de útil naquela casa e despedirmo-nos dela, talvez para sempre. Mas antes havia alguma coisa que tínhamos de fazer, por muito que custasse.

- Pega ai. – Pedia a Chris que se oferecera para me ajudar a mim, a Marcus e a Dennis a levar aquela família lá para fora, onde Brian e Marie já tinham aberto três buracos. Estava a levar com o loiro franzino a mulher, que era a última, já que o homem e a criança já lá estavam fora.

Pedi para que ninguém se afastasse, era uma visão terrível, ter que enterrar aquela gente, mas a conversa com a Elizabeth abriu-me os olhos. Não podíamos mais fugir da realidade, da nossa realidade agora.

Marcus colocou na cova o homem e a criança e eu e Chris colocamos a mulher. Os três estavam perto, quase numa vala comum, mas ainda o suficiente para fazer três buracos diferentes. A casa do lado tinha uma pá e foi com ela que deitamos a terra para eles, aos poucos. Tive a impressão de ver Claire a rezar, mas ninguém chorou, mesmo que a tristeza pairasse no ar, junto com a neve e com a brisa que fazia vibrar os ouvidos, pois o vento se tinha levantado. Foi quando reparei que o bombeiro se dirigia para mais duas campas improvisadas, vazias.

- Estas são para as pessoas que perdemos á pouco tempo. – Logo presumi, mas não queria pensar nisso. Mas Marcus não o conseguia esquecer. Falava mais para os dois novos integrantes do grupo, mas eu sabia que aquilo também era para nós. – Não tivemos tempo de nos despedirmos deles, ou dar-lhe um funeral. Ao menos vamos deixar aqui algo parecido como isso. – Olhei Claire do canto do olho, não dizia nada, nem ao menos parecia zangada com a decisão, apenas deixava correr algumas lágrimas.

Marcus começou a colocar também terra nesses locais e quando terminou, pegou em cinco ramos secos da árvore e esperou-os nas cabeceiras de cada um. Todo se mantiveram ali a olhar por mais algum tempo, para as campas todas que por ali tinham sido feitas e acho que o nosso tempo ali tinha chegado ao fim. Ao menos saímos daquela casa com alguma humanidade ainda e desta vez Elizabeth não se opôs à nossa misericórdia, até acho que a apreciou, mas só para si mesma.

Chegamos ao carro e entramos, arranjamos os lugares que seriam nossos, mesmo que soubéssemos que a bagageira anteriormente o local mais semelhante a uma cama, teria de ser agora o lugar de três pessoas. Afastamos os carros que podiam atrapalhar a nossa viagem para a frente naquela estrada e Dennis conferiu que as rodas, presas pelas correntes para a neve estavam ainda em condição de andar e Marcus colocou o monovolume a rugir novamente, por isso de bateria também estava bem. Restou apenas receber as primeiras coordenadas de Elizabeth e começar a andar. Eu estava na janela oposta a Dale City, mesmo ao lado do loiro que conduzia, mas mesmo assim deu para ter um fraco ultimo deslumbre da cidade, mesmo que a maior parte do que conseguíamos ver era árvores. Para mim foi mais como uma despedida simbólica e não visual.


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