Break Of Dead escrita por Write Style


Capítulo 2
Capítulo 1 - Personification of Death




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Eu não esperava que ficasse sem combustível tão depressa, mas parece que nos últimos dias a vida não está a dar sorte a ninguém. Agora ficamos os três ali, parados no meio da estrada deserta. Deviam apenas faltar mais alguns metros para encontrarmos a saída que nos levava diretamente para o primeiro aglomerado de quintas que estavam à direita. Era para lá que ia, pois sabia que a Emily tinha família por lá e podia muito bem fugido e ter chegado quando isto tudo começou. Sai do carro e fechei a porta, ainda estava frio, pois ainda estávamos no Inverno, mas o sol aparecia quente por cima da minha cabeça. Comecei a ir na direção da mala do carro quando falei para os dois protegidos que levava.

- Vamos lá, temos que ir a pé. Não temos outra solução… - Comentei, quando Marie saiu pela porta traseira.

- Onde vamos propriamente? – Perguntou-me, ajeitando o avolumado cabelo ruivo e ondulado. Respondi-lhe quando ainda agarrava a comida que sobrara dos últimos dias.

- Quando acontece alguma coisa, o melhor sítio para nos refugiarmos é no campo. Eu sempre ouvi dizer isso… Tenho sogros para estas bandas, temos de por aqui ficar até realmente sabermos o que se passa.

- Não era melhor tentar ficar mais perto de Richmond? – Brian tinha acabado de sair do carro e colocou a mão sobre o tejadilho para se apoiar. – Temos mais probabilidades de encontrar alguém conhecido.

- Nem pensar. – Eu não falava como alguém duro ou frio, apenas sou difícil de “dar volta”. O que estou a pensar fazer parece-me o certo. – Eu sei que querem voltar a encontrar os vossos pais, mas sem carro, demoramos uma eternidade. Tenho neste momento a vossa segurança para assegurar e juntarmo-nos a alguém é melhor que ficar aqui sem saber o que se passa. Eles devem ter televisão na quinta, podem estar a informas as pessoas por lá. – Ambos fizeram caras de quem não arranja uma hipótese melhor.

- É verdade professor, não temos outra hipótese… – Afirmou Marie aproximando-se de mim para ajudar a carregar a primeira mochila que eu coloquei com comida. Logo depois tinha outra pronta e Brian ficou com ela.

A minha levava o resto da comida, que era pouca e depois agarrei no telemóvel e em mais alguns objetos, como blocos, canetas, isqueiro, para o caso de necessitar e não puder voltar tão depressa ao automóvel. Olhei em redor para ver se via a bifurcação e podia jurar que ela estava mais à frente, certa de 90 ou 100 metros de nós. Não me recordava realmente se era aquela, pois só visitara os pais de Emily duas vezes e a ultima tinha sido à noite, mais ou menos á 1 ano atrás, mas estava confiante com a minha escolha.

- Por ali. Vamos lá. – E começamos a caminhar lentamente pela berma da estrada, mesmo que não tivéssemos que fugir de algum carro, pois aquilo estava estranhamente deserto. Nem sabia mais se queria andar por ali no exterior, sem uma viatura, mas não tinham escolha.

Em menos de nada chegaram ao campo de terra batida que eu tinha visto ao longe e não pensei duas vezes em segui-lo. Tratava-se de um carreiro longo e à vista sem fim, com algumas curvas e um infindável número de árvores altas dispostas de ambos os lados do caminho. Enquanto pisava a areia do carreiro e se ouvia os meus ténis a soar no solo, Brian e Marie seguiam-me bem atrás, um de cada lado, sem dizer uma palavra.

Ainda estava enterrado em pensamentos que me ocorriam sempre da mesma forma. Até repeti-los se torna monótono, porque já sei que não obtenho resposta alguma. Ao mesmo tempo sinto-me triste e abatido. Será que os meus pais estão bem? Será que Emily está bem? Onde estarão os meus amigos? Onde estarão os meus colegas de trabalho? Tudo aquilo era custoso para mim. Mas o que me intrigava mais fora o encontro com aquela mulher que sem querer atropelei em Richmond. Mesmo pensando várias vezes no cenário e nas condições em que a vi, seria impossível ter sido eu a ter deixado naquele estado. Mas então o que se tinha passado com ela, apanhou uma doença? Seria aquela quarentena toda a ver com uma doença que se andava a espalhar? Não me ocorre nada plausível.

- Olhe ali Bruce! – Disse Brian, apontando para um ponto distante. Quando olhei, parecia mesmo uma pessoa a andar naquela rua como nós. Podia ser a nossa ajuda.

- Temos de alcançar aquela pessoa, pode dar-nos alguma ajuda. Ei! – Gritei para a pessoa acenando. Não conseguia ver se me conseguia ver também ou não. – Ei! Aqui, ajuda! – Pelos vistos se não nos tinha visto, ao menos parou. – Corram! - Foi o que consegui dizer para eles os dois quando comecei a acelerar o meu próprio passo. Mas deu para perceber que eles vinham atrás de mim. Á algum tempo que não fazia uma corrida, mas como jovem que sou, aguento-me bem e até me admiro que nenhum deles me tenha ultrapassado para lá chegar mais rápido. Acho que foi preciso eu pensar em tal, para alguns minutos depois ter Brian a passar pela minha esquerda em alta velocidade, o rapaz estava imparável. – Não te afastes, espera! – Gritei eu, mas ele não me deu ouvidos. Logo depois Marie gritou. Eu parei e ao mesmo tempo olhei para trás. Surpreendi-me.

Ela tinha gritado pois uma criatura vinha na nossa direção e eu, sem olhar para os lados, não me apercebi que estaria entre as árvores mais atrás. Assim que nos viu, andou na nossa direção, não rápido, mas os seus movimentos demonstravam que pretendia faze-lo. Coxeava de um dos pés que percebi ter carne viva à mostra, do estomago algumas trilhas escorriam para baixo e balançavam enquanto caminhava. A cara não era a de um humano normal. Tinha em parte a pele tirada, osso à mostra aqui ou ali, um tom de pele branca e um olhar insipido. Para além do mais uma das cavidades oculares estava vazia. Não sabia como reagir e por isso só tive tempo de agarrar a camisa de malha de Marie e empurra-la para trás. Isso permitiu que ficasse-mos a uma distância maior daquele monstro, mas não de lhe fugir completamente. Não conseguia dizer nada à rapariga apenas continuava a empurra-la para a frente, já que andando mais depressa, a criatura tinha dificuldades em alcançar o mesmo passo. Já mais à frente quase esbarramos com Brian que também tinha parado. Ainda estive para lhe perguntar o que se passava, mas ele estava atento demais e eu também fiquei quando me deparei com a realidade. O vulto que tínhamos vistos mais atrás não era nada mais, nada menos que outro daqueles seres ensanguentados. E este também já vinha na nossa direção.

- Mas que merda… Corram! – Gritei-lhes, mostrando um caminho que deixava o carreiro que seguíamos para trás e nos colocava no solo de terra batida que pertenceria a uma das quintas. Não sabia se podiam ser mais rápidos ou não, por isso tentei ao máximo afastar-nos deles por um caminho menos próprio. A lama que pisava-mos tapava as nossas calças até às canelas e isso preocupou-me, pois estávamos a perder velocidade. Mas ao olhar a quarta vez para trás, vi que o monstro que assustara a minha aluna acabou por ficar presa na lama e cair redonda. Mas mesmo assim consegui perceber que ainda se mexia e arranhava o solo para continuar em frente.

- Continuem! – Não os deixei parar, nem eu mesmo queria parar até me por a milhas daquilo, fosse o que fosse. Acabamos por sair daquele lamaçal pouco depois e fomos dar à entrada de uma das quintas. Todos respiravam com dificuldade depois de tudo.

- Mas que porras eram aquelas?! – Perguntou-me Brian, arfando e apontando para uma direção hipotética. 

- Não faço ideia… - Não sabia mesmo como conforta-los. Nem eu sabia o que acabara de ver.

- Aquilo estava… vivo? – Perguntou inocentemente Marie. Com toda a certeza era a mais afetada pela imagem que acabara de ter da criatura. Eu tinha uma mente aberta e penso que o rapaz também não se ficava atrás.

- Claro que estava vivo, não te tentou atacar? Acham que aquilo era… um zombie ou assim?

- Mais uma vez não te posso confirmar nada, mas humanos é que não eram. Algo se passou por aqui… - Estava estupefacto com tudo aquilo. – Se querem saber parece-me muito idêntico ao que sem querer atropelei em Richmond.

- Será que eles não continuam a seguir-nos? – Voltou a comentar ela, olhando em redor. Estávamos no caminho da entrada de uma das quintas, sujos até às canelas. – Quer dizer, pareciam muito interessados em nós.

- Não sabemos quantos mais andam por ai e eu espero que não seja mais nenhum, sinceramente. Vamos entrar nesta propriedade aqui à frente e tentar buscar ajuda a sério. Pelos vistos não nos podemos iludir com vultos ao longe, só chamem à atenção quando tiverem a certeza que logo a seguir, não vamos ser surpreendidos por mais daqueles monstros com tripas.

A cancela de entrada estava apenas encostada logo assim que a empurrei, permiti que nós os três entrássemos. Olhei em redor, assim como Brian e Marie fizeram, não queríamos ser novamente apanhados de surpresa. Estava tudo calmo demais, não se conseguia ouvir ninguém. Do nosso lado esquerdo estavam dois carros velhos estacionados lado a lado com um trator de cor vermelha. À direita, estavam as colheitas que ainda estavam a rebentar do sol e mais dia, menos dia daria comida, mas acredito que se continuar sem alguém que cuide delas, será um desperdício. À nossa frente uma gigante casa de cor branca e portadas verdes, um telhado alto que aparentava dar teto a um edifício de pelo menos dois andares. Não estava ninguém ali.

- É aqui? – Sussurrou o jovem, relembrando-se que eu tinha vindo para aqui à procura dos meus futuros sogros.

- Não, quando começamos a correr eu perdi a orientação e olha que ela não era muita. – Sussurrei também, apontando depois para a porta de entrada da casa. – Vamos ver se têm alguém ali primeiro.

Em passos bastante lentos, nós os três começamos a pisar o solo de areia e a avançar cuidadosamente para a varanda que levava ao hall. Subimos os três degraus e eu coloquei-me à frente para bater à porta. Como era normal, existiam sempre no campo duas portas seguidas na entrada, uma de rede, para proteger da entrada de insetos e logo depois uma das normais, sendo aquela de madeira. Como não existia campainha, dei três toques suaves e esperei que alguém atendesse. Passaram uns bons 4 minutos sem qualquer tipo de resposta. Brian e Marie chegaram-se mais perto de mim quando eu voltei a bater mais duas vezes. Ia acabar por desistir e pensar em outra coisa, quando uma voz masculina nos intercetou.

- Que fazem na minha propriedade?! – Gritou o rapaz que estava atrás de nós e do qual não tínhamos sentido a presença à minutos atrás. Teria pouco mais de 20 anos e segurava uma espingarda velha nas mãos. Parecia ter pouca habilidade com ela. Levantei ambas as mãos e os dois alunos também o fizeram. Não queríamos arranjar qualquer problema.

- Calma, nós viemos em paz…

- Como assim em paz?! Quem são vocês? – Avançava um pouco para nós e levantava ainda mais a espingarda, desta vez apenas apontada para o meu peito. – Este é o ultimo aviso, saia daqui!

- Resfria a cabeça Aaron, eles não são perigo nenhum. – Um novo sujeito apareceu. Era mais velho que o primeiro e talvez ronda-se os 30 anos. Enquanto o primeiro rapaz era loiro, aquele tinha o cabelo bem negro. – Peço desculpa pelo comportamento do meu irmão. – Tirou-lhe a arma das mãos e avançou para nós. – Com tudo o que se está a passar é normal ele se comportar assim, mas volto a pedir desculpas pelo comportamento dele. – A sua resposta intrigou-me ao falar de últimos acontecimentos. Talvez tivesse respostas.

- Desde que essa arma não dispare, acho que podemos aceitar as desculpas. – Marie ainda não acreditava que estava perante uma arma. Talvez nunca tivesse ido à caça como eu. Ele já era diferente, pois parecia mais difícil de perceber o que realmente pensava. – Bruce Owen. – Lancei a mão para lhe falar e ele aceitou-a num aperto de mão. – Estes são o Brian e a Marie.

- Sou Larry Jackson e aquele ali é o meu irmão mais novo Aaron. – Apontou para ele mais atrás. Ainda tinha cara de poucos amigos.

- Larry, falou em acontecimentos recentes. Posso saber o que são?

- De onde vocês são? – Parecia estupefacto.

- Viemos à dois dias de Richmond.

- Richmond?! Uau, é de admirar que ainda não saibam nada. – Avançou para a porta e abriu-a. – Venham, entrem, são bem-vindos. Posso oferecer-vos alguma coisa e ao mesmo tempo ajudar-vos a perceber um pouco mais do ocorrido…


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