We Found Love In A Hopeless Place escrita por Mari Kentwell Ludwig


Capítulo 13
Capítulo 13




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–E agora com vocês Cato do Distrito 2! – Diz Caesar me convidando para me sentar na cadeira acolchoada ao seu lado.

–Olá Caesar! – Cumprimento com a cara fechada enquanto subo no palco e me sento. A multidão é infinita. Todos os olhares e atenções voltados a mim.

–Olá Cato! Ansioso para amanhã?

–Claro. Não vejo a hora. – Essa pergunta faz com que eu abra um sorriso. Finalmente. Amanhã.

–Cato, vamos direto ao que interessa. Acho que não terei de fazer a mesma pergunta que fiz para Clove, mas você concorda com o que ela disse?

–Com certeza. Concordo com o fato de o nosso distrito ser um grande oponente para os outros e eu e Clove também. É uma honra para mim representar o meu distrito.

–Você é um lutador?! – Comenta Caesar.

–Eu estou preparado, sou forte, tô cheio de vontade. – Respondo com arrogância.

–Muito bem. E você já tem alguma estratégia?

–Sim, tenho.

–Você poderia nos contar um pouco sobre ela?

Não sei o que responder. Não posso falar nada sobre a estratégia, mas também não posso deixá-lo sem resposta.

–Vocês saberão a partir de amanhã. – Respondo.

–Oh, sim. Entendo. Não sei se você está sabendo, mas tenho alguns rumores que dizem que as mulheres da Capital estão começando a babar por você. Será que você irá tomar o lugar de Finnick Odair?

–Eu? Bom, acho que não. Finnick não precisa se preocupar quanto a isso, pois eu não pretendo tomar seu lugar. – Finnick é um vencedor do Distrito 4. Ele venceu com apenas quatorze anos de idade. A partir daí, todas as mulheres da Capital começaram a apreciar a sua beleza e até hoje o idolatram.

–Então já que você não pretende tomar o lugar do Finnick, podemos pelo menos saber se há alguma menina sortuda que roubou seu coração?

Me sinto preso em uma emboscada, sem ter por onde sair. Então ouço o sinal que indica que a minha entrevista acabou. Salvo pelo gongo!

–Cato, eu adoraria ficar aqui conversando com você, mas o nosso tempo acabou. Eu lhe desejo boa sorte.

Ele segura a minha mão e se levanta. Eu faço o mesmo.

–E esse foi Cato do Distrito 2! – Ele grita enquanto levanta o meu braço. A plateia vibra e eu mantenho a expressão dura enquanto observo aquele mar colorido gritando desesperadamente.

Eu saio do palco e volto ao meu lugar, debaixo do arco.

Mal presto atenção aos outros tributos. Finalmente, chegamos ao último distrito, o 12. Katniss está se dirigindo ao palco. Caesar começa a fazer algumas perguntas a ela até que ela resolve se levantar e começa a girar. Então, lá estão elas de novo. As chamas que a fizeram ser a mais comentada do desfile. Ela parece estar sendo engolida pelas chamas que começam na ponta do seu vestido e sobem. A plateia está gritando e vibrando ao máximo. Garota idiota. Ela gasta praticamente todo o resto do tempo de entrevista rodopiando. Até que ela novamente se senta e Caesar começa a fazer-lhe perguntas sobre sua irmã, e menina pela qual ela se voluntariou. Mas o ódio me consumiu e me forço a não olhar para aquela garota fraca e desprezível. Meu palpite? Ela não passa de amanhã.

Viro-me para o resto e todos estão transbordando de ódio e raiva. Todos os que têm alguma chance. Os tributos desprovidos de qualquer conhecimento e mortos de fome, os desacreditados, não fazem nada além de se manterem com a mesma feição amedrontada.

Agora tenho uma nova meta a ser cumprida: quero matá-la no banho de sangue da maneira mais cruel possível para que todos possam ver que ela não passa de uma fraca do 12 que só sabe rodopiar para mostrar chamas falsas. Então o tempo dela acaba e é a vez de Peeta, o garoto do Distrito 12.

Caesar o cumprimenta e os dois fazem algumas gracinhas sobre a Capital. Eles seguem o assunto até que Caesar pergunta se ele tem alguém de importante em casa. Ele diz que não. Caesar insiste com a possibilidade de ele ter uma namorada ou alguma menina de quem goste. Daí ele responde:

–Tem uma menina de quem eu gosto desde criança.

–Bem Peeta, você vai lá e vence essa coisa. E quando você voltar eu aposto que essa garota vai querer sair com você. Não é pessoal?! – Ele se vira para a plateia que vibra em positiva.

–Mas eu acho que isso não vai me ajudar muito. – Ele responde com um tom triste.

–Mas porque não? – Pergunta Caesar, fazendo drama.

–Porque ela veio para cá comigo.

Todos ficam paralisados. Sinto-me um pouco melhor por não ser o único nessa situação. Os dois seguem melancólicos até que o tempo de Peeta acaba.

Depois desse acontecimento, resolvo passar a chama-lo de Conquistador.

Eles terminam a entrevista e nós já podemos ir.

Entramos em um elevador e voltamos para o nosso andar.

Quando chegamos lá, está vazio, com exceção dos Avoxes, mas eles não contam.

–Que piada aquela Katniss. Tive nojo quando a vi rodopiar naquele vestido queimado.

–Não se preocupe. Amanhã, à uma hora dessas, o corpo dela estará sendo levado de volta pro Distrito 12. – Respondo enquanto penso em horríveis possibilidades de morte para ela.

O elevador se abre novamente e a equipe de preparação aparece. Bem, só Brutus, Enobaria e Kate. O resto da equipe não está presente. Vai saber onde aqueles perturbados podem estar agora.

–Nossa, lá estava impossível! – Comenta Kate limpando o rosto com um paninho roxo estampado com caranguejos verdes.

–Preciso ir me deitar. Bem acho que não nos veremos mais a partir daqui. – Diz Kate também com lágrimas nos olhos. Ela assua o nariz no paninho de caranguejos verdes e me abraça, chorando.

–Vai ficar tudo bem, Kate. – Diz Brutus, com a voz entediada.

Logo ela sai e corre para abraçar Clove que fica com as sobrancelhas franzidas enquanto Kate se debulha em lágrimas em seu ombro.

–Boa sorte para vocês. – Diz a aberração com a maquiagem completamente borrada que finalmente sai do ombro de Clove e se encaminha ao quarto.

O ombro de Clove ficou multicolorido depois do encontro com Kate.

–Ah, sério? – ela diz olhando para o estrago que Kate causara.

Enobaria solta um riso.

–Sentem-se. – Ela diz e todos nós nos sentamos no sofá. Brutus liga a televisão e a reprise das entrevistas começa a passar.

–Amanhã é o grande dia. – Começa Brutus. – Espero que se saiam bem. Vocês tem capacidade de saírem como vencedores.

–Só um de nós. – Corrige Clove olhando fixamente para o chão.

Brutus dá um suspiro e continua.

–Alguma pergunta? Se ainda tiverem alguma dúvida quanto à nossa tática de jogo, a hora de perguntar é essa.

–Não temos nenhuma dúvida. – Respondo duramente. Não temos, mas mesmo se tivéssemos, duvido muito de que qualquer um de nós dois ia querer compartilhar isso agora e com eles.

–Ótimo. Deixaremos vocês livres para o resto da noite. Mas aconselho que durmam bastante.

–Cadê a equipe de preparação? – Clove pergunta esfregando o dedo nas bochechas com maquiagem.

–Resolveram ficar para as comemorações durante a noite. – Responde Enobaria indo em direção ao seu quarto.

–Eu também vou dormir. Amanhã o dia será longo. – Diz Brutus enquanto desliga a televisão. E como disse, segue para o quarto.

–Muito legal. Aqueles caras da equipe de preparação são pagos para ficar em festinha comemorando sabe-se lá o que? Agora quem vai tirar essas coisas de mim? – Diz Clove completamente indignada.

–Acho que a gente se vira sozinho. – Digo.

–Para você é fácil falar. Você só tem que esfregar o rosto para tirar as poucas coisas que eles passaram aí. Já eu, além de tirar todas essa maquiagem e também vou ter que desfazer esse penteado.

–Já que você acha que vai demorar tanto assim, te encontro em uma hora. – Digo isso pensando na possibilidade de nos encontrarmos no corredor que dá para a cozinha.

Ela dá um sorriso aliviado e corre para o quarto. Do corredor ela berra:

–Uma hora!

Acabo soltando um sorriso enquanto vou para o meu quarto.

Tiro o terno e vou para o banho. Permaneço meia hora debaixo do chuveiro. Clove estava certa. Minha maquiagem sai rapidamente. Coloco uma calça preta e uma blusa qualquer que achei.

Resolvo esperá-la na sala. Me sento no sofá e de repente o elevador se abre, revelando nossos membros da equipe de preparação. Eles estão todos rindo o mais alto possível e provavelmente acordando todos os outros que tentavam dormir.

–Vocês estão bem? – Pergunto. Só agora eles percebem a minha presença.

–Você não deveria estar na cama? – Pergunta Rian.

–Talvez. E também acho que vocês deveriam estar aqui depois das entrevistas.

–Você por acaso é um bebê que não sabe se virar sozinho?! – Fala Zöe. Nem consigo que eles ouçam alguma coisa, pois eles estão rindo alto novamente e se encaminhando para seus quartos. Devem estar um tanto bêbados.

Pouco depois Clove aparece.

–Que gritaria era essa? – Ela pergunta.

–Nossas equipes de preparação.

–Aquele bando de afetados.

Ela se senta ao meu lado para esperarmos o bastante até todos estejam realmente dormindo.

–Aquela garota... não vejo a hora de poder matá-la. – Comenta Clove.

–Ela roubou a cena de novo. Mas seremos nós quem roubará a cena na arena, quando o canhão dela soar.

Clove sorri.

–E aquele garoto do distrito dela? O tal de “Peeta”!

–Você acha que ele gosta realmente dela?

–Duvido. Ela é uma pobre coitada e ele deve ter feito isso só para ela cair na conversa mole dele. Assim seria mais fácil matar depois. Mas ele só terá essa sorte se eu ou você não conseguirmos achá-la antes.

–É. Mas você não acredita que as pessoas possam se gostar realmente mesmo estando nessa situação? – A pergunta escapa sem permissão da minha boca.

Ela olha dentro dos meus olhos.

–Acredito. – Então ela desvia o olhar. – Mas não ele.

–Acho que eles já dormiram. Vamos? – Digo olhando em volta.

–Vamos.

Verificamos o perímetro e entramos no corredor vazio. Seguimos até a janela e nos debruçamos nela.

–Amanhã. Será que eu ainda estarei viva há essa hora?

–Com certeza. Nós dois com certeza estaremos. Se ficarmos juntos.

–Ficaremos. Glimmer e Marvel também devem passar do banho de sangue.

–É. Mas acho que não chegariam à final. Nós chegaríamos.

–Você talvez. Eu não.

–Por que você não chegaria?

–Cato, você já se esqueceu de que só pode haver um vencedor? Pense na possibilidade de um combate entre nós dois? Você venceria.

–E mesmo se houvesse um combate entre nós dois, eu não lutaria contra você. Ou você também já se esqueceu do que eu te disse quando você escapou da primeira Colheita? Aquilo não era brincadeira de criança. Tenho certeza e levo isso comigo até hoje.

Ela para por um minuto e se lembra daquela tarde.

–Mesmo que não seja você, eu não tenho chance.

–Tem sim. Mas se você tem tanta certeza disso, porque se voluntariou?

–Por causa do meu pai. Ele sempre quis ter vários garotos, pois seu maior sonho é que um dia um deles entrasse para os Jogos. Mas eu nasci e sua expectativa diminuiu. Max entrou naquela vez, mas não teve sorte. Jason é um bobão. Sempre que meu pai toca nesses assuntos de Colheita e voluntários, ele tira o corpo fora. Então ele perdeu todas as esperanças. Eu sempre tentei mostrar a ele que eu era capaz. Tanto que até implorei para que ele iniciasse comigo nos treinamentos no distrito. Mesmo assim ele nunca acreditou que eu conseguiria. Depois da morte do Max, minha mãe passou a temer a possibilidade de um de nós acabarmos como ele. Não aguentava mais ser apenas a garotinha fraca para o meu pai e a estranha e sem amigos para o resto. Daí eu me voluntariei. Para provar para todos que talvez... eu não seja isso.

–Essa é a sua chance de mostrar para o seu pai e para o “resto” quem você realmente é.

Ela suspira.

–E você?

–Bem, todos nós do 2 sonhamos em um dia poder levar glória e orgulho pro nosso distrito. Minha vida se resumiu a treinar para isso. Digamos que eu não poderia desperdiçar essa chance.

–Ah, é claro. Também tem a questão da glória e do orgulho. Também treino desde pequena, você sabe disso. Não quero que isso tenha sido em vão.

–Não será. Para nenhum de nós dois.

–Mas só pode haver um vencedor, Cato. – Ela diz com um suspiro meio doloroso.

Um silêncio arrebatador toma conta do corredor. Só pode haver um vencedor, Cato. A voz dela insiste em ribombar na minha cabeça. Só um sai vivo. E se for entre nós dois será ou eu ou ela.

–Não vejo a hora de mostrar do que sou capaz. – Diz Clove quebrando o silêncio.

–Agora sim, poderemos sujar as mãos de sangue. – Respondo desviando os pensamentos novamente para o lado da ansiedade de estar na arena.

–Finalmente poderemos matar alguém de verdade. Não aqueles bonecos e alvos que usamos para treinar aqui e no distrito. Meu alvo preferido se chama Katniss Everdeen. – Comenta Clove com um sorriso.

Acabo de perceber que tenho concorrência nesse quesito. Clove também está planejando uma morte horrível para Katniss. Agora a sorte será de quem chegar primeiro. E eu pretendo ser mais rápido para que meu nome fique marcado por essa morte, também: “Katniss Everdeen, morta por Cato Hadley”.

–Acho que vou para a cama. Vamos precisar de energia amanhã. – Diz ela se levantando com um bocejo. Me levanto também.

–Boa noite. – Sussurro em seu ouvido quando me dou conta de que ela está em meus braços, me prendendo em um abraço forte que não hesito em retribuir. Esse deve ser um dos nossos últimos momentos como “velhos amigos” e não como adversários.

–Boa sorte amanhã. Se cuida. – Ela aconselha e em seguida vai para o quarto. Passo um curto período de tempo ainda debruçado na janela, observando a euforia colorida que se ergue das ruas da Capital. Pensando nessa última ação empreendida por nós dois. O arrependimento me atinge em cheio. Arrependimento por ter me oferecido como tributo, logo no ano em que Clove se oferecera. Arrependimento por ter deixado esse sentimento até então adormecido no fundo do meu coração aflorar e se tornar maior e mais forte do que eu. Eu cometi o maior erro que poderia ter cometido. Eu me apaixonei.


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Notas finais do capítulo

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