Morgana acordou com frio, apesar das espessas mantas que a cobriam, o fogo na lareira ainda ardia, como se houvesse acabado de ser acesso e Aithusa dormia tranquilamente ao lado da cama, provavelmente havia chegado há pouco tempo, acendido a lareira e se deitado, talvez até mesmo tivesse coberto ela e Merlin.

Merlin, era isso que faltava, apalpou a cama ao seu lado na esperança de encontra-lo ali, mas nada, levantou-se e colocou o vestido o mais rápido que pode e foi a te a mesa, lá havia apenas comidas da melhor qualidade, e um pequeno bilhete.

“Desculpe, tive de partir pela primeira luz do dia, mas não resisti em lhe deixar um presente, aproveite o desjejum por mim.

                               -Merlin”

Morgana atirou o papel nas chamas, não conseguia acreditar que ele havia pardito sem nem falar com ela, sabia que devia ter desconfiado dele desde o principio, agora ele havia ido embora. Aithusa acordou e a encarou com os grandes olhos azuis e o pior de tudo era que aqueles olhos a faziam lembrar-se dele.

- O que houve minha senhora. – perguntou o dragão.

- Foi embora – respondeu Morgana, deixando uma lágrima solitária escorrer pelo seu rosto duro – Melhor assim, pelo menos podemos nos concentrar em nossos planos, falou.

Merlin seguiu seu caminho a pé e não demorou muito para encontrar uma caravana de Camelot, estavam todos muito ocupados para prestar atenção nele, todos trabalhavam para arrumar as coisas e levantar acampamento e no meio de todos estava Gwaine.

- O que estão fazendo – perguntou ele ao amigo.

- Procurando pelo servo do rei. – Merlin abriu um sorriso.

- Faz alguma ideia do onde ele pode estar. – podia ver que Gwaine já estava chateado com tantas perguntas, mesmo assim respondeu sem se virar para ele.

- Não, não sabemos – agora sim ele estava se virando – mas não vamos... – foi então que ele se deu conta de com quem estava falando – Merlin!! Encontramos pessoal, Encontramos.

Todos pararam para ver o que o chefe havia encontrado, muitos se olharam e correram para cumprimentar o servo sumido e quando se colocaram de volta na estrada, Gwaine lhe perguntou.

- Onde esteve todo esse tempo?

- Resolvendo alguns problemas no norte. – ele respondeu passando a mão por sobre uma das cicatrizes que Morgana havia lhe dado, um sorriso insinuando em seus lábios.

- Uma mulher? – perguntou Gwaine.

- Como sabe? – Merlin temia que ele suspeitasse que ele houvesse estado com Morgana, mas o cavaleiro logo respondeu.

- Esse seu olhar de peixe morto, só é compatível com um rapaz apaixonado. – ele esclareceu – Quando vamos conhecer a mulher que literalmente te tirou do curso. – o homem riu.

- Confiem em mim, vocês não vão querer saber – ele falou.

- O que aconteceu com ela? –pergunto já um pouco alarmado – Morreu.

- De certa forma?

- Como assim de certa forma Merlin? – Gwaine era um ótimo amigo, mas estava começando a incomoda-lo.

- podemos não falar sobre isso? – ele perguntou ao amigo – Não gostaria de falar sobre ela mais.

- Mais tarde talvez? – continuou tentando.

- Nunca mais – Merlin respondeu, seria melhor que nunca mais pensasse naqueles olhos verdes.

- Pelo menos ela era bonita? – a imagem dela veio a sua cabeça.

- Linda.

- Como era? – um sorriso atravessou o rosto dele.

- Os cabelos negros, como um corvo em um belo contraste com a pele branca, os olhos verdes e o sorriso – agora as imagens se sobrepunham ora a antiga Morgana, de roupas finas e coração puro, ora a bruxa de vestido negro e expressão fria, mas com o mesmo lindo sorriso – Aquele sorriso poderia acender o mundo.

- Eu adoraria conhece-la. – falou o cavaleiro

- Ainda bem que não vai – os dois caíram na gargalhada durante o caminho por varias outras vezes.

- Bem, é melhor você ir – falou o cavaleiro quando chegaram ao portão do castelo – Arthur e Gwen estão lhe esperando.

- Quando você avisou?

- Ontem à noite – respondeu o cavaleiro – É melhor ir, ou Arthur ficará uma fera.

Merlin passou pelo portão e então foi até o salão principal, lá Arthur estava sentado em seu trono, em uma das famosas seções onde ele escutava as reclamações do seu povo e tinha que fazer algo para resolver seus problemas.

Ninguém o viu entrar, ou pelo menos fora o que pensará, até Gwen se levantar de seu trono.

- Peço um minuto a todos os presentes, pois há algo muito importante que o rei precisa fazer agora – Merlin se espantou com o tamanho da barriga de sua rainha, não fazia ideia que havia se passado tanto tempo. – Peco também que Merlin se aproxime dos tronos.

Alguns cavaleiros estavam presentes e sorriram quando viram o homem se aproximando, Merlin cumprimentou todos como um servo deveria fazer e parou ao lado da rainha.

- My lady – ele falou beijando a mão de Gwen – Vejo como sua barriga cresceu, espero que  essa criança esteja saudável.

- É o que todos queremos velho amigo.

Depois de cumprimentar sua rainha Merlin parou em frente ao rei, sério Arthur entregou uma das mãos para que Merlin beijasse como era costume.

- Retire-se.

Gwen continuou encarando como se ele houvesse acabado de comer um cavalo vivo, mas não disse nada, os monarcas voltaram a se sentar e receber as reclamações do povo, quando terminou, Gwen se voltou para o marido.

- O que houve, havíamos combinado ... – ela não pode terminar a frase, pois Arthur a interrompeu.

- Eu sei o que combinamos, mas eu preciso falar com ele antes – respondeu o marido – Eu preciso saber de algumas coisas.

- O que importa onde ele esteve, Arthur, o importante é que ele voltou. – respondeu a rainha.

- Não sobre isso que tenho que falar com ele, - o marido falou para a esposa, já aflita – Descanse e deixe que eu cuido disso. – O rei chamou um servo que passava – Por favor peça que Merlin me encontre nos meus aposentos em dez minutos.

O rei saiu em direção aos seus aposentos deixando sua esposa confusa para trás, chegando lá tomou uma carta em suas mãos, não precisava ler para saber o que havia escrito nela, já havia lido tantas vezes que a decorara, mas ainda sim havia uma coisa nela que o intrigava, se sua irmã afirmava que havia estado com Merlin por que pedia que mandasse lembranças a Emrys.

Merlin entrou e fechou a porta – Senhor.

- Sente-se Merlin, temos um assunto a tratar – disse o rei passando a carta para seu servo.