Cego Coração escrita por Aella


Capítulo 17
Décimo Sétimo Capítulo - Verdadeiros Sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Capítulo inédito de Cego Coração pra todo mundo! o/ Será que vocês estavam certos sobre quem era o homem que veio visitar Kagome?
Espero que gostem!



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Kouga e a maioria dos machos acabavam de voltar da caça que, como sempre, havia sido muito bem sucedida. O príncipe caminhava de volta para seu território, orgulhosamente carregando um enorme javali no ombro. Um javali que ele presentearia à Kagome. Era raro quando se achava javalis em sua floresta, e ele achava que ela adoraria a carne, mesmo se ela se recusasse a comê-la crua. Ela poderia pôr a carne ao fogo, se ela assim desejasse. De qualquer forma, ele estava feliz em trazer comida para sua fêmea.

- Wow, Alpha! – Falou um dos lobos adolescentes, que só agora haviam começado a caçar com os outros machos. – Foi a melhor presa!

- Sim! – Falou outro, amigo do primeiro adolescente. – Você foi tão ágil, Alpha Kouga! O pobre animal não teve tempo nem de reagir. Quando o javali escutou seus passos nas folhas secas, antes que ele pudesse processar o que estava acontecendo, suas garras já estavam em seu pescoço!

- Foi muito maneiro!

- Foi mesmo! – Os dois falavam entusiasmados. – Mal posso esperar para me tornar um macho adulto e caçar como você, Alpha!

Ele sorriu e falou para os dois que, com tempo e prática, eles conseguiriam caçar como ele, um dia.

Secretamente, Kouga morria de vontade de ensinar suas técnicas, não só de caça, mas de luta para alguém. Porém, ele sabia que esse alguém ainda estava por vir... A imagem de Kagome carregando seu filhote no ventre encheu-o de alegria. O que ele mais queria, como qualquer outro lobo, eram filhotes, principalmente um menino para ele poder ensinar tudo que sabia e para um dia tomar seu lugar como líder da alcateia. Se Kagome lhe desse uma menina, ele também estaria imensamente contente. Com certeza sua mãe educaria a menina impecavelmente, e juntos transformar-lhe-iam em uma perfeita princesa. A única coisa na qual ele não queria pensar era no sujeito que a tomaria, um dia. Só de pensar em sua filha com outro youkai, com intenções nada inocentes, o deixava fora de si.

Mas ele estava se precipitando. Afinal, ele ainda tinha que acasalar com Kagome antes de qualquer uma dessas possibilidades acontecerem. E acasalar com Kagome era a prioridade em sua lista de afazeres, agora que finalmente, depois de tantos anos, conseguiu fazê-la corresponder seus sentimentos.

Estavam chegando perto da fronteira, do lado oposto ao rio, de costas para a caverna principal. O bando de machos que também participaram da caçada seguia atrás dele, e os dois únicos adolescentes que vieram continuavam a imitar os movimentos que Kouga havia feito na caça, tentando aprendê-los.

Como em todas as caçadas, todos os machos adultos participavam e os adolescentes, que ainda não foram aceitos no grupo, ficavam cuidando da segurança da tribo. Por causa da grande guerra contra os youkais aves, a Tribo do Leste estava com uma população muito inferior à das demais tribos. Por isso todos os machos tinham que ajudar na caçada, e por isso a faixa etária dos lobos que estavam de guarda era de 13 a 16 anos.

E talvez por isso havia um amontoado de adolescentes na fronteira. Todos os dez meninos que haviam sobrado para ficar de guarda estavam lá, agrupados ao redor de alguma coisa, deixando todo o resto da fronteia livre para qualquer ameaça. Kouga revirou seus olhos. Teria que dar um jeito nessa molecada.

- Ichijou! – O príncipe chamou um dos homens de seu bando. – Ichijou, é você que está responsável pelos treinamentos deles, certo? – Perguntou, apontando para o grupo de “soldados” e ganhando a atenção dos dois youkais novinhos.

- Sim, senhor. – Respondeu Ichijou, um youkai lobo loiro e já um tanto velho. Se fosse um humano aparentaria ter seus quarenta e cinco anos.

- Pois então, você está vendo isso? – Falou incrédulo. – Olha essa formação!

- Formação, senhor?

- Exatamente. Não há formação! Eu não sei o que está acontecendo ali, mas sinceramente, não me interessa! Mesmo se fosse o Naraku ali não poderia ter o aglomerado que está agora. Estamos completamente vulneráveis!

- Tem toda razão, Alpha. Irei instrui-los melhor.

Kouga assentiu, satisfeito com a resposta. Da última vez que havia uma falha na segurança da tribo, o que restava dos youkais aves haviam voltado sedentos por vingança, e ele havia acabado com ferimentos fatais que, se não fosse por Kagome e seus poderes, com certeza teriam realmente o matado.

À medida que foram se aproximando, um cheiro familiar achou seu caminho até o faro de Kouga. Um cheiro irritantemente familiar. Derrubou o javali no chão e, rápido como um tornado, correu até o amontoado de youkais.

- Cara de cachorro! – Berrou, empurrando os adolescentes que estavam no caminho.

- Lobo sarnento! – Gritou o inu-youkai em resposta, mas nenhum dos dois estavam realmente hostis. – Quanto tempo.

- Felizmente, fazia três anos que eu não sentia esse seu cheiro de podre.

- Olha aqui seu idiota, - Falou o hanyou. – fale para esses filhotinhos de lobo aqui me deixarem entrar. Eles dizem nem saber quem eu sou, dá para acreditar? Como se eles não lembrassem de mim!

- Eles são novos nisso. Quando você visitou aqui eles ainda eram pequenos, não faziam parte da guarda.

- Feh. Como se eles não soubessem quem é Inu-

- Inuyasha! – Gritou Kagome, correndo colina abaixo com Junko em seus calcanhares. – Inuyasha!

Kouga viu o hanyou sorrir de orelha a orelha e sua expressão mudar para uma de completa alegria.

- Ah, Inuyasha! – A sacerdotisa, assim que finalmente os alcançou, jogou-se nos braços de Inuyasha, em um abraço forte que mataria as saudades que um sentia do outro.

Por dentro, Kouga estava um verdadeiro caldeirão, borbulhando de raiva e ciúme. Ele tinha certeza que nunca mais veria o filho bastardo de Inu no Taishou novamente, depois do que Kagome lhe contara na clareira, meses atrás.

Ele odiava ver a alegria que a presença de Inuyasha causava em sua mulher, e odiava ver os braços e mãos do hanyou se apertando contra seu corpo. Odiava presenciar a proximidade dos dois, mesmo sabendo que o coração de Kagome não mais pertencia ao hanyou. Kouga apertou seus punhos, cravando suas unhas nas palmas de suas mãos.

- Inuyasha! Eu senti tanta saudade! – Ela dizia, seus olhos castanhos ganhando o brilho conhecido que sempre vem antes das lágrimas. – Achei que nunca mais fosse lhe ver.

‘Eu também.’ Pensou Kouga, mas sabia que não deveria antagonizar tanto Inuyasha. Afinal, o hanyou estava passando por um período terrível em sua vida. Perdeu sua companheira, a sacerdotisa Kikyou, e agora andava pelo mundo tentando esquecê-la.

- Também senti sua falta, cabeçuda. – Respondeu, arrancando uma risada de Kagome por causa do velho apelido.

Kouga dispensou os youkais, inclusive Junko, e pediu para Ichijou levar o javali. Desviou seu olhar dos dois, que ainda se abraçavam. Sentia-se muito desconfortável ali, como se estivesse se intrometendo, mas não queria sair, pois era sua fêmea que estava ali, abraçando e chorando por outro homem.

É claro que, se Kagome pedisse, ele iria embora. Ele faria qualquer coisa por ela, e ele sabia que ela o amava. Podia sentir em cada toque de seus lábios o carinho que a humana tinha por ele. Não era medo que não o deixava ir embora... Era um forte desconforto e uma vozinha no fundo de sua mente que o fazia duvidar, mesmo que fosse só um pouquinho.

Quando finalmente, depois do que, para Kouga, pareceram anos, os dois desfizeram o abraço, Kagome falou o que Kouga temia que falasse.

- Kouga, - Murmurou, olhando com um pouco de culpa para o lobo. – eu gostaria de ter um tempo a sós com Inuyasha. Quero conversar com ele.

O Alpha fechou seus olhos e assentiu. Quando os abriu novamente, Kagome havia dado alguns passos em sua direção e Inuyasha observava-os atentamente. Ela pegou sua mão e a apertou com um sorriso. Ficou na ponta dos pés e depositou um beijo casto nos lábios de Kouga, o que fez as bochechas da moça ganharem cor.

Kouga sorriu satisfeito e apertou a mão dela de volta antes de soltá-la e começar a andar em direção da caverna principal.

-x-

- Como conseguiu me achar? – Perguntou Kagome, enquanto andava de mãos dadas ao redor da fronteira com Inuyasha.

Ele com certeza vira o beijo que a moça havia dado em Kouga, mas não falou nada e nem demostrou opinião alguma em sua expressão. Kagome, por outro lado, havia ficado terrivelmente vermelha, como de costume, mas ela sabia como o lobo deveria estar se sentindo e queria acalmá-lo e provar para ele que estava tudo bem.

Ela precisava falar com seu velho amigo, Inuyasha. Como ela havia dito para ele antes, ela achava que nunca mais o veria, e a alegria de vê-lo, de tocá-lo, de ouvir sua voz novamente fazia-a ter uma vontade imensa de pular, gritar, dançar e mostrar para o mundo todo o quanto estava feliz. Inuyasha era seu melhor amigo, a primeira pessoa que viu quando saiu do Poço Come Ossos quando tinha apenas quinze anos. Sim, ele estava adormecido pela flecha da Kikyou, e sim eles não começaram assim tão bem, mas eles desenvolveram uma amizade tão forte que ela tinha certeza que duraria para sempre.

- Passou no vilarejo?

- Heh, no vilarejo da velha Kaede? Eu não. Aquela velha só me enche a paciência. – Kagome riu alto junto com o hanyou. Ela gostava muito de Kaede, como se fosse sua própria avó, mas Inuyasha e ela nunca se deram muito bem.

- Como me achou então? Como tinha tanta certeza que eu estaria aqui? – Insistiu com um sorriso.

Inuyasha suspirou, seus olhos interessados no sol que se punha no horizonte, banhando as terras dos lobos com um tom divino de laranja.

- Eu apenas sabia. – Kagome apertou sua mão, fazendo-o olhar para sua expressão confusa, tentando fazê-lo falar. – Aonde mais você estaria Kagome, sinceramente?

- Não entendo. O que quer dizer? Eu estaria morando com Sango, Miroku e Kaede, no vilarejo.

- Não minta para si mesma. – Disse com uma risada curta. – Você viria para cá. Talvez demorasse um pouco mais, mas você terminaria aqui, dando beijos no Kouga como eu acabei de presenciar. – Kagome corou novamente. – Esse é o seu lugar.

- Bem, esse virou meu lugar, mas eu nunca pensaria em vir para cá se o Kouga não tivesse me visitado no vilarejo. – Confessou.

- Está errada, cabeçuda.

- Inuyasha! Eu sei do que eu estou falando. – Falou, levemente irritada com a teimosia do hanyou.

- Repito: Está errada, cabeçuda. Você e Kouga... Bem, você sinceramente acha que começou a sentir o que sente por ele só agora? Só agora que está morando com ele e vendo ele todo dia?

- N-não, mas...

- O amor não funciona assim, Kagome. Ele não aparece do dia pra noite, e não some tão facilmente... – Os olhos dourados de Inuyasha ficaram opacos por um segundo, a lembrança de Kikyou ainda o assombrando. – Você e Kouga... Ele sempre lhe amou, você sabe disso, eu sei disso, a Sango, o Miroku, o Shippo, sabem disso. Você sempre foi a única que ele conseguia enxergar.

Kagome voltou seu olhar para o horizonte, onde o sol estava prestes a sumir e a noite a cair. Era verdade que Kouga sempre a quis, desde o primeiro momento em que a viu, viu o tipo de mulher que era, viu como era leal e como era sua personalidade. No início ela achava que ele só estava interessado nela porque ela podia ver os fragmentos da Shikon no Tama, mas, principalmente agora que Inuyasha falava, ela percebeu que Kouga sempre teve o amor mais puro por ela. Um amor tão intenso e verdadeiro, que não o deixou desistir dela por um segundo sequer. Ela sorriu.

- E você, Kagome. Você também sempre o amou. – Continuou o hanyou, tirando a atenção da moça do sol poente. – Sempre teve certo carinho por ele, não é? Sempre se preocupava com ele nas batalhas. Sempre pensava nele quando estávamos perto de Naraku, se ele estaria por perto ou não. Nunca conseguiu dispensá-lo, fazê-lo de uma vez por todas lhe deixar em paz.

A sacerdotisa reconhecia tudo que Inuyasha falava. Na época ela nunca havia visto seus atos dessa maneira, mas, estudados melhor, ficava evidente as intenções de seu coração. Mas ela nunca havia conseguido entender.

- No vilarejo de Kaede, depois de derrotarmos Naraku, você estava horrível. Você e todos os outros achavam que era por minha causa, por meu estado. Achavam que você estava sentindo a minha dor. Concordo que, infelizmente, fiz você sofrer muito, Kagome. Tanto durante nossas viagens quanto depois da derrota de Naraku. Mas boa parte do motivo de sua tristeza e de você ter desistido de ser feliz era porque você tinha absoluta certeza que Kouga já estaria acasalado, criando sua própria família, sem você e, portanto, nunca mais se veriam.

A verdade acertou Kagome como uma flecha. Como ela poderia ter sido tão cega, por tanto tempo? Olhou nos olhos do hanyou, que sorria pra ela.

- Seu coração era muito cego, Kagome. Mas você sempre o amou.

Ela sorriu e Inuyasha sorriu de volta. Ele estava feliz por ela, feliz por sua amiga ter achado seu verdadeiro lar ao lado de um homem que, mesmo ele odiando admitir, merecia tê-la.

- E acredito que sempre amará. - Disse, e depositou um beijo carinhoso na testa de Kagome.


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Notas finais do capítulo

Deixem comentários por favor! Quero muito saber o que acharam da reação do Kouga e das palavras do Inu *-*
Obrigada a todos pelo contínuo apoio!



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