No momento seguinte parecia que eu não era eu , nunca poderia me imaginar fazendo uma coisa como a que eu ia fazer. Mais e dai, na arena não teria ninguém para me jugar.

 Levei a pequena Zoe até uma clareira não muito longe, amarrei-a pela cintura com uma das cordas a um tronco no centro do lugar. Ela estava bem visível, com o sol do quase meio dia a iluminando. Depois tentando fazer o mínimo de barulho possível, destampei a boca da menina e ela logo começou a gritar aterrorizada sem saber que lugar estava nem onde eu estava, e também chorava. Às vezes me xingava, as vezes tentava me convencer a solta-la e o tempo todo falava alto.

 Me afastei silenciosamente,  e já  distante o suficiente subi em uma arvore com a ajuda da outra corda que restava. Eu não ia matar ela, não poderia ela é uma criança ainda, uma criança que não teve sorte e se entregou ao sistema do jogo. Mas tinha que retira-la do jogo e contava com minhas suspeitas de alguns dias.

 Passou algumas boas horas, mas volta e meia ela falava alguma coisa. Logo vi uma movimentação fora da clareira. E do meio das pequenas arvores, escondida nas sombras uma lança voa e atinge minha isca. Um canhão soou e eu permaneci imóvel com os olhos atentos a qualquer movimento. Esperei o dono da lança aparecer... Demorou um bom tempo, até Ela aparecer, cautelosa e atenta a qualquer coisa.

 Percebo que eu realmente não estava bem, talvez fosse culpa desses dias ruins que tive, o que eu pensava ia fazer? Já sabia que outro tributo estava por perto, e meu plano ignorou o que eu faria depois que ele aparecesse. Eu só tenho a faca improvisada e mesmo que quisesse não conseguiria atingi-la da daqui.

 A garota loira do distrito 1 investigava os rastros no chão, já com sua lança. Agora ela me deixava mais assustada, parecia que realmente esta caçando um animal. Sinto o olhar dela vasculhando tudo na minha direção. Mas me livro, quando ela desiste e volta de onde veio.

Após ela sumir de volta nas sombras eu me deixei relaxar, o que foi péssimo, pois me escorreguei e quebrei um galho quando procurei apoio. O galho caiu fazendo todo o ruído necessário para que em resposta viesse uma flecha na minha direção. Tentei me esquivar inutilmente, mas por sorte a flecha ricocheteou em um galho e me atingiu na coxa direita com menos força. Não foi difícil retirar a flecha, apenas a ponta entrou, mas retirei-a rápido por agonia do corpo estranho me fazendo sangrar. Ao mesmo tempo ouvia a corrida da garota para finalizar com sua caça.

 Estou encurralada encima de uma arvore a uns quatro metros do chão e sangrando. A dor esta sendo ignorada pelo pavor da garota me mirando com mais flechas. Fui muito imprudente de ficar esperando quem mataria a garotinha. Mas também estava muito querendo ver.

 Consegui me esquivar de outra flecha da garota logo abaixo. E agora, em um ato de desespero ou loucura, me jogo sobre ela enquanto pegava a próxima flecha.

 Quatro metros abaixo... Sem pensamentos... Só desespero... E  acerto ela.

 Me sinto mal e dolorida, mais ainda viva e com a esperança de conseguir fugir. Ela esta desacordada e muito mal. Sua respiração mostra uma terrível dificuldade de respirar.

 Não posso perder tempo, estando ou não com algumas dores. E saio correndo estancando o sangue do meu ferimento e meio cambaleante.

Não pensei em mata-la definitivamente, mesmo pensando no que ela já pode ter feito. Provavelmente havia  mais desses carreiristas em algum lugar por perto. Ela já não vai aguentar muito e é perda de tempo esperar qualquer segundo aqui e correr o risco de outro carreirista surgir.