Três semanas haviam se passado e eu nunca mais vi a garota do cachecol vermelho, a Leah. Depois da nossa conversa tão animada no supermercado, se visse ela de novo talvez eu não saberia o que falar. Mas eu ainda fui ao café mais três vezes na esperança, pelo menos podia ficar olhando ela, se a visse, ou quem sabe ela me reconheceria e viria falar comigo. Quem sabe...

E como sempre, depois que a vi ainda tive muito trabalho a fazer graças ao meu querido chefe, Sr. Rogers, o que não me deixou ficar me remoendo por dentro. Quanto mais eu trabalho, e tento ser melhor, mais o Sr. Rogers encontra motivos para me dar mais trabalho e dizer o quanto está ruin.

Acho que aquele cara deve ter um amor secreto por mim, porque PQP! Outro dia cheguei meia hora mais cedo, e fui tomar um café na nossa, digamos assim, “cozinha”. Ele me viu lá e foi logo despejando sua raiva matinal, que ele deve guardar só pra usar comigo (para ver como eu sou especial), e dizendo:

“Sr. Benjamin, já que chegou mais cedo, porque em vez de ficar tomando cafezinhos, o Sr.  Já não começa a trabalhar para aumentar a qualidade do seu serviço, que neste momento não está muito adequada com a do escritório?”

E o que eu respondi¿ “Vai pra esquina seu gordo e velho rabugento, não posso nem mais tomar um café em paz? Se a qualidade do meu trabalho é tão ruim porque já não me despediu antes? Da próxima vez vou enfiar esse cafezinho no seu @3%¨&*!!”

Claro que não foi isso, apesar de vontade não me faltar, mas apenas disse um sim senhor e fui embora para o meu trabalho de baixa qualidade, porque como eu já disse tenho amor à vida, e preciso muito desse emprego.

Mesmo depois de tanto trabalho e de ficar pensando dia e noite na Leah o que ocupa boa parte do meu tempo e da minha sanidade, eu ainda achava que tinha que fazer alguma coisa que não me lembrava. O telefone toca e olho o visor, Beth, mas o que ela quer a uma hora dessas?

- Oi Beth o que foi? – estava cansado e queria ir direto ao ponto.

- Me diz que você não esta deitado no sofá tomando café? – Eu estava sentado no sofá tomando café com leite, não era a mesma coisa.

- Não estou assim... Mas porque a pergunta?

- Você sabe que o meu casamento é daqui a quatro dias? – Meu deus o casamento da Beth! Como eu pude me esquecer, se ela perceber que eu esqueci vai querer me matar!

- Claro que eu sabia como eu ia esquecer uma coisa tão importante assim? – como eu pude esquecer uma coisa tão importante?

- Então me fala como que é seu terno, maninho?  - agora ela me pegou.

- Eu vou alugar, então tem varias opções ainda não decidi o melhor, mas acho que um preto básico ficaria bom, também olhei um roxo, mas achei que chamaria mais atenção que a noiva então descartei esse.

- BENJAMIN JUNIOR! TU NÃO ME ENGANA! VOU TE ESGUELAR EM PEDACINHOS, CONSIGO VER NA SUA VOZ QUE TU ESQUECEU DO MEU CASAMENTO!

-Elizabeth, eu não tive culpa, era muito trabalho minha cabeça ficou cheia o mês todo...

- Muito trabalho? Mas tu quase não faz nada no escritório! – Porque ninguém reconhece meu trabalho? – Amanhã vamos almoçar e depois vamos comprar a sua roupa do casamento, e não quero nenhuma reclamação, já que se esqueceu de mim... – que chantagista!

- Ok Elizabeth, mas agora pode parar de ficar se fazendo de coitadinha?

- Meu irmão GEMEO, esquece meu casamento, e você queria que eu ficasse como?

- Dramática!

- Olha quem fala... Volte a tomar o seu café, e amanhã agente se fala.

- É café com leite ok?

Não ouvi mais nada só o zumbindo do telefone porque ela já havia desligado. Não gosto de fazer compras, ainda mais com a Beth, aposto que ela vai comprar mais coisas pra ela mesma do que pra mim, tenho que tomar cuidado, se não é capaz de ela ainda me fazer pagar tudo! Preciso comprar um presente antes que ela use isso como desculpa.

Já sei! Um vinho!