A festa ia continuar, mas eu fui embora. Dei minhas felicidades aos noivos com o melhor sorriso que eu consegui colocar no rosto. Beth me olhou mais de perto e eu acho que no fundo ela sabia que eu não estava ali completamente, eu ainda estava com ela. Peguei meu carro e fui dirigindo até meu apartamento, no meio do caminho peguei uma chuva, o que deixava minha visão da estrada embaçada, mas o pior de tudo foi às lágrimas que vieram com a chuva.

Eu não tinha entendido nada, e percebi que era isso que me deixava mais abalado. Ela fugiu de mim. Me senti completamente abandonado por uma pessoa que eu só conhecia de uma noite, não era pra eu ter ficado assim, eu devia estar normal, afinal eu tinha que esquecer. Mas eu não conseguia, eu queria mais ela, e somente ela.

Cheguei em casa, depois de me arrastar muito pelas escadas, e sorte minha que ainda tinha meia vodka na geladeira. Comecei a tomar com café, pra ver se a ardência da bebida ajudava a curar a dor no peito que eu estava sentindo.

No outro dia...

Bebendo Vodka com café. Deveria estar feliz, foi o casamento da minha irmã, a minha irmã havia se casado com o cara dos sonhos dela, e eu não conseguia ficar feliz por ela. Na verdade eu estava feliz por ela, mas a dor era maior que isso. Outro dia eu ia ter que ligar pra saber como que foi o resto da festa e os primeiros dias de casados, eles estavam casados mais morando separados, com certeza devia ser uma loucura da minha irmã.

 E eu não devia estar tão triste afinal eu já levei tantos “não” na vida. Mas com ela foi diferente. Eu estava arruinado, acabado, despedaçado, me sentindo pior que lama grudada no pneu de um carro. Parece que nos meus dias somente chovia.

Eu teria que continuar, era fim de semana, mas na segunda havia trabalho. Teria que enfrentar meu chefe, que agora era sogro da minha irmã e pelo visto os dois se adoravam como se fossem velhos amigos. Mas isso não impediria que ele me rebaixasse ainda mais destruindo o resto de autoestima que havia me restado, se é que até segunda eu ainda teria autoestima.

Sentia-me um adolescente correndo atrás de uma garota no ensino médio, ansiando por ela enquanto estava deitado no meu quarto, na casa dos meus pais esperando o jantar ficar pronto. Não posso negar que ela fez-me sentir vivo, mais jovem mais disposto, tudo para mim foi mais intenso que antes. Eu já tinha 24 anos, tinha que colocar meu pé no chão e parar um pouco de sonhar.

Mesmo pensando tudo isso ela ainda me faz chorar. Ela ainda! Esse é o problema eu ainda penso nela como pensava antes. Mesmo sabendo que não vai dar em nada e que talvez eu nunca mais olhe para ela. Ela é que nem a Vodka que estou tomando, é uma ótima distração momentânea, mas eu sei que no outro dia eu estarei bem pior.

Tentei me levantar estava muito tonto, mas eu tinha que fazer alguma coisa. Resolvi comer, porque minha barriga já estava roncando. Olhei na estante: Nada. Olhei na geladeira: Nada. Eu tinha que sair pra comprar alguma coisa, não sei como  comida pode ir tão rápido, parece que eu não faço mercado faz meses! Eu até poderia pedir uma pizza ou comida chinesa, mas é que o café estava quase acabando também, e pro meu desagrado café não tinha tele entrega.

Fui num mercadinho perto de casa que ficava numa esquina, tinha só algumas coisas mais realmente o necessário. Na frente havia uma padaria, era com certeza a melhor padaria da cidade, a meu ver. Resolvi comprar pão e mais algumas coisinhas (muito gordurosas) pra alegrar meu dia (e entupir minhas veias).

Atravessei a rua e entrei, fui direto ao balcão de atendimento e fiz meu pedido, que incluía fatias de bolo, salgadinhos e também Donuts e Cupcakes. Nunca me arrependi tanto disso. Assim que eu me virei, o motivo da minha tristeza estava lá. Era ela. E pra piorar ela estava acompanhada, eu podia chama-lo de decepção.