Percy, Atlântida.

Eu estava deitado da minha cama. Acácia estava ao meu lado, com a cabeça deitada no meu peito enquanto dormia.

Minha cabeça dava voltas.

Acácia me amava, meu pai matou - não intencionalmente - uma mulher e Cipriano queria vingança. 

E onde eu entrava nisso tudo?

Tudo bem que Acácia me amava e o pai dela usou isso, mas porque eu? E como alguém usa a filha desse jeito? Era a mesma coisa que eu usar Diana para qualquer fim.

Grr. Dava nojo só de pensar.

Irritado, eu levantei e empurrei Acácia delicadamente para o lado e saí do quarto em direção a cozinha.

Quando cheguei lá coloquei leite em um copo e coloquei no microondas. 30 segundos depois ouvi o bip que anunciava o término do tempo. Peguei o copo e sentei em cima do balcão, olhando o nada enquanto bebia.

Foi quando senti a presença de alguém e me virei, vendo uma Annabeth com os cabelos desarrumados vestindo um pijama um pouco curto demais.

Ela abriu a geladeira, encheu um copo de água e sentou na minha frente enquanto tomava água. Tudo isso sem falar comigo.

Franzi a testa.

- Vai continuar com isso para sempre? - Perguntei, ficando de costas para ela de novo.

- Isso o que? - Ela perguntou irritada.

- Esse silêncio.

Ela não respondeu.

Suspirei irritado e lavei o copo, guardando-o logo depois e saí dali.

- Porque? - Ela perguntou quando eu já estava na porta - Porque disse que me amava quando gostava dela?

Virei para olhá-la e percebi que ela estava de costas para mim segurando o copo em uma mão.

Suspirei.

- É uma droga eu não poder te contar - Murmurei mais para mim mesmo e ela virou para me olhar.

- Como assim? - Perguntou confusa - Você mente para mim e não pode me contar o porque? - Agora ela estava irritada.

- Arg, como você não percebe? - Perguntei irritado - É tão óbvio que eu não menti.

Ela piscou, surpresa e então arqueou uma sobrancelha.

- E vai continuar mentindo - Falou chateada e céptica.

Suspirei irritado.

- Acredite no que quiser - Falei e saí dali em direção ao meu quarto.

Quando cheguei fechei a porta e deslizei por ela até estar sentado no chão e fiquei olhando o nada.

- Amor? - Acácia perguntou sonolenta depois de alguns minutos - Algum problema?

Levantei e deitei ao seu lado.

- Nenhum - Falei enquanto ela deitava a cabeça no meu peito - Nenhum.

Três semanas depois.

Estávamos nós sete tomando café e o clima ali estava tão tenso que era palpável.

Nico e Thalia haviam discutido sobre algo hoje de manhã - com direito a gritos mega altos e palavrões - e agora nem se olhavam, assim como Mellanie e Luke que se fuzilavam com o olhar. Annie me olhava com raiva e eu retribuía irritado. Acácia era a única que estava animada ali. Talvez fosse pelo nosso casamento que seria amanhã.

Falando nisso, já estava tudo pronto. Afrodite havia interrompido a lua-de-mel do meu pai só para perguntar se meu casamento podia ser na praia. ''Depois de muitos gritos e palavrões ele disse não havia problema algum em fazer o casamento na praia'', Afrodite dissera. Quíron havia mandado uma M.I. para avisar que os campistas esperavam ansiosamente a nossa chegada e que já estavam decorando tudo com a inspeção de Afrodite. 

Respirei fundo. Eu estava pronto para me casar com Acácia? 

Não. Eu não estava.

Era uma droga olhar Annabeth e ver a raiva nos olhos dela e saber que eu havia causado aquilo. Eu jamais me perdoaria se ela passasse o resto da vida dela sentindo aquele ódio e a dor - sim, dor, porque eu sabia que ela estava sofrendo - que eu a fiz sentir. 

Arg. Eu me odeio tanto.

Fui tirado dos meus pensamentos pela porta se abrindo. Virei e, com um sorriso, vi meu pai e Atena sorrindo para mim - sorrisos falsos.

- Cadê o meu filho que vai se casar? - Meu pai perguntou com falso entusiasmo e eu rolei os olhos, rindo - Dá para acreditar que Afrodite ameaçou estragar a minha lua-de-mel se eu não deixasse você casar na praia? 

Franzi a testa. Ela não havia me contado isso.

- Como foi a lua-de-mel, pai? - Perguntei o abraçando - Atena quebrou muitas camas? 

Ele riu e Atena corou, me abraçando também.

- Está tudo bem? - Ela sussurrou quando nos separamos e eu dei de ombros, mordendo o lábio.

- Pai... nós temos que conversar - Falei e ele olhou de relance para Acácia.

- Algum problema?

- Preciso te contar algumas coisas - Falei e ele assentiu.

- Vai indo ao meu escritório. Encontro você lá - Ele disse e eu assenti.

Eles cumprimentaram o resto e eu dei um selinho em Acácia antes de ir para o escritório.

Chegando lá conjurei um copo com whisky e sentei na cadeira a frente da mesa de mogno enquanto bebia.

Meu pai me encontrou dois minutos depois assim - olhando para o nada enquanto bebia - e sentou na minha frente, parecendo preocupado.

- É o casamento? - Ele perguntou - Porque se for e você não quiser mais se casar nós atacamos aquel...

- Não é o casamento, pai - O interrompi - É o motivo dele.

Ele franziu a testa, confuso.

- O sequestro de Atena? - Perguntou.

- Não, pai. O motivo disso também - Falei - Eu falei com Acácia e ela me contou porque o pai dela fez isso - Ele me olhou curioso - Você matou uma mulher, pai?

Ele ficou pálido instantaneamente.

- N-não foi intencionalmente - Se defendeu - E o que isso tem a ver?

- Eu sei que não, mas essa mulher era a mãe de Acácia - arregalou os olhos - e Cipriano quis se vingar.

- M-mas... mas... porque ele se vingou de mim, fazendo Acácia se casar com você? - Ele perguntou confuso.

- Eu não faço ideia, mas... Acácia me ama - Ele arregalou tanto os olhos que eu quase ri - Ela nem sabia que o pai dela tinha saído ganhando quando virou minha noiva.

Um sorriso se insinuou no canto de seus lábios.

- Nós podemos usá-la - Ele disse e eu sorri.

Essa ideia vinha passando pela minha cabeça constantemente nessas últimas semanas. 

Eu queria vingança.

Tudo bem que ele havia perdido a sua mulher, mas fazer isso comigo? Eu não queria isso para o meu pai mas, porque Cipriano não se vingou dele? Eu não havia feito nada para ele.

O ponto é que, se eu tivesse que me casar com Acácia ele iria no mínimo sofrer lenta e dolorosamente. E eu tinha certeza que Acácia concordaria comigo.

- Podemos falar com Zeus. Tenho certeza que ele não iria perdoar aquele idiota por ter sequestrado a sua filha favorita. E com o exército dele mais o seu Cipriano não tem chance. 

- Cadê aquele cara que não queria violência? - Meu pai perguntou, embora sorrisse.

- Você viu Annabeth? - Perguntei - Ele vai pagar por ter feito eu fazer aquilo com ela.

Ele semicerrou os olhos.

- Se você quiser isso. Mas quer casar com Acácia? - Assenti - Sabe que com o pai dela fora do nosso caminho você está livre, não é? 

- Annabeth jamais vai me perdoar, mesmo sabendo a verdade. E Acácia me ama, ela já sofreu demais. O mínimo que posso fazer como agradecimento é fazer isso.

- Ela é boa de cama, então - Meu pai falou assentindo como se os seus pensamentos tivessem sido confirmados e eu ri.

- Você é um depravado - Falei.

- Não fale nada, você também é - Falou fingindo estar ofendido e então ficou sério - Pronto para casar?

Suspirei.

- Não - Falei balançando a cabeça negativamente - Não mesmo.