Percy, Atlântida.

– Não destruam o meu palácio, ouviram? - Poseidon falou pela milésima vez.

Estávamos todos nós nos despedindo deles. Havíamos acabado de jantar, e graças a Atena as malas já estavam prontas.

– Claro pai. Com Thalia aqui o seu palácio vai estar em boas mãos. - Falei sarcasticamente recebendo um tapa da mesma.

– Rum - Ela fez - Mil vezes melhor nas minhas mãos do que nas suas.

Rolei os olhos.

– Percy, isso tudo é sua responsabilidade enquanto estivermos fora. Você sabe, não é? - Meu pai perguntou.

– Claro que eu sei. A vida deles acima da minha, sempre - Falei e ele sorriu - Agora vai logo - Olhei para Atena - Quebre muitas camas - Falei piscando e ela corou, fazendo papai rir.

– Não se preocupe sogrinho. Percy vai cuidar bem daqui. Agora vai, sua mulher está querendo te esganar - Acácia falou me abraçando pela cintura.

Meu pai a olhou meio irritado, mas mesmo assim foi para perto de Atena. Eles entrelaçaram as mãos e... puft. Sumiram.

Ficamos em silêncio por um ou dois segundos.

– Festa! - Thalia gritou e eu rolei os olhos.

– Nem pensar mocinha. Faça uma festa com Nico lá no quarto de vocês, mas nada de festas no palácio. Boa noite - Falei e fui com Acácia para o quarto, deixando uma Thalia confusa para trás.

Assim que fechei a porta do quarto eu larguei as mãos de Acácia - como sempre fazia - e fui para o banheiro, trancando a porta atrás de mim.

Me despi e entrei no chuveiro, tomando um banho rápido e saindo dez minutos depois.

Fui para o closet sem olhar Acácia e vesti uma calça de moletom, somente. Quando voltei para o quarto Acácia não estava lá, e a julgar pelo barulho do banheiro ela estava tomando banho. Tranquei a porta do meu quarto e peguei os meus travesseiros e um lençol, jogando-os no sofá e me deitando em seguida.

Me desculpe, mas eu não iria dormir com ela para correr o risco de aquilo acontecer de novo, não mesmo.

Estava quase pegando no sono quando ouvi a porta do banheiro se abrir.

– Percy? - Acácia chamou - Porque você vai dormir no sofá?

– Não se faça de boba, você sabe o porque - Falei com a voz sonolenta.

– Eu não vou tentar nada - Ela falou com uma voz manhosa - Vem para a cama.

– Aqui está confortável.

– Arg. Durma aí então, mas não me peça massagem amanhã - Ela disse e se jogou na cama, se cobrindo logo em seguida e desligando o abajur - Boa noite.

– Boa noite - Murmurei e cai nos braços de Morfeu.

Acordei com uma dorzinha - que de inha não tinha nada - nas costas. Me espreguicei e olhei para a cama. Acácia continuava dormindo.

Levantei e fui para o banheiro fazendo o ritual de sempre. Vinte minutos depois eu já estava saindo do quarto completamente vestido.

Eram apenas seis horas, então decidi deixar Acácia dormindo. Como o café só seria daqui a uma hora e meia eu fui para a biblioteca.

Fui na ala norte e peguei o livro Eu sou o mensageiro (N/A: Gente, esse livro é muito bom mesmo. É do mesmo escritor de A menina que roubava livros e é tão maravilhoso quando esse. Vale a pena ler.) e sentei em um dos sofás da ala sul.

Estava no quarto capítulo quando alguém me interrompeu.

– Eu sou o mensageiro? - Annabeth perguntou - Desde quando você lê livros assim? Ou melhor, desde quando você lê?

Rolei os olhos.

– Eu gosto de livros assim. E eu já te disse que passei a ler quando vim para cá - Falei fazendo bico.

Ela riu.

– Cadê a sua noiva? - Ela falou noiva com nojo na voz.

Arqueei a sobrancelha.

– Não quis acordá-la - Falei voltando a ler.

– Hum - Ela disse abrindo um livro.

Passei os dois minutos seguidos tentando ler, mas era impossível com Annabeth no mesmo cômodo.

A olhei. Ela estava concentrada no livro que estava lendo. Suas sobrancelhas estavam franzidas, formando um pequeno v entre elas. Ela estava mordendo o canto direito do lábio inferior, e os grandes cílios faziam pequenas sombras sobre as maças do rosto. Linda. Ela estava linda.

Foi quando ela me olhou e corou.

– O que foi? - Ela perguntou.

– Nada - Respondi sorrindo e ela voltou a ler.

É óbvio que ela não conseguiu.

Tente ler com alguém te observando. Não é nada legal. Mas mesmo assim eu continuei observando-a.

Ela estava claramente nervosa. Colocava o cabelo atrás da orelha, mudava de posição, mordia os lábios, se mexia.

Ri baixinho.

– Arg. Pare de me olhar - Ela gritou me fazendo gargalhar.

Levantei as mãos acima dos ombros em sinal de rendição e voltei a ler.

É óbvio que eu a olhava a cada dois minutos.

Todos estávamos na Sala de Jantar, menos Acácia, o que me deixava preocupado - e irritado comigo mesmo por ficar preocupado.

Eu estava quase levantando, disposto a procurá-la quando ela entrou.

– Bom dia - Ela disse sentando ao meu lado - Desculpem a demora.

Sentei de novo.

– Onde você estava? - Perguntei.

– Bem, eu acordei e não vi meu noivo ao meu lado, então fui procurá-lo - Ela falou como se fosse óbvio - Quando vi faltava cinco minutos para o café e fui correndo para o quarto me arrumar e acabei me atrasando - Ela disse e me deu um selinho, deitando sua cabeça no meu ombro logo em seguida - Onde você estava? - Ela perguntou com a voz manhosa.

– Desculpe, amor - Falei entrando na encenação e beijei sua testa - Acordei muito cedo e você estava dormindo tão bem que não quis acordá-la, então fui para a biblioteca.

Seus olhos estavam brilhando de um jeito estranho. Tinha felicidade e...

Não, eu estava delirando. Me recusava a acreditar naquilo.

Deixei o pensamento de lado e comecei a comer.

O café foi tranquilo. A mesma coisa melosa entre eu e Acácia - ela me beijava a cada cinco segundos, me abraçava, acariciava e todas essas coisas que casais apaixonados fazem e é óbvio que eu retribuía -, as mesmas brincadeiras de Thalia - que nos olhava com cara de quem ganhou um doce muito delicioso - e as mesmas expressões irritadas dos outros.

No final eu e Acácia estávamos saindo quando ouvi Nico me chamar.

– Hey, Percy. Podemos conversar? - Ele perguntou.

No início eu hesitei. Quero dizer, ele era namorado de Thalia e era totalmente apaixonado pela mesma. Alguns beijos e carícias e ele ficava de quatro por ela e faria tudo o que ela pedisse, mas deixei de lado esse pensamento e assenti.

Fomos para meu escritório - eu tinha que pesquisar os pontos fracos de alguns infratores para puni-los da forma mais dolorosa possível.

Sentei na minha poltrona enquanto Nico sentava em um dos sofás na minha frente e Acácia sentava no meu colo, passando o braço em volta do meu pescoço.

– E então? - Perguntei.

– Eu queria pedir desculpas - Ele falou olhando as próprias mãos - Sou seu amigo e deveria ficar feliz com a sua felicidade, não julgá-lo, por mais que tenha mentido.

– Tudo bem - Falei sorrindo.

– Agora, é engraçado - Ele disse rindo - Thalia anda murmurando por aí que você e Acácia não se amam e estão mentindo para todo mundo. É verdade? - Ele falou e eu vesti uma expressão incrédulo.

– O que? É claro que não - Eu disse - Thalia delira as vezes, você sabe.

Ele assentiu.

Acácia estava zoando com a minha cara, porque ela havia começado a rebolar leve e quase imperceptivelmente no meu colo.

A olhei. Ela estava com um sorriso malicioso, mas ela não seria a única com as provocações.

Coloquei a mão em baixo de seu vestido, perigosamente perto da virilha, fazendo movimentos circulares ali e ela ofegou.

Nico a olhou confuso, até que desceu os olhos e viu minhas mãos e sorriu malicioso.

– Tsc, tsc - Ele fez - Eu sou muito novo para ver pornografia - Ele fala com falsa indignação.

– Como se você não praticasse - Falei sorrindo de canto e ele riu.

– Usem camisinha - Ele disse e Acácia começou a me beijar. Um beijo nada casto.

Ouvi a risada de Nico e a porta se fechando, então empurrei Acácia que - sei lá como - foi parar em cima da mesa.

– Abusada - Falei irritado e ela riu enquanto sentava direito e cruzava as pernas.

– Temos que buscar minhas roupas - Ela disse observando as unhas - Já que sou sua noiva eu vou morar aqui, não é?

Rolei os olhos.

– Acácia Jackson, princesa de Atlântida - Ela murmurou para si mesma - Que divertido.

Claro. Muito divertido.

Era uma hora da tarde. Eu e Acácia estávamos no Palácio dela para pegar as roupas.

E quantas roupas.

Haviam mais de dez malas ali. Eu teria que reformar o meu closet ou usar um dos quartos de hóspedes para por as roupas dela.

– Acabou? - Perguntei.

– Só mais uma, amor.

– Não me chame de amor - Falei irritado.

– Como quiser, amor.

Rolei os olhos. Ela me lembrava Blackjack.

– Pronto. Podemos ir - Ela disse fechando a última mala.

– Estava na hora - Falei irritado.

Saímos de Atlântida a dez horas e estávamos voltando três horas depois. Eu estava cansado, entediado e irritado.

Nos teletransportei para o hall de entrada do Palácio de Atlântida e imediatamente uma meia dúzia de empregados veio nos ajudar com as malas.

Assim que chegamos no quarto eu me joguei na cama de barriga para baixo, exausto.

– Deuses, você tem muitas coisas - Eu falei.

Por sorte o meu quarto e o closet eram enormes. Só assim para caber tudo aquilo.

Senti ela deitar nas minhas costas.

– Acordou dolorido, não é? - Ela perguntou beijando minha nuca.

– Dormir no sofá não é a coisa mais confortável do mundo - Falei fazendo uma careta e ela riu.

– Bem feito - Ela disse e sentou nas minhas costas, rasgando a minha camisa logo em seguida.

– Ei - Falei irritado.

– Cale a boca - Ela disse e atirou o que sobrou da minha camisa no chão e começou a massagear minhas costas.

Aquelas mãozinhas pequenas, delicadas e macias massageavam minhas costas de um jeito tão gostoso que não consegui segurar um gemido.

– Deuses - Falei - Onde aprendeu a fazer isso?

Ela riu.

– Eu não aprendi. Estou improvisando - Ela falou rindo e eu ri também.

Uma hora depois eu estava deitado de barriga para cima, totalmente relaxado. Acácia estava deitada ao meu lado, com a cabeça no meu peito enquanto dormia.

Esse casamento até que não seria tão mal assim, pensei antes de dormir.