Mellanie, jardim do hotel.

(N/A: Aqui é tipo uma volta no tempo)

Depois que Percy e Annabeth sairam para comprar as coisas para a nossa filha, eu fui para os jardins pensar um pouco.

Eu iria ser mãe. A ficha já tinha caído. E eu estava feliz com isso.

Quero dizer, é óbvio que eu fiquei em pânico com aquela noticia. Eu só tenho dezessete anos, poxa. Mas depois o pânico foi substituido pela felicidade, e tudo o que eu conseguia pensar era que eu seria mãe de uma linda garotinha.

Eu estava feliz. Muito. Eu teria um bebê e o pai seria Percy. Não que eu o amasse, longe disso. Mas Percy era a pessoa mais gentil que existia, e eu sabia que ele seria um pai muito dedicado e amoroso. Eu estava feliz que fosse ele e não algum babaca.

Quando recebi a noticia pensei que Percy fosse me matar, mas quando vi seus olhos brilhando e seus gritos de ''eu vou ser pai'' tudo o que eu pensei era em como eu era sortuda.

Só esperava que a gravidez não afastasse Annie e Percy, caso o contrário o plano estaria arruinado.

O plano. O plano era simples, muito simples. Quando Afrodite me contou eu achei que não daria certo - até porque, Percy não parecia o tipo de cara que bebia quando estava triste, ou confuso -, mas até agora estava tudo indo nos conformes.

O primeiro passo era terminar com ele. Depois eu tinha que falar com Annabeth e contar o motivo (N/A: Ele ama outra), e ela, como uma boa garota apaixonada iria ficar pensando nisso durante horas, até encontrar o nosso deus grego bêbado no corredor. Ela iria ajudá-lo, é claro. Faria tudo o que se faz com o seu amigo bêbado e talvez (ou que infelizmente não aconteceu) rolasse algo mais.

Deu mais certo do que eu imaginava.

Fui tirada de meus pensamentos por uma voz rouca.

– Atrapalho? - Ele perguntou.

– É claro que não - Digo sorrindo.

Desde o término com Percy eu tenho falado bastante com Luke. É claro que eu ainda estava furiosa por ele ter dado em cima de mim em uma festa que ele havia ido com Annabeth, mas ele era um ótimo amigo.

– Está feliz por ser mãe? - Luke perguntou enquanto ficava ao meu lado.

– Na verdade, estou sim - Eu disse - Fiquei em pânico no início, mas depois fiquei feliz. Tinha que ter visto a reação do Percy - Disse rindo.

– Ele parece ter gostado da noticia. E parece que vai ser um pai bem ciumento, não vai deixar ninguém chegar perto do bebê.

– Claro, ainda mais por ser uma menina - Falei e ele me olhou assustado - Hera nos disse que era uma menina.

– Pior ainda então. Vai querer mandá-la para um convento. Isso se não obrigar Ártemis a aceitá-la como Caçadora.

Eu ri.

Eu gostava de conversar com Luke. Ele era atencioso e engraçado - mesmo a ideia de ele estar fingindo não me sumir da cabeça -, me fazia rir de qualquer idiotice e era muito companheiro.

Ficamos conversando sobre a bebê durante a manhã inteira, Luke até levantou o assunto sobre nomes, mas eu disse que não sabia e que falaria com Percy. Depois de almoçarmos eu fui para o quarto. Ultimamente eu estava com muito sono, portanto é claro que quando cheguei eu fui dormir.

 

Acordei com o barulho da porta se fechando com força. Abri os olhos e vi uma Annabeth de costas para a porta, deslizando sobre ela com um sorriso imenso.

– Annabeth? - Perguntei.

Ela levantou assustada, como se não tivesse percebido que eu estava ali, o que eu acho que não percebeu mesmo.

– Está tudo bem?

– E-estou sim - Annie respondeu.

A observei. Seus olhos estavam brilhando, seus cabelos levemente desarrumados, suas bochechas meio coradas e os lábios mais vermelhos que o normal. Sorri. Percy, seu garanhão.

– Que bom que já chegaram. Vou ao quarto de Percy para ver as coisas, tudo bem? - Perguntei inocentemente.

– Claro.

Fui até o quarto de Percy sorrindo. Nem me encomodei de bater na porta, ele não tinha nada que eu já não tinha visto, sem contar que - se as minhas suspeitas estivessem corretas - ele devia estar sorrindo bobamente, a ponto de não ouvir a batida.

Entrei e o encontrei deitado no tapete, os olhos desfocados e um sorriso bobo no rosto. Eles são tão perfeitos um para o outro, pensei.

Pigarreei fazendo Percy se assustar.

– Mellanie? O que faz aqui? - Ele perguntou confuso.

– Bem, eu vi Annabeth chegar no quarto e presumi que você estivesse aqui com as compras. Como foi o dia?

– Foi ótimo. As coisas estão ali - Disse apontando para uma pilha de malas, e mais malas e mais malas.

Arregalei os olhos. Tudo isso?

– E como foi o seu dia? - Ele perguntou, mas ele parecia estar longe.

– Foi bom - Disse enquanto mexia nas roupas.

Na próxima hora seguinte eu fiquei vendo as coisas e comentando para o nada, porque sempre que eu olhava Percy ele estava com aquele sorriso no rosto.

Larguei o vestido que eu estava vendo e sentei ao lado dele.

– Vamos, diga-me porque está assim - Falei, ou melhor, ordenei.

– Assim como? - Ele perguntou inocentemente.

Rolei os olhos.

– Não se faça de bobo. Sabe do que eu estou falando. Annie saiu daqui com um sorriso bobo no rosto, e você está todo aéreo sorrindo feito um idiota também. Desembuche.

Ele corou.

– Bem, nós, hum... nos beijamos - Ele disse vermelho feito um tomate.

Podia até imaginar Afrodite gritando ''own, que fofo, veja como ele cora''.

– Isso é ótimo, Percy!

– Mas, e se ela se afastar?

– Ela não vai.

Antes que ele pudesse responder a campainha toca e Percy vai até a porta, abrindo-a e revelando uma Annabeth muito corada.

Automaticamente ambos olham para os pés. São tão ingenuos.

Pigarreei fazendo Annie me olhar.

– Hum... nossos pais querem jantar fora hoje. Eles saem daqui a duas horas - Ela disse baixinho.

– Já estamos indo maninha. Aliás, porque não fica aqui conosco até a hora de saírmos? - Perguntei e Percy me olhou, meio assustado - Vem logo.

Ela entrou e ficou me olhando.

Fui até a pequena sala que tinha ali no quarto e procurei alguns DVD's. Assim que encontrei um bom o suficiente o levantei no ar para os dois - que se olhavam intensamente - poderem ver.

– Vamos olhar filme?

Percy e Annabeth estavam sentados lado a lado no sofá, de braços cruzados. Algumas vezes um disparava um olhar para o outro, mas quando seus olhares se encontravam eles coravam e voltavam o olhar para o filme. Tão clichê, mas tão fofo.

Eu estava sentada na poltrona fingindo que estava vendo o filme, quando na verdade estava vendo o showzinho ao vivo ali no quarto.

Levantei e os olhei.

– Vou ao banheiro, podem continuar vendo o filme enquanto isso - Disse e depois de dar um olhar para Percy eu saí.

Fechei a porta do banheiro e fiquei esperando. Demorou um tempo, mas logo ouvi a voz de Percy.

– Hum... Sinto muito pelo o que aconteceu hoje – A voz estava meio abafada por causa da porta.

– Não foi nada. Você está carente, não está? É normal – Annie falou e eu rolei os olhos. Ela não queria ver que ele gostava dela.

Ouvi Percy bufar.

– Porque você acha que tudo o que eu faço é por carência?– Ele perguntou parecendo irritado e magoado ao mesmo tempo.

– Porque essa é a única explicação – Ela falou mais alto.

– Se você acha - O tom estava mais calmo - Mas realmente me desculpe pelo o que aconteceu hoje. Não quero ficar estranho com você.

– Tudo bem – Annie disse. Podia imaginar os dois trocando sorrisos.

Dei a descarga para parecer mais real e saí dali.

Percy me olhou meio irritado, mas eu devolvi com um sorriso.

– Então, Mel. Sente aqui - Ele disse apontando para o espaço vazio ao seu lado.

Sentei e eu e Annie o olhamos curiosas.

– Bem, eu e Annabeth estávamos discutindo os nomes para a nossa filha - Adorei o jeito que ele disse nossa filha – Você tem alguma ideia?

– Na verdade não.

– O que acha de Diana? - Annie perguntou animada - Como a forma romana de Ártemis.

Pensei. Não era nada mal.

– Você adoraria ter o nome de uma deusa casta para a sua filha, não é Percy? - Perguntei.

– Claro. Quem me dera se ela também fizesse um juramente de castidade também - Ele resmungou nos fazendo rir.

– Diana Gilbert - Falei apreciando o som.

– Hei, e o meu sobrenome? - Percy falou irritado.

– Te fode, o teu sobrenome também é o da sua mãe. Fique quieto.

Ele resmungou algo sobre mulheres serem injustas e ficou quieto enquanto Annabeth - que estava deitada com a cabeça no colo de Percy - e eu conversávamos sobre bebês. Foi quando Annie levantou o assunto de que Percy seria um pai desnaturado que algo me ocorreu.

Percy era um deus agora. E deuses não podem ficar com seus filhos.

– Mel, está tudo bem? - Annie perguntou.

– Você é um deus agora. Não vai poder participar da vida dela - Falei para Percy que arregalou os olhos.

– De jeito nenhum - Ele disse dando uma risada sem graça - Zeus não pode me afastar da minha filha.

Annie olhava Percy com compaixão.

– Percy, ela tem razão. É uma das leis divinas - Annie disse a ele com a voz doce.

– Ah, mas ele não vai mesmo. Ela vai ficar no acampamento, e eu como deus dos heróis posso ir para o acampamento sempre que quiser. Ninguém vai me afastar da minha filha - Ele disse com o maxilar trincado.

Eu estava com medo que ele perdesse o controle e mudasse para a sua forma divina ali mesmo, por isso concordei - mesmo porque ele tinha um pouco de razão - e mudei de assunto.

Algumas horas depois eu e Annabeth fomos nos arrumar.

Annie vestiu uma saia de cós alta florida, uma regata branca e uma sapatilha. Já eu usei a túnica grega moderna que minha mãe havia me dado.

Passamos uma maquiagem leve e fomos para o saguão, onde Percy e seu pai conversavam sobre algo e Atena os olhava reprovadora.

Assim que eles nos viram ficaram quietos e arrumaram a postura. Atena rolou os olhos.

– O que está rolando? - Perguntei.

– Percy e Poseidon estão planejando mais uma corrida. Pelo jeito alguém não gostou de perder - Ela disse sorrindo sugestivamente para Poseidon que a olhou irritado.

– Eu posso participar? - Eu perguntei animada.

Percy me olhou assustado.

– Está louca? Você está grávida. Já imaginou se acontece algo com Diana? Nem pensar - Ele disse acabando com meus planos.

– Diana? - Poseidon e Atena perguntaram.

– O nome da filha deles - Annie falou entediada - Ah, vejam: Luke, Nico e Thalia.

Assim que eu ouvi o nome dele me virei e encontrei seus olhos azuis. Sorri vendo pelo canto do olho Thalia arquear uma sobrancelha pra mim.

(N/A: Eu sei que Nico e Thalia quase nem aparecem, mas vou tentar mudar isso. Sinto muito)

Entramos nos carros e fomos até o restaurante, dessa vez sem corridas.

Terceira pessoa, restaurante.

Assim que chegaram eles pediram uma mesa para oito pessoas e se sentaram (N/A: Nessa ordem: Poseidon, Atena, Nico e Thalia de um lado e Luke, Mellanie, Percy e Annabeth do outro.), fizeram seus pedidos e começaram a comer e a conversar. Mellanie, Poseidon e Atena conversaram sobre Diana. Luke, Nico e Thalia ficaram falando sobre o acampamento e estavam trocando informações sobre esgrima (?), e Annabeth e Percy estavam... estranhos, para não dizer o mínimo.

Eu estaria mentindo se dissesse que nenhum dos dois pensava no beijo. Annie já descobrira sobre seus sentimentos por ele e mesmo achando que era recíproco se recusava a acreditar. Já Percy pensava sobre como conquistar Annabeth. Ele tinha que deixar as coisas correr livremente ou devia se declarar? Nah. As coisas seriam rápidas demais se fosse assim, sem contar que ele corria o risco de levar um não e perder totalmente a amizade de Annabeth. E também tinha aquele pequeno problema...

Ela é mortal. Maldito o dia em que Percy havia aceitado a imortalidade. Antes sofresse de amor do que sofresse vendo sua amada morrer e não poder fazer nada.

Claro que tinha a possibilidade de torná-la imortal, mas e se ela o largasse? Eles teriam a eternidade, ela poderia enjoar dele a qualquer momento.

Deuses, eram tantos ''e se'' que a cabeça de Percy chegava a doer.

Quando ambos perceberam que estavam se olhando eles não desviaram o olhar, mesmo que Annabeth estivesse vermelha.

Enquanto isso, todos na mesa ainda estavam conversando e pareciam completamente alheios a troca de olhares entre Percy e Annabeth... menos um.

Poseidon os olhava atentamente. Adorava ver o brilho nos olhos do filho quando via Annabeth, e ele podia ver que Annabeth também possuía isso. Mesmo que Poseidon tivesse ficado realmente furioso com Annabeth por ter trocado seu filho por Luke, ele não podia negar que ela era a nora perfeita. E ele ainda se lembrava de Atena o olhando com os olhos marejados enquanto ele via o sofrimento do filho. Ele sabia que ela tinha se sentido culpada, mas foi muito engraçado quando ela pediu desculpas. Realmente, muito engraçado, ele pensou sorrindo enquanto lembrava daquela noite.

Quando acabaram o jantar eles resolveram ir para a Acrópole de Atenas observar a paisagem. A paisagem até que seria romântica se... bem, se os casais que estavam ali fossem românticos.

Atena olhava tudo admirada, jogando na cara de Poseidon que tudo ali era dedicado a ela. Já Poseidon estava muito ocupado vendo as curvas da sua noiva e futura rainha para prestar atenção no que ela estava dizendo. Nico e Thalia eram os únicos que agiam como casal ali - se casal significasse dois adolescentes com os hormônios a flor da pele se engolindo, é claro. Luke e Mellanie conversavam sobre o acampamento, mas é claro que viviam disparando olhares nada... amigáveis um ao outro, no bom e nada puritano sentido.

Mas Percy e Annabeth estavam parados, lado a lado, olhando a paisagem. A tensão ali era tão palpável que poderia ser cortada com uma faca.

A verdade é que ambos tinham medo de que o beijo voltasse a acontecer, por isso tentavam não ter um contato visual. Annabeth quase atacou os lábios do moreno lá no restaurante, se não fosse Poseidon ter anunciado que queria vir para a Acrópole. E também não era como se Percy tivesse o melhor autocontrole do mundo.

Percy olhou para trás, estranhando o silêncio e encontrou seus pais e amigos meio longe. Ou melhor, tão longe a ponto de Percy ver apenas pontinhos e Percy soube que aquela era a hora certa.

Ele olhou para aqueles olhos cinzas tão lindos que já o fitavam (N/A: Estou tão melosa) e segurou a mão dela.

– Annie, eu sou péssimo em fazer isso, você sabe. Nunca fui bom em me expressar. Mas a verdade é que eu te odiei tanto dois anos atrás quando você ficou com aquele babaca... porque Luke é um babaca, você tem que admitir isso. Quero dizer, eu conheci Calipso, filha de Atlas e ela me ofereceu imortalidade, paz eterna e tudo o que qualquer pessoa iria querer, mas que eu recusei porque depois daquele beijo eu achei iríamos ter algo mais, e sinceramente, ter você é melhor do que qualquer coisa no mundo. E eu fiz de tudo por você, Annie. E não pense que eu estou te cobrando. Você não tem a menor culpa de ser tão maravilhosa - Percy falou amando ver os olhos de Annabeth brilharem - Eu amo o seu jeito. Quando você franze as sobrancelhas em confusão ou o brilho nos seus olhos quando vê um lugar com a arquitetura interessante, ou até mesmo fala sobre ela. Isso é melhor que qualquer coisa no mundo. O jeito que você é tão facilmente corável, ou o como você fica linda até cheia de fuligem e machucados depóis de uma batalha é maravilhoso - Respirou fundo - Annie, eu amo você. É isso, eu amo você demais, Annabeth.

(N/A: Desculpem se não ficou a melhor declaração de amor que vocês já viram, mas para alguém insensível e com coração de pedra como eu, montar uma declaração é pior do que escrever um livro.)