Conspiração Divina - Versão I escrita por Jubs C, Julia Brito


Capítulo 6
Envolvida.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo fresquinho ooooooooo/
Espero que gostem ♥
Nos vemos nas notas finais.
Boa leitura :D



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Enfrentar um dia de aula nunca me pareceu tão tenebroso. Não que eu gostasse de frequentar o colégio, essa era uma das coisas que eu mais odiava. Eu estava emocionalmente pronta para tentar ajeitar minha vida novamente, mas com a morte Ambre as coisas saíram um pouco de seu curso. Claro, que pelo luto, nem Daniel nem eu precisaríamos comparecer na escola, por no mínimo, uma semana. Mas entre ficar em casa onde qualquer canto me lembrasse minha irmã e ir para o colégio, preferi a segunda opção sem pensar duas vezes.

O colégio Roosevelt era famoso pelos alunos exemplares que saíam de lá, mas de uns anos para cá esse rendimento caiu bastante e era devido à esse fato que o horário de aulas aumentara. Ao invés de ficarmos das oito dá manhã até as três da tarde, como antigamente, agora ficaríamos das oito até as quatro. Garotas da minha idade achariam isso um saco, uma perda de tempo, mas para mim a escola era uma fuga dos pensamentos que não deixavam minha mente.

E um desses pensamentos era sobre Evan, e como eu fui grossa com ele no dia anterior. Precisaria achar um jeito de encontrá-lo, nessa vastidão de alunos, e falar com ele sem que Daniel notasse minha ausência, o que não seria nada fácil. Nada na minha vida estava sendo fácil, então essa conclusão não me intimidou.

Depois de Daniel me levar até minha nova sala de aula, esperei que ele se afastasse para fazer uma coisa que eu não fazia com muita frequência.

Diabos, eu nunca tinha burlado aula antes! Não sabia nem como fazer para sair da sala sem que ninguém notasse e depois dar o perdido em qualquer pessoa que percebesse minha escapulida. Mas eu estava decidida que iria procurar por Evan, esse era o único jeito para que eu pudesse me focar nas aulas que viriam a seguir.

Dessa forma, quando Daniel se despediu de mim e sumiu de vista no corredor, me enfiei no meio de um grupo de alunos que iam para Deus sabe onde. Eu não tinha o mínimo interesse nisso, portanto me separei deles assim que o primeiro sinal soou. 

Ambre havia me enviado uma carta durante as férias de verão, a mesma carta onde ela relatava sobre seu relacionamento secreto com alguém de sua sala, que dias depois eu fiquei sabendo o nome. Dessa maneira, deduzi que Evan ainda estudaria em sua antiga sala, que graças as cartas malucas de Ambre, eu sabia aonde era. 

A sala seis era a mais distante da entrada, perto de uma janela imensa que mostrava o campo abandonado da propriedade. Era a sala dos alunos menos interessados em qualquer matéria, á não ser música, que Ambre passou a frequentar Deus sabe porquê. Música era uma matéria separada das outras, você poderia escolher entre fazê-la ou fazer moda, coisa que eu ainda não tinha decidido.

Segui pelo corredor que me levaria até ela, esbarrando vez ou outra em alguns alunos que seguiam na direção contrária à minha e olhando sempre que podia para trás, numa tentativa de saber se estava sendo seguida por Daniel ou por algum de seus amigos á seu mando. Tudo limpo. Até demais.

Ao contrário do que era de se esperar, a aula de música não era muito frequentada, visto que, os pais dos alunos mais ricos diziam que moda trazia mais dinheiro do que música, portanto quando cheguei na porta da sala, ela estava completamente vazia. Alguns poucos alunos estavam no corredor, perto da porta, esperando que o professor chegasse para que pudessem se dirigir aos seus devidos lugares. Já outros já estavam sentados, lendo algum livro ou enfiando sms em seus celulares. 

Mas não Evan, que eu enxerguei escondido no ultimo lugar de uma das fileiras, perdido em seus pensamentos enquanto batucava com os dedos indicadores sobre a carteira. Seus olhos escuros estavam distantes e sua testa levemente enrugada. Uma parte de mim queria poder ficar observando-o à tarde toda, mas a parte racional me fez emitir um som, horrendo, que chamou sua atenção. 

Ele subiu os olhos, e exatamente como na noite anterior, eles encontraram os meus. Fiz um sinal o chamando com o dedo indicador, enquanto olhava para o lado de fora, confirmando novamente que a barra estava limpa. Por um instante me senti uma traficante de drogas, que ficava vigiando, para caso a policia se aproximasse, desse sinal vermelho.

Ele pegou sua mochila que estava posta sobre a mesa, e se levantou vindo em minha direção em passos lentos, que me deixaram levemente irritada. Será que ele não tinha notado que eu estava ali "ilegalmente"? O que significava que eu estava burlando aula.

- Você não deveria estar na sua sala? - Perguntou, se encostando na carteira á minha frente. Um sorriso malandro surgia em seu rosto e seus olhos eram divertidos. 

Devolvi o sorriso de uma forma nada amistosa, o que o fez desmanchar o seu antes mesmo que eu respondesse.

- Deveria. Porém, estou burlando aula. - Ele assentiu como se  eu tivesse descoberto a América. Ignorei esse pequeno detalhe e continuei a falar. - E você vai comigo.

Ok, isso foi um tanto quanto mandão. Evan não parecia ser do tipo que recebia ordens, mas qual é, eu estava desesperada!

- Eu vou é? - Ele riu, desencostando suas costas da carteira. - Você não foi legal comigo na noite anterior, o que lhe diz que farei algo que você deseja?

- Eu sei. - Suspirei. - Me desculpe. É exatamente sobre isso que eu quero falar. - Olhei para os lados, escapando dos seus olhos que permaneciam focados nos meus. - Mas não aqui. - Deixei que a última parte saísse como um sussurro.

Alguém poderia me dizer o que diabos eu estava fazendo? Eu estava tão desesperada assim por respostas? Á ponto de ficar sabe-se lá onde com um dos possíveis suspeitos de matar minha irmã?

Ele assentiu de uma forma rápida, percebendo que eu realmente estava disposta à falar com ele, então se pois ereto antes de apontar para a porta.

- Então, vamos lá.

Concordei, passando pela porta sendo seguida por ele. Por alguns minutos me perguntei aonde poderíamos conversar em paz e sem sermos vistos, mas parecia que Evan já tinha pensando nisso.

- Tem uma porta que leva ao terreno, - Apontou para a janela. - Acho que não seremos vistos lá.

- Eu espero que não. Se Daniel souber disso, estou ferrada. - Maldita boca! Senti meu rosto arder e procurei em minha mente alguma forma de me desculpar. - Me desculpe.

- Você pede muitas desculpas. - Ele riu. - Você só fala o que pensa, isso é tão errado assim?

Dessa vez fui eu quem ri, porém, de uma forma completamente diferente da dele. Eu estava mais do que envergonhada. Estava ali, tentando me redimir por ter sido tão rude com ele na noite anterior, e ao invés de melhorar as coisas eu estava as piorando.

Deixei que sua pergunta se desfizesse no ar, enquanto virávamos o corredor que nos levaria até a tal porta. Evan notou meu desconforto, visto que não fez mais nenhuma pergunta que eu não pudesse responder e nem falou mais nenhuma palavra até termos atravessado à porta.

O campo parecia mais belo do que eu me lembrava, e ainda mais belo do que a janela nos permitia ver. Há quatro anos aquele era o lugar em que as garotas se reuniam para dançar enquanto os caras tocavam alguma música que as fizesse agir daquela forma. Porém, com a mudança do diretor, isso mudara. Agora ali, era só um campo vazio e seco, com um matagal denso que nos permitia ver apenas um banco de concreto distante. E foi para lá que seguimos.

Depois de Evan me dizer para andar atrás dele e pisar aonde ele pisava, finalmente nos sentamos no banco. 

- Pensei que precisaríamos de um facão pra passar por ali. - Brinquei, tentando descontrair a tensão do momento. Ele riu balançando a cabeça em concordância.

- Aqui costumava ser mais bonito. Ainda é. Só que agora um pouco mais... selvagem.

Ri com a sua definição. Ele me acompanhou.

- Não me lembro de você. 

Alguma coisa estava me dizendo que aquela era eu fugindo do assunto principal. 

- Pois eu me lembro. - Ele pensou um pouco. - No primeiro dia de aula, no segundo ano, você tropeçou nos pés de Ambre e derrubou todos os seus livros.

- Ah meu Deus! - Exclamei, me contendo o máximo possível para não rir. Claro, que essa tentativa foi em vão. - Eu me lembro disso!

Novamente, Evan me acompanhou. Notei que seus ombros se mexiam enquanto ele ria e seus olhos se fechavam brevemente antes que sua boca emitisse algum som. Agora eu podia ver com clareza porque  Ambre gostava dele.

Mas não era disso que se tratava, eu não estava ali para admirá-lo e como poderia? Se Evan fosse mesmo o assassino de minha irmã, significava que eu estava conspirando contra a memória dela, de alguma forma. Não importava o quão belo ele fosse, eu não poderia pensar nisso enquanto não tivesse plena certeza de que ele era completamente inocente. Porém, parte de mim se sentia estranha quando ele estava por perto. Não de uma maneira ruim, mas como se algo emanasse dele de uma forma que, nem eu e toda minha arrogância, pudêssemos escapar. Me foquei no assunto que me levara ali e flerte não era um deles.

- Evan... - Comecei, pausando e respirando fundo antes de continuar. - Eu gostaria de pedir perdão... Pela noite anterior. Eu fui extremamente rude. Ninguém merece ser acusado de nada sendo que é inocente...

Ele me interrompeu, olhando firmemente em meus olhos.

- Você acredita na minha inocência?

Isso havia me pego desprevenida. Eu não podia responder isso. Não sabia ainda no que acreditar. Então preferi a forma mais prática: contornar o assunto.

- Não há provas concretas que você tenha... Você sabe, assassinado Ambre. E eu não sou melhor que você para poder te julgar dessa forma.

- Por mim está tudo bem. - Ele deu de ombros, como se não fizesse diferença. Mas eu pude notar que seu rosto estava duro e cansado e que ele se importava sim. - Já faz mais de uma semana que as pessoas estão me olhando da forma que você me olhou.

Meu coração perdeu uma batida. Eu sabia como ele se sentia. Sabia exatamente como era, quando as pessoas te olham como se você tivesse culpa de algo. Isso tinha acontecido quando o carro em que eu estava com meus pais capotou. Todos na cidade me encaravam como se eu tivesse algo haver com aquilo, pelo simples fato de eu estava no lugar e ser a única que sobreviveu. E depois disso, quando as respostas chegaram, os olhares mudaram. Eles passaram a me encarar com pena, como se sentissem muito por terem me julgado injustamente. E eu havia feito isso com Evan na noite anterior. Parte de mim queria que ele fosse inocente, mas a outra parte me lembrava de que as digitais dele estavam no corpo e que ele estava coberto de sangue quando a policia apareceu, sem nem sequer uma lágrima em seu rosto. Como eu poderia decidir? Sendo que a única pessoa que realmente podia me responder aquilo concretamente, estava morta?

- Só não peça desculpas novamente. - Ele brincou, afastando meus pensamentos e tentando descontrair o momento. - Porque como eu disse, você faz isso demais.

Esbocei um sorriso, ainda confusa demais com o turbilhão de pensamentos que me envolvia.

A mão de Evan surgiu na frente do meu rosto, e entre seus dedos um cigarro de papel balançava em câmera lenta. Olhei para ele assustada o fazendo rir alto, enquanto dizia:

- Aceita?


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Notas finais do capítulo

Ai ai, eu pessoalmente amo esse capítulo ♥ porque será né? heuehuehuhe'
Para as meninas que me perguntaram sobre o estado do meu vovozinho, eu falei com ele pelo celular hoje, e tirando a parte de que ele está puto por estar internado, ele está bem melhor *-* Só tenho que agradecer a Deus *-*
Mas voltando a fic, me digam o que acharam *--------*
Boa tarde, fiquem bem!
Aaaah, e pra quem acompanha Beautiful Soul tem atualização hoje, mais tarde! Vejo vocês lá!
Beeeeijos :*



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