Conspiração Divina - Versão I escrita por Jubs C, Julia Brito


Capítulo 21
Descoberta.


Notas iniciais do capítulo

Tudo bem, meu nyah está todo bugado, sabe-se Deus porque. Mas saiu o capítulo.
Por isso, perdoem os erros ou qualquer coisa do tipo. E aproveitem o capitulo ;)



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Abri a porta, sentindo minha mão suada escorregar lentamente pela maçaneta, enquanto eu cogitava mentalmente a ideia de ir embora correndo. Seria covarde de minha parte, mas ainda assim, me parecia o certo a se fazer. Porém, a curiosidade fora maior do que qualquer sentimento que eu pudesse ter naquele momento, o que me levou a escorregar para o lado de dentro da casa.

A cozinha. O único cômodo que eu não tinha visitado quando viera aqui pela primeira vez, mas ainda assim era exatamente como eu imaginava. Pequena, porém, organizada, como todos os cantos da casa.
Esperei para ter certeza de que as "visitas" tinham ido embora, para poder sair do lugar, entrando em passos lentos e incertos, na sala.

Evan permanecia na mesma posição que estava quando Sophie deu o recado, suas costas retas e seus olhos perdidos, sua expressão era um tanto quanto surpresa.

Suspirei, ele realmente tinha acreditado naquela história?

- Charlote, huh? - Murmurei.

Um belo jeito de começar um assunto sério, eu merecia um prêmio por isso. Mas, com toda a tensão que, praticamente, sugava o oxigênio, aquela fora a única frase que pude formular. Ao contrário do que eu imaginava, minhas palavras despertaram sua atenção, e ele se virou, fixando seus olhos nos meus sem nem ao menos ter que procurá-los.

- O que você está fazendo aqui?

- Estava vindo com Sophie, lhe fazer... umas perguntas. - Balbuciei. - Mas vimos que você estava com visitas.

- Não eram visitas. - Rebateu, passando por mim em passos rápidos em direção a cozinha. Sua voz estava grave e tensa, como se eu fosse a última pessoa no mundo que ele queria ver naquele momento.

Tentei não deixar isso me abalar, mas foi em vão. A forma como suas palavras me atingiram, me lembrava agulhadas repetidas em um mesmo lugar. Procurei buscar no fundo de minha mente alguma resposta, mas estava difícil, Evan estava simplesmente me ignorando.

- Certo, não eram visitas. Sua ex?

- Talvez.

Eu o amava, mas também era orgulhosa e seu jeito de responder a tudo o que dizia, estava machucando profundamente meu orgulho. Ergui as mãos e aumentei meu tom de voz.

- Talvez Sophie estivesse certa. Seria melhor que eu terminasse com você. - Muito adulto!

Ele se virou, sua expressão mais dura do que nunca. Por um momento, podia jurar que vi uma sombra de tristeza em seus olhos, mas se ela realmente passou por ali, ele fizera questão de que partisse antes que eu pudesse ter certeza de tê-las visto.

- Não há o que terminar.

Fingi que não tinha escutado e continuei a disparar minhas palavras da forma mais rápida que pude.

- Você pareceu surpreso quando Sophie disse aquelas coisas. Tenho certeza que não era só para mim, que existia algo.

- Reveja seus critérios então, Melanie.

Eu tentava rebater à tudo o que ele falava, mas Evan parecia ter as frases na ponta da língua, como se nada que eu dissesse o abalá-se.
Tentei controlar a dor que explodia dentro de mim, mas estava insuportável, pude sentir meus olhos ardendo e minha boca se tornando seca, mas nada disso me impediu de perguntar o que eu mais queria saber.

- Quer que eu vá embora?

Evan não excitou, foi rápido, duro... confiante. Antes eu não tivesse perguntado.

- Quero. - Ele se aproximou alguns passos, parando a centímetros de mim, seus olhos grudados nos meus. Eu era capaz de sentir sua respiração pesada em meu rosto. - Quero que saia por essa porta e não volte nunca mais.

- Por quê? - Por mais que eu soubesse que estava fazendo papel de idiota, parte de mim me lembrava que eu não podia deixar as coisas acabarem assim. - Porque eles mandaram? - Fiz uma pausa ao notar seus olhos ficarem surpresos. - Sim, eu ouvi. Ouvi tudo. Quem são eles, Evan?

- Você não quer saber.

Seu rosto ainda estava próximo do meu, me impossibilitando de pensar direito, mas aquela, com a mais absoluta certeza, não era a hora de deixar que o desejo de tocá-lo tomasse conta de mim.

– Eu quero. - Murmurei. - Chega de segredos, por favor.

– Não posso lhe contar.

– Não pode ou não quer?

Dessa vez sua voz vacilou e ele pareceu perdido em pensamentos, como se observasse os prós e contras daquela conversa.

– Não quero.

– Se me contar vai ter que me matar?

Uma risada irônica escapou de sua garganta. Qual era a graça naquilo tudo?

– Não vou matar você. Mas eles vão.

Eles? Charlote?

Não, Harry.

– Ele me pareceu inofensivo. - Rebati. E realmente parecia. Não era muito mais velho que Evan, parecia ter seus vinte e poucos anos, os cachos loiros cobrindo sua testa, a fisionomia dura e o queixo petrificado, como se mantivesse aquela expressão a tempo o suficiente para se congelar nela.

– Ele... O que ele é... Não é tão amistoso quanto parece.

– E o que ele é? O que Charlote, é? - Respirei fundo, sugando todo o ar de meus pulmões, antes de perguntar. - O que você, é?

– Não sou igual à eles. Não mais.

– Está fugindo do assunto principal, Evan, está me enrolando. De novo.

Mais uma risada. Sombria. E então seus dedos se atreveram a tocar meu rosto, numa carícia leve que ia do final do meu queixo até minhas bochechas. As sombras de seus olhos tinham desparecido, ele parecia triste, como se lhe doesse dizer tudo o que estava dizendo.

– Melanie, - Começou, deixando que sua voz se tornasse doce ao falar. - No fundo você já sabe a resposta. Só não consegue enxergá-la.

– Então abra meus olhos. - Sussurrei, sentindo que minha voz perdia o som, baixa demais para que qualquer pessoa à uma curta distancia pudesse ouvi-la. - Não minta mais...

– Eu não menti, anjo. - Suas barreiras tinham caído, as minhas foram ladeira à baixo, juntamente com as suas. - Me diga o que quer saber, e eu lhe digo. Sem mais mentiras. - Uma pausa curta e o silencio tomou conta do lugar. Não respondi, sabia que ele ainda não tinha terminado. - Você já está em perigo há muito tempo, deixar que essas sombras permaneçam em seus olhos não vai nos ajudar.

– Me conte sobre Amber. Você sabe o que aconteceu, não sabe?

Ele assentiu.

– Quem a matou, Evan?

– Eu sei de muitas coisas sobre isso, mas não sei quem a matou. Acredite em mim, venho procurando esse tempo todo.

Acreditei nele, sua voz, seu rosto, tudo me parecia sincero demais para duvidar.

– Achei algumas fotos, você está na maioria delas. Não me parecem recentes. - Aproveitei o momento para colocar tudo o que sabia para fora, deixar a mostra todas as minhas duvidas. Sem mais mentiras, ou segredos. - Porque não são recentes não é?

Ele negou, ainda sem responder em voz alta, esperando para que eu terminasse de disparar minhas perguntas.

– De onde você conhece Sophie?

Um riso abafado escapou de sua garganta e sua boca se abriu brevemente para responder. O relógio na parede era o único som que eu podia ouvir e quando ele bateu novamente, Evan finalmente respondeu.

– Sophie e eu temos uma longa história. Lutamos juntos, diversas vezes.

– Aonde?

Evan demorou um pouco para responder, como se procurasse uma resposta que eu compreendesse completamente.

O silencio era torturador, cada segundo era angustiante e sua demora em falar só tornava tudo mais doloroso.

– No céu... - Meus olhos se fixaram nos dele nesse exato momento. Por um instante achei que tivesse escutado errado, mas a confirmação veio em seguida. - Somos anjos, Melanie.

Não fiquei assustada, talvez surpresa, mas ainda assim nada daquilo me parecia gozação ou mentira. Como se parte de mim já soubesse disso.
Pude sentir minha garganta secar e meus olhos arderem, mas não quebrei o contato, precisava daquilo para ter certeza de que cada palavra era verdadeira.

– Vocês são o que?

– Não vai me chamar de mentiroso? Ou socar a minha cara? - Evan riu, um sorriso triste. - Somos caídos. - Respondeu seriamente. - Há muito tempo.

– Como na bíblia?

Me senti uma criança descobrindo coisas novas, mas naquele assunto, eu era realmente uma criança.

– Parecido. - Ele riu. - Quero dizer, não caímos com Lúcifer, nossa queda não foi relatada na bíblia dos homens. - Evan pode notar minha confusão, então se apressou a explicar. - Cada anjo que caí, perde suas assas. Pensávamos que nos tornaríamos humanos, mas não havia relatos concretos. Fomos estúpidos e egoístas. Alguns de nós passamos para o lado negro, alguns permaneceram na luz, compartilhando cada dia com os humanos.

– Sophie e você... são... do lado negro?

Ele riu.

– Não. Não mais.

– O que quer dizer com isso?

– Quero dizer, que eu já fui. - Ele foi sincero, exatamente como o combinado. - Sophie não, ela era um anjo da guarda antes de cair. E se tornou o seu depois da queda, não é a sua primeira vez na Terra, você só não se lembra. - Suas mãos gélidas que permaneciam em meu rosto, voltaram a acariciar minhas bochechas, seus olhos vagando dos meus olhos para o resto de minha face. - Já eu, fui arcanjo, lutava guerras, fazia parte de um exercito que vez ou outra precisava da ajuda de guardiões. Quando caí, isso não mudou, apenas me tornei corrupto, trapaceiro. - Seus olhos negros voltaram para os meus e seus dedos agarram meu queixo. - E então conheci você. E me apaixonei.

Congelei, estava absorvendo cada palavra sua, como se tudo aquilo fosse uma lembrança, como se eu já soubesse de tudo, mas ainda assim disposta a ouvir novamente.

– Uma garota simples, que fez com que eu me apaixonasse completamente. Mas eu tinha inimigos, dividas para pagar. E me cobraram da pior forma possível.

Uma luz se expandiu em minha cabeça, imagens foram criadas lá dentro, me obrigando a abrir meus lábios para responder.

– Me mataram. - Minha frase soou como uma pergunta, mas minha voz foi falha mostrando a Evan que eu estava completamente ciente de tudo. Ele assentiu. - Você fez isso?

– Matar você?

– Não. - Neguei com a cabeça. - Isso, aqui dentro. - Levei uma de minhas mãos em direção a minha cabeça e a apertei, estava latejando. - Você tem poderes?

– Posso ter tido minhas assas arrancadas, mas algumas cicatrizes nunca se curam. - Respondeu. - Foi uma memória. Uma memória minha. De você.

Recuei, minha mente explodia, precisava ir para casa. Precisava ir para casa agora.

– Tenho que ir.

– Melanie... - Ele segurou meu pulso, me fazendo virar para observá-lo.

– Por favor...

Evan assentiu, soltando sua mão de meu braço e me deixando cambalear até a porta. A atravessei e peguei o telefone.

Precisava de uma carona.


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Notas finais do capítulo

Posso dizer, tive um surto e escrevi esse capítulo u_u hahah o que acharam? *-------* Me digam, por favoooooor D:
Até a próxima ;*



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