Armistices Of Love escrita por TheSmithSisters


Capítulo 4
Trust is a luxury that few have...


Notas iniciais do capítulo

5 leitores e nenhum coment?Snif snif. Eu e minha siss decidimos dar mais um gostinho pra vcs. kkk. Boa Leitura! ;)
PS: Foto do Jake
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POV Destiny


Eu não tinha pregado o olho nem um segundo sequer daquela noite. Todos os músculos do meu corpo se contraíam, minha cabeça zunia e parecia que minha cama estava infestada de formigas. Meu coração era um trambor que rifava sem discanso ameaçando parar de bater a todo instante. Era hoje. Eu finalmente teria meu primeiro dia de aula. Destiny Hope Clark Smith. Meu novo eu saltitava dentro de mim.

7:25. Minhas aulas começavam às 8:00. Eu sabia que nem Peeta ou Katniss iriam me acordar, e como não queria chegar atrasada no primeiro dia de aula resolvi tomar a iniciativa. Vesti uma calça jeans clara skinny, uma bota de couro roxa, a regata preta e por cima um casaquinho de franjas cinza com as pontas em um tom metálico. Apesar de Peeta ter sugerido que eu comprasse materiais novos, usei a mesma mochila de sempre; a velha bolsa de couro marrom surrada.

Me apressei até chegar a mesa do café que estava vazia. Porém reconheci uma voz que vinha da cadeira do canto.

– Effie? - perguntei me deparando com seus cílios postiços azuis e o vestido sereia verde limão bem gritante, quase amarelo.

– Destiny queridinha! - seus salto cheios de borboletas fizeram um barulho irritante até mim.- Como você está coração? - ela apertou minha bochecha e começou a colocar cada fio do meu cabelo no lugar.

– Nossa. Eu estou...ótima! O que faz em casa?

– Na verdade eu sou a diretora do District 12 High School. - meus olhos se arregalaram.

– Sério?

– Seríssimo.E agora mesmo vou te levar para escola. Não pode se atrasar mocinha.

– Mas e os meus pais? Onde estão? E o Dany?

– Não se preocupe querida. Katniss e Peeta estão em uma reunião do prefeito distrital e Daniel, seu irmãozinho, está na escola Primária do Distrito 12. As aulas dele começam 7:30 e já as suas às 8:00. Em compensação você só vai embora às 15:00 e ele às 13:00. - ela puxou meu braço me dirigindo para fora de casa e me levando para a limusine branca.



No caminho para a escola, comi uma maça o que foi suficiente e o bastante, já que eu pensava que não iria conseguir digerir nem uma migalha de tanta ansiedade. A escola era grande, com um enorme pátio, janelas de vidro, paredes em tons azuis, vermelhos e cinzas. Painéis com frases estimulativas e áreas ao ar livre.

Ao sair da limusine todos os olhares se dirigiram à mim, o que foi desconfortável. Todos pareciam se encaixar, ter sua parte naquele lugar, menos eu.


– Fiu-fiu! - um garoto loiro de olhos castanhos assobiou quando passei perto dele e eu desejei poder esconder a cara nos livros que segurava.


Para piorar a situação todas as meninas me olhavam como se me odiassem, com cara de desgosto e nojo.


– Circulando! Todos, circulando! - Effie gritou e todos começaram a andar para suas salas enquanto o sinal batia, ainda me encarando. - Sinto muito por isso doçinho. - ela sussurrou para mim.

– Tá tudo bem Effie, você só está sendo uma boa madrinha. - eu sabia o quanto essas palavras deviam ter significado para ela, principalmente porque minha mãe odiava o fato de Effie ser minha madrinha.


Tinha que chegar até a minha primeira aula. Milhares de pessoas andavam de um lado para o outro se esbarrando e empurrando. Até que sem querer esbarrei em um garoto fazendo seus livros caírem.

– Ei! - ele falou, porém quando nossos olhos se encontraram foi como se o tempo parasse por alguns segundos. Era o garoto idiota-porém-lindo do mercado. Ele apenas tentou me fuzilar com o olhar e então desistiu caminhando de volta ao eu destino.

Fui até a minha sala. Primeira aula: História. Subi as escadas até o segundo andar, sala 347. Abri a porta de madeira grossa com uma pequena fresta de vidro. Lá, todos os alunos conversavam, cuchichavam, batucavam, gritavam, cantavam, faziam bagunça enquanto o professor ainda não estava em sala. Ao entrar, era como se o tempo tivesse parado e todos de repente se centraram em mim, o que me devastou de agonia por dentro. Ele estava lá. O garoto.

Sentei-me devagar em uma cadeira consideravelmente do fundo e abri um livro fingindo estar interessada em lê-lo. De repente um garoto de cabelos louro-mel e olhos verde esmeralda me cutucou com um sorriso simpático.


–Eu acho que seu livro esta de cabeça para baixo. - e estava mesmo. Eu estava fingindo estar lendo um livro, e nem isso eu sabia fazer. Constrangida virei o livro com um sorriso forçado.

– Obrigada. Eu acho.

– Eu sou Evan Russel.

– Eu sou Destiny Hope Ev... Clark Smith! - apertamos nossas mãos e senti uma troca de temperaturas.Porém fomo interrompidos pelo professor que chegou bem à tempo.

– Bom dia classe! - todos resmungaram “bom dia Sr. Butler” mas pude jurar que ouvi alguém dizer “bom dia Sr. Babaca” e risadinhas. - Bom... sei que hoje iniciaríamos um tema muito importante da nossa história denominada “A Revolta do Tordo” - eu sabia exatamente do que se tratava. Da revolta dos meus pais. - Mas antes...gostaria de apresentar a nova aluna do 12 High. Srta. Destiny Hope Clark Smith. - o professor fez um gesto em minha direção pedindo para que eu fosse até o centro da sala. A vergonha me consumiu. Dei um aceno sem graça e fiquei corada. Completamente.

– Fiu-fiu – um dos garotos assobiou.

– Gata! - completou o outro. O professor os reprimiu com o olhar.

– Vou pegar meu livro da história da revolução e volto em cinco minutos. - o professor saiu e os murmúrios começaram novamente.


Voltei até meu lugar e tentei ficar invisível mentalmente. Até que o garoto gritou:


– Ei gata! Você vai me dar uns beijos, se sim sorrisinho, se não mortal pra trás. - todos os alunos começaram a rir, mas eu não. Levantei da cadeira e dei, literalmente uma mortal pra trás quase acertando uma das carteiras. Essa era outra habilidade oculta.

– Será que fui clara? - perguntei ficando cara a cara com o garoto. As risadas pararam e o ambiente ficou tenso.


Ele me pegou pelos cotovelos e me jogou contra as paredes, o que me causou uma dor nos ossos das costas.


– Me beije.

– Me larga! - gritei sufocando, tentando o bater.

– Você sabe que me quer.

– Me deixa em paz seu louco!


Ele não me deu ouvidos e começou a se aproximar me prensando com mais força. Até que ouvi uma voz familiar. Doce.

– Deixa ela em paz. - era ele. Ele. O garoto mais idiota do mundo.

– Aé? Me obrigue Odair. - o garoto me largou e se virou para o rapaz de cabelos escuros em quem eu havia tacado um pedra.


Ele deu um soco no garoto e parecia...com muita raiva. Furioso. Dava socos e mais socos até que eles caíram e começaram à rolar um em cima do outro se batendo, se chutando e se estapeando.

– Parem com isso! - tentei parar com a briga porém quase levei um golpe.

– Ei, ei ei! O que está acontecendo? - o professor chegou porém a briga não parou.

– Luca! - um rapaz ruivo apareceu e o agarrou. Eu conhecia aquele rapaz.

– Calma ai! - outro rapaz exatamente igual ao primeiro aparecei e tirou Luca do chão. Eram os gêmeos. Luca, o lindo rapaz que também era irritante estava com a boca sangrado e tinha um pequeno corte perto dos lábios, na bochecha esquerda. O outro garoto se levantou do chão e saiu em disparada pela porta, sem nem dar sinal. Suspirei.

– Me deixe te ajudar. - peguei o pulso de Luca. Ele estava suando e o corpo estava pegando fogo, parecia que ao nos tocarmos trocamos uma carga elétrica. Levei-o até a enfermaria.



A enfermaria estava fechada, então fomos até o banheiro. Lá ele bochechou diversas vezes, porém o sangue não parava de escorrer se sua boca. Pedi para que ele se sentasse no baquinho de madeira. Peguei um pedaço de papel cuidadosamente e molhei-o em pouca quantidade. Fui até ele e me ajoelhei. Comecei a passar de leve o papel em sua ferida na bochecha.


– Ai... - ele resmungou da primeira vez e depois me olhou como se penetrasse o fundo da minha alma por meio de meus olhos. Parecia com raiva. Ainda furioso. Extremamente furioso. E quando me encarou seu olhar ficou...terno.

– Por que fez aquilo? - perguntei.

– Eu não fiz nada. - ele respondeu grosso, falando entre os dentes.

– Você me salvou daquele idiota. Por que? - ele virou a cabeça e encarou as paredes alaranjadas.

– O Blaine é um cara idiota. E com más intenções na maioria das vezes. - seus olhos se viraram e fitaram os meus novamente e foi como se um corrente elétrica estivesse sendo passada – Até você, não merecia aquilo. - Ele se levantou da cadeira e deu um passo.

– Ei. - puxei seu pulso musculoso. - Obrigada. - ele assentiu com os olhos e sem perceber ficamos lá nos olhando por um longo tempo. Eu estava perdida no azul de seus olhos intensos, como um mar sereno no meio de uma tempestade. Minha mão foi inconscientemente descendo e tocando seus dedos, e quando toquei seu indicador, ele fechou sua mão na minha. Um segundo depois de perceber o que havia acontecido nós dois recuamos nossas mãos. Fingindo estar ocupada peguei o papel novamente e limpei a última gota de sangue de sua bochecha. - Prontinho. - ele deu um longo suspiro. - Afinal, eu sou...

– Destiny. É, eu já estou sabendo. Eu estava na aula.

– Ah. Então, seria bom se voltássemos...


BAM! A porta do banheiro deu um baque tão alto que pensei que iria cuspir meu coração pra fora. Eram os gêmeos.


– Lukita!! Ficamos tão preocupados com nosso miguxo! - os dois o abraçaram e ele se contraiu parecendo envergonhado. Até que os olhares dos dois foram até mim.

– Garota Mistério?! - os dois perguntaram ao mesmo tempo.

– Oi meninos! - dei um aceno que não durou mais que um nanosegundo, pois os dois correram em minha direção me levantado no ar e me deixando mais alto do que eu gostaria de estar. - Me soltem! - eles me deixaram no chão rindo. Luca parecia confuso. - Seus bobos.

– Calma ai. Vocês conhecem ela?

– Claro é a nossa garota misteriosa. Por que? Ciúmes Odair? - o 2 falou rindo.

– Claro que não. Eu já conhecia ela. E ela me tacou uma pedra na cara. - Luca me olhou quando disse a última parte e eu desviei o olhar.

– Que interessante ela também quase me matou. - o 1 alisou sua barba não existente.

– Sabe o que é mais interessante? História. - Empurrei-os para fora do banheiro e os gêmeos se agarraram em mim.

– Então Destiny, agora sabemos seu nome.

– Então decidimos que seria justo contar os nossos.

– Eu sou Matt. - disse o 1.

– E eu sou Mike. - respondeu o 2.

– Já que estamos nos apresentando formalmente... Eu sou Destiny Hope.- apertamos nossas mãos e rimos, Luca ainda nos encarando.



As aulas tinham passado rápido já que os meninos não eram das minhas outras turmas. Nada de diferente aconteceu o dia todo, os meninos ficavam me paquerando com cantadas baratas e as garotas me fuzilavam com ódio. Effie me deixou em casa. E depois de poucas horas, adormeci.



Eu tive sonhos muito estranhos. Confusos. Com o Luca. Isso me deixou tão perturbada que também quase não preguei o olho a noite tentando expulsá-lo de minha cabeça. Effie me deixou na escola e ao andar pelos corredores ficava obvio a massa de olhares diante de mim. Aquilo me deixava extremamente com raiva.


– Des! - Matt e seu irmão apareceram atrás de mim.

– Oi meninos! - dei um abraço neles e seguimos para a aula de Inglês. - Novidades?

– Na verdade sim – Mike olhou para seu irmão de forma divertiva.

– O que aconteceu?

– Nós não vamos te contar. - olhei para os dois incrédula.

– Como não?

– Não se preocupe. - Matt colocou a mão envolta de meu pescoço. - Você vai saber de qualquer maneira.


Revirei os olhos confusa e quando entramos na sala quase tropecei no pé de uma das líderes do torcida, que por um acaso tinha colocado o pé lá intencionalmente.


– Olha por onde anda! - ela resmungou com sua voz irritante. Somente a olhei a fuzilando ligeiramente. Observei o uniforme das líderes de torcida. “Go Mockingjays!”. Tordos. Ótimo. O nosso time eram os Tordos.

– Que garota mais estabanada. - Mike resmungou xingando-a.

– Vamos esquecer isso. Não importa.


Poucos instantes depois de sentarmos o Sr. Morgan entrou na sala.


– Bom dia à todos. Antes de falar sobre o relatório que vocês terão que fazer gostaria que prestassem atenção aos auto-falantes e que se levantassem como forma de respeito por favor.

Nos levantamos e poucos instantes depois o hino da escola começou. Por algum motivo que me encomodou, as palavras “Tordo”, “Revolta” e “Esperança” apareciam diversas vezes ao longo da música. Ao final da música ouve um anúncio. Logo reconheci a voz de Effie.


– Bem-vindos, bem-vindos! A mais um dia espetacular na Distrcit 12 High School. Como devem saber este semestre estamos invocando as escolhidas que foram selecionadas e votadas para fazer parte do concurso Miss Panem. As escolhidas são: Kelly Brand, Jessica Sparks, Brittany Gilbert, Savannah Wright e nossa belíssima aluna Destiny Hope Clark Smith. - pulei do meu lugar. Os meninos começaram a dar gritinhos e assobiar e as garotas reviraram os olhos.

– Surpresa! - os gêmeos disseram ao mesmo tempo.


Meu estômago foi se contraindo, minha cabeça começou a martelar e então senti meu corpo ficar mole. Caí e senti que não tinha batido contra o chão, braços fortes me seguravam. Reconheci os olhos verdes de Evan, consegui ver que ele me encarava com preocupação apesar de minha visão estar embaçada, e deixei minha cabeça cair mole para o lado, os meus olhos pesando. Luca parecia um cachorro raivoso tentando se controlar para não atacar. Ele não olhava para mim, olhava para Evan. De repente, tudo ficou escuro.



Eu sentia algo gelado em minha testa. E um gosto de remédio na minha boca. Abri meus olhos meio centímetro e a primeira coisa que vi foi Luca Oddair. Ele estava sentado em uma cadeira na minha frente e me fitava pensativo. Quando virei minha cabeça ele discretamente virou o rosto para a janela. Abri meus olhos totalmente.


– Luca? O-o que está fazendo aqui? Onde estou? - me levantei e a compressa de gelo caiu de minha testa.

– A enfermaria. Me mandaram te levar pra cá quando você desmaiou entre o segundo e o quinto período. Depois de ontem, acham que somo tipo...amigos. - ele colocou aspas nos amigos o que causou uma ardência em minha garganta. - Agora que você está acordada deveríamos ir pra classe.

– Claro.


Quando entramos na sala todos pareciam curiosos. Agora eu lembrava o que tinha acontecido. O concurso Miss Panem. Eu ia estrangular aqueles dois. Estávamos sentados em duplas. Mike estava com Luca na mesa do meu lado, e na mesa a sua frente estava Matt com alguém que eu não sabia quem era. Eu estava com uma garota loira, com olhos azuis doentios, óculos preto de armação grande, batom vermelho, sombra preta e ela chupava um pirulito.

Eu não estava nem aí para o que o Sr. Bennedet estava falando, eu não queria saber nada da anatomia dos sapos nesse exato momento. Arranquei uma folha do meu caderno e escrevi:


“ O que vocês fizeram!? Por que meu nome está naquela lista de garotas?! É

bom vocês concertarem isso!”


Fui passar para o meninos porém Luca tocou meu braço e puxou o bilhete de minhas mãos.


– Não. Você não faria isso. - sibilei com os lábios.

– Quer apostar? - ele tocou a dobra do papel e no mesmo instante o sinal do fim da aula tocou.

– Me dá isso! - gritei indo até ele. Luca se levantou e ergueu o braço.

– Vem pegar lindinha.

– Luca!


Ele saiu correndo e fui atrás dele. Ele entrou no vestiário masculino. Esperto. Pena que ele não sabia que eu não tinha medo de entrar lá.


– Olha uma garota!

– Uma menina!

– Cara tem uma garota do vestiário masculino!


Todos os garotos começaram a ficar estéricos. Que frescura.


– Pega o que te pertence Des. - Luca balançou o bilhetinho na minha cara e o tirou com rapidez. Eu suspirei e joguei meus cabelos para trás de forma sensual. Empurrei ele contra a parede do banheiro e ele me olhou confuso. Encostei meus dedos em seu peitoral e fui subindo até chegar em sua gravata. - O-o que você...

– Shh. - apertei sua gravata e o puxei com força contra mim. Nossos narizes se encostaram.

– D-destiny... - Entrelacei minha mão direita em sua nuca e ele se arrepiou. Suas mãos subiram pelas minhas costas e eu ri com a voz rouca. Fiz um carinho em seus cabelos e nossos lábios estavam quase se encostando. Por um mísero segundo realmente quis beija-lo. Mas então coloquei minha mão esquerda em cima de sua que estava sob minhas costas. A enlacei e fui descendo minha mão direita pelas costas dele. Luca ficou mole e suas mãos relaxaram. Peguei o bilhete de suas mãos e saí de seus braços.

– Háhá! - ri sarcástica.

– O-o que você acabou de...

– Isso foi esperteza Luca. Devia passar a usar a sua.


Dei as costas e sai rindo e ele ficou lá, abobado, que nem os meninos que me olhavam a medida que eu saía daquele lugar.



Na hora do almoço sentei com os gêmeos o que foi quase um milagre, pois um monte de garotos ficavam assobiando e mandando cantadas baratas, pedindo para eu sentar com eles. Acho que Luca ficou um pouco perturbado pelo que fiz com ele, pois percebi que ele tentou me fazer ciúmes quando sentou com as líderes de torcida. Mas em menos de 10 segundos elas expulsaram ele, porque ele não era um dos jogadores do time.

Teríamos educação física então fui direto para o vestiário feminino. Ao entrar esbarrei em uma garota de cabelos pretos e olhos hazel.


– Me desculpe! Foi sem querer. - eu disse recuando e esperando seu olhar fuzilador e palavras ofensoras e xingamentos.

– Que isso. Não foi nada, relaxa.

– Peraí, você não vai me xingar? Nem me fuzilar? Me matar com os olhos? Porque é isso que todas as meninas fazem comigo aqui...

– É só inveja. - a garota tocou meu ombro e deu um sorriso divertido como se risse internamente das líderes de torcida em suas tentativas de chamar atenção. - Aliás, meu nome é Silver. - Ela estendeu a mão e a cumprimentei.

– Eu sou..

– Destiny. Todo mundo da escola sabe. - ela revirou os olhos. - Fofocas ridículas.

– Pois é. - encarei as meninas do vestiário. A maioria usava o uniforme das líderes de torcida. - É isso que usamos na educação física?

– Não. As líderes de idiotice tem um treinamento a parte nas aulas de educação física. - ela colocou aspas na frase. - É como se não fizessem a aula. - Silver pegou as chaves do meu armário de minha mão e abriu meu armário. Dentro de lá havia uma roupa. - Isso é nosso uniforme.


Era um short minúsculo e uma regata que parecia apertar até os ossos.


– Isso? Mas isso aqui...deveria ser ilegal! - ela apenas deu ombros dizendo “Não podemos fazer nada com isso”.


Deus me ajude.



Eu havia colocado a mísera roupa mas não tinha saído do vestiário. Estava com vergonha demais pra isso. Silver estava me empurrando em várias tentativas inúteis de me fazer sair. Até que finalmente cedi. Ao entrar no ginásio os garotos se amontoaram e nos encararam o que foi terrivelmente constrangedor.


Meu Deus. Os garotos estão te devorando com os olhos Destiny. - Silver disse.

Eu quero que o chão me engula. - sussurrei de volta.


Iamos jogar volei, porém teríamos primeiramente o treinamento em duplas. Só o passe da bola. Como a treinadora West era mais uma das almas bondosas de 12 High eu tive que fazer dupla com o Luca. Depois que eu levei ele pra enfermaria todos achavam que éramos amigos.


– Cara por onde você andou toda a minha vida? - Luca chegou por trás de mim me segurando pela cintura. Eu dei um pulo e o afastei.

– Mantenha suas mãos aonde eu possa ver! - mandei e ele ergueu suas mãos vencido. - Mantenha elas à essa distância.

– Hum...gatinha raivosa. - ele arqueou a sombrancelha tentando parecer sedutor e depois deu uma risada. Um risada real.

– Cuidado Oddair. Não se meta em território proibido, é bem perigoso.

– Perigo é meu sobrenome. - ele deu um passo em minha direção e eu recuei.

– Para trás.

– Qual é o problema Destiny? Não é culpa minha se beleza me atrai.

– Conta outra. - falei sarcástica começando a dar passes de bola para ele. - Você joga muito mal Oddair.

– E você é linda demais Clark. Ambos deveríamos ser presos por tais crimes, e quando formos não se preocupe vou garantir que fiquemos na mesma cela.

– Você é ridículo.

– E você é muito durona. Uma durona linda. - Joguei a bola em direção ao seu estômago e ele se contraiu. - Golpe baixo! Muito, muito baixo!

– É assim que eu jogo coração. - cheguei bem perto dele e peguei seu queixo carinhosamente. Seus olhos tentaram segurar os meus porém minhas palavras quebraram o vínculo. - Eu jogo traiçoeiramente. - peguei a bola se suas mãos. - Portanto não confie em mim.

– E se eu já confiar? - ele chegou perto de mim e senti uma brisa de calor me atingir.

– Aí você está perdido... - afastei-o tocando seu abdômen e a sensação foi...perturbadora. Ele pegou minhas mãos e me puxou para perto.

– Acho que eu já estava perdido. Até você me achar. - Ficamos nos olhando e eu pensei que me afogaria naquele mar que eram seus olhos tão tão serenos e passionais. Até que ouvimos o apito da treinadora West indicando o fim da aula.

– Não.Confie. - larguei seu braço de minhas mão e a bola caiu entre nós. Saí andando.

Effie tinha resolvido ficar para o jantar. Claro que ela tinha mandado o Comitê de Cozinha particular dela preparar o jantar todo, o que eu considerava um desperdício de tempo já que só iam jantar seis pessoas, não um batalhão.

Havia pescado, bolinhos com glacê salgada, tortilhas de frango, carne de porco assada com aquele molho enjoativamente doce, arroz colorido, bebidas chiques, vinhos de três séculos atrás e sucos das mais nobres e exóticas frutas. Conversamos sobre a escola, sobre a formatura de Dany e que agora ele ia para a terceira série, sobre o meu desmaio, sobre a nova linha de roupas da Capital e que Effie estava louca para comprar novas roupas...Quando passamos para a sobremesa papai ganhou um olhar sério.


– Então Destiny hoje eu e sua mãe fomos a prefeitura. - Peeta segurou minha mão e mamãe o olhou. No seu olhar parecia ter despertado fúria.

– Está tudo bem? - perguntei confusa.

–Não exatamente....Parece que você esta envolvida em negócios relacionados à...

– Peeta! - Katniss gritou dando um pulo da mesa. - Não é uma boa hora.

– Quando vai ser uma boa hora em Katniss? Quando ela já estiver apaixonada por outro?

– Peeta você está destruindo nosso tempo em família por favor...

– Eu?! Não fui eu quem gritei! Não fui em quem começou isso! - Peeta se levantou e começou a discutir. Aquela cena estava destruindo meu coração como se ele fosse de vidro e estivesse rachando. Effie se levantou e cismou que o ursinho de Dany não estava conseguindo dormir. Eu sabia o que ela estava fazendo. Quando aquela discussão virasse uma briga Dany não iria saber lidar com aquilo. Eu não saberia lidar com aquilo. Porém, não conseguia mover um músculo, estava paralisada.

– Viu só?! - Katniss se sentou na cadeira de balanço de madeira e colocou a cabeça entre as mãos.

– A Destiny merece saber!

– Mas tem a hora certa Peeta! Por favor! Eu vou descobrir outra maneira. Não quero que ela sofra.

– Ela sofrendo ou não tem que saber o que pode acontecer Katniss! - Peeta fechou suas mãos em punhos e apoiou a cabeça na porta de mogno. Mamãe se levantou e encarou-o como se implorasse para que ele colaborasse.

– Eu sei o que é amar por obrigação. E minha filha não vai passar por isso. - Eu sabia exatamente ao que ela se referia, e meu coração já estava comprimido. Papai levantou a cabeça incrédulo, como se tivesse acabado de ouvir que o mundo acabaria.

– Você. Acha. Que. Me. Amar. É uma. Obrigação? - a pergunta foi pausada como se ele não conseguisse nem pronunciá-la.

– Eu nunca disse isso Peeta! Eu te amo e você sabe disso. - minha mãe explodiu e Peeta também. Eu não aguentei. Minha bochechas estavam quentes por causa das lágrimas e eu conseguia ouvir minha respiração cortada. Eu fungava.

– Não parece Katniss!


Fui para um lugar onde o único som é de calmaria e o quebrar das ondas. Onde a Lua não te questiona e onde areia é uma cama macia e terna. O litoral.



Quando cheguei na praia não havia nada. Como um deserto e aquele mar azulado brilhava só pra mim. A Lua cheia estava cintilante e iluminada. Tirei meus calçados e deixei meus pés se afundarem na água do oceano. Estava gelada.

Fui até uma árvore bem próxima da maré e sentei ao seu leito. Chorei sem medo me perguntando o que fiz de tão errado nesta vida para merecer aquilo. E principalmente...do que estavam discutindo? O que havia acontecido na prefeitura? E o que tinha haver com amar por obrigação? Era minha primeira semana de volta ao Distrito 12 e tudo já estava desabando a minha volta. Minha família. Estava se quebrando.

Ouvi passos ao longe pisando em cima das folhas de palmeira o que fez um barulho áspero. Assustada, me virei e vi a figura que me perturbava todo santo dia. Os olhos azuis estavam intensos com o brilho noturno, pareciam uma cachoeira cintilante e profunda, os cabelos estavam úmidos e mais escuros que o normal, de forma bagunçada como sempre, e ele estava sem camisa, somente com um short e totalmente molhado, parecia que tinha acabado de sair da água. Algo que eu não desconfiava.

Por impulso, tentei me levantar secando as lágrimas com a mão. Porém ele chegou mais perto, se agachou ao meu lado e pegou meus pulsos delicadamente.


– Ei...o que aconteceu? - eu virei meu rosto ainda fungando e com lágrimas descendo pela minha bochecha. Ela apertou minha mão e levo outra até minhas bochechas. Encostou em meu queixo e virou-o carinhosamente em sua direção. - Destiny... está perdida? O que faz aqui tão tarde?

– N-não é da sua conta seu... - minha voz estava trêmula e cortante. Eu queria xinga-lo, mas não consegui. Estava muito fragilizada.

– Idiota? Besta?- ele deu aquele sorriso que me fazia querer ir nas nuvens apesar de eu odiar o que isso causava em mim. - Se te fizer feliz pode me xingar com sua melhor munição. - eu dei um sorriso e quase ri. Quase. - Rá! Eu te fiz sorrir. - Ele deu aquele sorriso de novo. Droga. Apesar dele ter me feito sorrir eu ainda chorava. - Por favor...por que esta chorando?

– Meus pais eles...estão... - eu expremi meus olhos tentando me livrar das cenas de briga. - se desentendendo. - comecei a fungar novamente. As lágrimas estavam queimando meu rosto.

– Shh... - ele passou a mão lisa em minhas bochechas as secando e me acolheu em uma abraço terrivelmente aconchegante. Ele tinha o cheiro do mar com o cheiro de chuva. E era delicioso. Seu corpo estava quente apesar de molhado. - Vai ficar tudo bem... - lentamente ele foi me deitando em cima de seu corpo e me abracei nele sem me preocupar com nossa suposta rivalidade. Eu já havia esquecido daquilo. Agora era como se ele pudesse me proteger de tudo. E segurança era exatamente o que eu precisava naquele momento.

– Eu sou a pior filha na face da terra. Eles estavam discutindo por causa de mim...eu nunca deveria ter existido. - eu disse com a voz rouca ainda soluçando. Ele pegou minha mão esquerda e a entrelaçou na sua. Aquele gesto me trouxe paz e foi eletrizante, com várias correntes elétricas nos percorrendo. E então começou a fazer cafuné em meus cabelos mel.

– Destiny você não deveria se lamentar. É uma pessoa maravilhosa. Seus pais se orgulham de você, e disso não tenho dúvidas. - virei minha cabeça para cima e percebi que ele me olhava com ternura. Pisquei algumas vezes e sai de cima de seu tanquinho um pouco bruscamente demais. O desvínculo de nossas mãos causou uma ardência. Enterrei a cabeça entre os joelhos.

– Então por que eu sinto que sou a causa de todos os problemas? - comecei a soluçar de novo. Luca me puxou para perto de si e apoiou minha cabeça em seu ombro. Então pegou meu queixo e nossos narizes quase encostaram.

– Você que não devia confiar em si mesma.


Meus olhos ficaram realmente presos ao seus dessa vez. Os dele pareciam que iam saltar pra fora de tanto brilho, e ganhavam uma beleza pura, uma leve linha prateada no tom refletido da Lua. Suas mãos foram subindo em meus braços. Uma alisou levemente e delicadamente o meu pescoço o que me causou arrepios e a outra foi para minha bochecha fazendo-a arder ainda mais. Quando elas fizeram a menção para eu me aproximar não hesitei. Nossos narizes se tocaram e todo o mundo pareceu parar. Só se ouviam as ondas que quebravam e as marés. Uma de suas mãos desceu pela minha cintura e fui para mais perto de Luca enlaçando meus braços ao redor de seu pescoço e acariciando sua nuca. Eu sabia o que estava prestes a acontecer. E dessa vez, eu não queria parar.


Parece Tão Certo ( Feels So Right - Eagle-eye Cherry)

Orgulhoso demais

Pra ceder

A todo o amor

Que quero te dar

Então disse não

Diga que não é assim

Porque tudo que sei

É que você e eu fomos feito um pro outro

Você e eu fomos feito um pro outro


Orgulhoso demais

Pra ceder

A todo o amor

Que quero te dar

Então disse não

Diga que não é assim

Porque tudo que sei

É que você e eu fomos feito um pro outro

Você e eu fomos feito um pro outro


Parece tão certo

Isso parece tão certo

Isso parece tão certo


Perdida demais

Pra perceber quem

Bom, aqui está uma prova

Estou bem na sua frente

Não diga não

Pois não posso ir

Bem, tudo o que sei

É que você e eu fomos feito um pro outro

Você e eu fomos feito um pro outro


Parece tão certo

Isso parece tão certo

Isso parece tão certo


Muito tímido

Muito orgulhoso

Para falar

Muito alto

Muito elevado

Muito baixo

Muito fraco

Para saber

Demais

Para dar

Para querer

Para viver

Demais

Para dar

Para querer

Para sentir

Bem


Você diz "não"

Ainda assim eu não vou embora

Porque tudo que sei é

Você e eu fomos feito um pro outro

Você e eu fomos feito um pro outro


Parece tão certo

Parece tão certo

Isso parece tão certo


Muito tímido

Muito orgulhoso

Para falar

Muito alto

Muito elevado

Muito baixo

Muito fraco

Para saber

Demais

Para dar

Para querer

Para viver

Demais

Para dar

Para querer

Para sentir

Bem


Parece tão certo

Parece tão certo

Isso parece tão certo



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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Se estiver tão ruim assim pelo menos falem ok? Não tem como melhorar sem cometer erros! Beijos Beijos.