Casamento De Fachada escrita por gashka


Capítulo 21
O Começo


Notas iniciais do capítulo

Finalmente, o fim! Um título meio peculiar para o último capítulo, mas quando chegar lá no final vocês vão entender. Boa leitura!



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POV Alice

– Eu estou com muita, muita vontade de ir tomar sorvete.

Era o segundo dia em que o Jasper faltava às aulas e eu decidi apenas ignorar aquilo por enquanto. Dar a ele o tempo que ele precisava e tudo mais, mas tinha certeza de uma coisa: precisava conversar com ele antes do casamento, o qual aconteceria no sábado. Eu estava pirando com isso.

– Minha nossa, por que toda essa vontade repentina? - Perguntou a Jane. Ela não sabia, mas toda essa história do sorvete era um pretexto para juntar ela ao Alec.

– Ah, qual é! Olha só o sol que está fazendo esses dias. Você sabe como isso é raro aqui em Forks, Jane. - Falei, piscando pro Alec, que sorriu.

– Ok, vamos tomar sorvete amanhã à tarde então. - Ela resmungou.

Não estava sendo nada fácil andar com a Jane durante aqueles dias, mas depois do soco que o Jasper havia dado no Alec eu senti que precisa me redimir. E resolvi fazer isso juntando-o, finalmente, à Jane.

– Alice, você é demais! - O Alec falou, me abraçando.

– Eu sei, eu sei. - Pisquei para ele. - Agora vamos repassar o plano. Você já sabe o que fazer, não sabe?

– Sim! Vou chegar à sorveteria primeiro que ela. Quando a Jane chegar eu invento uma desculpa e digo que você não vai poder acompanhar a gente. E aí eu finalmente tomo coragem e conto que eu gosto dela.

– Isso, perfeito! - Sorri abertamente para o Alec. De alguma forma a alegria dele me contagiava.

Já que a minha vida amorosa estava uma completa desgraça, ao menos eu tentava ajeitar a vida amorosa dos outros...

Naquela tarde, antes de ir para casa, passei na loja de discos depois do colégio. Num ato meio impulsivo e autodestrutivo comprei os CDs de todas as bandas que, por algum motivo, faziam com que eu lembrasse do Jasper. Só pensar o nome dele já me machucava.

Quando cheguei em casa guardei todos os CDs numa gaveta e fui dormir.

POV Jasper

Depois de ter faltado ao colégio por dois dias seguidos me peguei acordado a madrugada inteira me perguntando se iria ou não no dia seguinte. Fiquei repassando o que o Edward havia me dito e percebi que eu realmente queria muito conversar com a Alice e me resolver com ela.

Jesus, como eu sentia falta dela. Mesmo depois de tudo.

Quando o dia finalmente clareou eu, que já estava acordado, levantei da cama e fui tomar banho. Havia dormido durante toda a manhã e a tarde do dia anterior, não aguentava nem mesmo continuar deitado.

Já de banho tomado arrumei a minha mochila e desci para tomar café.

– Uau, olha quem finalmente decidiu assistir aula... - A Rosalie, minha irmã, falou cinicamente.

– Uau, olha quem finalmente decidiu dormir em casa... - Respondi no mesmo tom.

Rose fungou e voltou a comer como se eu nem estivesse sentado na sua frente.

No caminho para o colégio fui escutando meu antigo CD do Oasis e foi inevitável lembrar da Alice, há uns meses, sentada bem ali do meu lado, no banco de carona, gritando a letra da música como se a mesma tivesse sido escrita por ela. Quando me dei conta eu estava com um sorriso idiota na cara.

***

– Então o senhor finalmente resolveu dar as caras! - Jacob exclamou quando me viu.

– Por que todo mundo fica dizendo isso? - Perguntei retoricamente, rindo.

– Por que será, né? - Jacob gargalhou.

Não tinha nenhuma aula nem com a Alice e nem com o Edward naquele dia, então a manhã passou muito arrastada. No intervalo saí da sala de aula com bastante pressa para encontrar com eles mas quando cheguei à nossa mesa no refeitório todos estavam lá, exceto pela Alice. Preferi não comentar nada na hora.

Com o fim do intervalo o Edward deixou a Bella ir para a sala com a Renesmee e o Jake e me acompanhou.

– A Alice não veio hoje. - Ele disse.

– Eu percebi isso, Senhor Óbvio.

– Nossa, que mau humor.

– Ah, desculpa. Não é mau humor. Eu só queria conversar com ela e esclarecer as coisas logo... Esses desencontros estão acabando comigo.

– Engraçado que ontem e anteontem, os dias em que você não veio, ela estava aqui. Hoje ela decide ficar em casa e você aparece.

– Você acha que eu devo ir vê-la depois da aula?

Edward sorriu.

– Se eu acho?! Eu tenho certeza. Não sei o porquê de tanta demora pra vocês fazerem isso.

***

– Jasper, desculpe! - Ouvi alguém falar depois de se esbarrar em mim no estacionamento. Era a Renesmee.

– Ah, sem problemas, Nessie.

– Como você está? Ansioso para o casamento?

Ela, assim como o resto dos nossos amigos, já sabia que não era um casamento de verdade, mas achei normal que ela perguntasse mesmo assim.

– As coisas andam meio estranhas entre a Alice e eu, você sabe... Pretendo ir na casa dela ainda hoje e tentar resolver as coisas.

– Ah... - Ela sorriu meio solidária. - Eu a ouvi comentando que ia sair hoje. Pelo que sei ela vai à sorveteria.

– Mesmo?! Aquela sorveteria do centro de Seattle...?

– Sim, essa mesmo.

– Muito obrigada, Renesmee! Encontrarei com ela lá. Com quem ela vai, com a Bella?

– Uhhh... Então... Eu a ouvi dizendo que ia com o Alec...

Respirei fundo. A minha garganta ficou seca de repente e eu quis socar a cara do Alec de novo. Mas, ao invés disso, respirei fundo outra vez, sorri para a Renesmee e agradeci pela informação.

Assim que cheguei em casa fui tomar um banho e comi qualquer coisa da geladeira. Depois troquei de roupa e entrei no meu carro. E dirigi até a sorveteria. Estava na hora de dar um basta naquilo e conversar sério com a Alice de uma vez.

Quando cheguei no centro de Seattle estacionei o meu carro umas quadras distante da sorveteria e fui até lá à pé. Avistei logo de cara o Alec sentado numa das mesas postas do lado de fora, conversando com alguém.

Eu fui até lá com tudo mas, para a minha surpresa, não era a Alice sentada diante dele. Era a Jane.

– Jane?! - Perguntei, meio abobado.

Os dois me olharam como se eu fosse um louco, entendendo ainda menos que eu.

– Jasper? O que você está fazendo aqui? - Alec perguntou.

– Eu vim falar com a Alice...

– Jane, eu volto num segundo, tá ok? - Alec falou e depois me puxou até a calçada, um pouco distante.

– O que... - Comecei, mas ele me interrompeu.

– Jasper, você não vê que tá meio cego, cara? Certo, isso foi meio redundante... O que eu quero dizer é que a Alice ama você. Naquele dia, na festa...

– Quando eu te soquei.

– Sim, quando você me socou. - Ele sorriu meio sem graça. - Naquele dia a Alice estava chorando por ter te visto com a Maria. Ela tem desabafado bastante comigo. Tudo o que ela quer é conversar com você. A gente nunca teve nada, Jasper, sério. Faz meses que ele está me ajudando a me resolver com a Jane.

– Mesmo? - Perguntei com surpresa.

– Sim. Se eu fosse você eu passava agora mesmo na casa dela e resolvia isso tudo.

– É o que eu vou fazer. - Falei e saí em disparada até o meu carro.

Enquanto corria fiquei pensando porque diabos eu não tinha estacionado o carro perto da sorveteria de uma vez. Ia me poupar tanto tempo...

Quando finalmente cheguei até ele dirigi sem nem reparar na velocidade, provavelmente infligindo umas cinco ou mais leis de trânsito, mas naquele momento eu não me importava. Se o Alec estava certo e a Alice realmente me amava eu precisava encontrá-la. Logo.

Ao chegar em sua casa um calafrio enorme de dominou. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo comigo, por Deus. Respirei fundo e, ao sair do carro, andei até a porta. Bati e Janett, a empregada, abriu.

– Olá, senhor Hale, boa tarde. - Ela me olhou com surpresa.

– Boa tarde, Janett! Você poderia chamar a Alice pra mim?

– A senhorita Cullen? Bom, ela saiu.

– Ela saiu? Como assim?! Você sabe dizer pra onde ela foi?

– Não sei ao certo, senhor. Mas ela levou consigo uma cesta de piquenique e, antes de sair, passou na cozinha para buscar algumas coisas.

– Janett! Você é maravilhosa! Obrigado! - Dei um beijo em seu rosto e ela pareceu morrer de vergonha, mas antes que ela sequer pudesse responder eu já estava no meu carro outra vez, dirigindo.

A Alice só poderia ter ido a algum lugar. Certa vez ela me falou que sempre que fazia sol - tal como naquele dia - ela ia a um lugar em especial. Dirigi até lá como se toda a minha vida dependesse daquilo.

Cerca de meia hora depois lá estava eu. O lugar era um lago cercado de grama verde e de crianças brincando. Num canto mais afastado do lado patos nadavam tranquilamente e, mais adiante, casais andavam de pedalinho.

Não foi muito difícil encontrá-la. Alice estava num canto não muito afastado, mas distante o suficiente para lhe dar um pouco de privacidade, deitada numa toalha quadriculada. Na sua mão ela carregava algum livro, o qual eu arriscaria dizer se tratar de O Apanhador no Campo de Centeio, e ao seu lado havia um rádio pequeno e antigo; àquela distância eu não podia identificar o que ela estava escutando.

POV Alice

Ali estava eu usando o meu vestido florido favorito, lendo o meu livro favorito, no meu lugar favorito enquanto escutava Elephant Gun... Foi obviamente um erro enorme trazer todos os CDs que havia comprado. Todos, sem exceção, me faziam lembrar do Jasper, e aquilo estava me machucando de verdade.

Juro que estava prestes a pegar o celular e ligar para ele quando alguém parou diante de mim. E para a minha surpresa e total incredulidade era o Jasper. Meu pensamento parecia ter sido tão forte que, de repente, ele se materializou bem ali.

Encarei-o chocada.

– Oi, Alice. - Ele falou.

Não consegui responder nada, ainda encarando-o como uma retardada. Fazia tanto tempo que eu não o via direito... E há quanto tempo não conversávamos de verdade? Minha nossa, eu sentia muita falta dele.

Como eu não falei nada ele se sentou na minha frente, sobre a toalha de piquenique, pegou uma maçã da cesta de frutas que eu havia levado e deu uma mordida.

– Oi. - Eu disse finalmente. A minha voz soou meio rouca e eu me senti ainda mais retardada do que estava me sentindo há uns segundos.

– A gente tem que conversar.

– Caramba. Sim. Já estava na hora. Você sabe, o casamento é nesse sábado agora... - Falei me sentindo aliviada. - Por onde a gente tem que começar?

– Eu acho que a gente tem que começar comigo admitindo que gosto de você. - Ele disse num tom casual que me fez ter vontade de dar um soco nele logo depois que a minha surpresa passou. - E isso já faz um tempo. Pensei que havia te contado isso quando estava bêbado... Bem, você deve lembrar daquele dia. - Jasper fez uma careta engraçada e então continuou - Mas eu perguntei pra você e você disse que eu não havia dito nada. O que foi ótimo, porque no jogo de "verdade ou desafio" você disse que não estava apaixonada. O intuito era que você não soubesse disso porque, já que não era recíproco, nós ao menos continuaríamos sendo amigos. Mas, veja só... Nós terminamos nos afastando do mesmo jeito.

– Bom, Jasper, eu menti.

– Mentiu? - Ele me encarou, raciocinando lentamente, como sempre... - Mentiu em relação a que? - Ele finalmente perguntou e eu sorri.

– Em relação a tudo, praticamente. Bem, você na verdade falou, sim, que estava apaixonado por mim naquele dia quando estava bêbado. Eu não falei sobre isso com você porque... Ok, eu não sei o porquê. Acho que eu tenho algum bloqueio em relação a isso. E quando a gente brincou de "verdade ou desafio" eu menti também. Fiquei meio envergonhada de dizer que gostava de você na frente de todo mundo, mesmo sendo só os nossos amigos ali. Acho que foi esse maldito bloqueio de novo. Desculpe, Jasper. Eu fui meio que uma idiota.

Ele sorriu. E depois começou a gargalhar como se tivesse acabado de assistir a algum comercial engraçado.

– Então - ele parou para respirar - você estava caidinha por mim durante todo esse tempo? - Perguntou retoricamente com um sorriso sacana no rosto. Mostrei a língua pra ele.

– Pois foi você quem admitiu primeiro! - Funguei. - E, bem, isso ainda não muda o fato de que você foi um babaca nas últimas vezes.

– Eu sei. - Jasper me olhou sério outra vez. - Eu espero que você me perdoe por aquilo todo. Pelo lance com a Maria no dia da festa e por ter socado o Alec. Eu fui muito idiota mesmo.

– É, você foi. Mas... Tudo bem. Eu te desculpo.

– Ótimo. - Seu sorriso pervertido voltou e ele se aproximou de mim. - Alice?

– Sim?

– Quero te beijar agora. Um beijo de verdade. Não pra fingir pra ninguém.

– Cala a boca. - Falei e o beijei de uma vez.

Não sei como fiquei tanto tempo longe dos lábios dele. Não sei como conseguir passar tanto tempo ao seu lado fingindo que tudo o que eu sentia era falso.

Continuamos nos beijando por minutos dignos de um infinito. Quando nossas bocas finalmente se separaram ele beijou a ponta do meu nariz, e depois o meu queixo, e então as minhas bochechas. Quando comecei a rir pensando no quanto aquilo era fofo, ele selou as nossas bocas outra vez, me puxando pela cintura para perto de si.

Quando o meu fôlego finalmente acabou, eu o afastei suavemente, segurando em seu pescoço e ele sorriu para mim.

– Eu tenho quase certeza que estamos cometendo algum tipo de atentado ao pudor. - Falei nos analisando.

Estávamos os dois deitados de lado na toalha de piquenique, com quase nenhuma distância nos separando, e ambos ofegantes.

– Bom, eu não me importo. - Ele falou e me beijou outra vez, mas dessa vez só um selinho.

– Por que a gente complicou tanto as coisas? - Perguntei.

– Acho que tinha que ser assim... Mas agora não importa muito, não é?

Depois de mais alguns beijos ficamos observando as crianças brincarem às margens do lago enquanto escutávamos Edward Sharpe & The Magnetic Zeros e ele fazia carinho no meu cabelo.

– Ei, Allie. - Ele disse baixinho no meu ouvido.

– Huh?

– Eu te amo.

Parecia impossível parrar de sorrir. Ajeitei-me em seu colo até ficar com o rosto bem próximo ao dele e me virei só o suficiente para poder olhá-lo nos olhos.

– Amo você. - Falei e ele parecia tão incapaz de parar de sorrir quanto eu.

– Alice? - Jasper chamou outra vez.

– Diz.

– Quer casar comigo?


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Notas finais do capítulo

Well, foi isso, pessoas. Acabou, finalmente. Queria mandar um beijo pra minha mãe, pra minha amiga Luana que leu todos os capítulos num só dia e ficou insistindo por esse aqui, mais um beijo pro meu cachorro, pro meu agente... Ok, parei! Enfim, muito obrigada a todos que acompanharam a história, que comentaram e que se divertiram com Casamento de Fachada. Isso aqui não seria nada sem vocês.

Muito obrigada, amores, espero que tenham gostado. Beijões. s2