Leah 2 escrita por Jane Viesseli


Capítulo 24
É Difícil Perdoar!




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― Eu matei um bebê, eu matei um bebê! – martiriza-se Lyssa, agarrando os cabelos tingidos de loiro com força.

― Pare de reclamar mulher, já faz mais de uma semana! Você fez bem, evitou que a espécie crescesse! – esbraveja Carlos.

― Não, Carlos! – Levanta-se de onde estava. – Aquela mulher estava grávida, ela apenas tentou proteger o garoto e eu acabei com suas expectativas de ser mãe. Isso mexeu comigo, você não entende?

― Pare de frescura! – rebate, pegando seu casaco que estava sobre o sofá.

Carlos trabalhava de segurança numa loja em Seattle e, naquele dia, estava escalado para um plantão noturno. Ele apanha seus pertences, entra no carro e desaparece, não se arrependendo e nem demonstrando remorso pelo ataque feito à reserva quileute, dias atrás.

― Eu esperei tanto para ficar grávida – lamenta Lyssa para si mesma, transbordando arrependimento –, não sei o que seria de mim se alguém matasse minha menina... Eu preciso me desculpar, eu preciso!

Lyssa tranca a casa e apaga as luzes, dormindo cedo para que pudesse despertar mais cedo ainda, no dia seguinte. E quando o Sol despontou no horizonte, ela foi até La Push com um carro alugado, parando o veículo no acostamento e entrando na floresta a pé, pois aquele era o único caminho que conhecia até os quileutes.

Ela caminha vagarosamente por entre as árvores, esperando encontrar alguém que a levasse até Leah. É claro que suas pernas tremiam e suas mãos suavam, com medo de ser devorada por um lobisomem ou lobo gigante, mas sua consciência pesava grandemente e Lyssa não via outra solução, a não ser, seguir em frente.

Em meio ao silêncio da floresta, houve um rosnado e, logo depois, um lobo apareceu no campo de visão de Lyssa.

― Eu, e... – gagueja, tremendo visivelmente. – Eu preciso ver aquela mulher, a que estava grávida! – Houve outro rosnado. – Não estou armada. – Levanta os braços, deixando as mãos bem visíveis.

O imenso lobo fica a encará-la por alguns instantes, ponderando, fazendo um sinal com a cabeça logo em seguida, indicando que Lyssa deveria segui-lo. Ela dá alguns passos, percebendo que mais dois lobos surgiram em sua retaguarda e que eles não confiavam nela.

Foram quase uma hora e meia de caminhada, com os amigos Embry, Quil e Jared a caçoaram da humana, por quase escorregar nos troncos e pedras com limo. A floresta parecia sempre igual para quem não a conhecia intimamente e os lobos contavam com isso para fazê-la se perder e não conseguir encontrar o caminho até La Push. E quando as árvores finalmente chegam ao fim, os lobos param em meio as árvores e apontam a casa dos Clearwater com o focinho.

― É aquela? A mulher está ali?

O lobo confirma com a cabeça, permitindo que Lyssa caminhasse em direção a ela.

Jared, por que decidiu trazê-la pra cá? Sam não vai gostar disso— questiona Quil.

Fiz por eles! Nós, como protetores de La Push, não podemos fazer nada com humanos, mas Lucian pode... Ele tem o direito de golpear o seu inimigo, se assim o desejar.

Isso não vai prestar— resmunga Embry, sentindo um calafrio subir-lhe a espinha –, mas eu não vou perder isso por nada.

― Ei! – chama Lyssa, aproximando-se da casa, mas não ousando subir na varanda. – Tem alguém em casa?

Ela olha ao redor, não vendo ninguém; olha para trás e enxerga somente os enormes olhos a fitá-la, cintilando por entre as árvores; e quando volta o olhar para a residência dos Clearwater, vê Harry a observá-la, assustado.

― Pai, mãe, vocês não vão acreditar nisso!

Leah é a primeira a deixar seus afazeres e ir até a varanda, não conseguindo acreditar no que seus olhos viam. Lucian estava no quarto organizando uma pequena bagunça de sapatos, mas acompanhava a desagradável visita da caçadora através da mente da esposa, sentindo os músculos de seu corpo se retesarem conforme a raiva ia o preenchendo.

― Você! – questiona Leah.

― Me perdoe, por favor, eu não sabia...

― Como ousa voltar aqui! Quem a trouxe? – questiona, olhando para os lobos na beira da floresta. – Volte para o lugar de onde veio, esqueça que nós existimos, deixe meu filho em paz! O que mais você quer tirar de mim? – grita, com uma pontada de histeria na voz.

― Eu não sabia que você estava grávida...

― Quantos anos você tem? – questiona Leah, aproximando-se e a interrompe.

― Trinta e cinco – responde sem entender.

― É... – Pausa. – Você vai sobreviver!

Antes que Lyssa pudesse compreender sobre o que a quileute falava, Leah acerta seu rosto com as costas de sua mão, fazendo cair ao chão instantaneamente.

― Acho que eu mereço mais que isso – confessa Lyssa, levantando-se e massageando o rosto.

― Merece, sim! Minha real vontade é de arrancar sua cabeça fora, mas você tem sorte por eu decidir não fazê-lo!

Leah queria chorar, tocar naquele assunto angustiante a deixava com raiva e decepcionada, mas ela não queria parecer fraca diante de uma inimiga. A quileute estava prestes a mandá-la embora, quando um vulto passa ao seu lado em direção a caçadora.

― Lucian!

O cherokee avança em direção à Lyssa, com os olhos negros de sua fera em evidência, agarrando o pescoço da caçadora com força e a apavorando imensamente com seus rosnados e caninos já salientes.

― Desgraçada! Eu deveria apertar sua cabeça até seu crânio se partir!

― Por favor, não me mate! – implora Lyssa, sentindo as lágrimas brotarem de seus olhos.

― Eu sou um alfa! E se você conhece minha espécie tão bem, deve saber o tamanho da fúria que estou sentindo... Eu iria me segurar e deixar a lua cheia cuidar de você, mas já que ousou aparecer diante da minha mulher, não vejo motivos para não matá-la agora mesmo.

Lucian aumenta seu aperto gradualmente em volta do pescoço da caçadora, fazendo-a sufocar pouco a pouco. Leah assistia a tudo passivamente, não importando-se com o que aconteceria à humana, tamanho era o seu ressentimento. Somente Harry parecia lúcido o bastante para enxergar o horror daquela cena:

― Mãe, faça-o parar, ele vai matá-la! – Agarra o braço de Leah, sacudindo-a levemente. – Ele não é assim, nós não somos assim... Matá-la somente provará que somos monstros!

A quileute vira a cabeça em direção ao filho, finalmente saindo do transe de sua raiva. Ela corre em direção ao cherokee, implorando para que a soltasse, visto que Lyssa já sentia seus olhos revirarem e a sua visão perder o foco. Entretanto, Lucian não fazia menção de parar, mesmo sob os pedidos de Leah.

― Pare com isso, Lucian, você não é assim! – pede a quileute, tentando puxar sua mão do pescoço da caçadora.

― Saia daqui, Leah! – rosna ele.

Lucian a solta subitamente, deixando-a cair ao chão a tentar recuperar o fôlego. Ele afasta a quileute sutilmente e, em questão de segundos, deixa sua fera negra sair para acertar as costas com Lyssa. O cherokee estava possesso e nem mesmo os apelos de Leah pareciam suficientes para acalmá-lo, ele queria aniquilá-la pelo que havia feito à sua esposa, à Harry e ao filho que nem tivera a chance de nascer...

Morra!— grita ele num rugido amedrontador.

― Pare com isso pai! – pede Harry, se colocando entre ele e a humana.

Saia, Harry, não quero machucar você!— alerta

Já chega! — manda Leah, se colocando na frente do filho.

A tensão era tanta que ninguém, exceto os lobos que assistiam de longe, havia visto a quileute se transformar. Contra isso, Lucian sabia que conseguia competir, sua forma lupina poderia facilmente passar por cima da loba, mas ele jamais teria coragem de fazê-lo.

Seus músculos travam, impedindo qualquer tipo de avanço. Seus olhos retornavam ao normal, a medida que a fúria perdia espaço dentro de seu coração, fazendo-o voltar a sua forma amigável e sábia de sempre. Ao perceber isso, Leah também relaxa suas feições, aproximando-se de Lucian e tocando seu focinho com o dela, fazendo-o deslizar pelo seu pescoço em forma de abraço.

A esta altura, Lyssa já estava de pé novamente e totalmente alerta, observando atentamente a cena afetuosa entre lobo e lobisomem. Era realmente possível que aquelas criaturas fossem monstros? Era nítido o amor e o carinho contidos naquela cena, algo quase palpável.

― Tudo em que acreditei até hoje, está errado! – pensa ela.

― Você pode ir embora agora – diz Harry, olhando-a por cima dos ombros. – E nos deixe em paz.

Ela assente com a cabeça e corre de volta para a floresta, ainda tremendo e pedindo educadamente para que os lobos a levassem de volta para onde a encontraram. Lyssa sentia o pescoço arder e sabia que as marcas das mãos de Lucian estavam ali, contudo, estava grata por terem lhe poupado a vida e estava disposta a fazer o mesmo por cada um deles.

Bem longe dali, ainda na casa da família Noolan, Elena sonhava:

― Por favor, volte pra mim! – diz Harry. – Eu sinto a sua falta.

― De novo não – responde Elena já chorando. – Pare de fazer isso comigo, me deixe em paz!

― Não chore! – pede ele, segurando o seu rosto e colando suas testas. – Apenas volte pra mim e tudo isso vai terminar.

― Não, não e não! – Coloca as mãos por cima das mãos de Harry. – Você não é o mocinho.

― Sou sim, sou o seu mocinho...

― Isso é um sonho, você não é real, você não é real – repete, se afastando.

― Elena, não faça isso comigo! – implora, começando a ofegar.

Harry dá um passo em sua direção, mas ela recua, fazendo-o cair ao chão sem conseguir respirar. Elena olha ao redor, desesperada, esperando que aquele sonho terrível terminasse. E, para o seu azar, aquelas imagens horríveis continuaram ali, torturando-a segundo após segundo.

Elena tampa os olhos com as mãos e grita angustiada, finalmente retornando para o seu quarto e sentando-se. Seu corpo estava suado, apesar do tempo frio, o rosto banhado pelas lágrimas e o coração apertado. As olheiras nunca mais a abandonaram desde que se separou de Harry e os sonhos a agoniavam todas as noites, tornando as 24h de seu dia, insuportáveis.

― Eu não aguento mais – sussurra entre os soluços. – Não posso mais fazer isso, eu não consigo matar você!

Ela não conseguia aguentar a saudade esmagadora que a assolava e já tinha desistido da ideia de caçá-lo, visto que seu corpo inteiro se negava a tal ato. Um dia, Elena imaginou que seria possível esquecê-lo, mas Harry dominava sua mente até mesmo enquanto dormia, impedindo-a de tentar ignorá-lo.

Elena se deita novamente, ainda sentindo o coração comprimido e uma súbita vontade de vê-lo. Talvez não fosse má ideia ir até lá, seria? Somente para ver como Harry estava se sentindo, depois daquele estranho estado de sofrimento que vira na floresta...

― Talvez uma olhadinha não faça mal a ninguém – pensa ela, gostando da ideia.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Aah, ficou malemá esse capitulo, rsrs.
Me desculpe por não ter postado ontem como havia lhes falado, a revisão foi demorada, kkk, aproveitei pra corrigir alguns errinhos de português que encontrei pelo caminho... Mas fiquei satisfeita pelos capitulos estarem seguindo para onde eu quero :)
Deixo meus agradecimentos a Herdeira dos Céus e a Melanya Desousa pelas recomendações, amei, obrigada meninas ♥ :)
Próximo capitulo: Atitudes Impensadas, Consequências Brutais.
O dia em que Elena finalmente vai atrás de Harry e descobre a verdade sobre o imprinting...