Pov. Henry Folks

– Meera Deveraux. – Chamaram, enquanto eu olhava para o aglomerado de garotas ali. Uma eram grandes e fortes, outras pequenas e franzinas, algumas tinham suspirado de alivio quando viram que não seria um sorteio e ainda havia aquelas bonitas e delicadinhas demais para que fossem para a Arena. Era o caso da filha do prefeito.

Olhei para o palco e vi o prefeito desesperado, olhando para uma garota loira que agora subia os degraus até lá.

Então aquela era Meera Deveraux?

Uma pequena agitação foi cortada assim que a garota olhou para seus pais, que engoliram o choro.

Olivier murmurou algo para ela e se voltou para os garotos.

– Vamos ver o nosso querido cavalheiro então?

Ele abriu um envelope enquanto eu dava uma olhada para os garotos ao meu redor. Todos eram altos e muito fortes.

– Timothy Folks! – Ele chamou, me fazendo arregalar os olhos. Olhei para a direita e vi um garoto minúsculo e magrelo, que olhava para Olivier assustado. Não, meu irmão não poderia ir para a Arena. O Distrito 1 nunca, em hipótese alguma escolheria Timmy para nos representar. Havia algum erro naquilo tudo.

Antes que eu pudesse pensar para agir, levantei o braço direito e abri caminho entre todos aqueles brutamontes.

– Aqui! – Falei, olhando de rabo de olho o garoto que sumia nos limites da multidão.

Como meu irmão não saía de casa, e quase ninguém sabia meu nome (nunca fui pessoa de muitos amigos), ninguém desconfiou.

Subi ao palco e Olivier nos apresentou como tributos do Distrito 1, na 25° edição dos Jogos Vorazes.

Olhei para a garota delicadíssima ao meu lado. Garota, não. Mulher. E que mulher.

Fiquei desnorteado por alguns instantes, enquanto ela cravava os olhos azuis em mim.

Entramos na Prefeitura e então ficamos sozinhos. Sentei no sofá, enquanto a garota ia até a janela.

– Timothy Folks, é? – Ela perguntou, de costas para mim.

– Sim. – Murmurei, olhando para seus cabelos loiros e sedosos que caíam em sua cintura. – Já não nos vimos antes?

– Eu sou a filha do prefeito. – Ela responde, fria e ironicamente.

– Eu sei disso. – Respondo no mesmo tom, o que a faz levantar uma sobrancelha. – Estou falando pessoalmente, cara a cara. Como estamos agora, conversando e tudo mais. – Expliquei, incomodado com seu jeito.

– Provavelmente não. – Ela estreita os olhos e senta ao meu lado. – Você é do Centro de Treinamento?

– Não. – Respondi calmamente, enquanto ela reagia como esperado. A garota pareceu espantada e então abriu um sorrisinho, dizendo:

– Então, se não é treinado para os Jogos, porque está aqui? Porque foi escolhido? – Ela perguntou, levantando uma sobrancelha.

– Não sei. – Encolhi os ombros. – Porque você foi escolhida?

Ela estreitou os olhos claros e fechou a cara.

Touché.

– Estou surpreso que já tenham se socializado. – Ouvi uma voz masculina e olhei para a porta. Um cara não muito mais velho que eu, alto e de cabelos cor de areia estava encostado à porta.

– Mas o que você está fazendo aqui? – Meera perguntou, olhando para ele com um misto de espanto e raiva.