Alexithymia escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 15
Capítulo 14 — Dias, semanas, anos…


Notas iniciais do capítulo

Ok, eu quero pedir que vocês não se descabelem de chorar ao colocar a música e começarem a ler. Não que eu tenha feito isso, claro que não '-' kkkkkkkkkkk a quem eu quero enganar? Eu estou em depressão pós-belley até hoje, mas tudo bem... isso a gente supera com a entrada do maravilhoso Edward em nossas vidassss ♥ e nada vida da Bella, claro. Enfim, obrigada a quem comentou no capítulo anterior, continuem fazendo isso, ok? ♥ Espero que gostem e se lembrem que cada coisa que acontece na vida da Bella, acontece por uma razão... bom, vamos ao capítulo!



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NEVER LET YOU GO — William.

Eu chorei cada maldita noite durante dois meses seguidos. Toda vez que a campainha tocava eu tinha a esperança que fosse ele e eu não me importaria se ele somente mandasse notícias. Qualquer coisa. Quando eu voltei para casa naquela noite em que jantei na casa de Alice, fui abrir corajosamente as malas que haviam chegado.

Passei a noite toda chorando em cima delas. Eram as roupas que costumavam estar no apartamento de Riley e um papel com números de contas onde estava o dinheiro, segundo a breve informação seca, do apartamento que ele tinha vendido. Era tudo meu, mas eu não fui pegar nada no banco nem ousei vestir as roupas novamente.

Na verdade, toda noite eu dormia com alguma camisa de Riley e com o rosto enterrado no travesseiro que costumava ser dele. Depois de duas semanas, de tanto eu cheirar, ele estava sem cheiro algum e então, com um súbito ataque de raiva, o joguei no chão e preferi não dormir com nada. Como eu disse antes: eu chorava toda noite.

Tudo me lembrava dele. O modo como às cortinas balançavam quando eu deixava as cortinas abertas porque estava abafado, era a mesma forma como elas balançavam quando sabíamos que o quarto iria ficar abafado por nossos corpos suando, juntos. Independente das janelas, eu lembrava, sempre faria calor.

Eu estava com dois meses e algumas semanas de gravidez quando perdi o meu bebê. Durante todo esse tempo eu estava sendo forte somente por ele e quando comecei a sangrar sem nenhum motivo aparente, entrei em pânico e se não fosse por Edward que estava comigo na hora, eu teria ficado aterrorizada sem fazer nada. Ele me levou para o hospital e implorou para que eu ficasse calma porque meu nervosismo só iria piorar as coisas.

Não. Nem se eu estivesse isenta de emoções fortes eu teria salvado meu bebê. Eu nunca conseguia, afinal, deixar as coisas que eu amava perto de mim. Eu sinceramente achei que aquilo acabaria quando Riley foi embora, mas foi como se ele tivesse ido de novo embora. O meu bebê — era tudo que eu pensava enquanto uma médica me examinava e dizia que eu precisava dormir um pouco.

— É como se… — Eu olhei para o lado quando Alice segurou minha mão. — ele tivesse ido embora duplamente, entende? — Limpei discretamente minha bochecha quando a primeira lágrima caiu. — Eu me pergunto se… Se ele teria ficado se soubesse que iríamos ter o bebê, sabe? Eu acho que ele ficaria. Qualquer motivo seria menor se ele soubesse sobre o nosso bebê… ele queria tanto.

Alice engoliu em seco e baixou os olhos. Ela queria que o movimento fosse discreto e eu não percebesse, mas eu vi muito bem quando ela passou a mão pelo rosto e fungou com um mínimo barulho, prensando os lábios. Desviei meus olhos dela e respirei, a minha respiração tremendo na medida em que eu expirava o ar carbônico.

Peguei meu celular e fiz uma coisa que eu não fazia há longas duas semanas: tentei ligar para Riley. Não sei por que eu ainda tinha esperança que estivesse no mínimo chamando, eu só queria escutar a voz dele e talvez o informar sobre os recentes acontecimentos. Talvez eu ficasse chocada demais se ele atendesse e não conseguisse falar, só queria uma… esperança.

A esperança sequer chamou.

Eu voltei meu rosto para cima quando alguém bateu na porta e Alice mandou que entrasse depois de me pedir com os olhos. Era Edward e ele tinha um buquê de lindas gardênias em suas mãos e um sorriso torto e suave em seu rosto quando o olhei. Ele parecia ter passado uma noite toda acordada e sua camisa branca estava amarrotada assim como seu cabelo que apontava para todos os lados.

— É… pra você. — Edward parecia quase tímido ao estender o buquê para mim.

Eu sorri e aceitei as flores, enterrando meu nariz nelas de imediato. Pelo canto do olho o vi sorrir orgulhosamente para mim e Alice bater em seu ombro como se ele tivesse acertado em algo. Bom, na verdade, ele acertou mesmo… Eu adoro gardênias desde que meu pai um dia trouxe para minha mãe e eu fiquei encarando o jarro onde elas ficaram por todo o dia, encantada.

— Você está bem? — Ele se sentou na poltrona onde Alice estava e delicadamente aqueceu minhas mãos com as suas. E eu não queria ser mal-educada ao puxá-las, então somente sorri de lado e assenti para sua pergunta.

— É… — Alice pigarreou. — eu vou pegar um café.

Ela nos deixou sozinhos, mas não falamos nada demais, apenas conversamos sobre essa merda que era estar no hospital e depois quando ele perguntou se eu estava bem mais uma vez, finalmente falei que eu não estava bem e que tudo o qual eu queria era dormir para nunca mais acordar. Então ele me abraçou com hesitação e sem cuidado eu apenas apertei seu pescoço e chorei pelas próximas duas horas seguidas com o rosto enterrado no ombro dele.

Alice entrou apressada no quarto e disse que realmente não poderia ficar já que houve algum impasse no trabalho dela. Pensei ter visto alguma sugestão de sorriso nos lábios de Edward quando ela informou aquilo.

— Tudo bem — Eu a disse. — Eu vou receber alta amanhã mesmo, eu pego um táxi quando sair daqui…

— Nem pensar. — Edward falou. — Eu vou ficar com você.

— Não, não precisa. Você parece cansado e deveria dormir em um lugar onde não tivesse cheiro de soro o tempo todo. — Eu sorri somente para mostrar que estava tudo bem porque minha vontade de sorrir não existia. Eu sempre estaria de luto por meu bebê. — É sério, Edward… eu estou bem sozinha. — Eu prefiro ficar sozinha, eu pensei.

Ele negou simplesmente com o rosto e mesmo eu querendo insistir e dizer que eu precisava ficar sozinha, não falei nada. Edward parecia preocupado demais para somente dizer a ele que ele devia ir para casa como se estivesse desmerecendo sua apreensão. Não que eu me preocupasse com isso. Eu apenas queria ser gentil.

Eu passei a noite toda virada para o lado oposto de Edward enquanto tentava não fazer muito barulho ao deixar minhas lágrimas caírem por meu rosto para posar no travesseiro branco do hospital. Naquele momento eu não soube o quê que me doía mais: Riley ou meu bebê. Não tinha como escolher entre um e outro. Todos doíam de uma forma que não podia suportar-se sem chorar.

E eu não queria que Edward me visse chorando mais uma vez. Era humilhante ser fraca na frente de outras pessoas, pelo menos era o que eu achava.

No outro dia eu estava me sentindo mil vezes pior e para todas as perguntas que Edward me fez eu somente assenti com o rosto ou neguei. Eu não queria ter que falar e começar a chorar de novo, eu tinha que superar isso e voltar para o trabalho porque era o melhor a se fazer. Eu não podia ficar sofrendo pelo resto da minha vida, afinal… Os dias correm e eu tinha que correr junto. Estando bem ou não.

Um sorriso torto nasceu no rosto de Edward quando eu tropecei para o lado, praguejando a cama por ser tão alta e eu ser tão baixinha. Ele me ajudou com uma mão em meu braço, fixando-me no chão com segurança até me soltar e me ajudar com as malas. Nunca poderei dizer o quanto fui grata por ele estar fazendo aquilo por mim, mesmo que eu não demonstrasse.

— Edward? — Eu o chamei com a típica voz rouca que eu tinha adquirido dias anteriores pelo choro e soluços. Patético.

— Oi? — Quando ele se virou para a minha direção, seu olhar era tão carinhoso que eu tive vontade de chorar outra vez. Bem na frente de todo mundo que estava na recepção do hospital.

— Obrigada por tudo que — Limpei minha garganta e baixei meus olhos. — você está fazendo por mim porque eu, sinceramente, não sei se mereço.

Eu voltei meu rosto para cima rápido o bastante para vê-lo sorrir de um modo quase constrangido por meu breve agradecimento e então ele pôs os braços ao redor dos meus ombros e me trouxe para mais perto, pousando os lábios em minha testa. Eu queria me desvencilhar e pedir que ele não me tocasse, mas era reconfortante e fazia tanto tempo que eu não abraçava alguém que eu não impedi de envolver meus braços delicadamente ao redor dele.

Vendo que eu correspondia ao seu abraço e não hesitava, ele me apertou mais ainda e enterrou o rosto em meus cabelos, acariciando minhas costas com as mãos. Meus olhos arderam e eu fui firme e forte ao apertá-los para não deixar nenhuma lágrima cair e ele perceber porque eu não queria acabar com outra camisa dele. Bastava disso, bastava de chorar.

— Sinto muito por seu bebê. — Edward sussurrou. — Desculpe-me por ter me esquecido de dizer e… — Ele parou de falar quando levantou o rosto de meu ombro. Não ousei desenterrar meu rosto do peito dele.

— Não importa. — Murmurei.

Levantei meu rosto de sua blusa e funguei, passando uma mão por meu rosto somente para garantir que não tinha nenhuma lágrima. Não tinha e eu agradeci minha mente por esse breve momento de controle sobre meus canais lacrimais, eu tinha quase certeza que não aconteceria novamente naquele ano. Era raro.

Meu celular tocou dentro de minha bolsa e eu suspirei, decidindo que quem quer que fosse poderia esperar até que eu chegasse a meu apartamento. Eu tinha parado de olhar compulsivamente para ele com a esperança que fosse Riley, tinha perdido isso no primeiro mês cujo ele mostrou que não iria ligar e, ao contrário do que disse na carta, não iria voltar.

Tudo seria tão mais fácil se ele somente me falasse qual era o problema. Eu tinha certeza que poderíamos enfrentar juntos o que quer que fosse porque nós podíamos tudo quando estávamos juntos. Tudo — ele havia me dito, ou melhor, prometido em uma das várias noites que nos deitávamos somente para conversar e ser idiotas ao falar sobre quem traiu quem na semana.

— É a sua vez, Bella. — Edward me tirou de meus devaneios com a sua baixa e cautelosa como se fosse me assustar.

— Obrigada.

Voltei para casa no carro de Edward apesar de ter um carro cheio de poeira em minha vaga do estacionamento do apartamento. O carro é de Riley — uma coisa que ele também mandou me entregar. Assim como as roupas e o dinheiro, eu só olhei de longe como se fosse algo ruim e não ousei encostar um dedo. Trazia lembranças boas a minha mente e lembranças boas com Riley me faziam chorar. E eu já tinha motivos o suficiente para chorar.

Meu celular tocou novamente e com um suspiro exacerbado o tirei de dentro da bolsa e relaxei minha expressão. Era minha mãe e tinha outras nove ligações não atendidas. Fazia apenas alguns dias que não ligava para ela e eu juro de todo o meu coração que seu eu tivesse em falar com ela sem chorar, eu o faria. Eu queria voltar para Forks e passar uma noite inteira chorando em seus braços, queria ter a adolescência ao lado dela que não tive e chorar porque algum garoto me deixou.

Agora eu o faria. Agora eu tinha chance.          

— Oi, mãe. — Sussurrei.

— Você falou para mim que ligaria todos os dias, Bella! — Acusou.

— É que eu tive alguns problemas… — Ela não sabia que Riley tinha ido embora por alguma coisa desconhecida, minha mãe achava que nós tínhamos brigado e acabado o noivado. Ela me deixou chorar no telefone por meia-hora até me mandar ir atrás dele. — na empresa. Estava apressada e… não deu.

— Eu estava ficando preocupada! Cheguei até ligar para o Riley, mas…

— Mas o quê? — Indaguei impaciente.

— A mãe dele atendeu e disse que eu nunca mais deveria incomodar o filho dela… alguma coisa assim. — Ela suspirou tristemente. — Ah Bella, eu odeio aquela mulher! Eu só estava preocupada com você e você não… Você não atendia o celular e… e… eu não sabia o que fazer. Pensei que tivesse fugido de novo.

— Não, mãe… — Sussurrei fungando. — Eu te disse que eu nunca mais faria isso, não foi? Então… só foi alguns dias em que houve alguns problemas sérios com — o meu bebê, pensei e me controlando para não abrir o jogo com ela. — a empresa, sabe como são essas coisas, não é? Já estou mais folgada agora…

— Ah Bella! — Ela choramingou. — Eu senti sua falta. Estou tão preocupada com você…

É, eu também estou preocupada comigo.

— Mas eu estou bem, mãe. — Sussurrei. — Eu sei me cuidar muito bem sozinha — Apesar de Edward não estar me deixando ficar precisamente sozinha. — Estou bem. Vou ficar bem.

Assim que me deixou em segurança na porta de meu apartamento, Edward disse que tomaria somente um banho e depois voltaria para ficar comigo. Eu queria dizê-lo para ficar em seu apartamento porque eu ficaria bem, mas eu não queria ficar sozinha. Ficar sozinha significava ficar sem falar e ter tempo para se torturar com várias coisas. Eu não queria chorar essa noite. Não essa noite.

Na verdade, eu queria passar boas noites sem chorar para quando eu chorasse de noite, em um instante parasse ao me lembrar do quão bem eu dormir sem chorar. Não que isso fosse funcionar durante o desespero, mas não custava nada tentar. Somente tentar. O que custaria, afinal?

Eu estava quase me preparando para fazer alguma coisa comestível para o jantar — uma raridade quando se estava no hospital — quando minha campainha tocou e eu soube logo de cara que era Edward. Gritei para que ele entrasse enquanto fitava o armário em busca de inspiração para fazer algo. Nada, nada, nada. Não tinha nada a não ser meu bebê vindo à minha mente no momento.

— Então… o que você fez para jantar? — Edward perguntou quando eu me virei e lá estava ele encostado ao balcão com os cabelos molhados e suas roupas típicas de ficar em casa: Uma calça jeans e uma camisa lisa preta de mangas médias. É, eu já tinha passado tanto tempo com ele que eu até percebia o que ele usava em casa.

Além das roupas, ele tinha um aspecto cansado. Senti-me culpada por ter mentido para minha mãe ao ter dito que eu não precisava de ninguém para cuidar de mim; que eu sabia me cuidar sozinha. Eu precisei de Edward e Alice para me ajudar, na verdade eu ainda estava precisando… e esperava que aquela dependência acabasse logo. 

— Nada. — Suspirei.

— Ainda bem! — Ele sorriu largamente. — Porque eu acabei de pedir uma pizza gigante para a gente.

Eu me permiti soltar um sorriso sem dentes e balançar o rosto em incredulidade.

— O que aconteceria se eu tivesse feito alguma coisa para jantar?

— Eu ia guardar a pizza para amanhã, óbvio — Ele revirou os olhos. — Aliás, pizza gelada é a melhor coisa que há em toda a terra. Melhor até mesmo que lasanha.

Antigamente eu teria ficado desconfortável em estar em um apartamento sozinha com Edward Cullen, mas agora — mesmo tendo pouco tempo — era tão normal quanto respirar. Eu sabia que ele não assumiria sua personalidade enterrada alguns anos atrás, eu sabia que ele era confiável. Agora ele era. E se não fosse, não estaria fazendo isso por mim. Sacrificando-se tanto por tão pouco.

Comemos a pizza no sofá enorme que ele tinha e com os olhos grudados na tevê, às vezes eu deixava uma ou outra risada sair por causa do filme de comédia. Edward parecia saber como me animar com poucas coisas e talvez eu precisasse mesmo rir com alguma besteira que passava na tevê. Fazia bem rir de vez em quando…

— Como sabia o sabor da pizza? — O indaguei, franzindo meu cenho.

— Foi um chute — Ele admitiu com um sorriso torto. —, esperei que fosse o mesmo que era antigamente… — Observei seu sorriso sumir gradativamente até seus lábios estarem prensados em uma linha reta e séria. — Bella, eu… quero pedir desculpas por…

— Você já pediu.

— Eu sei, mas agora parece que você está me escutando de verdade, sabe? Então… eu gostaria de pedir desculpas por todas as merdas que eu fiz antes… com você. Eu fui idiota e — ele sorriu amargamente — não parei de pensar em você depois daquele dia. Quando disseram que você tinha fugido de casa e que não tinha ido para a formatura, eu… senti que eu era o pior ser da face da terra. Você não imagina quanto tempo eu passei me culpando por isso.

Eu queria concordar com tudo aquilo, queria dizer que ele foi era realmente o pior ser de toda a terra, mas eu somente assenti e o disse que aquilo era passado. E realmente era! Edward não era o pior ser da face da terra e ele poderia, comparado ao que ele estava fazendo esses dias por mim, ser até a melhor criatura de toda a terra. Ninguém ajudaria uma pessoa como ele me ajudou. Não tanto e nem com tanta boa vontade.

— Fique aqui, Bella. — Ele pediu quando o filme acabou.

Eu fiquei e aquela foi à primeira noite em várias que eu não chorei. Bom, eu me lembraria do quão bom era ir dormir com o rosto sem lágrimas. 


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Notas finais do capítulo

Ok...... a Bella perdeu o bebê por uma razão, gente, não me batam, please. Tipo... eu sei que a maioria de vocês queriam que ela tivesse um bebê do Riley e cuidasse com o Edward, mas Alex tomou um rumo que até eu não pude controlar, então... há uma razão para ela ter perdido o bebê? E me digam... foi espontâneo ou foi causado por algo? Perguntas, perguntas, perguntas... Vocês perceberam que depois que o Riley foi embora as ameaças pararam? Pois é... quero saber todas as ideias que vocês tem! Beijos, espero que tenham gostado! ♥