O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 92
3x21 - Batalha final


Notas iniciais do capítulo

Queria agradecer aos comentários do capítulo passado, desculpem ter demorado, mas eu terminei de escrever a fic e resolvi postar tudo de uma vez... snif, snif... :´(



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Ponto de vista: Jacob

O cheiro de Emily e Joham ainda estava fresco na relva quando comecei a rastreá-los. Havia definitivamente uma grande tensão no ar – por que além de estarmos na mais importante caçada de nossas vidas, todos já haviam sacado o que eu estava prestes a fazer. O mais estranho, porém, era que Seth não havia comentado nada. Ele evitava pensar nisso; estava cem por cento concentrado na busca. Eu tinha que perguntar o que ele achava, mas pensei que seria melhor fazê-lo depois.

Estávamos correndo a mais ou menos quinze minutos, percorrendo a linha paralela ao oceano. As ondas batiam contra o paredão de pedras pontudas. As nuvens estavam mais baixas que nunca, acentuando a atmosfera de pressão. Não havia nenhuma pista de Joham, a não ser o contínuo rastro que nos levava sempre para o norte; mas eu estava determinado. Hoje seria o fim de Joham e da psicopata Emily. Passado um minuto e pouco, começamos a ouvir os gritos.

–Isso é loucura! – dizia uma voz feminina. – Não podemos simplesmente fugir! E quanto ao seu plano? E quanto a nossa honra?

–Não há honra nenhuma em morrer! – reconheci a voz de Joham. – E quem disse que abandonei o plano? Essa é a beleza da imortalidade; teremos muito mais oportunidades!

As vozes vinham da extremidade oposta do penhasco. E eles estavam parados.

É isso! – disse aos outros. – Jared, Colin, Quil e Seth vão pelo o outro lado e os surpreendam!

Seth e os outros ficaram surpresos: Seth sempre ficava nos meus flancos.

Hoje não. Hoje você lidera, Seth.

Ele parou de correr por um momento, perplexo.

Anda, cara. Você pode se apavorar depois. – apressou-o Jared.

Então todos se encaminharam para os seus lugares, no exato momento que um trovão sacudiu as árvores. Imprimi o máximo de velocidade às minhas patas, o coração batendo a mil frente à perspectiva de finalmente derrotar Joham. Não demorou muito para eles nos ouvirem, então, pai e filha, pararam de discutir e começaram a correr.

Tarde demais agora. – cantarolou Jared.

Pode correr, mas não pode se esconder. – debochou Paul.

O céu parecia prestes a desabar agora; as nuvens negras cobriam tudo. Passei a frente dos outros, de modo que fui o primeiro a encontrá-los em uma clareira. Joham virou-se; uma expressão de desafio no rosto. Emily me encarava com ódio, o peito arfando.

–Achei que o trato dizia que você me deixaria ir, não? – disse Joham.

Dei um passo à frente, rosnando. Os outros chegaram atrás de mim.

–Me deu a sua palavra de honra, lembra?

Nesse meio-tempo, Seth chegou liderando o grupo. Emily e Joham perceberam que estavam encurralados.

–Acha que eu não estava preparado para isso? – disse ele, uma nota de medo em sua voz. – Esqueceu do meu exército? Acha que eu vim sem ele?

Ah, deixa disso. – falou Quil. – Podemos acabar com um exército!

Mas eu hesitei. Joham continuou.

–Quantos transfiguradores você deixou na sua reserva? – ameaçou ele. – Aposto que você trouxe os seus melhores para salvar Agatha, não?

O medo me tomou. Os garotos assobiaram, ameaçadores. Eu tinha que pensar rápido. Agatha estava salva agora, podia muito bem mandar os outros para La Push e resolver isso eu mesmo...

Nem pensar! – disse Paul.

Não vamos deixá-lo sozinho. – rosnou Colin.

–Se eu não mandar o sinal para eles, o exército tem permissão para atacar a aldeia. – disse Joham com prazer.

Meu olhar encontrou o de Seth; ele concordava.

Corram para casa. – ordenei. Eles protestaram por um momento. – Corram, agora! Esse exército deve estar por perto. Acabem com eles!

Os garotos se retiraram. Sobrou apenas Seth e eu.

Nem pensa em me mandar embora. – ele se adiantou. Não discuti.

Joham sorriu presunçosamente.

–Vão ter que ir também...

O segundo trovão soou quando Ayane apareceu bem no meio da clareira. Seth soltou uma exclamação de surpresa. Emily rosnou. Joham gargalhou.

–De volta dos mortos?

Ayane riu. Havia uma mancha vermelha na região do seu estômago, entretanto, ela parecia bem.

–Não, não cheguei a ir, na realidade. – ela respondeu.

Então tudo aconteceu rapidamente. Emily atacou Ayane, gritando como uma louca; pulei em cima de Joham, e ele desviou para o lado. Ayane e Emily lutavam. Seth veio para o meu lado, enquanto Joham subia uma árvore, como um gato. Seth pulou para tentar abocanhá-lo, porém eu contornei a árvore e a empurrei com o ombro. Estava quase conseguindo, quando ouvi o barulho de algo metálico se quebrando, um grito e um baque surdo no chão. No segundo seguinte senti braços ao meu redor.

–Não! – ouvi Ayane gritar, e então Emily foi tirada de cima de mim.

Terminei de derrubar a árvore e Joham caiu exatamente nas garras de Seth. Vi por sua mente o rosto apavorado de Joham – ele sabia que era o seu fim. – antes de Seth pegá-lo pelo flanco com os dentes, provocando nele gritos apavorantes, e então jogá-lo em minha direção: arranquei sua cabeça comum estrépito.

–Não! – o berro de Emily congelou minha alma.

Ayane encarou o corpo inerte de Joham, com os arregalados; mas não havia nela nenhum resquício de pena. Seth tratou de arrancar os outros pedaços de Joham, enquanto Emily voou para cima de mim, as mãos esticadas para frente como que para me estraçalhar. Ayane agarrou-a pelos braços e a prendeu por trás.

–Agora, Jacob! – ela gritou.

Emily olhou bem nos meus olhos – e eu tive de admitir: ela não tinha medo da morte. –, e finalmente arranquei a sua cabeça provocando um som terrível metálico.

Um relâmpago iluminou o céu. Paramos os três, estáticos com o fim de tudo.

Ouvi a tosse alegre de Seth atrás de mim, quando ele parou ao meu lado.

Acabou, cara. – ele disse, aliviado.

Acabou. – concordei, sentindo o peito leve. – Finalmente.

Mas Ayane não parecia estar tranquila. Eu ainda não entendia como ela não estava morta, mas não tive tempo para perguntar.

–Tudo bem, eles já foram. Mas temos outros problemas.

Balancei a cabeça, sem entender. Ela disse com a voz trêmula:

–Os Volturi estão vindo aí. Tem menos de cinco minutos para chegar até lá e ajudar os Cullen.

Seth ofegou. Eu assenti prontamente.

Tudo bem, Seth. Cuidaremos disso.

Mas Ayane tinha outro aviso.

–Outra coisa: Agatha acredita que eu estou morta, e as coisas têm que continuar assim, pelo menos por enquanto. Não digam nada sobre mim até os Volturi darem o fora, ok? Eles precisam acreditar na minha morte. Agatha vai te contar tudo o que eu revelei a ela depois e todos poderão entender a verdade.

Olhei meio abismado para a garota que eu julguei que era apenas alguém que queria chamar atenção. Pela primeira vez, consegui enxergar alguém que valeria a pena conhecer.

Ela se impacientou.

–Vão logo!

Não precisei ouvir duas vezes. Dei a volta, com Seth em meus flancos, e corri na direção oposta. Depois de um minuto, senti o cheiro da fumaça tóxica que vinha dos corpos de Joham e Emily.


Ponto de vista: Agatha

Era incrível como era só de falar no nome Volturi, que parecia que a terceira guerra mundial estava prestes a começar. Os Cullen começaram um corre-corre geral, reagrupando todos, planejando todas as técnicas de defesa possíveis. Jasper dava ordens o tempo todo, Alice estava cronomentrando os passos dos Volturi. Viriam em seis: Demetri, Chelsea, Felix, Jane, Alec e um desconhecido.

Ainda estava em choque por causa de todos os últimos acontecimentos. Estava tonta e desorientada, agora que Jacob saíra de perto de mim. Renesmee ficou sentada ao meu lado, parecendo extremamente preocupada. Seus pais discutiam se deviam correr com ela para casa, mas Jasper achava que se alguns de nós saíssemos daqui, iria dar mais um motivo para eles acharem que deviam nos punir.

–Não há motivo para temer – disse Carlisle. Ele também era a favor de tirar Renesmee daqui, e a mim também. – Não fizemos nada de errado.

–É, como se eles fossem levar isso em conta. – murmurou Jasper. – Sabem que eles só estavam atrás de um motivo para virem novamente.

–Vamos cuidar isso como da última vez. – disse Bella, absoluta. – Posso neutralizar Alec e Jane, e eles não podem usar a força física se só estão entre seis.

–Ainda assim, não quero um combate. – disse Edward.

Senti que devia opinar, afinal eles estava se esquecendo da matilha.

–Ei, vocês sabem que a matilha está nessa, não? – perguntei.

Os Cullen pareceram um pouco constrangidos. Carlisle respondeu:

–Bem, sabemos disso. Mas a matilha já está resolvendo a questão de Joham e Emily, e...

Franzi a testa, sem entender.

–E não achamos justo envolver vocês com os Volturi novamente. – disse Bella entre um suspiro.

–Três minutos. – disse Alice, com os olhos distantes.

–Ei, isso é bobagem! – protestei. – Estamos nisso juntos.

Edward se pronunciou:

–Agatha, nós ficamos felizes de nossa relação ter ficado mais forte, mas isso é realmente algo que não podemos pedir...

Um trovão soou no céu.

–Eles estão aqui. – anunciou Alice, os olhos fixos ao longe.

Todos se agitaram para ocupar um lugar na fila em forma de U. Levantei-me, meio apoiada em Renesmee. Edward e Bella colocaram seus corpos a nossa frente, nos bloqueando.

A cena pareceu ficar em câmera lenta: seis figuras encapuzadas por uma capa negra deslizavam pela grama alta. Os vultos pareceram levar uma eternidade para chegar até a nós. Quando o fizeram, pararam alguns a alguns metros de distância e tiraram os capuzes.

Meu coração batia descompassado. A tensão era perceptível no ar, quase sufocante.

Da direita para a esquerda estavam: um grande e forte, com uma expressão zombeteira no rosto; depois, sem dúvida nenhuma, Alec e Jane, com seus rostos infantis e os olhos vermelhos que traiam a expressão angelical. Ao lado deles havia um grande também, de pele azeitonada e cabelos compridos. Por último, havia um garoto de mais ou menos dezoito ou dezenove anos – fisicamente falando –, e ele era simplesmente... eu não acreditava que estava prestes a caracterizar um vampiro de perfeito...

Os humanos, em geral, são facilmente fascinados pelos vampiros por causa da aparência. É claro, eles têm medo, porém a beleza divina quase sempre as deixa paralisadas tempo suficiente para eles enfiarem as presas em seus corpos. E sim, eu me considerava uma exceção a essa regra; nenhum vampiro nunca me chamou atenção por causa de sua beleza...

Mas este último era algo além de tudo o que já havia visto. Sua pele era da cor de gelo, que acentuava os cabelos e olhos muito castanhos. A expressão dele era de quase desinteresse. Olhava-nos como se estivesse observando pessoas aleatórias que por acaso tinham aparecido em seu caminho. Seu olhar encontrou o meu por debaixo do braço de Edward; abaixei o rosto sem entender exatamente por que.

Tudo isso levou um segundo ou mais. Carlisle falou:

–Presumo que estejam procurando o causador de todas as mortes e desaparecimentos nessa região... Vocês devem conhecê-la... Emily, filha de Joham.

Jane sorriu.

–Não vejo por que deveríamos conhecer essa tal de Emily... Nunca chegamos mesmo a encontrar Joham... – os vampiros maiores trocaram um olhar significativo. – De qualquer forma – sua voz infantil ressoou –, essa é uma recepção muito pouco calorosa, Carlisle. Confesso que esperava mais de um amigo de longa data.

Ouvi Jasper sibilar, porém, Carlisle continuou impassivo.

–Acho que podemos concordar que as cordialidades podem ser dispensadas em face de situações de risco.

–Risco? – repetiu Alec.

–Joham e sua filha nos causaram muitos transtornos nos últimos meses. – disse Edward. – Então, diríamos que qualquer situação que os envolva é sim uma situação de risco.

Eles sorriram tão descaradamente, que duvidei de que estivessem mesmo tentando esconder o fato de que haviam mandado Joham para nos causar, como Edward disse, transtornos.

Bem, todos sorriam; menos um. O garoto continuava a me dar olhares seguidos; agora levemente interessado.

–Exatamente que transtornos eles causaram? – perguntou o grandão da direita.

–Ameaçaram nossa família – disse Alice. –, invadiram a propriedade dos Quileutes, nos atacaram inúmeras vezes, sequestraram Seth Clearwater para nos atrair em uma armadilha no Canadá, e lá causaram a morte de Leah Clearwater.

Jane sorriu.

–E por que motivo eles fizeram isso? – ela perguntou, desinteressada.

–Acho que essa é uma pergunta irrelevante. – sibilou Edward, o maxilar trincado.

–É mesmo? – retrucou ela com desdém.

Aquilo era simplesmente inacreditável. Todo mundo sabia que Aro havia mandado Joham fazer tudo aquilo conosco, e mesmo assim aqui estavam eles discutindo a coisa como se fosse uma fato novo.

–E vocês obviamente retaliaram, não? – perguntou novamente o grandão.

–Com certeza, Felix. – disse Emmett, com um sorriso. – Nós e a matilha cuidamos deles.

–E mesmo assim essa tal de Emily voltou a matar nessa região. – apontou Jane.

–Ela e Joham escaparam da luta no Canadá. – disse Carlisle. – Depois ela voltou para vingar a morte de sua irmã.

–Não seria a morte de Ayane, não? – perguntou Jane com interesse.

Edward riu.

–Engraçado você ter conhecimento dela quando diz não ter nem conhecido Joham.

Jane apertou os olhos.

–Temos nossos informantes. Mas ainda não responderam a minha pergunta.

–A morte que ela queria vingar era a de Heydianna. – disse Carlisle.

–E Ayane está...?

–Ela se foi. – disse Bella. – A fumaça que veem saindo do casebre é o que restou dela.

–Quem foi que a matou? – havia um quê de acusação no tom que o de cabelos compridos usou.

–Foi a própria irmã dela, Demetri. – respondeu Edward, sua voz traindo a calma que seu rosto expressava. – Emily a matou.

Eles agora estavam claramente aborrecidos. Porém, Jane sorriu com uma meiguice que dava náuseas.

–Vocês a viram morrer com seus próprios olhos? – ela perguntou.

Senti a tensão dos Cullen. Renesmee tremeu ao meu lado.

–Ela estava no casebre – disse Carlisle. – Quando chegamos, ela já havia morrido.

–Então como sabem se ela morreu de fato? – Jane parecia um tanto animada demais para o meu gosto.

Por alguma razão, Edward rosnou.

–Quer, por favor, parar de tentar nos atacar, Jane? – disse ele, num tom quase inaudível, tanto era a sua fúria.

Ela deu de ombros.

–Não custava tentar. Vejo que Bella – ela escarneceu do nome. – continua a gozar plenamente de seu dom.

Bella riu sarcasticamente.

–E não é que estou?

–A questão não é essa. – cortou Alec. – Quem de fato pode confirmar a morte de Ayane?

–Eu.

Por algum reflexo estúpido, fiz minha voz sair da boca em alto e bom som. Todos me olharam meio apavorados; Jasper, até zangado.

Já que tinha aberto a boca, era melhor terminar logo. O garoto me olhava fixamente.

–Eu vi. Ela me salvou quando Emily tentou me matar.

–E quem é você? – perguntou Jane com desprezo. Passado um segundo, sua expressão se alterou para a cara de alguém que tinha recebido a melhor notícia do mundo. – Humana, é?

–Agatha Clearwater. – disse prontamente. – E Quileute.

–Ainda assim, humana. – disse Felix. – E o que dizem as regras, Carlisle?

–As regras não se aplicam aos Quileutes. – disse o outro calmamente. – Ela tem conhecimento dos vampiros por que o povo dela tem seus próprios segredos. Vocês provavelmente lembram deles, presumo.

–E por que ela não está na forma... – disse Jane. – Canina?

O jeito como ela falava de mim era no mínimo insultante. A sorte dessa diabinha é que eu não me transformava mais.

–Um dos danos que Joham causou. – rosnou Edward. – Provavelmente tem conhecimento do que ele planejava, não?

–Dificilmente. – disse Jane. – Mas não se preocupe. Iremos atrás dele. A questão agora é por que Emily tentou matá-la?

Afastei um pouco de Edward, Bella e Renesmee.

–Por que fui eu quem matou Heydianna. – minha voz saiu meio presunçosa.

O vampiro com aparência de adolescente me olhou subitamente. Jane sorriu.

–Presumo que não se importaria de contar com todos os detalhes como Ayane morreu, ou se importa?

–Não, não me importo.

–Então se aproxime.

–Ela pode falar daqui. – rosnou Bella.

–Mas aí eu não poderei saber se o que ela fala é verdade. – retorquiu Jane. Então ela virou a cabeça para o garoto e fez sinal para ele.

Quando os olhos dele encontraram os meus, algo estranho aconteceu. Era como se tudo o que estava em minha mente tivesse sido afastado para longe. Minha preocupação por Jacob, meu medo por ele, meu cansaço, tudo... esquecido. Estava presa naquele mar de castanho hipnótico. Eu já não era eu mesma. Só o que importava era o ser arrebatador diante de mim. Senti a vontade imediata de fazer tudo o que ele queria, de agradá-lo... Eu queria que ele gostasse de mim...

Sem entender como viera parar ali, eu me deparei muito perto dele.

–Meu nome é Caleb. – disse ele finalmente. Sua voz era aveludada, o som mais bonito que existia. Parecia retinir em meus ouvidos, mas cedo demais acabou. Quis que ele falasse mais. – Eu preciso que você faça algo por mim, Agatha.

–Qualquer coisa. – disse prontamente.

Ele sorriu, e fiquei extasiada que eu tivesse sido o motivo para o sorriso dele.

–Preciso que me conte o que aconteceu com Ayane.

–Ela morreu para me salvar... – disse entre um suspiro. – Eu achei que ela me odiasse, mas não. No fim, ela se atravessou na minha frente na hora que Emily empunhava a faca. Tentei pedir ajuda... mas ela colocou fogo na casa...

Só havia eu e Caleb. O resto havia ido embora. Queria sentir a textura da pele dele... saber a temperatura que teria... Quase como se ele tivesse adivinhado meu desejo, Caleb estendeu a mão.

–Foi só isso que viu? – ele me perguntou quase em um sussurro. – Ayane não lhe contou mais nada?

Sabia que havia ouvido muito de Ayane, mas as palavras não chegavam aos meus lábios para contar... queria ficar apenas olhando Caleb pela eternidade...

–O que mais ela lhe contou? – ele pressionou.

–Ela estava com medo que vocês viessem atrás dela... – estiquei minha mão para pegar dele. – Ela não queria ser uma de...

Então algo aconteceu de repente: rosnados vinham da minha direita, altos e rascantes. Era como se alguém tivesse aumentado o som de tudo a minha volta. Tive consciência das pessoas, dos sons, e percebi que havia caminhado sem ter consciência de ter feito isso... Olhei aterrorizada para frente e me vi perto demais dos Volturi, com a mão esticada em direção ao vampiro adolescente. Recolhi minha mão rapidamente, uma sensação estranha de vergonha tomando meu corpo. O rosnado soou novamente.

Jacob vinha entrando pela clareira, furioso. Seth caminhava ao seu lado, procurando por Renesmee. Caleb me olhou, mas desviei o olhar imediatamente. Senti braços me puxando para trás. Esme me levou de volta para os outros. Eu ainda não entendia o que havia acontecido. Era como se tivesse dormido e acordado agora. Não lembrava de ter ido até aquele vampiro...

Jacob se postou ao meu lado, as patas arqueadas, pronto para atacar. Seth fez o mesmo ao lado de Renesmee.

Edward falou, agora mais agitado:

–A matilha matou Joham e Emily. E Agatha já lhe falou tudo o que sabia, como Caleb tão gentilmente pediu. Acho que acabamos por aqui.

A matilha matou Joham e Emily? Não acredito....

–Acho que não. – discordou Jane. – Ainda não descobrimos por que razão vocês deram abrigo a uma fugitiva.

–Ayane se rendeu quando emboscamos Joham no Canadá. – informou Carlisle. – Ela nos contou que o pai a obrigara a trabalhar para ele. Estendemos a ela abrigo em troca de sua lealdade.

–E você tem provas disso?

–Acabou de provar. – respondeu Edward. – Sabemos que Agatha não poderia mentir para Caleb, e ela confirmou que Ayane morreu para salvá-la. Este é um assunto encerrado.

Deu para ver que eles não ficaram nada satisfeitos. Caleb ainda me olhava. Agarrei-me ao ombro de Jacob. Edward olhou para Jacob, depois anunciou:

–Se forem para o leste, encontrarão doze vampiros do exército remanescente de Joham. A matilha os expulsou das terras deles há pouco.

–Joham tinha um exército? – Alec perguntou a Edward, um pouco preocupado.

–Sim, tinha.

Jane parecia furiosa, mas não havia mais o que discutir. Se eles houvessem encontrado Ayane viva, com certeza teriam nos atacado. Mas pelo visto não tinham permissão para fazer isso sem a garantia de levar o prêmio para Aro.

–Pelo visto acabamos, então. – disse o de cabelos compridos, de mau humor.

–Mande meus cumprimentos a Aro. – disse Carlisle, num tom que presumi que fosse irônico.

–Mandarei. – disse Jane, quase espumando.

Antes de virarem as costas, Caleb me dirigiu um último olhar, e então eles se foram. Levou algum tempo para algum de nós se mexer ou falar...

–Pronto. – disse Jasper. – Se foram.

Respirei fundo, quase sorrindo, ao me virar para Jacob.

–Onde...? – ele não estava mais ali.

–Ele já vem. – disse Edward.

Alguns segundos depois, Jacob saiu das árvores, já na forma humana e parecendo completamente angustiado. Ele correu até mim e pegou meu rosto nas mãos.

–Você está bem? Aquele maldito fez alguma coisa com você? Ele te machucou?

–Não, ele não fez nada... Quer dizer, sei lá. Eu não lembro...

–Caleb tem o dom de fazer as pessoas fazerem tudo o que ele pede. – explicou Edward. – Ele meio que faz a pessoa se submeter aos seus encantos.

–Mas por que o meu escudo não o repeliu? – perguntou Bella.

–O dom dele é parecido com o de Jasper; não afeta a mente.

Abracei Jacob com força, querendo esquecer o vampiro Caleb.

Acabado. Finalmente acabado. Finalmente... Não conseguia acreditar. Estava meio desorientada ainda, havia acontecido tanta coisa...

Então, de repente não éramos os únicos comemorando. Todos começavam a se abraçar e dizer palavras de alívio. Edward e Bella abraçaram Renesmee com força, que depois se atirou nos braços de Seth. Emmett, com sua voz de trovão, reclamava por não ter tido a chance de chutar o traseiro de Demetri. Carlisle dava tapinhas no ombro de Bella por ela ter os protegido com o escudo novamente... E Jacob olhava fundo nos meus olhos dizendo que Seth era agora o alfa, e que a partir de agora ele viveria para mim e nosso filho. Eu não consegui dizer nada. A felicidade explodia em meu peito, se espalhava pelo meu corpo e tomava lugar definitivo.

E dali ela não sairia.

***

Jacob me obrigou a ir para um hospital imediatamente; ele estava muito preocupado que os acontecimentos das últimas vinte e quatro horas tivessem me causado algum mal que não era visível. Graças a Deus, não havia nada de errado. Uma boa noite de sono e alimentação adequada me colocaria de volta. Mas eu não queria descansar, ainda. Por mais que meus olhos implorassem para se fechar, eu aguentei até quase duas horas da madrugada – que foi quando Jacob me pegou no colo, ignorando meus protestos e me colocou na cama.

Mas antes disso consegui reencontrar Sue; parecia ter ficado uma eternidade sem vê-la. Sue me segurou em um abraço de quebrar costelas e não me soltou até se certificar que eu estava mesmo bem. Lembrava de estar realmente nervosa de ter que contar a Sue que estava grávida, e isso se provou desnecessário; por que ela acabou descobrindo tudo no meio tempo que fiquei desaparecida.

–Querida, eu vou dar a vocês todo o apoio que precisarem... Céus, uma criança! Não lembro a última vez que tivemos um bebê por aqui! Estou me sentindo praticamente uma avó, espere só até contarmos a Charlie, ele ficará extasiado!

A gratidão que sentia por Sue não poderia ser colocada em palavras. Meu coração parecia estar tão cheio de felicidade, que ele devia ter duplicado de tamanho.

Eventualmente, Jacob e Seth acabaram me contando tudo o que aconteceu desde o meu sequestro, e eu narrei o que aconteceu comigo. Bem, não exatamente tudo, por que era terrível demais e eu não estava a fim de reviver tudo. Mas falei principalmente de Ayane e da história dela. Ainda estava muito chocada com o modo que ela havia morrido.

Foi quando Jacob me disse que ela estava viva.

O quê? – gritei, certa de que tinha ouvido errado. – Viva, como assim? Eu a vi morrer... a faca... o fogo...

Jacob deu um meio sorriso.

–Você viu o que ela quis que você visse. Ela disse que precisava de uma testemunha sobre a morte dela... Agora ela vai poder viver em paz.

–Uau. – falei baixinho.

–É, eu sei. – concordou Seth. – Ela parece uma ninja.

Ri com o que ele disse, mas na verdade ainda estava abismada... Como uma pessoa só conseguia ser tão... tão... Ah, sei lá. Talvez, ninja fosse a melhor colocação que podíamos arranjar.

Nós ficamos alguns momentos em silêncio, só absorvendo tudo o que havíamos passado. Passado mais alguns minutos, Seth começou a roncar. Olhei para Jacob e percebi que ele já estava me observando, talvez por algum tempo. Sorri.

–Acha que vai ser menino ou menina? – perguntei.

Ele se inclinou e me beijou brevemente.

–Acho que vai ser perfeito, não importa sendo menina ou menino. – ele murmurou antes de me beijar novamente.

Peguei meu colar e retirei o anel que estava ali. Estendi-o para Jacob.

–Sim, eu aceito.

Ele não conseguiu falar por um momento, a emoção estampada em seu rosto. Vi seus dedos tremerem ao colocar o anel em meu dedo; depois ele depositou um beijo ali.

–Então agora é final feliz? – perguntei com um sorriso.

Ele balançou cabeça, os olhos brilhando.

–Final não... Começo.


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Notas finais do capítulo

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