O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 72
3x01 - Decisão


Notas iniciais do capítulo

Aaaah eu sei que demorei, mas como foi difícil escrever este capítulo, caramba! Enfim, agora já terminei. Espero que gostem, eu gostei rsrs. Infelizmente sem previsão para o segundo capítulo vai depender da minha inspiração e a coisa tá ruim. Hoje mesmo fiquei super mega deprimida vendo o mais novo episodio de The Vampire Diaries. Não vou bancar o spoiler, mas quase arranquei os cabelos na frente do PC kkkk. Anyway, curtam o capítulo agora! :)



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Inverno sempre foi a minha estação favorita do ano.

Cobertores, filmes, pipocas, dormir até tarde... Tudo isso contribuía para essa ser a época mais gostosa e aconchegante do ano. É claro que nada disso se comparava ao fato de que eu tinha o namorado mais carinhoso, amoroso e cálido do mundo.

Jacob Black estava literalmente fazendo o meu inverno mais quente.

Agora estávamos perfeitamente confortáveis, no sofá da sala de Sue. Minha cabeça pousava-se em seu colo, e ele acariciava meus cabelos enquanto eu desanimadamente examinava mais um folheto de faculdades.

Sue passara as últimas semanas insistindo que eu deveria me preocupar com o meu futuro, já que eu fora tola demais em revelar que eu nunca nem sequer terminara o ensino médio. Então, nas últimas semanas ela me obrigara a tomar aulas particulares com Carlisle, retomando de onde eu havia parado no segundo ano. Bella até me prometera arranjar um diploma com seu amigo Jenks.

E isso tudo seria muito legal se não fosse por uma coisinha: meu futuro está assustadoramente ameaçado por minha condição humana, então isso significa que eu não quero, de jeito nenhum, pensar no futuro.

Veja só, Jacob é imortal. Ele vai ficar para sempre com a aparência de vinte e poucos anos e eu, desde que fui envenenada, estava fadada a envelhecer como todo mundo. Que legal.

E também não era como se eu tivesse algo contra envelhecer. É o caminho natural de todo mundo. E um dia, como toda menina adolescente, eu já sonhara em envelhecer ao lado da pessoa que amasse. Mas meus planos mudaram quando descobri que fazia parte deste mundo. E ficar para sempre ao lado de Jacob tornara-se meu novo plano. Só que tudo isso estava ameaçado, por que além de não envelhecer, Jacob tem muitas responsabilidades como Alfa. E aí onde é que eu fico nessa história?

–Quer saber? Desisto. – disse colocando o folheto de lado. – Eu não faço ideia do que poderia fazer da vida. Será que não posso trabalhar com você em sua oficina?

Agora Jacob tinha uma oficina. Ele alugou um galpão velho no pequeno centro de La Push, e agora recebia uma considerável quantia de clientes. Não era muito, mas Jacob não podia trabalhar em horário fixo quando tinha de correr frequentemente. Embry também o ajudava de vez em quando.

Jacob riu, sua voz ressonando em meu ouvido que estava perto de seu peito.

–E vai viver cheia de graxa até os cabelos. Vai ficar linda.

Ri também, apesar de estar ficando de saco cheio disso tudo. Estava começando a achar que não servia para nada. Logo que Sue começara com o assunto, Jacob escrevera em um papel as possíveis carreiras que eu poderia seguir. Nós já havíamos riscado quase tudo agora.

–O que seus pais faziam mesmo? – ele perguntou examinando a lista, depois prendeu a caneta na boca. Como ele conseguia ficar lindo fazendo coisas tão normais?

–Minha mãe é enfermeira, e meu pai é contador.

–Você gosta de ajudar as pessoas, poderia ser enfermeira. Se não odiasse hospitais. – ele acrescentou rolando os olhos. – Você nunca pensou no que queria fazer quando saísse da escola?

Franzi a testa ao lembrar. Quando eu namorava o Bernardo, as únicas conversas que tínhamos sobre o futuro envolviam planos como sair da escola e fugir para viajarmos pelo mundo. Coisa de criança, eu sei. Mas depois que ele foi embora eu nunca voltei a pensar sobre o que queria fazer.

–Na verdade, não. – suspirei e sentei-me no sofá de frente para ele. – Quer saber, acho que nunca liguei para o meu futuro por que algo dentro de mim me dizia que meu futuro não era para ser vivido lá.

Ele sorriu, mas tentou falar sério.

–Mesmo assim. Temos que resolver isso logo, se quiser que Sue deixe você morar comigo.

Esse era outro inesperado impasse que havia caído sobre minha cabeça.

Depois do natal, que fora definitivamente o mais deprimente de toda a história, Charlie e Sue resolveram dar um grande passo em sua relação: finalmente iam casar e morar juntos. Eu ficara super feliz por eles, me importava muito com os dois. E era bom ver que ela estava disposta a superar a perda de Leah, coisa que tem sido difícil para todos nós. Mas tem um detalhezinho não tão legal sobre tudo isso.

Ela quer que eu more com eles.

Isso estava totalmente fora de questão. Em primeiro lugar, eu não quero sair de La Push; em segundo, já era difícil passar algum tempo com Jacob por causa da responsabilidade que ele tinha, se eu saísse daqui isso iria piorar muito. Então eu disse que poderia ficar aqui com Seth – por que ele também tinha responsabilidades e não iria se mudar. –, mas ela não concordou. E por quê? Por que eu abrira minha grande boca sobre não ter terminado a escola.

Agora Sue pensava que eu precisava de algum tipo de supervisão parental que eu nunca pensei que teria aqui. Quer dizer, meus pais me protegiam até o limite. Até o Felipe. E aqui eu descobrira um novo tipo de liberdade que, sinceramente, me fez mais feliz do que em muito tempo. Eu não queria abrir mão disso.

Jacob, vendo minha relutância, decidiu dar a grande ideia: eu e ele poderíamos morar juntos. Ah, mas isso era muito mais do que eu poderia esperar! Porém, a minha felicidade diante desta imagem minha e de Jacob vivendo juntos só durou alguns segundos. Depois Sue assassinou todas as minhas fantasias. Suas palavras exatas foram:

–Desde que você foi atacada eu venho pensando no que poderia ser melhor para você. Agatha, você se afastou dos seus pais muito cedo e entrou de cabeça no relacionamento com Jacob. Será que esse é realmente o melhor caminho?

Meu rosto franziu-se de confusão.

–Mas você sempre nos apoiou tanto...

Ela exalou sabedoria ao responder.

–Eu sei. Mas as coisas mudaram agora, não? Quando decidimos ficar com alguém, é por que temos os mesmos objetivos. E era assim quando vocês dois faziam parte da matilha. Um relacionamento tem de ser mais do que a união de duas pessoas. Tem de ser a união de dois propósitos. Quais são os seus propósitos agora, Agatha?

Eu quis dizer que meu único propósito era ficar com Jacob, mas talvez ela julgasse essa resposta boba e sonhadora, então fiquei calada mesmo. Ela aproveitou meu silêncio para decretar que eu poderia sim morar com Jacob, mas só depois de ter decidido o que fazer da minha vida. Pensei ter a ouvido falar algo como “equilíbrio”.

Eu toparia seguir qualquer carreira se fosse para tirar Sue do meu pé, mas a verdade é que ela havia me apavorado pra valer com todo aquele papo de propósitos. Até ali eu não havia realmente me preocupado com o fato de Jacob ser imortal e eu não, mas aquela conversa acabara me levando a conclusão de que se eu e Jacob não compartilharmos os mesmo propósitos, talvez – e a perspectiva me causava uma terrível dor na boca do estomago – nós poderíamos não dar mais certo.

Então isso se tornara meu dilema. Por que como – e eu repito – como eu poderia sequer querer pensar no futuro com uma perspectiva dessas espreitando e assombrando meus pensamentos? E o pior é que eu não verbalizara nenhuma dessas minhas dúvidas e, no entanto, não me permiti ficar remoendo isso. Ao invés, passei o inverno todo com Jacob. Fingindo que me importava com meu futuro; negando veementemente todas as dúvidas que assolavam minha mente... E de quebra consegui muito mais tempo com ele, por que Jacob parecia estranhamente entusiasmado com a procura de uma carreira, ao passo que eu mais enrolava do que qualquer outra coisa.

E eu sei que devia me sentir culpada. Por que tecnicamente eu estava só ocupando as pessoas para nada. Eu não estava realmente me engajando na coisa. Agora, exatamente agora, eu estava aqui com Jacob. Quem liga para depois?

Ele continuava a olhar os folhetos, completamente concentrado, até que tirei os papeis de sua mão e coloquei meus braços ao redor de seu pescoço quando sentei em seu colo. Era incrível, mas apesar de conhecer o corpo de Jacob, eu ainda estremecia toda a vez que tocava nele. E mais incrível ainda era como seus lábios sempre causavam uma explosão doce em minha boca. E acho que ele tinha completa ciência do efeito que me causava, por que constantemente Jacob sorria meio convencidamente depois de me beijar. Ele fazia isso agora, ao me olhar maliciosamente.

–Tentando fugir do foco?

Dei um sorrisinho nada convincente.

–Depende. Deu certo?

Jacob olhava fixamente para meus lábios ao responder:

–Pode apostar.

Então sua boca estava novamente na minha. Estava feliz por que Jacob voltara a me tocar sem nenhum cuidado especial. Como fui praticamente estraçalhada no outono passado, ele havia se limitado a leves carícias. Mas agora sua boca pressionava a minha com urgência, suas mãos me agarravam e me puxavam para cada vez mais perto dele.

É claro que eu adorava isso.

Com uma rapidez meio vertiginosa, Jacob me rolou no sofá e deitou por cima de mim. Sua boca seguindo a linha da minha clavícula, me fazendo arfar. Porém, do nada ele se afastou rapidamente e sentou-se no sofá com uma careta contrariada.

–Que foi? – perguntei sem ar, ao me sentar também.

Ele bufou de modo cômico.

–Não vamos querer fazer isso na frente das crianças.

Eu ia abrir a boca para perguntar do que ele falava, mas no segundo seguinte ouvi a porta se abrir e por ela entraram Seth e Renesmee. Eles riam e de início não entendi bem o porquê.

–Por que será que eu tenho a impressão de que a gente interrompeu algo? – disse Seth, zoando da nossa cara. Renesmee corou e abaixou a cabeça ao ter um ataque de risos.

–Aah, como você é engraçadinho! – disse Jacob e tocou uma almofada em Seth com uma rapidez inumana.

–Que mau humor hein, Jake? – continuou o outro. – Nem parece que tava...

Jacob não deixou Seth continuar e pulou pelo sofá. Os dois começaram a brincar de lutinha como dois garotinhos de dez anos. Eu ri e rolei os olhos ao convidar Renesmee para ir para a cozinha, onde uma pizza gigante nos esperava.

–Sue está com meu avô? – perguntou ela.

–Está sim. – respondi colocando os pratos e copos na mesa. – Estão resolvendo algumas coisas do casamento.

–Bom, assim que Alice pôr seus planos em pratica eles não precisarão cuidar de mais nada. – ela comentou.

Assim que Sue disse que iria casar Alice logo se ofereceu para cuidar da cerimônia, que seria realizada na mansão dos Cullen. È claro que todos nós seriamos praticamente obrigados a ajudá-la nos preparativos.

Jacob e Seth apareceram na cozinha ainda rindo e dando socos leves.

–As crianças já acabaram? – perguntei rindo. – Pensei que nós duas teríamos que comer tudo sozinhas.

–Opa, você sabe que eu não dispenso pizza. – disse Seth ao sentar-se e pegar um pedaço.

Jacob também pegou uma, mas logo olhou para o relógio. Suspirei. Essa era a hora que ele tinha de correr, correr para se certificar que nada nos atacaria no meio da madrugada. Que nada me atacaria. Por que eu ainda estava marcada para morrer.

Meus dedos se enterraram nas costas da cadeira que eu segurava. Depois do choque da perda de Leah a raiva sobreveio, inundando meu ser, criando uma sede de vingança que nunca havia sentido. Mas era uma batalha perdida, pelo menos pra mim. Por que eu estava incapacitada de fazer Emily pagar. Mas de um jeito ou de outro ela iria cair. Ela tinha de cair.

–Ei, Agatha. – ouvi Jacob chamar. Ele tentava retirar minhas mãos da cadeira. – Está tudo bem?

–Ahan. – respondi sacudindo a cabeça para me livrar dos pensamentos ruins. – Vamos comer?

A coisa já esteve pior pra mim. Quando recebemos dos Cullen a notícia de que Joham conseguira escapar sem deixar rastros, eu destruí metade do meu quarto. Jacob teve o maior trabalhão para retirar das minhas mãos os objetos que eu insistia em jogar na parede. Eu nunca sentira aquilo antes. A raiva, a sensação de impotência, a culpa...

Mas agora, com a ajuda de Jacob, eu conseguira juntar os meus pedaços. Estava tudo bem. Nós frequentemente passamos as noites assim. Eu, Jacob, Seth e Renesmee comendo pizza, jogando conversa fora. Até que era divertido. Sue geralmente estava com Charlie, e quando ele vinha para cá era geralmente para um jantar na casa de Billy.

–Ta legal, eu tenho que dar o fora agora. – disse Jacob depois de terminar de comer.

Fiz uma careta para ele.

–Ainda tá cedo.

Ele me estendeu a mão.

–Você diz isso toda a noite, sabia?

Dei um sorriso fraco e peguei sua mão.

Toda a noite nós nos despedimos aqui na varanda de Sue. Ele me beijava e dizia para eu dormir bem. O que raramente acontecia, já que os eventos daquele dia, há dois meses, sempre voltavam a penetrar meu cérebro.

Jacob ficou de frente para mim, fitando-me cuidadosamente.

–Tá legal. Eu esperava que você fosse falar, mas tô vendo que não.

Levantei as sobrancelhas.

–Falar o quê?

Ele foi direto.

–Você está com medo. Medo de que as coisas mudem entre nós por que você é humana agora.

Engoli em seco e evitei seus olhos.

–Como sabe disso?

Ele levantou meu rosto com a mão.

–Por que eu te conheço. E sei que não está fazendo o mínimo esforço para entrar em uma faculdade. Não falei nada antes por que sabia que você iria tentar despistar, mas acho que agora eu tenho a solução pra tudo isso.

Eu não via onde ele queria chegar.

–Solução?

Ele respirou fundo.

–Tem algum tempo que eu venho pensando em fazer isso. Tentei esconder da matilha por que não queria começar nenhuma discussão. Mas eu já me decidi.

–Do que está falando, Jacob? Decidiu o quê?

Ele deu de ombros.

–Decidi que Sam pode cuidar das duas matilhas sozinho.

Minha cabeça pendeu para o lado. Eu ainda não entendia o que ele queria dizer.

Jacob deu um meio sorriso ao ver minha confusão.

–Se você vai ser humana, então eu vou ser humano com você.


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Notas finais do capítulo

Comeeeentem! Bjos