27 Edição Dos Jogos Vorazes - Kramer. escrita por Marcos Rafael


Capítulo 15
A capital está brincando com o clima.




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Espero que ele não tenha  guardado rancor pelos chutes dolorosos que lhe dei, mas pela expressão na cara dele, acho que estou muito enganado.

Fico em silêncio paralisado pelo medo ele deve estar com tanta raiva de mim que quando tiver a primeira oportunidade me estraçalhará. O garoto vem se aproximando com a Espada em punho e me faz recuar cada vez mais, mas sem olhar onde piso caio sentado e o garoto avança sem hesitação. A única coisa que me vem à cabeça é correr ou morrer e opto pela primeira alternativa. Levanto-me e corro desesperadamente pela floresta. Galhos de e espinhos arranham meu rosto, mas a dor não me incomoda tanto por que o pensamento de morte não sai da minha cabeça. Continuo correndo sem parar, mas ainda ouço os passos do garoto atrás de mim, parece que nunca se cansa. Quando olho para trás ele está com o arco apontado direto para mim, começo a correr em zig-zag com a esperança de desviar da flecha, mas ele acerta um espaço perto de meus pés e me faz cair de bruços. Ele avança encima de mim e segura uma de minhas mãos pressionando-a  no chão com um pé enquanto segura  a espada apontada para o meu pescoço.

- Para! Será que não podemos chegar a nenhum acordo? – Tento negociar. – Talvez uma aliança! – Tento fazer a cabeça dele, mas em vão.

- Foi mau cara, mas eu trabalho melhor sozinho. – Retruca ele.

Mas consigo tempo suficiente fará alcançar um pedaço de tronco que estava um pouco mais acima e bato com toda minha força da cabeça do garoto que sai de cima de mim com as mãos na cabeça. Tento bater de novo, mas ele tem o dobro de minha força, segurando o tronco e usando contra mim, me bate no rosto e me deixa  tonto, caio no chão e sinto sangue escorrendo pela meu rosto. “Então é aqui, morrerei aqui mesmo sem nenhum propósito” Mas me encho de esperança quando me vejo na beira de um barranco. Sem hesitar me atiro e saio rolando sobre ele. Atingindo o chão estou ainda mais tonto, e o garoto ainda atrás de mim, corro e vejo o fim das árvores  logo em frente. Quando uma coisa estranha acontece. De calor extremo a temperatura cai naquela área  para frio congelante e alcanço o que antes era para ser um rio e que agora é apenas gelo. “Só pode ser brincadeira”.  Mas não paro e continuo correndo sobre o rio congelado e posso ouvir os estalos do gelo embaixo de meus pés. O garoto ainda atrás de mim corre, mas com menos velocidade que antes, talvez pelo medo do gelo se partir. Escorrego  e caio com a palma da mão no gelo e noto que meu coro fica grudado ao mesmo e o único jeito é ignorar a dor e puxar. Puxo a mão vendo meu coro ser arrancado e o sangue espirrando até que desgrudo completamente a mão do gelo. Continuo correndo até escutar um barulho e um gemido, quando me viro para descobrir a sua origem, vejo o garoto cujo deslizou no meu sangue e caiu com o rosto no gelo que agora está grudado. Enquanto o garoto toma coragem de puxar o rosto do gelo seco,  me aproximo dele com um ar de riso:

- Não sou eu quem está na pior agora. – Digo provocando-o

 Ele tenta remover o rosto com cuidado enquanto grita coisas terríveis para mim.

Tento roubar-lhe o arco e a espada, mas o garoto se debate feito peixe fora da água, me jogo em cima dele e consigo pelo menos tirar-lhe o arco e sua mochila. Penso em matá-lo ali mesmo, mas escuto o barulho do gelo partindo-se. A temperatura está voltando ao normal.

A cara de pavor do garoto me dá pena. Mas ele não hesitaria em me matar se tivesse a chance.

Pego tudo que posso e corro o mais rápido possível e o gelo vai se partindo ao meu redor, aumento a velocidade e enfim chego a terra. Ao olhar para trás quase não tem mais gelo, apenas pequenos pedaços boiando e não vejo mais o garoto até que o canhão soa. Parece que a natureza fez todo o serviço para mim.

Me encosto em uma árvore para recuperar o fôlego que perdi na correria.  Abro a mochila do garoto em seu interior contêm mais uma garrafa de água  cheia o que me faz acreditar que ele passou pela mesma fonte que eu  e eu estava praticamente o segundo. Também dentro da mochila encontro um saco de dormir, uma dúzia de facas pequenas para arremesso, duas maçãs e sete jabuticabas.

Durante a caminhada fico pensando nas famílias das pessoas que matei. Será que estão me odiando nesse exato momento? Será que estão torcendo para que eu seja o próximo tributo morto? Agora são 10 mortos no total cujo três morreram por minha causa, o garoto que usei como escudo, a garota na árvore, e o garoto do distrito 11. 14 inimigos ainda restam.

Caminho pela floresta e encontro uma árvore carregada de jabuticabas, começo a colher, eram grades e bem maduras, pelo tamanho devem estar tão suculentas. Tiro uma e levo em direção à boca.

- Eu não comeria isto. – Uma voz soa não sei de onde.


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