Contos De Um Heroi. escrita por zariesk


Capítulo 1
Capítulo unico: Contos de Um Heroi.


Notas iniciais do capítulo

oi pessoal! pra quem me conhece valeu por lerem mais uma fic minha!!
pra quem não me conhece seja bem vindo!
quem conhece minhas fics deve notar uma certa diferença no estilo narrativo, estou testando para trabalhos futuros.
só um aviso: eu usei uma formatação diferente, não sei se ao copiar o texto ela ficará igual, espero que sim mas qualquer coisa eu informo no final!



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Contos de Um Heroi.

Meu nome é KanechiroKanta, tenho 12 anos e farei 13 daqui a 5meses, sou um chuunin de Konoha, muito embora eu só tenha sido promovido no mês passado após o exame chuunin, devo dizer que não foi tão difícil quanto alegavam que seria e é justamente por ter sido tão fácil pra mim que meus dois companheiros de time que não conseguiram se irritaram bastante.

Na verdade essa característica irritava não só os meus colegas de time mas todos os colegas de turma enquanto ainda estávamos na academia pois eu me tornei gennin com apenas 10 anos e isso me rendeu o apelido de gênio causando inveja nos meus colegas da mesma idade, como eu estava adiantado me designaram pra fazer parte de um time com outros garotos de 12 anos e assim eu ainda criança comecei minha vida ninja.

O que irritava mais meus colegas é que eu não vinha de uma tradicional família ninja, isso quase não existe mais hoje em dia desde a 4ª guerra ninja quando quase todos os ninjas das 5 grandes vilas morreram enfrentando o exercito da akatsuki e os grandes vilões que surgiram no final, naquela época eu ainda estava na academia apesar de que as aulas foram suspensas por causa da guerra, na verdade foram suspensas antes quando Konoha foi destruída de uma vez só por aquele tal de Pein.

Naquela ocasião meus pais que eram meros civis morreram, por falar nisso eu também tinha morrido e não estaria aqui hoje se o herói da vila não tivesse derrotado o vilão que varreu a vila como se fosse sujeira embaixo da cama, dizem que ele conseguiu fazer o vilão se arrepender de ter destruído a vila e este usou todo o seu poder pra reviver todos que morreram naquele dia, pessoalmente eu achei meio difícil de acreditar mas quem sou eu pra duvidar não é?

Bem, a questão é que eu era uma criança de 8 anos quando meus pais achavam que eu era tão inteligente que talvez pudesse ser ninja, eles me levaram para a academia e pediram pra que eu fizesse o teste de admissão, eles tinham esperanças de que eu conseguiria mas no fundo achavam que era demais pra mim que fora o meu vizinho nunca tive contato com ninjas, mas para a surpresa não só dos meus pais mas como do encarregado eu tirei nota máxima no teste, algo inédito pra alguém sem tradição ninja na família.

Cheio de expectativas o encarregado me levou para uma turma que estava começando o ano e me deixou aos cuidados do sensei daquele ano, eu sempre tirava nota máxima em todas as provas e isso fazia com que todos ficassem surpresos a medida que eu superava até os ditos gênios de famílias ninjas e até aqueles com família nobre como os tais Hyuuga que tinham aqueles olhos especiais, quando finalmente me tornei gennin dois anos depois de entrar para a academia fui designado para um time, meus colegas de time me receberam muito bem e meu sensei olhava pra mim com orgulho dizendo que eu talvez pudesse ser o próximo herói de Konoha.

- hahaha acho que não, eu sou só mais um qualquer – respondi a ele quando me disse aquilo.

E foi ai que meus colegas me olharam estranho pela primeira vez, na época eu não entendi bem, mas hoje eu sei o que aquele olhar significava.

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- Kanta-kun, venha aqui por favor – chamou o jounin – já vamos começar a missão.

- Hai! Sensei! – respondi me levantando de onde estava.

Era o meu sensei Hitoshi, um cara alto com cerca de 30 anos, ele lutou na ultima guerra e mesmo que não tenha feito nenhuma grande façanha ele era aclamado como um herói por ser um dos poucos jounins que sobreviveram, estávamos em falta de ninjas poderosos e por isso todos os jounins viviam ocupados e seus novos times simplesmente tinham que acompanhar, mas ele era bem legal e responsável e sempre nos ensinava tudo que podia pra nos preparar pra sermos os próximos heróis de Konoha.

- Muito bem, a 4km daqui está a vila Ichiri e seu povo e eles são os nossos clientes nesta missão – começou a explicar – alguém sabe dizer por que a vila Ichiri é importante mesmo sendo pequena?

- A vila Ichiri possui uma mina de Nindori que fornece o mineral para nossa vila – respondi tranquilamente – e desde o final da ultima guerra além da importância do mineral ter aumentado a quantidade encontrada também tem aumentado.

Nindori era um mineral muito semelhante a esmeralda mas sem a resistência ou mesmo a beleza dessa pedra preciosa, sua principal característica era que o mineral emitia uma pequena quantidade de chakra proporcional ao seu tamanho e peso, muitos especialistas teorizavam que o mineral era o chakra natural da terra cristalizado e as teorias ganharam força quando após a guerra a quantidade de nindori parece ter aumentado, eles diziam que com o fluxo de chakra que a guerra movimentou (incluindo os bijuus usados na guerra) mais cristalizações se formaram.

Nindori era usado pra muitas coisas, misturado ao metal quente durante a fabricação de armas elas ganhavam propriedades especiais, pulverizado e misturado a tinta dava pra escrever selamentos mais poderosos e os médicos até usavam o pó de nindori em algumas formulas que fabricavam, basicamente uma vila se tornava mais forte se tivesse um bom suprimento de nindori.

- Bem, é basicamente isso que o Kanta-kun explicou – disse Hitoshi – a vila Ichiri já nos fornecia o nindori antes e agora após a guerra além da quantidade ter aumentado a nossa necessidade também aumentou, por isso precisamos cuidar bem deles.

- hunf! Parece que o miudinho aqui sabe de tudo não é? – disse outro ninja sarcástico.

Esse era o Naki-senpai, um chuunin de 18 anos que durante a ultima guerra ficou encarregado da segurança da vila, apesar de ter ficado orgulhoso de proteger nosso lar ele ficou bem irritado quando a guerra acabou e não conseguiu fazer nada, quando nos reunimos ontem para partir pra missão ele ficou puto ao saber que fora o jounin encarregado ele era o mais velho já que nosso outro companheiro o Iba-senpai tinha 16 anos e se formou no mesmo exame que eu apesar de já ser bem mais experiente e capacitado que eu, nunca trabalhamos juntos antes, pra falar a verdade essa era minha primeira missão de nível chuunin desde que fui promovido, no ultimo mês eu só estava cumprindo missões rank C.

- Nossa missão é investigar a informação que recebemos que dizia que um bando de criminosos estava rondando a vila Ichiri, na vila sempre há uma equipe residente e vamos dar apoio a eles – informou Hitoshi – caso os bandidos apareçam vamos expulsa-los conforme for possível e se não for possível devemos proteger a vila até que reforços possam chegar, alguma duvida?

O silêncio dos três foi a indicação de que não havia duvidas quanto a missão, seria uma missão rank B embora a importância do cliente excedia o nível da missão, o grupo seguiu seu caminho por mais alguns minutos até chegarem a vila, apesar de relativamente pequena ela era muito bonita e bem construída, havia um grande muro em volta que por si só já impedia que pessoas comuns entrassem a vontade e os 4 ninjas residentes garantia que nenhum grupinho de bandidos pudesse ameaçar a vila, de modo que se eles pediram reforços então os bandidos eram muito numerosos ou havia ninjas entre eles, de qualquer modo a missão deveria ser checar a situação e resolve-la.

- Sejam bem vindos, estávamos esperando – disse o rapaz que apareceu pra recebê-los.

- Meu nome é Hitoshi e estou liderando está missão de reconhecimento e proteção – respondeu Hitoshi cumprimentando-o – como estão as coisas por aqui?

- Tudo tranquilo, a três dias nós avistamos um grupo muito suspeito nas redondezas, como eles não paravam de rondar a área enviamos o aviso pra Konoha só por precaução – o chuunin relatava tudo que acorreu – ontem a noite eles tentaram capturar um grupo de habitantes que voltava e por isso fomos expulsa-los e atacamos o acampamento deles.

- Quer dizer que o problema já acabou? Que saco! – reclamou Naki.

Meu sensei fez um sinal pra que Naki aguardasse e ele resmungou algo antes de se calar e começar a olhar em volta como se procurasse algo pra fazer, eu também olhei os arredores e notei que não tinha ninguém nas ruas, não víamos ninguém nas portas ou janelas e notei também que quase tudo estava fechado e achei bem estranho, normalmente as pessoas só se trancam em casa quando estão com medo, o meu sensei ainda conversava com o outro cara sobre tudo o que aconteceu entre o inicio do problema e até chegarmos aqui, quando eles pareciam já ter se entendido eu decidi tirar minha duvida.

- Com licença, eu não sei bem como funcionam as coisas por aqui mas não deveria ter mais gente na rua? – perguntei esperando não atrapalhar nada.

- A essa hora os trabalhadores estão na mina e por isso o resto fica ocupado com outras coisas – respondeu o chuunin – pra falar a verdade quase nunca tem algo interessante pra fazer aqui e por isso a vila é muito quieta.

- Onde está o resto da equipe? – perguntou Hitoshi.

- O nosso senpai está na mina, ele sempre fica lá durante o expediente dos mineiros, Koro e Nima estão patrulhando o bosque pra ter certeza que os bandidos foram embora, normalmente sempre fica um de nós na vila o dia inteiro.

- Não é uma boa ideia dividir o grupo desse jeito, se houver ninjas entre os bandidos vocês ficam vulneráveis – explicou o Hitoshi – vamos nos juntar e então eu vou decidir o que fazer.

- Acho que não há mais necessidade, era só uma dúzia de bandidos sem noção.

- As regras dizem que não declaramos fim da ameaça até ter confirmação absoluta – insistiu Hitoshi – como jounin eu vou assumir a liderança até ter certeza que não há mais perigo.

Ficou combinado que íamos reunir os outros chuunins e depois formar uma equipe pra lidar com o problema da melhor forma possível, o chuunin chamado Uchi disse que era melhor esperar no refeitório comunal onde os mineiros comiam o almoço antes de voltarem pro segundo turno e assim seguimos pra lá, mas alguma coisa incomodava o Iba-senpai e ele não parava de prestar atenção aos arredores e isso também me incomodava, notei que ninguém apareceu nesse tempo em que estávamos aqui.

- Como está a situação lá em Konoha? Alguma novidade? – perguntou Uchi.

- Nada ainda, todos os times estão muito ocupados com os recentes problemas e não tem quase ninguém disponível – respondeu Hitoshi – nós mesmos fomos reunidos as pressas pra atender este chamado.

- Ao menos isso não é? Ainda bem que havia alguém pra enviar – disse Uchi rindo – ainda bem que já resolvemos o problema ou o Hokage-sama teria que enviar outra equipe não é?

- Que papo é esse homem? Ninguém chama o Kakashi-san de Hokage – disse Hitoshi estranhando – ele só comanda a vila até o Naruto estar pronto pra ser o Rokudaime!

- Hã? É mesmo! Eu ando tão por fora que...

- Cuidado taichou! Ele está sendo controlado! – gritou Iba nervosamente.

Foi rápido demais, no momento que o Iba-senpai nos avisou eu olhei ao redor procurando quem pudesse estar controlando o nosso companheiro e vi algo vindo em nossa direção, gritei pra alertar e todos instintivamente saltaram pra longe pra logo em seguida vermos uma espécie de estaca verde cravar no chão e explodir um segundo depois, Uchi nem sequer se moveu já que estava sob controle de alguém e foi atingido diretamente pela explosão ficando em pedaços, eu e minha equipe acabamos no telhado de uma casa de onde poderíamos ver qualquer movimento.

- Um pequeno deslize e vocês perceberam o nosso truque, que droga... – disse um homem surgindo sobre um telhado – eu realmente esperava despista-los e evitar mais atrasos pro meu plano.

Atrás do homem que surgira primeiro outros apareceram, ao total uns 10 inimigos sobre um telhado do outro lado da rua, entre os dois lados uma enorme tensão crescia.

- Seus desgraçados! Vão pagar por isso! – gritou Naki furioso.

Meu sensei esticou o braço como se quisesse impedi-lo de avançar, todos nós estávamos passando pelas mais variadas emoções que iam desde a raiva pelo companheiro morto como medo por estarmos prestes a entrar nessa briga, o único que se mostrava estável era o Hitoshi-sensei que uma vez tendo participado da ultima guerra ele estava mais do que preparado pra isso.

- Eles foram capazes de matar a equipe residente e manipular a situação completamente – avisou Hitoshi – eles não são bandidos quaisquer, eles são ninjas, ou no mínimo o seu líder é!

Quando o sensei disso isso aquele que estava a frente mostrou um sorriso confiante, mesmo diante de um jounin ele não parecia preocupado, talvez ele também o fosse, embora não estivesse usando um uniforme de qualquer vila conhecida o padrão de suas roupas indicava que ele era do país da terra e aquela explosão de antes me pareceu familiar.

- Olha cara, mesmo que eu tenha matado os outros a minha intenção é controlar o vilarejo, então que tal vocês se renderem e evitarmos uma destruição por aqui? – perguntou o líder – eu prometo que poupo todos vocês, até por que se vocês não mandarem um relatório Konoha vai enviar outra equipe não é?

Hitoshi olhou para aquele bando, os outros atrás do líder usavam mascaras de pano e pareciam prestes a atacar a qualquer momento, seu padrão de movimentos indicava que no máximo teriam o nível gennin, já o líder era um problema, não só o chakra como a técnica indicavam que ele era um jounin.

- Sensei, tome cuidado com ele, aquela técnica parecia o bakuton da vila da rocha – alertei depois de pensar cuidadosamente.

- Então não era ele quem controlava o Ushi-san, aquela era a técnica do clã Yamanaka – disse Iba-senpai – quando comecei a desconfiar percebi um pequeno atraso entre o fluxo de chakra e os movimentos do corpo, eu conheço isso porque um dos meus colegas de time é um Yamanaka!

- Quer dizer que há um dos nossos entre eles!? Quando eu pegar esse traidor!... – Naki-senpai estava prestes a explodir de raiva.

Os inimigos começaram a se espalhar pelos outros telhados e o líder deles sacou outra daquelas estacas verdes e só agora notei que era feita de nindori, provavelmente o mineral lapidado na forma de arma amplificava sua técnica, ele jogou a estaca em nós e o sensei para nos salvar arrebentou o telhado onde estávamos nos fazendo cair dentro da casa de dois andares que estava vazia, logo ouvimos a explosão e ela fez o telhado vir abaixo mas como estava bem destroçado não nos machucamos com isso.

- Que merda, eu esperava que eles saltassem pra algum lado – reclamou o líder – assim vocês poderiam pega-los, esse cara é bem esperto mesmo.

Nós descemos a escada e nos refugiamos no térreo e pela janela deu pra ver os inimigos cercando a casa, não iria demorar muito até que fizessem algo pra nos matar lá ou nos obrigar a sair.

- Vamos revidar taichou! Não podemos deixa-lo brincar com a gente assim! – reclamou Naki.

- Não estamos em posição de tentar retomar esta vila, precisamos nos retirar e pedir socorro a Konoha – disse Hitoshi olhando a movimentação lá fora – se esse cara é de Iwagakure e talvez tenha um Yamanaka por ai então podem ter mais em outro lugar.

A sensação de impotência dominou o time inteiro, quando o líder deles desceu do telhado e caminhou até a frente da casa eles sabiam que estavam prestes a entrar nessa luta, foi quando Hitoshi sorriu satisfeito.

- Graças a você Kanta-kun eu sei como lutar contra ele, ainda bem que você é muito inteligente – elogiou ele – Iba-kun, mantenha-se alerta pelo bem do time e você Naki guarde toda essa disposição pra quando ela for realmente necessária.

Por que o sensei estava falando desse jeito? Parecia um daqueles momentos dramáticos onde o herói se sacrifica por todos depois de dar alguma lição, a forma como isso soou me deixou alerta e quando ele olhou para trás ai sim eu tive a certeza que a coisa ia ficar feia.

- Eu vou lutar com eles pra permitir que vocês recuem, voltem pra Konoha e contem o que aconteceu aqui – ordenou Hitoshi – quando a vila estiver pronta tragam todos que puderem e expulsem os inimigos.

- E quanto a você sensei!? – perguntei preocupado mas já sabendo a resposta.

- Eu vou ficar e lutar, se eu puder acabo com o máximo possível deles facilitando pra vocês – respondeu ele satisfeito – e quem sabe eu possa pegar todos, ia ser o máximo você chegarem aqui e encontrarem o povo comemorando!

Do lado de fora os inimigos se posicionaram ao redor da casa prontos pra inibir qualquer fuga, o líder deles chegou até a parede e carregou seu punho com o chakra bakuton, bastava um golpe para derrubar aquela parede.

- Hora de cair fora daí ratinhos! – disse ele erguendo o punho para socar a parede.

Quando o seu punho estava próximo de atingir a parede 5 laminas brilhantes atravessaram a parede em direção ao seu rosto, o ninja inimigo com dificuldade e muito reflexo conseguiu evitar ter o crânio atravessado por aquilo saltando pra trás, as 5 laminas rasgaram a parede como se fossem facas numa folha de papel e de dentro do buraco saiu Hitoshi, as laminas brilhantes na verdade era chakra raiton moldado na ponta de cada dedo da mão direita como se fossem garras de 1m de comprimento.

- Que pena, eu ia fazer um carinho no seu rosto – brincou Hitoshi mostrando as garras de raiton.

Logo em seguida uma explosão foi ouvida dentro da casa, mas ao invés de destruição o que se seguiu foi uma densa nuvem de fumaça, os jovens no esconderijo usaram suas bombas de fumaça pra criar uma cobertura e com isso conseguiram sair pela rua sem serem vistos e após virarem a esquina correram pra fora da vila.

- Boa tática Iba-kun, você tem muito futuro como ninja, não desperdice isso – disse Hitoshi saltando pra cima de outro telhado.

Ele logo foi cercado pelos ninjas inimigos incluindo o líder, o quão bem ele lutasse ali mudaria o resultado final de tudo, acreditando em seu time ele entrou em combate com toda fúria e determinação.

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Nós corremos, foi a única coisa possível e sensata a se fazer naquela situação, era isso que minha mente me dizia enquanto tomávamos folego bem próximo do local onde nós tínhamos parado pra discutir a missão antes que ficava a beira de um rio com algumas pedras grandes.

Antes quando chegamos aos muros da vila durante a fuga ainda deu pra ouvir uma explosão, achávamos que meu sensei tinha sido derrotado ali mas deu pra ouvir mais uma e outra depois disso provando que ele ainda estava na luta, mas depois disso não sei se foi pela distancia ou se a luta cessara mas nenhuma outra explosão foi ouvida, agora estávamos por conta própria e isso era assustador.

- Eu vou voltar, se ele ainda estiver vivo eu posso salva-lo! – disse Naki olhando na direção da vila.

- Nem pensar! O taichou nos deu ordens específicas – foi o Iba quem repreendeu.

- Eu sou o mais velho e sou chuunin a 4 anos, então pelas regras eu assumo o comando – Naki insistiu.

- Eu não vou seguir você no suicídio – eu disse isso quase que automaticamente.

Quando ele me ouviu falar veio até mim espumando pela boca e me agarrou pelo colete me levantando de onde eu estava, ele me encarava com muita raiva.

- Qual é o seu problema pirralho!? É o seu sensei que está lá e você é o que menos se preocupa! – gritou ele furioso – quando você encontrar seus companheiros de time o que vai dizer pra eles!? Vai ter coragem de dizer que fugiu sem tentar o que podia por ele!?

- Há uma diferença entre ser corajoso e ser estupido, eu sempre usei a cabeça pra pensar e nunca fiz nenhuma besteira – respondi a ele quase no mesmo tom – é por isso que eu fui o único do time a me tornar chuunin este ano.

Naki ergueu o punho para socar Kanta masIba o segurou, o rapaz estava sério e encarava sus outros dois companheiros de missão.

-Qquanto a situação o Kanta-kun está certo, não podemos fazer nenhuma besteira agora – disse Iba – eu também fui promovido este ano mas eu tenho 20 missões rank C e duasrank B, acho que com isso eu tenho quase a mesma experiência que você.

Naki se sentiu um amador perto dele mesmo possuindo um pouco mais de missões, orgulhar-se disso parecia infantilidade agora e por isso ele largou Kanta e sentou no chão com as pernas cruzadas.

- Kanta-kun, eu também concordo que tentar resgatar seu sensei é suicídio, mas não concordo em apenas fugir pra buscar ajuda, deve ter algo que possamos fazer – continuou ele – mesmo que Konoha envie ajuda não deve ser muita coisa já que quase todo mundo estava em missão, precisamos pensar num jeito de ajudar a enfrentar essa situação.

Na hora que pensamos em seguir caminho ou ficar e ajudar uma chuva de kunais veio em nossa direção, Naki imediatamente juntou as mãos num selo e fez uma rajada de vento que desviou todas as armas impedindo-as de nos atingirem, logo vimos 7 sujeitos saindo do bosque correndo em nossa direção.

- já nos alcançaram!? Impossível! – gritou Iba jogando algumas kunais.

As kunais que ele jogou tinham tarjas explosivas e isso fez os inimigos recuarem de volta pro bosque se abrigando entre as arvores, o meu cérebro começou a ferver com toda aquela situação imaginando mil escolhas, mil resultados e tudo aquilo que podia ou não ser feito.

- Me ganhem um pouco de tempo, eu posso fazer alguma coisa! – gritei enquanto revirava minha bolsa de ferramentas ninjas.

- O que você vai...

Iba parou de falar quando me viu tão concentrado que eu não estava escutando e começou a atacar os inimigos, mas na verdade eu ouvia tudo e ainda prestava atenção no que eu estava fazendo, reclamando muito Naki-senpai ajudou o Iba-senpai a espantar o grupo que nos perseguia enquanto eu me ajoelhava no chão e escrevia uma mensagem no meu pergaminho, tudo o que eu escrevi foi: TN089 / MR: B-27 / vermelho 09-33-02

Esse código servia pra indicar quem estava pedindo ajuda, em que missão estávamos e qual era a situação, assim que terminei de escrever o código enrolei o pergaminho e fiz os selos de uma das poucas técnicas ninjas que sabia.

- Kuchiyose no Jutsu! – disse enquanto batia a mão no chão.

Minha técnica de invocação trouxe o meu amigo Hachusa, um coelho ninja todo branco com o dobro do tamanho de um coelho comum e usando um colete semelhante aos nossos, assim que ele me viu pensou em perguntar o que estava acontecendo mas eu o parei antes que abrisse a boca, ele tinha a mania de falar demais e pedir detalhes de tudo, rapidamente eu peguei o pergaminho e prendi em seu colete e pedi a ele pra levar a mensagem pra Konoha o mais rápido possível, com toda a sua força ele saiu em disparada em direção a vila numa velocidade impressionante.

- Bom trabalho Kanta-kun! Acho que aquele coelho é bem rápido! – gritou Naki feliz pela primeira vez.

Antes que eles pudessem comemorar dois inimigos saltaram repentinamente de dentro do rio que estava atrás deles, os dois atacaram subitamente com katanasmasNaki e Kanta reagiram a tempo entrando em batalha contra os dois com kunais embora Kanta estivesse com dificuldade por causa do seu tamanho, quando o jovem foi ferido no braço Iba arremessou algumas kunais no peito do sujeito derrubando-o na hora.

- Naki-san, tire o Kanta daqui! – gritou ele – eu vou atrasa-los, leve-o pra bem longe e cuide dele!

- O quê!? Eu não vou fugir, eu vou te ajudar! – respondeu ele conseguindo se livrar de seu adversário.

- Você não entende? Se o Kanta-kun morrer ou mesmo for gravemente ferido a invocação vai ser desfeita e a mensagem vai ser perder! – alertou Iba – vocês precisam ficar a salvos até ele entregar a mensagem!

Quando eu vi Iba correndo na direção dos inimigos que vinham atrás de nós eu fiquei sem palavras, no meio do meu planejamento nem considerei esse detalhe sobre o kuchiyose e agora eu coloquei os meus companheiros numa situação difícil, eu vi Naki-senpai quase explodindo pensando no que fazer e de repente ele me agarrou e começou a correr comigo embaixo do seu braço como se eu fosse um saco velho.

- MALDIÇÃO!! – gritou ele furioso.

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Anoitecera e tudo o que fizemos nesse dia foi correr e se esconder, mesmo para mim que não gostava de me exibir isso estava ficando irritante, mas o que superava a minha raiva era minha indignação, relembrei como meu dia começou tão bem com um café da manhã reforçado feito pela minha mãe e meus dois companheiros de time se despedindo de mim e do sensei enquanto deixávamos Konoha.

Aliás como eu ia falar pro Jiro-san e pro Sinji-san que eu deixei o nosso sensei morrer? Antes de partir eles me disseram pra cuidar bem dele já que eu era o único que tinha conseguido se tornar chuunin, era vergonhoso pros dois que eram mais velhos continuarem gennins e receberem ordens de mim mas uma semana após o exame eles já tinham se acostumado.

- Quanto tempo o seu coelho vai levar pra chegar em Konoha? – perguntou Naki acordando o outro de seus pensamentos.

- Konoha fica a meio dia de viagem daqui, mas o Hachusa é bem mais rápido que um ninja humano – respondi na mesma hora – ele já deve estar quase lá, não se preocupe.

- Ótimo, não vou precisar tomar conta de você a noite toda então – ele voltou a olhar ao arredores.

Nós estávamos numa caverna dentro do bosque, provavelmente era a caverna usada por algum urso durante o inverno mas agora no verão nós podíamos usa-la a vontade, Naki-senpai estava vigiando a entrada e agora eu podia ver as qualidades dele pois ele mostrava-se bem vigilante e tinha preparado armadilhas a até 50m da entrada, provavelmente isso se devia a experiência dele em tomar conta da vila durante a guerra.

- Você me odeia não é? eu devo ser a pior pessoa que você já encontrou – perguntei com receio da resposta.

- Eu não te odeio pessoalmente, só odeio o seu jeito de ser – respondeu ele já um pouco mais calmo – você tem uma genialidade que eu sinto inveja, você deve ser muito melhor que eu! – disse ele com uma voz que denunciava inveja – e mesmo assim você não faz porra nenhuma! Como você pode ser tão idiota? Como um gênio como você é tão patético!?

- Eu não pedi pra ser um gênio sabia? Eu queria ser normal! – gritei como se estivesse desabafando – desde que eu passei naquele teste com nota máxima todos esperam alguma coisa de mim, seja na academia, em casa ou em qualquer lugar todos me tratam de forma especial como se esperassem que eu virasse alguma daquelas lendas de que todos se orgulham! Eu não aguento mais!

Naki-senpai me olhou de um jeito estranho, por que ele me olhava daquele jeito? Eu estava com muita raiva e minha respiração não estava regular, parecia mais que eu ia ter um ataque!

- Lá em casa depois que me tornei gennin os meus pais me tratam como se eu é que fosse a autoridade do lar, me perguntam um montão de coisas e sempre me consultam quando querem fazer algo, durante a penúltima prova do exame os outros gennins disputavam pra me ter no seu time pra cumprir uma prova.

Eu continuei desabafando e ele só me ouvia, não sei quando ele sentou numa pedra de frente pra mim como se quisesse acompanhar cada palavra que eu dizia, e nem eu percebi que estava falando tudo o que estava entalado na garganta.

- Na prova final eu lutei contra um gennin da nuvem, ele era dois anos mais velho que eu e mesmo assim eu o matei como se não fosse nada – essa era a pior parte da minha vida – eu tinha matado uma pessoa pela primeira vez e parecia que todos tinham ficado felizes com isso, até o Raikage que assistia a luta me olhava como se eu fosse um oponente digno, chegaram a me dizer que eu poderia superar até o tal do Uchiha Sasuke em genialidade.

Naki pela primeira vez sentiu pena do garoto sentado a frente dele, ele nunca imaginou que a genialidade dele poderia ser um fardo tão pesado e que só aumentava a cada nova conquista, até pouco tempo atrás ele só reconhecia Kanta como criança quando lembrava de si mesmo e que era gennin até os 14 anos e que era mais burro e sem jeito que o menino que agora chorava pelo sangue que tinha em mãos.

- Cara, e eu achando que minha vida era uma merda, perto de você eu sou sortudo! – zombou o outro quase rindo – eu passei na academia me arrastando na media, fui o ultimo do meu time a me tornar chuunin e até hoje acho que só o meu ex-sensei e companheiros de time lembram do meu nome.

O que ele queria dizer com isso? Que éramos exatos opostos? Ele falar isso só fazia eu me sentir pior ainda!

- Pelo menos era isso que eu pensava, ano passado eu recebi uma missão bem besta, eu só tinha que levar novas ordens para um time que estava voltando de uma missão – continuou ele – fiquei esperando no meio de uma ponte que eles cruzariam na volta e qual não foi a minha surpresa em ver o Naruto-sama no meio deles!? O meu queixo quase caiu!!

- E como isso fez diferença pra você? – perguntei me interessando na historia.

- Na hora nada, meio sem jeito eu entreguei as novas ordens e ele resmungou algo pra depois seguir pra outro lugar – ele me respondeu rindo sem graça – mas uma semana depois eu encontrei com ele num corredor lá no prédio Hokage, e não é que ele lembrou de mim!? Ele não lembrava o meu nome é claro, mas ele lembrou que fui eu que levou as ordens pra ele e me pediu um favor, me pediu para ir numa loja comprar um perfume feminino, ele disse que não tinha muito jeito pra escolher e nem tinha tempo por que já ia em outra missão, quando ele voltou eu entreguei o perfume pra ele e então ele me agradeceu sorrindo dizendo que era pra aquela Hyuuga com quem ele estava saindo.

- Ok, agora você pode me explicar o que isso tudo tem haver com nossa situação? – eu tinha que perguntar, minha cabeça não estava acompanhando tudo isso.

Subitamente ele parou de rir e ficou com uma cara séria, por alguns segundos eu fiquei em alerta achando que algum inimigo tinha nos encontrado mas de repente ele começou a rir novamente.

- hahahaacho que não tem nada haver mesmo – respondeu ele ponto a mão atrás da cabeça e olhando pro chão.

Na hora eu sentia uma imensa vontade de mata-lo ali mesmo, me resignei a me encostar na parede da caverna enquanto o anti-inflamatório fazia efeito na minha ferida, meu braço já não doía tanto agora.

- Talvez eu apenas me sentisse importante fazendo essas coisas, parecia mais que eu estava decidindo o futuro do mundo ao entregar um simples recado ou fazer compras numa loja mas era por que alguém tinha confiado em mim para fazer alguma coisa – ele continuou sua historia e eu voltei a ouvi-lo –eu sempre fui um fracassado como ninja e tenho sorte de ter chegado tão longe, mas eu decidi que vou me tornar um herói daqueles que todos lembram o nome e homenageiam, eu vou fazer Uzumaki Naruto lembrar do meu nome mesmo que eu jamais o alcance!

Devo admitir que era um sonho ambicioso, até por que pelo que eu ouvia o nosso herói era um cabeça de vento e demorava a lembrar os nomes das pessoas mesmo que não fizesse por mal, mas ser reconhecido como herói mesmo com habilidades tão baixas era um sonho difícil de perseguir.

- Impossível pra alguém como você – eu disse isso sem pensar e acabei me arrependendo.

- Talvez seja, mas para você não é impossível, você tem todas as qualidades que qualquer um queria ter para se dar bem na vida, use isso! – disse ele seriamente – mesmo que você não queira se tornar um herói pra agradar os outros ao menos faça isso por que você pode fazer!

Eu nunca parei pra pensar nisso, todo esse tempo eu amaldiçoei minha genialidade por que eu queria ser uma criança normal e não queria ser um herói só por que os outros queriam que eu fosse, mas só hoje duas pessoas deram suas vidas pra proteger algo sem um mínimo de hesitação e eu estava aqui desejando nunca ter que passar por isso.

Só que eu nunca me perguntei o que eu queria da minha vida, jamais imaginei o meu futuro, só seguia os planos, pensava logicamente e agia conforme minha mente dizia pra agir, só que agora eu sentia alguma coisa queimando em mim e desejava fazer alguma coisa.

Subitamente um som lá fora chamou a atenção de Naki e Kanta e os dois ficaram alertas, após o som logo veio um grito de alguém que se machucou na armadilha e reclamações de outras vozes indicando que era um grupo dos inimigos.

- Eu não sei quanto a você, mas eu já cansei de correr – disse Naki olhando pro lado de fora – pelo taichou e pelo Iba-kun eu vou lutar contra esses caras!

- Eu também vou lutar, se fizermos juntos aumentamos as chances – eu ainda pensava logicamente mas por minhas próprias razões.

Nós dois saímos da caverna ao mesmo tempo atacando enquanto os inimigos não sabiam nossa posição exata, quando eu me aproximei de um deles desviei todo o meu chakra pros meus pés e acelerei subitamente atacando com uma kunai e rasgando o pescoço dele antes que pudesse fazer alguma coisa, o Naki-senpai atacava como um louco mas ele era forte e determinado o bastante pra assustar os inimigos e conseguir alguma vantagem, lutando junto com ele eu decidi me concentrar em lhe dar cobertura enquanto ele atacava ferozmente e me perguntei como ele lutava só com as emoções.

- Quantos você já pegou? – perguntou Naki-senpai quando fiquei próximo a ele cobrindo suas costas.

- Já peguei três, igual a você – respondi ofegante e satisfeito – quantos será que já eliminamos hoje?

- Sei lá, mas o numero deles não parece diminuir, acho que a gangue deles era maior do que imaginávamos – respondeu ele igualmente ofegante – com sorte o taichou pegou o líder, cada um que derrubarmos aqui é um a menos para o nosso pessoal enfrentar quando chegarem!

Fomos cercados por 10 deles, a aquela altura já não tínhamos pretensão alguma de sobreviver e por isso atacamos com tudo que tínhamos e arrastamos aquela luta por uns 8 minutos até que tudo escureceu quando senti um impacto na minha cabeça e cai no chão sem forças, alguém caiu por cima de mim (acho que era o Naki-senpai me protegendo uma ultima vez) e finalmente eu morri, ou foi isso que eu pensei, era diferente da primeira vez e achei estranho que eu soubesse a diferença entre estar meio morto e definitivamente morto.

**********************************

- Vocês nunca tiveram chances – disse uma voz próxima.

Eu não sei quanto tempo fiquei inconsciente, eu ainda estava terminando de acordar quando ouvi essa voz bem próxima, pensei em me mexer mas senti meus braços e pernas travados e quando minha visão não estava mais embaçada eu vi as cordas fortes que me prendia, ao meu lado o mesmo homem que liderava os bandidos ontem e por isso eu sabia que meu sensei falhou e estava morto, ainda estava escuro mas já deveria ser de madrugada, em meu interior eu rezava pra que o hachusa tivesse conseguido entregar a mensagem antes que eu apagasse e desfizesse o kuchiyose mas mesmo que ele tenha conseguido Konoha ainda precisaria de tempo pra reunir uma equipe e levaria meio dia pra chegarem aqui.

- Vocês nunca tiveram chances – repetiu ele novamente – mas bem que me deram um problemão, aquele jounin feriu bem o meu braço e ele assim como vocês me levaram 20 homens!

Olhei ao redor e vi mais uma dúzia deles ocupados reunindo e arrumando caixas cheias de nindori, provavelmente todo o plano deles era roubar o estoque do mineral.

Mas eu ouvi sons de marteladas e rochas quebrando e por isso olhei mais longe, fiquei de boca aberta quando vi centenas de pessoas trabalhando na mina, todos habitantes da vila Ichiri trabalhando sem parar e com machucados, dava pra ver até alguns adolescentes no meio deles, em volta dezenas daqueles bandidos monitorando e recolhendo o mineral que estava sendo extraído continuamente de dentro da rocha solida, era um verdadeiro campo de trabalho escravo que fazia qualquer um ficar apavorado e indignado.

- Não me olhe assim, é culpa de vocês eles estarem trabalhando dobrado agora – disse ele quando notou meu olhar – eu embosquei aquela outra equipe pra evitar que eles pedissem ajuda mas de algum jeito eles já tinham feito isso antes, estávamos trabalhando em ritmo normal até que vocês apareceram e estragaram tudo.

- Pois é, agora eles estão trabalhando sem parar nem um minuto pra extrairmos tudo que for possível – outro sujeito apareceu completando a situação – temos que ir embora antes que Konoha envie um grande contingente pra cá.

- A situação é bem ruim, mas talvez tenhamos mais tempo – outro cara apareceu – dependendo de como a vila interprete a situação eles podem enviar uma força que podemos enfrentar, se derrotarmos essa força eles vão gastar bem mais tempo reunindo uma grande força e é com essa que precisamos nos preocupar.

Isso era mau, só de olhar pra eles dava pra saber que todos eram jounins, três ao todo e mais dezenas de inimigos junto com toda uma vila escravizada e uma força desconhecida a favor deles, meu aviso não incluía isso já que falei apenas de ataque de ninjas desconhecidos, situação de risco e membros da equipe mortos ou feridos.

- Então basicamente precisamos saber como Konoha vai reagir a isso pra sabermos o que fazer – disse o líder do bando – e como vamos saber isso?

- Foi esse aqui que enviou a mensagem, vamos descobrir o que ele enviou – disse o terceiro cara puxando uma kunai.

Então fora ele quem lutara contra o Iba-senpai perto do rio, pela aparência ele deve ser o traidor do clã Yamanaka, mas como todos os clãs de Konoha eles estavam enfraquecidos demais, então esse cara só podia ser um nukenin de antes da guerra, mas ainda que eu não tivesse vontade de ser herói com certeza eu não iria ser um traidor!

- Vai se ferrar! Eu não vou lhe dizer nada exceto onde você deve enfiar essa kunai na sua mãe!

Quando eu disse isso até eu fiquei surpreso e sem reação, os outros dois ninjas caíram na gargalhada enquanto o Yamanaka me olhava perplexo como se não acreditasse que eu pudesse dizer algo assim.

- Hei Inori, você não consegue botar moral nem num moleque? Acho que ele é forte demais pra sua tortura! – zombou o líder.

- Fala sério, o que há com as crianças de hoje em dia!? – reclamou o Yamanaka – eu não sei se fico com mais vontade de te retalhar ou se deixo pra lá pra não passar vergonha!

- Apenas consiga a informação de uma vez! – disse o líder tentando segurar o riso pra recuperar a compostura.

O Yamanaka fez uma sequencia de selos e concentrou um pouco de chakra na ponta dos dedos e tocou a testa de Kanta liberando o chakra dentro do cérebro dele.

- “Que merda! Isso é genjutsu!” – pensou Kanta sentindo todo o seu chakra enlouquecer – “como é que eu não esperei por isso? Os Yamanaka são especialistas nisso!”

O poderoso genjutsu dominou Kanta antes que ele pudesse reagir, de repente o garoto se viu preso dentro de uma jaula apertada no meio de uma sala escura cheia de gavetas nas paredes.

- Muito bem, vamos fazer um teste, qual é o seu nome? – perguntou o Yamanaka no mundo real.

- KaneshiroKanta – respondeu o menino com uma voz sem emoção num tom calmo.

Mas o que está acontecendo? Por que minha boca não me obedece!? Eu não quero falar nada!

- A mensagem que enviou hoje cedo chegou ao seu destino? – perguntou novamente o Yamanaka.

Dentro de sua mente Kanta viu uma das gavetas se abrir e um pergaminho sair de dentro dela se abrindo e as palavras escritas nele indo para um buraco no chão, logo em seguida ele ouviu sua própria boca responder que “provavelmente sim”, Kanta concluiu que o genjutsu forçava suas memorias a aparecerem e quando isso acontecia as expressava em palavras, desse jeito ele não conseguiria esconder nada dele.

- E qual foi a mensagem que enviou para Konoha? – o Yamanaka lançou a pergunta fatal.

- Não fale nada seu idiota! Faça alguma coisa! – gritei ao ver uma das gavetas se abrindo – você não pode deixar que os outros morram em vão!!

Mesmo naquele mundo ilusório eu chorei quando vi as palavras escritas indo para o buraco no chão, eu lembrei de todos que ficaram para trás e pensei no que poderia acontecer se esses caras pegassem a próxima equipe de surpresa, como eu pudera ter falhado desse jeito? Não só falhei em cumprir minha missão como decepcionei o meu sensei e amigos!

- “Falhamos completamente, estamos em perigo” – foi o que ouvi sair de minha boca.

O que? Não era isso que eu tinha escrito no pergaminho! Será que o genjutsu falhou? Ou será que eu consegui resistir a ele?

Kanta nem fazia ideia que suas emoções interferiram no genjutsu se misturando a suas lembranças, o forte desejo dele de não deixar tudo ter sido em vão sobrepujou sua mente racional mesmo que de forma negativa.

- Só isso? Uma mensagem tão ambígua não vai fazer a vila mobilizar uma grande força – disse o Yamanaka – provavelmente eles vão mandar dois ou três times e vão deixar outros em espera, podemos dar conta disso!

Por alguma razão eu confiava que a vila faria sim tudo o que pudesse pra nos salvar, eu precisava acreditar nisso pelos outros, meu corpo ainda não me obedecia enquanto eu tentava fazer algo pra me soltar, o Yamanaka saiu com o líder do bando pra discutir os planos para aniquilar quem viesse nos salvar e me deixou aqui largado nesse canto, eu não conseguia ver ou ouvir quase nada com meus sentidos afetados pelo genjutsu mas precisava dar um jeito de me libertar desta técnica, por isso usei o que aprendi sobre genjutsus e manipulei minha própria mente pra que criasse um meio de escapar, vendo aquela gaiola de ferro onde minha consciência estava presa a única coisa que consegui imaginar que pudesse me libertar era a técnica do sensei, me concentrei seriamente pra impor minha vontade sobre o pensamento racional de que eu não era capaz de usa-la e depois de um tempo as garras de raiton apareceram em meus dedos, completamente satisfeito eu as usei pra cortar a jaula imaginaria e me libertar.

- Estranho, foi minha imaginação? – perguntou-se Inori olhando pro deposito onde deixou o garoto.

Ele não imaginava que uma simples criança conseguira quebrar uma das melhores técnicas do clã Yamanaka mas fora exatamente isso que Kanta fizera, tão logo ele recobrou a consciência ele examinou a área onde estava e viu que estava sozinho, aproveitando-se dessa chance única ele furou a palma da mão com a unha e bateu a mão no chão invocando um pequeno coelho ninja que imediatamente começou a roer a corda que prendia suas mãos, Kanta percebeu que alguém se aproximava e usou seu corpo pra ocultar o coelho que continuava o mastigar enquanto ele próprio fingia que ainda estava preso no genjutsu.

- Tá acordado moleque? Hoje não foi o seu dia não é? – zombou o ninja musculoso que entrara ali – bem, você tem mais sorte que seus amigos.

Eu quase vacilei quando ouvi isso, se eu ainda tinha esperanças de encontra-los vivos agora eu sabia que não, meu coração começou a bater mais rápido enquanto me segurava pra não gritar de raiva.

- Sabe, nesses dias difíceis o poder de todas as vilas está tão baixo que eles fariam qualquer coisa por uma vantagem – continuou ele – é uma pena que você e seus amigos não possuam linhagem avançada, se possuíssem podíamos vende-las pra alguma vila, tenho certeza que eles nem perguntariam de onde veio o cadáver!

Ele estava nos tratando como mercadorias e isso era imperdoável, definitivamente eu não poderia deixar gente assim se dar bem e pensei no que fazer quando finalmente a minha invocação libertou minhas mãos, eu ainda estava com as pernas presas mas com as mãos livres eu poderia usar meu jutsu e fazer esse cara pagar por tudo o que disse sobre meus amigos!

- Hã? De onde veio esse coelho?

Funcionou como eu tinha imaginado, eu pedi ao kuchiyose para distrai-lo por alguns segundos e quando o safado olhou pro outro lado eu reuni a umidade do ar e produzi uma lâmina de água que usei pra cortar as cordas que prendiam minhas pernas, o sujeito voltou a olhar pra mim e num impulso muito louco eu fiz um movimento de saltar já atacando, ele estava tão perplexo que nem chegou a reagir e eu não sabia o que estava fazendo, no salto que dei usei a lâmina de água e milagrosamente decepei as duas mãos dele, naquele instante onde tudo parecia acontecer lentamente eu acertei o peito dele com um chute e o derrubei da cadeira onde estava, antes que ele pudesse reagir sentei sobre seu peito usando o chakra pra grudar os pés no chão e reuni a água da lâmina pra formar uma bolha que enfiei na cara dele.

- Morra seu desgraçado! Morra! – gritei desesperado.

O cara começou a se debater quando não conseguiu respirar com aquela água grudada na cara, ele tentava se levantar mas eu estava grudado ao chão impedindo, ele tentava me empurrar mas sem mãos e perdendo litros de sangue ele ficava cada vez mais fraco enquanto eu assistia ele se afogando, eu devo dizer que na hora eu senti uma imensa felicidade em ver aquela expressão de desespero dele e dei um belo sorriso quando ele parou de se debater e sua cara ficou travada naquela careta que só um afogado faria, eu finalmente voltei a raciocinar direito e vi que estava coberto com o sangue dele.

- Como foi que eu fiz isso? Por que eu fiz isso? – eu me perguntava sem entender – eu agi por impulso mas sabia exatamente como fazer aquilo!

Na hora meu cérebro estava um caos, pensamentos lógicos e estratégicos se misturavam com um desejo ardente de acabar com a raça de todos eles, minha vontade idealizava todo tipo de ideia que pudesse fazê-los sofrer enquanto minha mente formulava a melhor estratégia pra fazer isso, no fim as duas entraram em um acordo e me consultaram sobre o que fazer.

- Vamos nessa então – respondi a mim mesmo sem entender o que diabos estava pensando.

Eu só podia ter enlouquecido, quando dei por mim estava catando o equipamento ninja do idiota que matei e comecei a me esgueirar pelos cantos da mina aproveitando que a movimentação dos mineiros camuflava os meus movimentos, minha vontade estava ordenando a buscar vingança pelos meus amigos e meu sensei, minha mente calculava que quanto mais trabalho eu desse a eles menos preparados estariam pra enfrentar os reforços de Konoha e ambas mais uma vez entraram em acordo e me disseram exatamente o que eu deveria fazer.

- Eu tenho que me sacrificar pra impedi-los de se prepararem, se eu fizer isso ajudarei minha vila e o povo daqui também – foi o que decidi enquanto me movia sorrateiramente – eu não vou deixar que tudo tenha sido em vão.

Kanta se moveu pelo teto e alcançou uma área que mais parecia um escritório dentro da mina, com cuidado ele se esgueirou por ali e concentrou seus sentidos pra ouvir o que o líder conversava com o Yamanaka.

- Pode ter certeza, é assim que eles vão atacar, como sempre a prioridade deles vai ser colocar os habitantes em segurança, depois nos combater – aquele safado entregava tudo ao líder – tudo vai depender da força deles mas em geral podemos pega-los com as armadilhas aqui.

Aqueles dois estavam muito satisfeito com seus planos, na cabeça deles provavelmente se viam derrotando todos os ninjas de Konoha que viessem e depois iriam embora com todo o nindori que conseguissem arrancar da mina.

- O plano continua, vamos fazer os habitantes extraírem o mineral o máximo que conseguirmos e depois vamos explodir a vila, só assim vamos encobrir nossos rastros e ainda por cima manter Konoha bem ocupada por muito tempo.

- Explodir a vila inteira? Eu sei que foi essa a ameaça que fizemos para mantê-los sobre controle mas como vai fazer isso? – perguntou o Yamanaka.

- Eu plantei minha minas terrestres por todos os pontos estratégicos e usei o nindori pra amplificar a força e o alcance – respondeu o líder – com este pergaminho eu tenho controle completo sobre elas, posso detonar quantas eu quiser mesmo de longe!

Quando vi aquele pergaminho enorme eu imediatamente entendi que era aquilo que ele usaria pra controlar as explosões, não hesitei nem por um segundo e joguei uma kunai com tarja explosiva na mesa onde ele pôs o pergaminho para exibição, a cara que ele fez quando viu a tarja se acender foi impagável e melhor ainda foi vê-los se jogando ao chão pra evitar a explosão que veio em seguida, eu consegui destruir o pergaminho e ainda atrair a atenção deles pra cima de mim!

- Matem esse pestinha agora! – gritou o líder em plena fúria.

Todos os ninjas inimigos começaram a jogar kunais e shurikens em mim, ainda grudado no teto comecei a correr por entre as estalactites usando-as como escudo até que passei por um buraco de ventilação que me levaria pra fora.

- Quem matar o desgraçado vai ganhar o dobro do pagamento! – gritou o líder para seus homens – e quem o trouxer vivo para mim ganha 4x mais!

A perfeita definição de um homem furioso era a desse homem quase espumando pela boca, tanto por vontade própria como incentivados pelo bônus os ninjas começaram a correr pra caçar o jovem ninja de Konoha, os dois jounins restantes também saíram pra caçar o garoto enquanto que este corria em direção ao bosque que usaria pra se esconder, mesmo que estivesse determinado a morrer lutando ele pretendia prolongar o máximo possível o inferno desses homens.

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Eu olhei pro céu que aparecia por entre as arvores e vi que estava clareando um pouco, estávamos no verão e isso significa noites mais curtas e luz mais intensa e mesmo assim o bosque ainda estava escuro devido as arvores, depois que saí pelo duto de ventilação corri pro bosque e me escondi muito bem pondo em pratica tudo  o que aprendi no exame chuunin, alias comparado a isso aquele teste foi ridículo, eu já estava escondido a meia hora e de vez em quando eu via algum daqueles capangas me procurando.

- Isso é inútil, aquele moleque já deve estar correndo pra Konoha agora – reclamou um dos homens.

- Temos homens vigiando o caminho, eles avisariam se ele tivesse passado por lá – respondeu outro – assim como eles avisarão quando os ninjas de Konoha estiverem chegando.

- Por falar nisso quando eles vão chegar? Eu preferia estar bem longe daqui!

- Relaxe, mesmo que eles tenham gente disponível pra enviar eles só vão chegar aqui no meio da tarde – disse o outro, ainda temos umas 10 horas.

- Então em vez de perder tempo procurando o moleque devíamos nos preparar pra isso já que o primeiro plano do chefe já era.

Isso é mal! Mesmo que eu tenha estragado os planos deles se os desgraçados aprontarem outra coisa o pessoal da vila vai estar em perigo!

Kanta começou a pensar no que fazer, sua mente brilhante formulava estratégias e calculava possibilidades e tudo levava a mesma resposta, então o garoto fechou os olhos como se estivesse reunindo sua coragem, ele já havia feito a escolha e iria até o fim.

- Tenho que mantê-los interessados em mim, quanto mais tempo perderem melhor pro nosso pessoal, e ainda tenho que vingar os meus amigos!

Kanta saltou da arvore onde estava atirando varias shurikens que atingiriam um dos inimigos bem no meio das costas, assustado o outro se virou e deu um grito quando viu o jovem ninja de Konoha saltando sobre ele enfiando uma kunai em sua garganta, antes que os inimigos lhe achassem Kanta catou tudo que podia dos inimigos abatidos e saiu correndo pelo bosque, logo todos que estavam voltando pra vila Ichiri viram o menino e começaram a persegui-lo.

- Peguem esse desgraçado! – ordenou o Yamanaka – se não conseguem cuidar de um moleque como esperam cuidar dos outros!?

- Um exercito só é tão bom quanto seu líder – zombei quando subi numa pedra – se você não faz porra nenhuma como espera que eles façam!?

Eu me sentia o máximo fazendo isso e deixando esses caras doidos, se eu ia morrer que fosse assim e talvez eu conseguisse por meu nome naquele monumento na vila... espere aí! Quando foi que comecei a desejar ser reconhecido? Foi depois que o Naki-senpai me contou aquilo? Foi quando o sensei deu a vida por nós para que fizéssemos a diferença? Eu não sabia mas meu corpo estava pegando fogo e acreditava que podia fazer qualquer coisa, por isso continuei correndo e logo cheguei a aquele rio que cruza a campina e leva até a vila Ichiri e lá encontrei os ninjas que vigiavam o caminho para alertar os outros quando os reforços de Konoha chegassem, imediatamente eu imaginei o que fazer e parei sobre a água chamando a atenção deles.

- Suiton! Mizukagiri no jutsu! (técnica da lâmina aquática serrilhada)

Enviei meu chakra pelos pés que se espalhou pela água abaixo de mim e logo bolhas d’água subiram e se modelaram na forma de laminas redondas que voaram em direção aos inimigos que estavam vindo na minha direção, consegui atingir a maioria deles e dos 8 que montavam guarda matei 3 e deixei outros 3 feridos, quando os inimigos do bosque me acharam eu comecei a correr e eles me perseguiram mais uma vez achando um absurdo que uma criança de 12 anos estivesse matando-os assim, e francamente até eu estava achando um absurdo conseguir fazer tudo isso.

- Esse moleque está possuído ou o quê? Alguém mate essa peste! – gritou o Yamanaka furioso e perplexo.

Eu ri quando eles começaram a gritar de raiva enquanto corriam atrás de mim, mas quando olhei pra trás vi pelo menos duas dúzias de homens loucos pra arrancar meu couro e por isso concentrei todo o meu chakra nos pés pra correr o máximo que eu podia e já sentia minhas pernas doendo por que apesar do meu controle do chakra ser excelente eu não tinha tanto assim pra ficar esbanjando nessa guerrilha.

Eu vi novamente o bosque vizinho a vila e planejei usa-lo como esconderijo novamente pra continuar atacando-os como fosse possível, mas antes que eu pudesse chegar até a primeira arvore no caminho uma forte explosão aconteceu bem a minha frente e voei pra trás rolando pelo chão, comecei a me levantar com os ouvidos zumbindo e a pele toda esfolada, ainda bem que o colete absorveu a maior parte da explosão mas agora ele estava destruído.

- Acabou a brincadeira menino, eu nunca passei por tanta humilhação e sofrimento desde que te conheci – disse o ninja da rocha.

- O QUÊ? EU NÃO ESTOU OUVINDO!! – gritei sinceramente, não estava ouvindo quase nada.

Eu ainda estava bem atordoado pela explosão, meu corpo todo doía e meus ouvidos não estavam funcionando muito bem, mesmo assim eu vi quando fui completamente cercado por todos eles, era impressionante que um mero chuunin precoce conseguisse fazer 50 homens quererem mata-lo.

- Trouxe o bando todo pra pegar um menino? Não tem vergonha não!? – perguntei realmente indignado pela covardia.

- Não tire uma com a minha cara agora, sou eu quem vai te matar assim como matei o jounin – disse ele bem irritado.

- Aquele jounin era o meu sensei, ele me treinou acreditando que eu podia ser grande algum dia – disse como se fosse importante confessar isso – eu nunca tive vontade de ser grande mas hoje eu entendi o que ele realmente queria.

- Ah droga, nos poupe dos discursos prontos de Konoha – pediu o Yamanaka chateado – eu fui embora justamente por que não aguentava mais todo aquele papo e aquelas cobranças!

- Você é só um filho da puta desgraçado, cale a boca que depois vou te matar! – gritei como se fosse eu quem estivesse por cima.

As dezenas de ninjas que me cercavam começaram a rir, era a segunda vez que eu desmoralizava aquele cara, ele tentou avançar pra cima de mim mas o líder deles levantou a mão ordenando que todos ficassem quietos.

- Menino, eu te odeio pra valer, mas ao mesmo tempo te respeito por que você conseguiu fazer tudo isso – começou ele – então eu vou lutar com você pra honrar essa coragem mas vou te matar bem devagar pra descontar essa raiva desgraçada!

- Parece justo pra mim – respondi quando meu ouvido voltou a funcionar, só ouvi parte do que ele disse.

Os 50 ninjas fizeram uma roda ao nosso redor e eu saquei uma kunai para lutar mas antes de sequer planejar o que fazer eu já tinha levado um bicudo no estomago e voei longe caindo em cima de um da rodinha que me empurrou de volta pro meio, quase vomitei os biscoitos que comi enquanto estava escondido.

- Vamos lá, mostre agora alguma ousadia menino – exigiu ele.

Ataquei com tudo tentando corta-lo mas o cara era muito rápido e desviava de cada golpe, acho que mesmo que eu estivesse 100% não conseguiria atingi-lo, ele tentou me esmurrar com a mão esquerda mas o movimento dela estava tão lento que consegui desviar me abaixando, provavelmente foi esse o braço que meu sensei atingiu e isso me deu uma chance, com um golpe de estocada tentei perfurar a barriga dele mas o desgraçado esquivou por pouco e deu uma joelhada na minha cara, rodei antes de cair no chão.

- Acho que o corte foi mais profundo do que imaginei – disse ele massageando o pulso esquerdo – parece que seu sensei fez algo bom antes de morrer, eu explodi a cabeça dele mais ou menos assim.

Ele avançou pra cima de mim e eu tentei revidar, mas ele agarrou meu braço esquerdo e de repente senti minha carne esquentar e logo após isso veio a explosão, não foi grande o bastante pra destruir meu braço mas o deixou em carne exposta e eu dei um grito tão grande que minha garganta doeu, nunca senti uma dor tão grande em minha vida, o ferimento era horrível e só não estava pior por que a carne foi cauterizada pela explosão evitando o sangramento.

Cai no chão em agonia sentindo uma dor tão grande quanto por o braço numa fogueira enquanto os desgraçado só gargalhavam.

- Vou fazer o mesmo com todos os seus membros, um de cada vez – anunciou ele – e se você não morrer de dor ai sim eu vou explodir sua cabeça pra aliviar seu sofrimento.

Eu estava morrendo de medo, tanto medo que eu nem queria mais saber de ser herói e tudo o que eu queria era voltar pra casa e esquecer tudo isso, o medo era tanto que nem sentia mais meu braço doendo e de repente eu me sentia patético ao imaginar o que os outros pensariam de mim se me vissem assim, eu cheguei tão longe pra simplesmente desistir e me arrepender de tudo o que fiz? Não! Eu ia morrer sim mas ia morrer com orgulho pelo bem do nosso time!

- Ainda tem força pra levantar? Você é mesmo assustador – ele estava impressionado por me ver levantar empunhando a kunai – se você chegasse a ficar adulto quem sabe o que poderia fazer? Mas hoje sua historia acaba aqui!

Ele avançou na minha direção e eu contra ele, nem queria saber se podia perder o outro braço, eu chutaria a cara dele se fosse preciso mas pelo menos um golpe eu acertaria, não sei se era efeito do meu estado ou se meus sentidos se aprimoraram mas eu vi aquele misero segundo como se fosse um minuto, eu vi a mão dele avançando lentamente na direção do meu braço enquanto o meu braço mirava a kunai na cara dele, naquele instante calculei que devido ao meu tamanho ele me pegaria primeiro.

- “maldito braço curto!” – amaldiçoei o fato de que minha estatura deixava a desejar numa luta.

Eu fechei os olhos quando percebi que não acertaria o golpe e acabaria perdendo outro braço, de repente eu senti um vento estranho e ouvi um som abafado de impacto, na mesma hora que abrir meus olhos eu senti um puxão vindo de trás enquanto algo dourado passava pela minha frente, meus olhos não conseguiram focalizar o que estava acontecendo por que no segundo seguinte eu estava voando pro alto girando loucamente até que depois cai sobre algo macio, quando meus olhos pararam de girar eu só vi cabelo rosa e olhos faiscando de raiva num rosto feminino.

- NARUTO SEU IDIOTA!!! – gritou aquela mulher furiosa – você está tentando matar o menino de vez!!?? Se for eu vou quebrar a sua cara!!

- Eu só estava tentando tira-lo do meio disso, eu sabia que você ia pega-lo Sakura-chan! – gritou alguém mais a frente – mas ao invés disso não é melhor cuidar dele?

A mulher de cabelo rosa olhou pra mim e sorriu, logo em seguida eu senti um calor agradável no meu braço explodido e quando reparei uma luz verde estava fluindo da mão dela para o meu braço aliviando a dor e já curando-o lentamente, ainda sem entender o que estava acontecendo eu olhei pro outro lado e vi aquela figura incrível no meio de todos aqueles homens que agora pareciam minúsculos como formigas, minha boca tentava gaguejar algo sem sucesso quando finalmente entendi o que estava acontecendo.

- Espere aí, esse aí é AQUELE Uzumaki Naruto? – perguntou um dos homens que também estavam tentando entender o que aconteceu.

- Tá doido!? Não pode ser ele! Ele não viria num lugar desses! – disse outro se agarrando a esperança.

Naruto deu um sorriso e de repente soltou um urro que fez o ar se agitar e o chão bem ao seu redor tremer, quando ele terminou de urrar os 50 ninjas simplesmente correram em disparada como se fossem gazelas perseguidas por leões, de repente vários vultos passaram correndo por onde eu estava em perseguição aos ninjas que fugiram, quando eu reparei bem eram os mesmos ninjas famosos que lutaram ao lado do Naruto na ultima guerra, não demorou muito pra que os ninjas de Konoha alcançassem os fugitivos e os derrotassem em menos de um minuto.

- Como está a situação na vila? – perguntou alguém do meu lado.

- Hei Shikamaru! Isso pode esperar um pouco, o menino está muito ferido.

Eu olhei aquele homem que me encarava como se estivesse entediado, Sakura ainda tratava meu braço quando eu engoli a gagueira e respondi de uma vez.

- Eles ainda tem muitos homens na vila e na mina, os habitantes estão sendo mantidos reféns sob ameaça de explodirem a vila caso desobedeçam, talvez tenha muitos explosivos escondidos por lá – relatei tudo ignorando que ainda não estava bem o bastante pra me exaltar.

- Hinata e Neji, encontrem os explosivos, Tenten vai desarma-los se for possível – começou o tal de Shikamaru – quando aqueles empolgados ali terminarem de espancar os idiotas mandem pra mina resgatar a população.

Os que ele citou saíram correndo em direção a vila e no caminho avisaram aos outros o que deviam fazer e lá forem eles cumprir seu dever e salvar a vila Ichiri, comigo só ficaram o Shikamaru e a Sakura que ainda me curava enquanto praticamente me abraçava como se quisesse me confortar e me proteger, além deles o Naruto também que me olhava como se estivesse muito satisfeito, mas o mais engraçado é que aquele cara que estava tentando me matar ainda estava ali se recuperando do golpe que levou, assim que ele ficou de pé Naruto se virou encarando-o.

- Ué? Não vai fugir também? – perguntou ele com desdém.

- Eu não conseguiria fugir de qualquer jeito, prefiro morrer lutando – respondeu ele – não é assim que vocês de Konoha fazem?

- É mesmo? Pois bem, qual é o seu nome? – perguntou Naruto.

- BakujinKanori e é uma honra estar diante do ninja mais forte do mundo.

- Pois bem, já que se dispôs a lutar eu vou acabar com você usando todo o meu poder! – respondeu Naruto sério.

No instante seguinte uma massa de chakra dourado se espalhou por todo o seu corpo e assumiu a forma de uma aura poderosa que de onde eu estava sentia a pressão que aquilo exercia, o tal do Kanori recuou por um instante mas depois ficou com uma expressão que beirava a loucura e concentrou o máximo possível de chakra nas duas mãos avançando contra Naruto que nem se mexeu.

- Ele é um usuário de bakuton! Não o deixe te tocar! – gritei quando percebi o perigo daquilo.

- Está tudo bem Kanta-kun, o Naruto não pode ser morto por algo tão simples – disse Sakura sorrindo confiante.

Naruto segurou a mão dele quando ela estava a alguns centímetros de tocar seu peito, logo em seguida ele apertou levemente e só isso já foi o suficiente pra esmigalhar todos os ossos do braço e do pulso fazendo o sujeito gritar como louco, acho que ele queria descontar nele o que tinham feito em mim.

- Eu ainda tenho a outra mão! – gritou o cara atacando direto.

Kanori tocou o rosto do Naruto e liberou todo o seu chakra bakuton criando uma onda explosiva direcionada num único ponto, Sakura se curvou sobre Kanta como se quisesse protege-lo enquanto todos viam a onda explosiva passando ao redor deles mas sem toca-los, Naruto concentrara todo o seu chakra na defesa criando um escudo pra eles.

- Uau! Você é forte mesmo, eu senti isso! – disse Naruto quando Kanori afastou a mão do rosto dele.

- não pode ser! Nem um arranhão!?

- Se serve de consolo o meu rosto está ardendo – respondeu Naruto – então isso foi o melhor que conseguiu fazer, minha vez agora.

Ele ainda segurava o braço do sujeito quando o arremessou pro alto fazendo-o subir uns 100m, antes que se iniciasse a descida Naruto saltou também e lá no alto acertou o cara com a sua técnica mais famosa que chamavam de rasenga, eu vi o cara voar pra longe feito um raio e eu juro que ele deve ter voado 1km até cair no chão feito um meteoro, quando Naruto tocou o chão Sakura se levantou e indo até ele lhe deu um belo cascudo na nuca.

- Seu exibido! E se aquela explosão tivesse machucado o Kanta-kun!?

- Sakura-san, acho que você deixa-lo cair no chão de qualquer jeito machucou mais – avisou Shikamaru.

Ela ficou toda vermelha de vergonha e correu pra socorrer o menino que estava tonto pela dor súbita que veio, enquanto ela curava Kanta Naruto desfez sua transformação e caminhou até eles olhando bem o rosto do garoto que estava ficando sem jeito.

 - Eu sabia que te conhecia! Você é aquele menino gênio que passou no ultimo exame não é!? – perguntou Naruto empolgado – quando eu te vi tinha certeza absoluta que um dia você se tornaria um herói!!

Ouvir aquelas palavras vindas do maior herói que Konoha já teve fez seus olhos lacrimejarem e Kanta desabou num forte choro quando lembrou tudo o que passou nas ultimas 24 horas e de como enfrentou a morte de frente, ele podia ser um ninja mas ainda era uma criança e tudo aquilo foi demais pra ele, os ninjas a sua volta o observavam felizes em saber eu aquelas lagrimas era um misto de alivio e felicidade.

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Era impressionante como toda a sua vida podia mudar num piscar de olhos, quando os reforços chegaram e cuidaram do problema na vila Ichiri eles me contaram que após minha mensagem chegar na vila o Kakashi-sama enviou uma ordem urgente pra TODOS os times que estivessem no país do fogo e aqueles que estivessem livres fossem imediatamente socorrer a população da vila e os companheiros em perigo e foi assim que por coincidência ou força do destino aqueles que eram considerados a elite da vila vieram nos ajudar desviando-se de seu caminho para isso.

Ainda no meio da tarde três equipes médicas e dois times de ataque chegaram de Konoha pra ajudar o povo que aquela hora já estava a salvo mas precisando de cuidados, eu já tinha sido enviado de volta carregado por ninguém menos que Uzumaki Naruto que também deixara alguns dos seus kagebunshins na vila para ajudar com qualquer coisa, quando passei pelos portões fui aplaudido por todos os ninjas e civis que estavam por ali e envergonhado afundei minha cara nas costas dele que me disse apenas “você merece”.

Fui direto pro hospital onde meus pais foram correndo me ver enquanto uma equipe médica completa cuidava do meu braço e dos outros machucados, eles garantiram que não ficaria sequela nenhuma no meu braço mas infelizmente ficaria uma cicatriz bem feia, eu pessoalmente não me importei muito com isso, após ser liberado voltei pra casa onde meus dois companheiros de time me receberam e eu falei sobre tudo o que aconteceu, sem esconder nada.

Então dois dias após o incidente eu já tinha feito um relatório ao Kakashi-sama que me parabenizou por minhas ações e disse que me daria uma semana de folga já que muito em breve o novo herói da vila seria necessário, foi quando os corpos chegaram.

Não foi preciso muito pra eles serem liberados pro velório, só que alguns estavam tão detonados que seus caixões estavam vazios ou selados, no fim da tarde tivemos o velório e compareceram todos os ninjas que estavam na vila incluindo aqueles que foram nos salvar e também alguns representantes da vila Ichiri que fizeram questão de homenagear todos os que sacrificaram suas vidas protegendo-os, tanto a equipe antiga como a minha equipe.

- Que seus nomes sejam lembrados para sempre, não por que são heróis que deram suas vidas pelo seu dever, mas sim por que são ninjas que escolheram seus caminhos e lutaram pelo que acreditavam com orgulho – disse Kakashi a frente dos 7 caixões.

Eu ainda não entendia o que significava ser um herói, mas o próprio Naruto me disse que um dia eu entenderia quando soubesse pra que servem os heróis, fiquei pensando no significado das suas palavras quando percebi alguém chamando minha atenção, era uma menina da minha idade carregando um buquê de flores que me entregou assim que o vi, ela fazia parte da comitiva enviada pela vila Ichiri pra agradecer aos heróis vivos e mortos por salva-los, a menina disse que o pai dela era um dos mineiros forçados a trabalhar e que ela nunca perdeu as esperanças de que uma hora os heróis do país do fogo aparecessem e salvassem a todos, quando ela me deu um beijo na bochecha o meu colega Shinji assobiou e eu fiquei todo vermelho, quando ela foi entregar outros buquês pra famílias dos ninjas mortos o meu colega Jiro veio tirar uma com minha cara dizendo que já arranjei uma namorada bonitinha, bati nos dois e voltei pra junto dos meus pais que estavam orgulhosos como nunca estiveram, eu olhava pras pessoas ao meu redor e via o olhar delas e agora eu não via mais como se fosse algo ruim, eu via que eles estavam orgulhosos e isso me fazia feliz, correspondi as esperanças deles que viam em mim como um futuro herói, orgulhei meu sensei que morreu acreditando que um dia eu seria um herói e eu passei a vê-lo como um, jurei ao Naki-senpai e ao Iba-senpai que iria continuar o sonho deles e cheguei a dizer ao Naruto-sama que um dia iria supera-lo.

E foi ai que eu entendi por que precisamos de heróis, precisamos deles por que eles nos dão esperança, eles são aquilo que todos sonham em ser um dia, é acreditando nos heróis que podemos nos manter firmes e sonhar com um futuro melhor.

Por isso eu farei o meu melhor pra dar esperanças a aqueles que precisam e orgulho para os que acreditaram em mim.

Biografia de KaneshiroKanta concluída com base em seus diários, relatórios de missões e nos relatos de todos que o conheceram.

KaneshiroKanta, herói de Konoha morto aos 38 anos em batalha protegendo seus alunos, seus dois filhos (Iba e Naki) que teve com a menina da vila Ichiro sonham em ser o hachidaime (8º) Hokage.

FIM.

a imagem parece meio feminina, mas é um menino.


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Notas finais do capítulo

droga! não ficou como e uqueria, no pc o texto estava mais bonitinho!
bem, com isso já sei como fazer na minha proxima fic.
cometem, eu responderei qualquer coisa nos reviews