E assim os dias foram passando, vestidos, aparições, discursos feitos pela capital, comida.  Eu realmente esperava que ser vitoriosa era mais divertido, mas em cada distrito que passávamos, eles tinham que pelo menos fingir que gostavam da gente, mas geralmente eu recebia olhares de reprovação e a Katniss de alegria. Mas não vai ser assim do distrito 1. Em cerca de uma hora chegaremos lá, Katniss fica horrorizada só de tocar no assunto. Eu e Cato, ok, apenas eu mas ele vai falar também, fizemos um discurso em honra a Marvel e Glimmer, resolvemos não mostrar pois tenho medo que Haymitch nos impeça de falar, ou faça com que nossos próprios mentores não deixem.

-- Clove! – Beatriz interrompe meus pensamentos. – Agora que você já está pronta, coloque o vestido!

Me dou o trabalho de me olhar no espelho antes de levantar, estou com uma sombra azul-claro nos olhos e batom cor de boca. Meu cabelo está solto formando cachos grandes e minuciosamente moldados. O vestido é branco até abaixo dos seios, onde ele começa a tomar a coloração azul. Ele é sem alças e cheio de pedras, muitas mesmo, de safiras a diamantes e muitas outras pedras azuis que eu não sei o nome.

-- O que achou? – ela pergunta sorrindo.

-- Extravagante! – respondo rápido de mais – e muito bonito, com certeza.

-- Estamos no distrito do luxo! Obviamente o vestido seria luxuoso! – ela responde sorrindo. – Sabe, no meu segundo ano como estilista eu fui estilista do distrito um.

Ela vai continuar a falar, mas Enobária nos interrompe avisando que já chegamos ao distrito, vou à janela e tenho a pior reação possível.

 -- Está bem, Clove? – Cato pergunta vindo ao meu lado, usando um terno azul igualmente extravagante.

-- Tem muitas Glimmers aqui – respondo olhando para a multidão. Ele apenas ri antes de sermos chamados por Charlotte.

Depois que somos recebidos pelo comitê de boas vindas, que pelo menos em um distrito eles parecem gostar mais de mim do que da Katniss, somos dirigidos ao Edifício da Justiça, que é muito bonito, na verdade lembra um pouco o do nosso distrito. Depois de apresentados ao prefeito e aos outros vitoriosos, Katniss e Peeta leem o texto fornecido pela capital e então começamos o nosso discurso. Como ensaiado, Cato começa:

-- Gostaríamos de dizer algumas palavras em honra a Glimmer e Marvel.

-- Eles foram brilhantes tributos com suas ambições e limitações. Cada um com seu jeito único e cativante que fizeram da arena não apenas um lugar de tragédias como de amizade. Infelizmente eles já não mais aqui conosco estão – Acabo me enrolando nas palavras -- mas devo dizer não vencemos sozinhos, eles sempre vão estar vivos em nossas lembranças.

-- No dia em que cada um deles morreu, não perdemos apenas um tributo brilhante, ou um ótimo aliado, mas também um magnífico amigo no qual sentiremos muita falta. Os momentos de maior dor na arena não foram os momentos de dores físicas, mas os momentos de dores psicológicas, e ver os rostos deles entre os tributos mortos foi um deles. – Cato fala como combinado, eu lembro muito bem dele reclamando que essa parte ficou meio estranha para ele falar.

-- Eles honraram seu distrito até o último suspiro, e é com muito pesar que nos desculpamos por não honrarmos suas mortes, mas também é com muito orgulho que digo que eles foram os melhores aliados que poderíamos querer. – Completo e Katniss me fuzila com os olhos, ela percebeu que o jeito de honrar a morte deles era tendo a matado. A família de Glimmer, que consiste em um casal loiro muito parecido com ela e dois filhos nos olham com um pouco de alegria, apesar da loira-mãe estar com lágrimas nos olhos. A família de Marvel, que é uma mulher morena, um homem loiro e uma criança pequena também parecem satisfeitos com nossas palavras.

O prefeito também parece levemente emocionado e Enobária me lança um olhar de aprovação. Depois do desfile público, somos arrumados para o jantar. Para esse evento eu visto um vestido bege até os joelhos de uma manga só, cheio de rubis e algumas poucas citrinas* ( http://www.mazetparis.com/pt/citrine ) na alça. Fleur e o resto da equipe não param de falar que eu estou realmente divina e que eles são ótimos no que fazem.

***

Já na casa do prefeito, que é realmente magnífica e cheia de joias, quando Enobária finalmente deixa eu e Cato sentarmos, mas obviamente que ela fez com que ela e Brutos fossem conosco, pude descansar minha cabeça. A equipe do doze sentou em uma mesa ao lado da nossa e estão meio que excluído, uma vez que a maioria dos vitoriosos do 1 estão ansiosos para conversar com meus mentores. Nesse momento eles estão falando com um casal de irmãos chamados Gloss e Cashmere, que foram os mentores de Marvel e Glimmer. Fico revirando minha sobremesa com a colher, até que uma mulher que aparenta ter uns 26 anos senta na cadeira vaga a minha frente.

-- Olá, me chamo Ruby* – ela fala com um sorriso. Ela é morena e muito bonita, mas seus olhos são vermelhos. (http://www.afterellen.com/sites/www.afterellen.com/files/2012/10/RubysSmile.jpg).

-- Olá, Cato e Clove – Cato nos apresenta porque não me dou o trabalho de falar nada.

-- Vou ser mentora no próximo “Jogos Vorazes” – ela fala sorridente – Brutos falou que vocês também serão, então fiquei com vontade de conhecê-los.

-- uhum, estou lembrado da sua edição – Cato comenta.

-- Pois é, depois que eu venci eu ganhei lentes permanentes da capital e agora tenho olhos vermelhos – ela responde – mas acho que ficaram bem em mim.

-- Quem vai ser o mentor masculino? – pergunto.

-- Quase certo que vai ser o Magnum – ela responde educadamente – ou o Gloss, apesar dele ter sido na edição passada, ele é mais experiente e tals, mas sempre prefere ser mentor junto com a Cash, então não tenho certeza. – Ela tem uma pausa – eu amei o discurso de vocês! Depois que a Glim – ela tem outra pausa – morreu, eu passei a torcer para vocês.

-- Obrigada – respondo seca.

-- Era amiga dela? – Cato tenta ser educado.

-- Ela era minha prima, me sinto culpada sabe... – ela fica com uma expressão triste e ao mesmo tempo assustadora por causa de seus olhos. – Eu que incentivei ela a se voluntariar.

-- Tenho certeza que não foi culpa sua. – Minha vez de tentar ser educada.

-- Acho que... Talvez, não tem como, desde a sua morte meus pesadelos pioraram – Ruby fica meio chorosa – Enfim... Não vou atolar vocês com os meus problemas.

***

De volta ao trem tomo um banho demorado e visto um pijama realmente confortável, não demoro nem quinze minutos para pegar no sono, mas sou acordada por gritos da Katniss. DE. NOVO. NÃO. Eu achava que ela tinha parado com os pesadelos desde que o conquistador passou a dormir com ela, mas parece que eu estava errada, com isso o conquistador volta a sua utilidade inicial, N-E-N-H-U-M-A. Mas, com sorte logo ele vai voltar a ter a utilidade “fazer Katniss gritona dormir”. Quando ela finalmente cala a boca já estou tão acordada e sem sono que decido ir para a sala. Felizmente não fui a única que tive essa ideia.

-- Hey Cato – digo sentando no sofá.

-- A Katniss te acordou também? – Ele pergunta, que coisa óbvia.

-- Sim, e agora não consigo dormir. – respondo.

-- Nem eu. – ele começa – eu posso te fazer dormir.

-- Que droga! Daqui a pouco vai estar igual ao conquistador. – respondo revirando os olhos e abafando o riso.

-- Anda vem – ele me ignora.

-- Tudo bem.

Já em meu quarto me atiro na cama e me arrependo de ter aceito o convite, as camas do trem não são muito grandes e Cato ocupa um belo espaço. Mas, o simples fato de saber que tem alguém aqui já me deixa com sono, o que é bom. Acabo dormindo rápido com os braços de Cato em minha cintura, esse sono vai me preparar psicologicamente para o que está por vir.