POV de Bella

A estrada era estreita, cheia de curvas e pedras. Minha picape balançava, as vezes ameaçava atolar ou derrapar, mas nada acontecia. O clima estava frio, nublado e com uma leve garoa, eu estava nervosa e as outras duas estavam tranqüilas. Eu tinha certeza do que queria, acabar com Victoria. Poder ter o gostinho de viver livre e feliz com minha família sem que tenha alguma coisa na minha cola. Na certa, Victoria iria desconfiar de algo, Alice ligou para Willow e disse que ela já tinha nos visto. Agora, era só esperar ela aparecer.

O campo estava meio lamacento nas bordas, uma densa camada de névoa cobria a floresta e as margens da estrada. O gramado estava molhado, não escorregadio, mas ainda sim úmido. Os sons da mata e de seus moradores havia sumido, parecia que eles pressentiam que o perigo rondava o lugar, nenhum grilo, nenhum pássaro, nenhum outro anima. Somente o rugido forte do motor da minha Chevy e as batidas descompassadas do meu coração. Victoria com certeza podia ouvir isso, o medo que eu tinha estava sendo mostrado através dos meus impulsos nervosos.

Isso devia ser música para os ouvidos apurados da vampira ruiva. Respiração acelerada, batidas do coração cada vez mais rápidas, o sangue pulsando rápido e forte pelas minhas veias e artérias. Minha palidez natural se tornou maior, me deixando quase branca, igual ao Edward. Eu dirigia sem se quer pensar em parar na estrada, os grandes pneus da picape passavam retos e rápidos pelos buracos no cascalho, o chacoalhar era intenso. Willow e Sookie estavam sérias, seus olhares eram atentos na estrada, mas foram interrompidos por outro telefonema.

Willow murmurava no celular. Era Alice, avisando que Victoria agora nos seguia pelas margens da floresta. Bill também mandou um recado para Sookie, ela tinha que tomar cuidado. Mas apesar de Sookie ser a humana, mortal e quase normal, ela ainda tinha chances. Sookie sabia se defender, mas eu saberia? Parei a picape na borda do campo de beisebol, uma sensação de deja vu tomou conta novamente do meu corpo. Nós três saímos do carro e caminhamos até o meio.

Senti um arrepio percorrer minha espinha. Uma brisa fria passou por nós. E de repente estava lá, alta, ruiva, olhos vermelho sangue, descalça, uma pele branca jogada pelos ombros. Victoria. Ela olhava, analisava a situação.

- Isabella... – A ruiva murmurou meu nome.

- Victoria... – Falei.

- Espero que exista algo além da vida para nós, porque eu gostaria que James visse como será a sua morte. – Ela ameaçou.

- Não acho que ele poderia ver, mesmo que existisse algo alem da vida para vocês... – Tornei a falar.

- Como quer morrer? Longa e dolorosamente, enquanto eu bebo todo o seu sangue? – Ela inspirou profundamente. – Ou rápidamente, sem dor?

- Não sei, decida você... – Falei tentando colocar um pouco de valentia, não coragem, na minha voz. – Você quer me matar...

- Sim, isso mesmo. – Ela riu. A voz dela era como de um anjo, um anjo mal. – Parceiro por parceiro. Nada mais justo.

- Você é quem sabe... – murmurei de novo.

- Está indecisa? O que pretende? – Ela perguntou suspeitando de algo. – Está me enrolando para que seu namoradinha venha te salvar?

- Não. – Falei. – Na verdade, não. Apenas respondi suas perguntas e não estou enrolando você, apenas estamos conversando...

- Ótimo, porque eu cansei de conversa... – O tom de Victoria era mais ameaçador. – Vamos brincar.

Victoria sumiu. Imaginei que era iria resolver atacar, mas não. Ela aparecia e reaparecia em vários lados do campo de beisebol. Eu não queria atacar, devia esperar que ela o fizesse. E ela fez. A vampira ruiva entrou em posição de ataque, rosnando alto. Então ela correu.

- Vamos brincar, primeiro eu acabo com suas amigas e depois com você! – Ela riu maldosamente.

Victoria agarrou Willow, que foi pega de surpresa. Ela apenas olhava para mim e então fechou os olhos. Eu podia sentir que Willow estava esperando meu ataque, sua voz surgia na minha cabeça dizendo para ataca-la. Mas como eu ia fazer isso sem machuca-la? Suspirei. Victoria ria e corria com Willow pelo campo, até que ela parou e preparou-se para acabar com minha amiga. Então eu tive uma idéia.

Me lembrei claramente de tudo o que Willow me ensinou. Olhei para Victoria, que agora rosnava preparando-se para morder a jugular dela. Pensei no ambiente, havia vento, neblina, água. Me concentrei e tentei fazer com que aquelas pequenas gotículas de água se juntassem, levantei minha mão e abanei novamente. Uma rajada de vento forte, passou por Victoria, que foi pega desprevenida. O ar a sua volta estava congelado, de uma fina neblina, surgiram laminas finas e cortantes de gelo que deslizaram para as costas da vampira.

- Mas... o que!? – Ela rosnou.

- Você não esperava não é? – Perguntei irônica.

Victoria veio novamente em minha direção. Eu deixei que minha mente tentasse acompanhar seu movimento, mas era impossível. Empurrei minhas mãos contra o movimento dela e as pequenas laminas voltaram contra a vampira, cortando-a novamente.

- Laurent tinha razão... – Ela riu. – Você não é normal.

- Não, nunca fui. – Falei.

- Mas o que quer que você seja, essas coisinhas não vão me matar. – Ela riu.

- Mas eu vou! – Então Edward apareceu na margem em meio as neblinas.

Ele correu na direção de Victoria, que fez o mesmo. Houve um estrondo. Alice apareceu e levou Sookie, Jasper cercava a vampira. Imediatamente me lembrei de como Edward falou que tinha destruído James, fogo, desmembramento. Mentalizei minha faísca. O tempo estava humido demais. Juntei minhas mãos e tentei criar uma pequena chama dentro de meus dedos.

Uma brisa leve passava por entre minhas mãos, o ar começava a se aquecer. Victoria tinha escapado e jogado Edward e Jasper contra as margens da floresta, eu vi um corte se formar no pulso de Jasper. Não podia deixar que ela os machucasse. Então a chama surgiu. As brisas leves passavam e aumentavam a chama gradativamente, Willow esticou sua mão e os cipós que se emaranhavam nos troncos de uma velha arvora ganhavam vida e arremessavam-se contra a ruiva. Ela escapava.

- O que vocês são? – Ela rosnou.

- Bruxas. – Willow fez com que o outro cipó segurasse Victoría.

- Não vai acabar com eles. Eu vou acabar com você! – Falei. Mostrei a Victoria uma bola de fogo em minha mão, Edward e Jasper entenderam meu plano e seguraram Victoria, que tentava se desfazer dos cipós de Willow.

- Não antes de eu te matar! – Ela sumiu novamente.

POV de Edward

Foi rápido demais. Victoria reapareceu atrás de Bella e pegou. Bola de fogo se apagou e Bella foi arremessada contra uma árvore, se não foi um galho se quebrando, com certeza foi uma de suas costelas. Eu apontei para que Willow e Jasper ajudassem Bella e fui na direção de Victoria. Ela tentava me confundir com seus pensamentos e movimentos. Então eu entendi. Sua autodefesa em relação ao mim era a confusão, pensa uma coisa e fazia o oposto.

Bella estava em pé novamente. Ela se concentrou, Willow moveu suas mãos e os cipós vieram em minha direção, então eu me esquivei. Um braço da vampira ruiva foi pego, eu segurei o outro e Imediatamente meus irmãos já estavam todos aqui, pela mente de Alice, vi que Laurent era previsível demais. Emmett me ajudou segurar Victoria.

- Pelo visto seu amigo já era... – Bella falou alto. Havia segurança em sua voz.

- Ele era uma distração, nada mais. – Victoria rosnou. – O diabos é você?

- Ainda não entendeu? – Bella agora estava confiante.

- Sem eles você não ia conseguir... humana. – A vampira rosnou novamente.

- Experimente tentar sair daí... – Willow murmurou.

- Willow, não. – Bella pediu para que sua tutora parasse, quando a viu fazer um movimento com as mãos.

- Bella? – Willow perguntou.

- Ela ousou me ameaçar,ameçar a meu pai e minha família! – Bella gritou. – Soltem ela.

- Você sabe que não irá me vencer! – Victoria sorriu diabolicamente.

- Edward, não! – Minha mãe gritou quando me viu soltar Victoria.

Emmett fez o mesmo. Então Victória correu. Bella fechou os olhos, fez um movimento com as mãos e algo começou a se mover ao seu redor. Imaginei ser o vento. Era como se ele a envolvesse, mas quando voltei a olhar, haviam pequenas laminas apontadas para fora. Os pensamentos de Victoria eram furtivos, mas eu sentia que ela iria atacar. Então Bella abriu os olhos, suas duas mãos se moveram para a esquerda, empurrando o ar, fazendo com que as laminas finas de gelo perseguissem um vulto ruivo.

Os cipós caídos no chão começaram a se mover, as mãos de Bella estavam juntas – como se escondessem alguma coisa -, mas eu podia ver pelo movimento de seus olhos que aqueles cipós iriam ser arremessados novamente contra a vampira. Willow pediu que parássemos e não interferíssemos, pois aquela luta era de Bella. Minha Bella. Eu jurei para mim mesmo que se algo acontecesse a ela, eu não hesitaria em interferir.

Os cipós voltaram-se contra a vampira, puxando-a pelos pés. Ela tentava se levantar – em vão -, Victoria estava sendo arrastada em direção a árvore grande e velha. Quando ela estava em pé novamente, seus braços estavam esticados contra o tronco.

- Não vai conseguir sair daí. – Bella falou.

- Acha que vai mesmo me matar enforcada? – Victoria ria.

- Quem disse que ela vai enforca-la? – Falei rindo.

- Últimas palavras? – Bella perguntou andando calmamente em direção a vampira.

- Argh! – Ela rosnou e mostrou os dentes brancos.

- Adeus, espero que encontre James e Laurent em algum lugar. – Então, no meio das mãos de Bell algo brilhou.