Ficamos nos olhando fixamente. Os olhos de minha mãe estavam frios, sem algum sentimento bom. Apenas o ódio. Dizem que quando está prestes a morrer, sua vida passa diante de seus olhos. Pois é. Mas isso não aconteceu. Talvez porque eu agora não era um humano? Não.

Quando ela chegou perto a furar meu coração, com o ódio na faca, uma mão apareceu rapidamente para impedi-la, torcendo o pulso dela. Ela gemeu de dor, mas isso não impediu de atacar a tal pessoa. Os dois começaram a lutar perto da escada. Minha mãe não era nada ruim. Muito menos essa pessoa, que parecia ser mais um homem. Um rapaz. Não sabia ao certo. Não dava para ver seu rosto direito. Apenas seus lindos olhos azuis, brilhantes. Ele usava capuz preto longo. Fechado com botões antigos escuros.

Ela deu um golpe nele com a faca, acertando-o na perna. Mas não o feriu. Porque? Não sei, mas sei que depois, quando ele foi revidar, ele acabou jogando minha mãe escada a baixo. E não era uma escada muito curta. Eu fiquei observando minha mãe, dando cambalhotas violentas na escada. Quando chegou ao chão, lá estava ela, sangrando e morta. Lá estava o cadáver dela. Lá estava a pessoa que me magoou, que queria me matar friamente. O rapaz que me salvou tocou sua mão em meu ferimento no braço, fazendo parar de sangrar. Percebi que ao corte, havia feito um símbolo.

Quando percebi, o rapaz havia ido embora. Então, entrei em meu quarto.

Em cima da minha cama, havia um bilhete:

"Sara, vá para o Acampamento Werning. Não fique aqui. Eles voltaram. Querem te pegar. Querem te matar. Pegue seus pertences e vá rapido! "

Eu obedeci ao que o bilhete dizia, mesmo não sabendo o que significava. Coloquei o bilhete no meu bolso, peguei o necessário e pedi para ir a minha cabana no Acampamento, pelo anel.

Logo, estava ao lado de minha cama do acampamento. Ajeitei minhas coisas e sai para fora da cabana.

Andei um pouco e logo decidi ir na lagoa, onde eu encontraria Serena. Ela é bem legal.

Quando cheguei, Camila estava sentada na beira da lagoa, conversando com Serena animadamente.

– Olá Sara! - anunciou Camila, que talvez havia esquecido do meu "acidente" com ela

– Olá meninas! - anunciei, tentando estar animada, o que não deu muito certo.

– O que aconteceu? - perguntou Serena

– Nada... - eu menti

– Sei que aconteceu alguma coisa. Lembra das conchas?

– Lembro. Elas são como oráculos e tal.

– Exatamente. O que aconteceu?

Eu contei a elas o ocorrido anteriormente.

– Deixe-me ver esse símbolo, Sara - disse Serena

Eu me agachei para Serena poder analisar melhor. Camila também ficou olhando para o símbolo, receiosa.

– Meus deuses! É... é... o símbolo de... - Serena foi interrompida por Camila

– De Yane, filha de nosso líder!

– O- o que? - eu disse, me lembrando de meu sonho que tive, da garotinha, que tinha o símbolo no braço, feito pelos vultos. Então... aquela era Yane, quando foi raptada - agora faz sentido...

– O que? O que faz sentido, Sara? - perguntou Camila

Eu contei a elas sobre os sonhos que tive. Não só a noite passada. Desde o sonho do portal, com a moça se protegendo.

– Sara, esta é parte da história de Yane... - afirmou Camila

– E sobre o homem que me salvou noite anterior?

– O que? Você não nos contou nada - disse Serena

Então, também contei a elas sobre o rapaz da noite anterior, que me salvou do impacto no chão.

– Sara, você ainda não percebeu que esse rapaz pode ser o mesmo do que te salvou hoje, de sua mãe? - perguntou Camila, séria

Hesitei por um momento e, por outro, concordei.

– Mas a questão é: Quem é ele? - disse