Acampamento Werning - Seres Mitológicos escrita por Winasky


Capítulo 13
Capítulo 13 - Um anel e dois monstros




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A cidade estava calma, devido a noite. Mas ainda assim, táxis passavam pela via, caminhões passavam na ponte, adolescentes entrando em baladas, algumas luzes dos prédios em volta estavam acesas. Para uma cidade grande, isso era completamente normal.



Não foi difícil achar a joalheria – tirando a parte que quase fora atropelada por um caminhão de lixo e que pisei em um chiclete, que ficara preso em meu tênis -, pois eu vi umas duas pessoas usando capuz preto e saindo da loja, com dois sacos nas costas e com o vendedor gritando para eles voltarem.



O vendedor – era aparente que era um vendedor, pois usava um crachá dizendo: “Olá, meu nome é Kepa. No que posso ajudar?” – voltara para dentro da loja.



Fui correndo até a joalheria, que não estava tão longe.

Duas plantinhas faziam a entrada da loja ficar mais bonita. Empurrei a porta e entrei.



Era muito mais bonita por dentro. Os três balcões faziam um corte na loja, dividindo clientes com o único vendedor na loja. Os balcões estavam vazios, sem nenhuma joia. O vendedor estava sentado em um banquinho, atrás dos balcões, comendo um bolinho de chocolate gigante – e quando falo gigante, é do tamanho de seu pé.



Fui até o balcão da frente. Percebi que ele não havia percebido minha presença.



– Hã... senhor?



Ele me olhou, mas logo voltou para seu bolinho. E nem me oferecera.



– Senhor!



Ele abocanhou parte do bolinho. Parecia estar gostoso. Eu ainda queria um pedaço.

– SENHOR KEPA!



Ele parou de comer aquele bolinho.



– Ah, desculpe, mocinha – ele estendeu o bolinho – quer um pedacinho?



Estava gosmento de saliva.



– Hã... Não. Não mais. – suspirei – Sr. Kepa, um anel para o Acampamento Werning, por favor.



– Você é um dos seres?



– Sou. Eu preciso voltar para lá o mais rápido possível. – respondi, com pressa.



– O que está fazendo fora do acampamento? – ele perguntou, sem nenhuma atenção.



– Isso é uma longa história. Agora, POR FAVOR, me de o anel!



– Acho que você não percebeu que acabei de ser roubado.



– Acho que você não percebeu que preciso voltar ao acampamento.



– Problema seu. – e deu um leve sorriso

Cruzei os braços.



– O que preciso fazer para ter o anel?

– Pegue aqueles ladrões.








- - -








– Maravilha! Como vou achar ladrões no meio da noite, sem ter ideia quem são? - resmungava



Rodei quadras, atravessei ruas, andei calçadas e entrei em um beco escuro, que dividia dois prédios antigos. O lugar era tenebroso. Ratos passavam a todo o momento. Aranhas faziam suas teias. Varais acima de minha cabeça, dos moradores de ambos os prédios. No fundo do beco, havia duas latas de lixo. Um dos prédios havia uma porta de emergência em direção do beco. Nada o que eu queria estava lá. Aproximei-me de uma das latas de lixo. Abri a tampa. Depois de sair alguns ratos, vi algo estranho. Parecia uma ponta afiada de alguma faca, que brilhava muito. E faca não brilha. Estendi minha mão e peguei. Puxei com rapidez e, quando pude distinguir o que era, vi que era uma espada. Assim que a peguei, ela brilhou ainda mais, e senti algo em mim. Mais força. Mais agilidade. Mais habilidade.

– O que pensa que está fazendo? – ouvi uma voz masculina atrás de mim.



Virei-me. Dois rapazes de capuz preto estavam me encarando feio. Ao lado, dois sacos cheios. Cheguei a conclusão que ELES eram os ladrões. E eles estavam com algo que queria.



– Isso aí é nosso! – reclamou outro



– Vem pegar! – e fui à direção deles



Realmente, imaginava que eles eram pessoas normais, que ganhavam a vida roubando. Estava enganada.



– Mas o que?



Um deles começou a ficar enorme, do tamanho do prédio, com garras e dentes enormes. O outro,virou um rato de olhos vermelhos brilhantes, cor de sangue.




O grandão começou:



– Eu sou Pura Fúria, um dos servos de Winasaki.



O ratinho continuou:



– E eu sou Sacrifício, um dos servos de Winasaki.




Sacrifício correu para minha direção. Para mim, ele era só um ratinho bobo, servo de um monstro, que podia ser morto a qualquer momento. Antes mesmo de eu enfiar a espada nele, ele entrou na minha calça, fazendo-me cócegas e me mordendo com os dentinhos afiados dele. Comecei a me rebater e bater na calça, tentando expulsa-lo. Enquanto isso, Pura Fúria vinha na minha direção. Quando ele foi pisar em cima de mim, me joguei para o lado, sem largar a espada. O ratinho começou a subir na minha barriga, ainda me mordendo. Aquilo estava me deixando mais fraca. Podia ser algum veneno, talvez. Mas naquele momento, não importava. Tinha que dar um jeito no grandão. Corri em direção de Pura Fúria. Percebi que estava sangrando por causa das mordidas. Fiquei frente a frente com ele. E logo cai no chão. Fechei os olhos e respirei fundo, tentando esquecer a dor das mordidas.



– Me mate. - pedi



– Você morrerá em nome de Winasaki! – e pisou em cima de mim.



Por um momento, pensei em ter morrido. Em outro, ouvi um som de dor. Tinha conseguido. Furei seu pé. Meu plano havia dado certo. Pura Fúria caiu. Próxima parte do meu plano estava por vim. Aproximei-me dele, subi em seu abdômen, e enfiei a espada. Logo, ele estava deteriorando-se em faíscas.

Agora o problema era Sacrifício. Naquele momento, ele estava mordendo meu busto, e estava indo em direção a meu pescoço. A cada mordida, mais fraca me sentia. Tinha de fazer: Tirei minha camisa. Marcas de mordidas apareciam graças ao sangue que derramava. Peguei o rato, fazendo que parte de minha pele que estava mordendo viesse junto. Aquilo doeu. Apertei com força Sacrifício. Com a força da minha dor.

– Você terá uma bela surpresa quando chegar. Diga adeus a queridos amigos. – o rato anunciou e enfiei a espada nele. Logo, ele virara cinzas.



Coloquei minha camisa e fui em direção dos dois sacos de joias.














– Aqui está! Agora, quero meu anel! Já está a amanhecer! – anunciei, assim que cheguei a joalheria, acordando o Sr. Kepa, que estava dormindo em uma cadeira. Coloquei os sacos em cima do balcão da frente.



– Hã? Ah, sim. Claro! – ele revirou ambos os sacos e pegou uma caixinha, idêntica a minha do acampamento. – Aqui está!



Peguei a caixinha. Abri-a. Dessa vez, o anel era laranja. O coloquei em um dos meus dedos. Como antes, o anel entrelaçou-se em meu dedo.



– Boa sorte! – desejou Sr. Kepa



Afastei-me do balcão.



– Leve-me a minha cabana no Acampamento Werning – pedi



Nada aconteceu.



– LEVE-ME A MINHA CABANA!



Novamente, nada aconteceu.



Sr. Kepa me olhou, curioso e confuso.



– Tem certeza que é um ser do Acampamento?



– Claro que eu sou! Sou filha do grupo dos céus! Sou um anjo!



– Então talvez, o lugar que quer ir não existe.



– Minha cabana? Claro que existe! – respondi desesperada.



– Então tente outro lugar. – Sugeriu, com um sorriso.

– Está certo. – pensei um pouco – Leve-me a lagoa das sereias do Acampamento Werning.









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