Uncovered escrita por SatineHarmony


Capítulo 5
Distração




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I've got this sentimental heart that beats

But I don't really mind and it's starting to get to me

(Eu tenho esse coração sentimental que bate

Mas eu não me importo que ele esteja começando a me afetar)

— Sam's Town —

Orihime finalmente conseguira dormir. Ela já tinha preenchido quase todas as páginas do caderno quando começou a sentir as suas pálpebras pesarem, e recebeu a inconsciência de braços abertos.

Inicialmente ela suspeitou do caderno com capa dura preta que o número lhe entregara, mas depois rendeu-se à curiosidade e ao tédio, começando a folheá-lo. Não havia nada escrito, somente linhas em branco, e um espaço para colocar data, mês e ano. Notou como ele era de qualidade, e com aparência de novo — talvez pudesse até mesmo ser um caderno de Aizen. Com este pensamento, considerou a hipótese de ignorar o "presente", mas a sua hiperatividade falou mais alto.

— Estou entrando. — a voz de Ulquiorra soou do outro lado da porta, e, estranhando a falta de resposta, abriu a mesma, encontrando Orihime deitada no sofá, de costas para ele e numa posição que ela julgara ser confortável o suficiente para dormir. E assim ela o fazia — o luar iluminava diretamente o seu rosto, mas sua exaustão era tanta que nem isso a impedira de cair no sono.

Suspirou, virando-se para o número atrás de si. Com um sinal silencioso, o arrancar retirou-se, empurrando o carrinho de comida, e deixou o Espada a sós com a garota.

Ulquiorra começou a andar pelo quarto, observando-o. Simplesmente o irritava o fato de que, para um hollow, aquele lugar era mais do que suficiente para se viver, mas aparentava que para os humanos sempre era necessário mais e mais. Percebeu que a camada de poeira que cobria o chão estava aumentando gradualmente. Perguntou-se se aquilo incomodava a menina.

Satisfaça as necessidades de Inoue Orihime, ordenara Aizen-sama. Aquela ordem, para ele, estava sendo mais difícil de ser cumprida do que, por exemplo, impedir Grimmjow de lutar. Ulquiorra estranhava porque ao mesmo tempo em que era capaz de prever as ações da humana, não sabia quais eram as suas verdadeiras intenções. Talvez o problema fosse ela, uma vez que até os seus próprios amigos a achavam excêntrica.

Parou ao lado da mesa redonda onde ela fazia as refeições. Em cima da mesma estava o caderno que Gin sugerira que ele desse à mulher.

4

Ulquiorra parou em frente às portas duplas, que abriram-se sozinhas. Encontrou Ichimaru Gin sentado na cadeira giratória branca, mexendo nos controles dos corredores.

—Alguém invadiu o pavilhão Espada? — perguntou ele, parando próximo à porta. Fazia poucos minutos que ele sentira a reiatsu de um shinigami no local.

— Opa, que surpresa! Você quase nunca vem falar comigo. — o shinigami de cabelos brancos recebeu-o. — Pensei que me odiasse. — comentou.

— Claro que não. — Ulquiorra queria revirar os olhos diante de tal ideia estúpida. Ele era indiferente ao aliado de Aizen, assim como era com todo mundo.

— É mesmo? Então vamos ser mais bacanas um com o outro! — o Espada controlou um suspiro impaciente. Ele ainda não tinha respondido a sua pergunta. — Estou meio solitário desde quando o Luppi-kun morreu. — confessou.

Ulquiorra aproximou-se, completamente alheio ao que Ichimaru estava falando. Observou por um dos diversos monitores que estavam na parede que, de fato, o pavilhão Espada tinha sido invadido por uma shinigami.

Logo lembrou-se que tinha que ser complacente com Gin, e olhou-o enquanto escutava o final da sua frase:

—... Papo furado.

— O que é isso? — ignorou a conversa anterior, fitando o controle dos corredores. Sim, ele sabia o que era, mas queria escutar aquilo do shinigami.

— Ah, nada demais. — respondeu.Então ele não tem permissão de Aizen-sama, observou Ulquiorra.

— Você está manipulando os corredores? — pressionou-o delicadamente a confessar.

— Ah, não! Eu nunca faria uma coisa ruim dessas. Eu odeio histórias tristes, tá ligado? — Ulquiorra ergueu os olhos com a expressão usada.

— Estou. — murmurou, apático. Ulquiorra pensou em perguntar à Ichimaru se tinha sido ele que conduzira a shinigami para o pavilhão Espada, mas percebeu que a resposta era óbvia.

— Então, me diga, mano, como andam as coisas com a garota? — Gin girou na cadeira, com o seu usual sorriso. O arrancar reprimira um ruído de nojo ao notar que ele implicara um duplo sentido malicioso.

— Ela está saudável. — foi sucinto, e começou a prestar atenção na luta que ocorria no monitor à sua frente.O shinigami percebeu o interesse do Espada:

— Aaroniero deu uma baita sorte em lutar logo contra Kuchiki-chan, hm? — comentou.

— Sim, de fato. A sua reiatsu parece ainda estar recuperando-se dos ataques anteriores. — observou.Que fraca, pensou. — Onde estão os outros ryoukas?

— O humano está lutando contra aquele ex-Espada com o penteado engraçado... Qual é o nome dele? — colocou a mão no pescoço,pensativo.

— Arrancarcentésimo séptimo, Gantenbainne Mosqueda. — respondeu Ulquiorra, seco.

— Sim, esse mesmo! — Gin assentiu. — O Quincy está sendo derrotado pela fadinha...

— Cirucci Sanderwicci, Privaron Espada númerociento cinco. — corrigiu. — E o shinigami substituto? Onde está ele?

— Ah, ele?... — Ichimaru bateu em algumas teclas do teclado, até encontrá-lo. — Ele só está andando por Las Noches, que sem graça. — deu um careta. — Na verdade isso pode ser interessante... — passou o dedo pelo controle dos corredores.

Ulquiorra começou a afastar-se, tendo todas as suas perguntas respondidas. Então, lembrou-se de algo:

— O que cura o tédio dos humanos? — perguntou repentinamente.

— Ehh? — o shinigami girou mais uma vez na cadeira, para ficar de frente para o Espada. — Entregue qualquer coisa que ela logo se distrairá. — respondeu, entendendo o porquê da pergunta repentina. — Aqui, dê esse caderno à humana. — pegou o mesmo, que estava num canto da sua mesa, descartado. — Eu não preciso dele, agora que Aizen me deu todos esses equipamentos. — explicou. — É um horror conseguir um sinal no meio do deserto, eu vivo pedindo para ele consertar isso, mas...

Ulquiorra saiu do cômodo sem se dar ao trabalho de esperar Ichimaru Gin terminar de falar.

4

Abriu o caderno, sem nem pensar em considerar a privacidade da humana. Pensou que encontraria textos e mais textos sofre desabafos, ou uma espécie de diário, mas surpreendeu-se ao ver em suas mãos diversos desenhos, representando diferentes coisas. Eles tinham um aspecto infantil, tendo até mesmo os famosos "bonecos palito". O Espada quis rir ao deparar-se com o desenho de uma paisagem onde todos os objetos tinham um par de olhos e uma boca — o Sol, a árvore, a casa, tudo.

Os desenhos não tinham nada de mais — ou eram uma simples paisagem ou quartos. Num momento chegou na seção "amigos". Ulquiorra observou caracterizações de Ichigo, Rukia, Sado, Uryuu e outros, não reconhecendo nenhum deles pela falta de talento de Inoue. Hora eram desenhos deles combatendo hollows e hora eram eles simplesmente num cenário estudantil, seja na sala de aula quanto no pátio da escola.

Então, faltando menos de dez páginas para terminar o caderno, chegou no último desenho. Eram duas torres altas, paralelas. Numa havia uma seta apontando para o topo da mesma, e ao lado lia-se "Kuchiki-san". Já na outra, uma diferente seta fora desenhada, e próximo havia escrito "Eu".

Comparar-se com uma amiga... Seria complexo de inferioridade?, teorizou Ulquiorra. Kuchiki-san... Então era ela a shinigami que estava lutando contra Aaroniero.

— Oh... — escutou um suspiro atrás de si, e virou-se, encontrando Orihime ainda dormindo, acomodando-se mais no diminuto espaço disponível no sofá.

Enquanto colocava o caderno, fechado, no lugar onde o encontrara, a garota voltou a fazer barulhos:

— Hmm, Tatsuki-chan, eu adoraria comer mais pudim de macarrão. — um sorriso apareceu nos seus lábios.

Ulquiorra deixou uma expressão debochada desenhar-se no seu rosto. Ele podia não conhecer bem os humanos, mas de uma coisa tinha certeza: aquela humana era realmente uma em um milhão.


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Notas finais do capítulo

Certo, esse capítulo não teve muita interação Ulquihime, desculpe >.< E sobre o caderno da Orihime, eu sei que era meio previsível que ela escrevesse algo, talvez até mesmo um diário, mas não sei como explicar isso, eu simplesmente achei que ela não faria isso se algo desse tipo tivesse acontecido, sabe? Porque a Orihime é meio que inocente, infantil, então achei que desenhos fossem combinar mais com ela ç.ç