O inesgotável questionamento humano, sempre a procura de sanar suas duvidas.

Quando duvidas são esclarecidas outras surgem, sempre em frente seguimos em busca daquilo que nos torna humanos.

E de que nos humanos somos feitos? Em uma visão mais cientifica somos feitos de órgãos protegidos por ossos revestidos por músculos e cobertos por pele.

Mas em uma visão mais espirituosa, talvez mais romântica somos feitos de sentimentos e ações, somos feitos de desejos, somos seres racionais completamente irracionais.

Em uma visão mas própria somos feitos daquilo que queremos, daquilo por qual passamos, do nosso passado, nossa historia de vida, sim eu sei da existência de uma alma afinal a minha servi-o como moeda de troca, sim eu sei que somos capazes de amar, apesar de meu peito estar cheio de magoa e rancor, sei que humanos foram feitos para para serem seres dominados por sentimentos, mesmo que eu muitas vezes parece alheio a eles.

Tarde demais para ser dissimulado.

Tolo demais para ser sussurrado.

Eu projetarei esses sentimentos na lua

E atravessarei a noite.

As pessoas são como pássaros

Vivendo em uma gaiola.

Incapazes de voar

A não ser quem alguém

Quebre o cadeado.

Quem eu sou? Isso não vem ao caso, deixarei de ser esse alguém e me tornarei um produto alimentício, segundo aquele que deseja me degustar, extremamente nutritivo.

Oque eu sou para ele? A principio pensei ser apenas uma forma de nutritiva de diversão, mas com o passar das estações percebo ser algo indefinível, o modo desejoso como ele me observa continua lá, mas com estranho brilho do qual eu não consigo saber.

A maneira fria com a qual suas grandes e gélidas mãos me tocavam simplesmente não existe mais, agora mesmo que seus dedos esguios estejam frios me tocam de forma cálida.

Penteiam meu cabelo com algo aparentando a um carinho, estranhamente apreciado por mim, me fingo de desentendido, mas estou sempre a prestar atenção em seus movimentos .

Meu simples peão sabe da real importância em minha existência, mas fingimos mutuamente que sou seu senhor absoluto, que em nada sua presença me afeta, me incomoda.

Que todas as suas demonstrações de carinho e proteção me enervam, fingimos ao amanhecer de todas as manhas, que sua presença não foi necessária durante a noite, para acalmar meu sono, que não estava lá para tocar meus cabelos e dizer que agora eu estava de uma forma escura seguro, nos mantemos desentendidos sobre o real significado de suas palavras ao expressarem que nunca ira me abandonar, e eu simplesmente ignoro o fato de apreciar de uma forma simplesmente inaceitável, suas expressões receosas a cada vez que o fim demonstra estar próximo.

Como serão seus dias após sua árdua tarefa ser findada demônio?

Deixarei de ser oque sou jovem amo...

E será oque?

Serei vazio de existência e retornarei a minha forma desentendida de sentimentos.

E de quais sentimentos você é detentor agora demônio?

O chá ira esfriar jovem amo.

Ah sim o chá.

O que eu serei? Ou oque eu deixarei de ser simplesmente não tem importância para mim, minha pouca idade me mostra que há coisas, sentimentos e vontades humanas que nunca irei entender, experiencias que nunca irei viver e sentimentos que nunca poderei desfrutar.

Toques ousados que nunca irei sentir sob minha pele, lábios sedentos a tocarem os meus, nunca serei o responsável, por proporcionar prazer a outro alguém.

Pôs minha alma está acorrentada a um ser sem luz, e o estranho desejo de ser tocado por suas mãos, e a estranha vontade de tê-lo a me aquecer em noites frias, nunca irão se realizar.

Ele está ciente de que deve por meio de um contrato, acatar qualquer ordem, realizar todos os meus desejos.

Mas aquilo que não ouzo vocalizar.

Ele nunca ira realizar.

E eu nunca irei, por em palavras meus reais desejos, mesmo tendo em mim a desconfiança de que isso o satisfaria, de uma forma muito mais intensa do que simplesmente, obter nutrição por meio de minha essência humana.

Lábios que se separem

Assim que se tocam

Isso é uma alucinação,

A mesma alucinação de sempre.

Eu o abraço igual a uma onda.

E ouço o som do destino,

Se despedaçando.

Dedos se entrelaçam e se separam,

Isso é um pecado,

Ou uma armadilha?

Armadilhas, nos humanos caímos tão facilmente nas garras de sentimentos, somos projetados pra sentir, desejar e querer nada mais. É do normal a nos, algo que nos faz sermos oque somos.

Desprotegidos e incapazes de fugirmos com nossas pernas fracas e nosso corpo em decomposição, absurdamente sagazes em sofrer, recheados por medos cheios de confissões que atormentam o sono, desejar aquilo ao alcance de nossas mãos nem sempre significa que podemos ter.

O pecado da carne que nunca irei conhecer atormenta meu espirito juvenil, me envolve em noites em que meu corpo se encontra febril, me deixa debilmente fascinado pela criatura não humana que me guarda e me protege. meu anjo, meu demônio apenas um peão em minhas garras de criança mimada.

A chama que estava congelada,

Em meu coração derrete,

Começa a queimar e eu

Fecho meus olhos.

Eu já tive essa alucinação

Diversas vezes.

Mas hoje, eu...

Farei de ser corpo minha residencia moribunda, fara de minha alma seu alimento, estaremos para sempre unidos juntos e completamente separados pois nossas vontades nunca verbalizadas, serão aquilo que nos separará.

Serão as verdadeiras responsáveis pelos únicos arrependimentos em minha vida, curta e desmerecida.

Mas não temo o fim, estarei de uma forma sob humana enlaçado a você, continuará me servindo de abrigo, neste mundo não a espaço para algo tão impuro como os sentimentos que me impedem de ter o sono a noite, estará comigo meu eterno servo?

Você já me invocou, e esse fato não mudará pela eternidade, as coisas que foram sacrificadas nunca retornaram.

É exatamente isso que eu desejo.

Então decida.

Eu já tomei minha decisão!

No instante em que sua vingança for completada...

A minha alma...

A sua alma...

Estaremos ligados por algo que nos separou, o contratante e o contratado, eternamente juntos de uma forma extremamente dolorosa, que nos impede de realizar nossos desejos mundanos.

Estarei em você, habitarei sua forma o nutrindo, me servirá demônio de abrigo.

O nomeie, para dar formas e tornar em realidade aquilo, que meu peito dolorido desejava.

Acabei por dar vida, ao meu maior desejo.

Serás meu pela eternidade.

Meu demônio,

Meu servo e peão,

Meu Sebastian,

Meu maior de todos os desejos, o único que nunca ordenarei que venha realizar.

Para mim, mil almas, não tem significado algum.

Eu só desejo uma alma.

Jovem mestre...

Somente a sua alma.

Até o contrato chegar ao fim...

Até esse momento, eu serei...

Um mordomo dos infernos,

Submisso e cumpridor de todas as suas vontades.

Seu encargo, e meu querer anterior, minha palavras dadas e seu dever, oque eu tão desesperadamente queria, e sua incumbência e obrigação.

Serão a nossa ruína.

Fim