Narrado por Isabella Swan

A manhã que acordei era calma e agradável, com pássaros fazendo barulhos em meio ao campo. Uma das melhores sensações de morar em uma fazenda é poder estar sempre em sintonia com a natureza. Escutar barulhos de alguns animais inofensivos, o que na cidade era quase impossível de reparar pela constância de carros e pessoas.

Depois de espreguiçar igual a um gato –dizem que quando você se espreguiça bem, o seu dia melhora. Mas com certeza não era por causa de um mito que eu o fazia. Era por que gostava mesmo, e parecia fazer realmente bem. Fui ao banheiro fazer as higienes da manhã, depois parti para a cozinha e vi que já eram oito e meia.

Temos o hábito de acordar cedo, sempre.

Tomei um café rápido e fui ao estábulo para dar atenção a Black. Quando cheguei ele estava inquieto e eu já sabia o que era.

Sempre que ele agia assim pela manhã era por que estava com fome. Fui pegar ração para ele.

Depois segui olhando-o. Adorava estar assim, tranquila com Black. Me peguei pensando em Jake, mais especificamente, no que iriamos fazer hoje. Ele não era de surpresas e chega assim simplesmente com um certo mistério pairando sobre si. Era muito estranho, ainda mais que eu conhecia o meu melhor amigo.

Ri ao pensar que alguém faria uma surpresa para mim.

Arrumei algumas coisas em casa, almocei e acabei pegando no sono. Depois de algum tempo, minha mãe me acordou para continuarmos a limpeza, mas agora era na cozinha.

Bem no final de estarmos empilhando algumas louças antigas que eram da vovó,Jake havia chegado. Sorri.

-Oi tia Renée –falou ele, que sempre a chamava assim carinhosamente

-Olá Jacob. Que bom te ver –respondeu

-Bella, pronta? –sussurrou quando me abraçou e eu me arrepiei

-Acho que sim – lhe  disse de volta

Depois de algum tempo fui ao banho enquanto ele me esperava na sala.

Era visível na expressão facial que eu estava nervosa. Mais que isso: ansiosa!

Depois de estar pronta, deixei que fossemos onde ele queria.

Jake me conduziu até sua caminhonete, até que me olhou e riu –como sempre faz

-O que foi?

-Nada... Nada –me respondeu hesitante

Algum tempo depois

-Jake, nós já estamos na estrada há quase uma hora e você não consegue nem me olhar que começa a sorrir. Qual é?! Estou totalmente curiosa e preciso saber o que.

Ele riu pela centésima vez.

-Jake para de sorrir –resmunguei

-Para Bella. Nós já estamos chegando, mas eu preciso que faça uma coisa agora.Você tem que fechar os olhos.

-O que? Ah Jake, sem essa –a minha curiosidade aguçada começou a aumentar

-Vamos lá, deixa de ser chata. Feche os olhos agora

Tive que o fazer. Contra vontade, mas mesmo assim fiz.

-Isso ai, assim mesmo. Nós já estamos chegando

Senti uma de suas mãos em meu ombro, acariciando-me.

Percebi que o carro havia diminuído a velocidade e veio uma curva. Jake deve ter estacionado, por que ele parou completamente.

-Agora continue assim, vou pegar uma coisa –falou

Me surpreendi com algo quente tocar os meus olhos, era uma venda. Para que isso?! Que tanto mistério era esse?

-Jake, fala sério né –reclamei rindo

-Para de reclamar,fica quieta e vem –respondeu me puxando para fora. Senti um som conhecido era de água.

-Jake, onde nós estamos? –perguntei apreensiva

-Agora você já vai ver –disse enquanto me guiava para frente. E em cada movimento nos aproximávamos  -Vamos lá, me diz

-Espera mais um pouco –falou enquanto caminhávamos. A cada passo que eu dava, ficava mais curiosa. Ele nunca havia feito surpresas antes para mim, e agora simplesmente a faz.

-Pronto –ele disse quase em um sussurro e tirou a venda

-UAL –foi só o que eu consegui dizer

O lugar era lindo, perfeito. Eu não me lembrava de que essa cachoeira existia aqui, pois nunca tive tempo para vir e meus pais nunca foram de viagens. Mas eu já ouvi falar disso aqui. E sem exageros, era a coisa mais linda que já havia visto em toda a minha vida!

-É lindo Jake –foi só o que consegui falei

-Eu sei. Mas eu tenho uma coisa a mais pra te mostrar, ou melhor... fazer

Fazer?!

Antes de terminar meus questionamentos em minha cabeça, senti seus lábios rápidos nos meus. No início eu reagi, com a boca tranquilamente aberta, mas não totalmente. Nos beijamos por dois segundos no máximo. Jake fazia com que nossos lábios ficassem junto o máximo de tempo possível, mas aqui era um erra.

Ele é meu melhor amigo. Então ele tentou beijar-me mais rápido e por um momento conseguiu. Só que reagi antes que perdêssemos o controle da situação. Me afastei bruscamente dele, que me olhou sem entender.

-Jake nós somos melhores amigos. E melhores amigos não se beijam desse jeito.

Ele me olhou sem entender.

-Mas Bella, esse é o seu primeiro beijo. E comigo. Tinha que ser com alguém especial

-Mas você não tinha o direito de me beijar sem que eu quisesse –disse alto, um pouco apavorada

-Bella você diz que somos melhores amigos, mas já faz algum tempo que estou sentindo algo a mais por você. Só que eu não iria simplesmente falar. Tinha que demonstrar de alguma maneira especial –ele disse nervosa, com seus olhos um pouco arregalados e com medo.

-Para Jake, você está confundindo os sentimentos –me afastei um pouco dele, mas nada adiantou pois ele pegou meus braços e me puxou para um abraço do qual não consegui me desvencilhar

-Você não entende. Não vê o jeito que eu te olho toda vez que chego em sua fazenda. Não repara no meu sorriso quando estou com você? Não percebe a minha alegria quando estamos juntos? Não é obvio que eu estou totalmente apaixonado pela minha melhor amiga?

Aquilo era demais para mim. Ficar com meu melhor amigo? Estragar uma amizade de anos por um beijo?

-Bella me dá uma chance, por favor! –aquilo não era uma pergunta, era uma imploração –diz Bells. Diz que me vai me dar esperanças para que eu tente você sentir o mesmo a respeito a mim.

-Jake...Er, eu preciso de um tempo –foi só o que saiu da minha boca. A minha reação, minhas expressões não faziam com que eu conseguisse raciocinar direito e muito menos responder a uma pergunta dessas.

-Vamos Bells, diz que pelo menos vai pensar –pediu desesperadamente

-Eu preciso de um tempo Jake, mas não vou assentir e te encher de alegria ao dizer que sim. Quero ir para casa, ficar sozinha. Eu preciso –falei quase em um sussurro

-Tudo bem –respondeu tristonho

Voltamos para casa num silencio constrangedor. Estava estampado na cara dos dois a vergonha. Mas passei toda a volta pensando em como aquilo era estranho.

Passei o tempo me perguntando se havia sentido alguma coisa de especial naquele beijo, só que estava difícil de conseguir evidenciar alguma coisa nele.

O meu sentimento por Jake era pura e simplesmente de irmão. Era uma proteção que eu tinha. E agora ele me trouxe aqui para que tivéssemos sentimentos de verdade.

O tempo passou rápido, pois as minhas perguntas eram muitas, mas o problema era obter uma resposta para elas. Chegamos em minha casa as seis horas e até chegarmos aqui não trocamos uma palavra. Ele dirigia sério e eu ficava confusa –e isso estava estampado em minhas expressões.

-Desculpa seu eu te assustei, mas foi a melhor forma que eu encontrei para lhe mostrar o quanto eu gosto de você

Hesitei por um instante, tomando cautela com o que eu fosse responder para que não o magoasse.

-Eu sei... Eu percebo que você gosta de mim Jake, desde quando me considerava uma irmã, ou só a sua melhor amiga. Mas eu preciso colocar os meus pensamentos no lugar. Não vou mentir, então por favor, não acredite que tudo vai ficar bem e que talvez possamos ter uma chance. Até porque eu não pretendo lhe causar falsas esperanças.

Ufa, tudo que havia reprimido no caminho de volta para casa eu estava desabafando ali.

-Tudo bem – foi só que disse, sem aquele sorriso que sempre vejo estampado em seu rosto.

Nos despedimos com um simples abraço e nada mais.

Então era isso? Uma amizade que ficaria frustrada se não ficássemos juntos?!

Narrado por Edward Cullen

-Gostosa –falei alto para que começasse a se excitar, mas não adiantou muito porque seus pais já deveriam estar chegando

-Edward, tchau –respondeu me empurrando para a sala

-Tammy eu vou, mas quando voltar vou fazê-la gemer o meu nome com tantos gritos que até seus vizinhos vão escutar

-Ta bom, agora cala a boca e sai daqui que mais pais já estão quase chegando –resmungou de um jeito sexy que me dava arrepios

A noite com Tammy foi a mais excitante que já tivemos, até porque os mais prazerosos sexos são aqueles feitos em um momento de perigo.

Cheguei em casa ás sete e meia, enquanto tentava reorganizar a minha mente depois de tudo o que havia acontecido ontem.

Eu estava prestes a me mudar para uma fazendinha no quinto dos infernos dos Estados Unidos e não voltaria para o mundo real tão cedo.

Eles eram –em parte- a minha família. Mas deveriam ser pobres, nojentos e cheios de lamas. Nunca havia ido para lá, pois não tínhamos contato.

Tudo isso por causa...

Deixa para lá, pois ao pensar as coisas pioram.

Não havia ninguém acordado, exceto...

-Chegando cedo irmãozinho. A noite foi boa? –perguntou Emmett, que era meu irmão mais velho

-Foi ótima, porque? Aposto que você nunca teve uma igual –respondi revirando os olhos, pois odiava as indagações de qualquer um nessa casa

-Eita, calminha aí irmão –resmungou

-Então não se meta na minha vida

Fui para o meu quarto tentar dormir mais um pouco. As pessoas fazendo especulações sobre mim me davam nojo, não importava quem fosse. Nunca dei a mínima satisfação aos meus pais, muito menos a irmãos.

-x-

-Ed, acorda

Ah deuses, porque alguém insiste em me acordar?

-Edward vem cá, acorda que eu preciso falar com você

Era Alice. Aquele SER que sempre conseguia me tirar do sério.

-Cala a boca e me deixa dormir –resmunguei quase em um sussurro

-Ed é sério. Olha para mim

Existia somente uma pessoa que conseguia me tirar do sério com que eu não me irritasse tanto e essa pessoa era a minha irmã mais nova.

-O que você quer Alice

Ela me olhou com uma cara feia.

-Primeiramente, já são duas horas da tarde. Segundo, você vai vim me ajudar a empacotar algumas coisas da cozinha e da garagem porque o papai e a mamãe saíram.

-E o problema disso tudo é de quem? Meu é que não é

-Sai dessa cama e se arruma que vou lhe esperar na cozinha. O Almoça já deve estar até congelado com essa sua demora. Então anda logo que hoje não estou de bom humor.

-Uhum – resmunguei debochando, mas com a voz que nada saiu engraçada.

-É sério Edward –falou ao sair pela porta

É brincadeira, não é!? Esses tipos de arrumações são para mulheres!

Coloquei uma roupa rápido e escovei os dentes. Só iria fazer aquilo pela consideração que tinha por Alice. Só por isso.

Mas... Quem sabe eu poderia me livrar daquilo!

Desci as escadas com um plano na mente. Claro que eu iria conseguir, afinal, Edward Cullen sempre consegue o que quer.

-Alice, minha mãe ligou e disse que precisa de mim, porque está no fazendo compras –falei na minha maior cara de pau

-Ah não Edward, você está brincando com a minha cara, não é?!

-Não maninha. É mesmo verdade

-Ah é?! Então vamos tirar a prova real disso – resmungou pegando o celular e discou o numero da Esmé, que por sorte não atendeu

-Tchau –falei já na porta

-Edward, volta aqui –correu atrás de mim

-Tchau maninha

Af, essas situações eram um saco.

Enquanto estava na garagem, apanhando os últimos dias da minha moto que iria ao leilão amanhã, a baixinha me olhou com uma cara mortal.

-É assim então? –perguntou fazendo beiço –Você mente na cara de pau e vai ficar por isso mesmo?

Opa!

-Olha aqui Edward, eu gostaria que você mudasse. Entendeu? MUDAR –gritou

-Ah, corta essa Alice!

-Não, nem venha com esse papo, como se fosse você a pessoa certa daqui. Eu liguei para a mamãe e ela NÃO PEDIU para que você fosse lá. Agora vem cá e me ajuda, por que já estou perdendo a paciência!

Tive que fazê-lo: ajudar a arrumar algumas louças antigas e outras coisas de menos importância para serem encaixotadas. Além de pegar todas as tralhas que tínhamos na garagem e também deixa-las em caixas.

-Odeio quando você age desse jeito, mano. –disse Alice em um sussurro

-Esse tipo de coisa é para mulher Alice. Não me chama atenção.

-Poxa Edward! Nós perdemos toda a estadia e você fica assim, na mais pose mimada que pode existir?

-Alice, não me irrite

-Não me irrita você Ed. Poxa, tenta ser um pouco mais compreensivo. É o mínimo que pode fazer.

-A culpa disso não é minha Alice –gritei – a culpa foi dele!

Dele. Somente dele, Carlisle.