Já havia passado dois meses desde o ínicio das aulas e o legal, é que eu continuava a ser invísivel aos olhos dos colegas de classe e uma grande estudiosa aos olhos dos professores. Exatamente como eu queria.

Queria apenas estudar esse ano, nada mais importava para mim, a não ser notas altas. Não tinha amigos e acho que isso só me atrapalharia no momento. Era desnecessário.

Mari Ming Onette, 15 anos. Prazer em conhecê-los.

Era meu primeiro ano naquela escola e queria estar longe de problemas e polêmicas. Queria meu nome limpo; se fosse para ser conhecida por algo, que fosse por minhas notas.

Porém, não imaginava que uma única ação precipitada minha mudaria meus planos e minha reputação invísivel.

Era numa quarta-feira; faltavam poucos segundos para o sinal da saída tocar e de repente todo o pessoal saltou -literalmente- da cadeira ao ouvir estrondos bruscos no corredor.

Movidos pela curiosidade, correram em direção à porta dos fundos da sala para observarem o que estava acontecendo, mas me manti em meu lugar. Era provavelmente uma briga e a checagem disso para mim era desnecessária.

Todos gritavam eufóricos "Briga! Briga!Briga!" torcendo por um dos dois que brigavam. aliás, já até fazia uma idéia de quem era um deles.

Olhei no relógio; faltava apenas 1 minuto para o sinal. Arrumei meus materiais tranquilamente e logo me dirigi até a porta, atravessando toda aquela multidão calmamente.

30 segundos.

Olhei em direção aos dois garotos que brigavam; um deles era mesmo quem eu suspeitava. O rebelde da escola, Lupus Wild.

Ele era o garoto mais violento do edifício, resolvendo tudo em força bruta, independente do motivo. Era o assunto da escola toda.

Isso era uma das poucas coisas que me incomodava. Como um delinquente podia ser mais conhecido que uma garota estudiosa?

Ao me aproximar do loiro rebelde que socava brutalmente o estômago do outro garoto, não pude evitar; meus lábios se abriram e iria protestar. Só não pensei que isso mudaria minha vida escolar.

– Ei.

Lupus parou de espancar o garoto por um instante, me olhando com um olhar intimidador. Continuei imóvel e inexpressível.

– Acha mesmo que vai conquistar o respeito de alguém na força bruta? Sabe o por quê de ninguém cruzar o seu caminho e fazer tudo o que você manda? Todos têm medo de você. E quem teme não respeita.

Pude perceber que os alunos ficaram em silêncio, recuando para o interior da sala novamente, enquanto os olhos rubros do rapaz se espreitaram, me encarando com ódio aparente.

Por um momento, achei que levaria um soco. Mas enfim... Tá na chuva é para se molhar, certo?

– Eu não tenho medo de você, mas não significa que te respeito. Passe bem.

Às vezes até eu mesma me perguntava como podia ser tão fria. Caminhei tranquilamente para o exterior do edíficio sem olhar para trás.

Eu e minha maldita boca.

Mal falara com alguém nesse ano e quando resolvo abrir a boca... Ótimo... Que comece minha nova vida.