Estranho, Inevitável. escrita por Lu Medeiros


Capítulo 5
Capítulo 5 - Mais estranho


Notas iniciais do capítulo

#espero que gostem.



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– POV Bella –

Quando estávamos chegando no cinema, ouvi alguma música sendo desligada. Eu estava tão absorta nos meus pensamentos que nem percebi o momento que Alice tinha ligado o rádio no carro. Saímos do carro ainda em silêncio. Foi Alice quem quebrou o silêncio com toda sua animação.

– Estou ansiosa pra ver esse filme! Dizem que é muito bom.

– Eu já ouvi algumas pessoas falando dele, mas não sei se chega a ser do meu agrado. Acho que esses filmes de aventura e super-heróis tem sido tão fracos ultimamente. Já vi muita coisa melhor. –disse Rosalie.

– Ai, Rose, você é muito crítica. Chega a ser chata. – disse Alice revirando os olhos.

– E você Bella, o que acha do nosso filme? – perguntou Alice.

– Se vocês quiserem me dizer que filme é.. Ainda não me foi informado. – eu disse um pouco indiferente.

– Verdade, esqueci de mencionar o filme ao te convidar, me desculpe. – respondeu Rosalie.

–Sem problemas, mas eu ainda não sei qual filme é. – disse agora em tom de piada.

– Os Vingadores. – disse Alice. – Já ouviu alguma coisa sobre, ou já viu?

– Ah, sim! Já vi algumas coisas na internet, mas não sei que conclusões tirar. Acho que só assistindo mesmo.

–Então vamos, meninas, ou vamos chegar atrasadas. – apressou Alice.

Fomos andando em direção ao cinema conversando sobre nossas expectativas com relação ao filme. Era bom conversar com Alice e Rosalie. Era fácil.

Compramos nossos bilhetes, e fomos para a sala de exibição.. Chegamos no final dos trailers, o que é bom, já que eu nunca tenho paciência pra eles.

O filme tava sendo bem legal. Em espacial o Homem de Ferro com sua ironia. Eu estava mesmo gostando do filme e fazendo piadinhas com as cenas e falas. As meninas correspondiam às brincadeiras e faziam suas palhaçadas também. Em especial Rosalie. Vai ver é porque ela é loura. Enfim.. Cada momento foi muito divertido.

Depois do filme, voltamos pra Petrorks, e elas me deixaram em casa antes de irem pegar o carro de Alice.

Quando eu ia descer do carro, meu celular vibrou no bolso do meu casaco e escorregou por de baixo do banco para a parte da frente do banco. Rosalie o pegou.

–Mensagem de Jacob Black. – ela parecia cuspir o nome. – Ele é seu namorado, Bella?

–Não. Meu amigo.

–Tome cuidado, pode ser perigoso andar com ele. – ela respondeu e parecia incomodada em falar de Jake.

–Cuidado, com Jacob? Ele nunca me faria mal algum. Eu o conheço bem. Não há mal nenhum nele.

–As pessoas mudam. -disse Rosalie, que já estava dando ‘tchau’ e indo embora em direção ao carro. Alice fez o mesmo, e eu fiquei mais uma vez sem entender o que estava acontecendo.

E lá estava eu mais uma vez irritada com o rumo das conversas. Será que isso era um mal costume dos habitantes de Forks? Eu gostaria muito que não. Isso estava começando a me irritar de verdade.

Eu não queria continuar me irritando com os acontecimentos, então lembrei de checar a tal mensagem de Jacob.

“Olá, sumida! Eu pedi pra você ir embora

naquele dia e você some por uma semana?

Aparece aqui!

Jacob.”

Respondi que iria almoçar com ele no dia seguinte, entrei em casa e encontrei Charlie jogado no sofá, dormindo com a TV ligada. Provavelmente estava assistindo a algum jogo muuito interessante, e dormiu ali mesmo. Havia uma embalagem de pizza jogada ao lado do sofá, então deduzi que ele não jantaria. Chamei-o e disse pra que ele fosse se deitar na cama. Ele levantou cambaleando e subiu as escadas se escorando nas paredes. Subi atrás dele só por segurança, e o acompanhei até a cama. Tirei as botas de seus pés e sai. Assim que fechei a porta ele estava roncando novamente.

Fui para a cozinha afim de comer alguma coisa, mas estava com muita preguiça de cozinhar, então preparei uma tigela de cereais e leite e comi na mesa enquanto lia Jogos Vorazes. Logo fiquei com sono, então mesmo sendo cedo, fui dormir também.

Minha noite foi estranha, meus sonhos eram confusos e escuros.

Quando acordei com Charlie batendo em minha porta, percebi que minha maratona de sonhos me deixou cansada.

– Hey dorminhoca, Jacob acabou de te ligar pra confirmar se você vai mesmo almoçar com ele. Billy me chamou pra ir junto. Nós vamos, certo?

– Ah, sim. Vamos. Que horas são?

– São 10hrs ainda. Mas acho que se vamos pra casa dos Black é uma boa hora pra acordar.

– É sim, pai. Obrigada.

Charlie abriu um pouco mais a porta e entrou, sentando na beirada da minha cama. Ficou me encarando por alguns segundos. Eu sabia que ele queria falar alguma coisa.

–O que foi, pai? – estimulei.

–Está tudo bem com você? Digo.. Sobre morar em Forks.

–Sim. Em partes.. – disse um pouco cabisbaixa.

–Como assim em partes? – ele ficou preocupado, é claro.

–Algumas pessoas são bem estranhas.

–Quem, por exemplo?

–Os Cullen.

–Humn. Os filhos de Carlisle e Esme são muito bem educados. São boas pessoas.

–Carlisle e Esme?

–Sim, os pais adotivos dos 5 irmãos.

–Ah sim. Na verdade o problema é o tal do Edward. Ele tem sido um tanto grosso. Não consigo entender. As irmãs dele são tão legais!

–Dê um tempo, Bella. A primeira impressão as vezes é errada.

–Eu ainda acho que são outras coisas que estão erradas.- disse Bella mais para si mesma do que para Charlie.

–Vá com calma, menina. E vá tomar um bom banho, você está parecendo um zumbi.- disse rindo, e saiu do quarto pra me dar privacidade.

Fui tomar banho, e enquanto a água quente escorria por meu corpo, fui relaxando. Fiquei pensando no que havia acontecido durante a última semana, sem maiores conclusões. Sai do chuveiro ainda me sentindo cansada. Coloquei uma blusa rosa de manga rendada, e uma calça cáqui e uma rasteirinha beje com pedrinhas azuis. Prendi meu cabelo numa trança mal feita, e coloquei um pouco de maquiagem pra disfarçar o restava do zumbi em meu rosto.

Desci e tomei um copo de nescau, enquanto Charlie li as notícias, me esperando pra sairmos. Peguei um casaco leve no armário embaixo da escada e fomos pra casa dos Black.

No carro fomos comentando sobre coisas banais da vida.

Quando chegamos perto da casa de Jacob, ele provavelmente ouviu o barulho da Smurfete e veio nos receber do lado de fora. Ele mal cabia a varanda da casinha onde morava. Ele estava enorme mesmo.

–Crescer à base de “bomba” não vale, Jacob! E ainda faz mal! –impliquei.

Charlie riu, enquanto entrava e começava a conversar com Billy.

–Sério mesmo que você está dizendo isso? Deixa de ser invejosa! – disse Jake.

–Não é inveja, é só que não é normal que um garoto de 16 anos na cara seja tão grande assim. Aí tem coisa.. – disse com tom de insinuação.

–Tem que você está com inveja, sim! Porque é magra feito um palito. Console-se, você até que é bonitinha..

Eu o encarou fingindo incredulidade enquanto sentia meu rosto corar. Nós rimos.

Jacob me abraçou quando passei por ele. Eu senti que Jacob estava estranhamente quente, muito quente. Seu cheiro era quente. Quente e.. bom.

–Jake! - gritei- Você está pelando! Tem que ir pro hospital agora!

–Calma, Bella! Eu estou bem. Juro.. Isso é.. normal.

A voz dele tremeu enquanto ele pronunciava a última palavra. Havia um pouco de inconformismo também. Mas eu relutei em acreditar que estava tudo bem, e ainda assim fui forçada a deixar a ideia de hospital de lado, e fomos todos almoçar. Não pude deixar de notar que Jacob comia muito mais que o normal:

–Se continuar comendo assim, seu organismo vai enlouquecer.. “Bombas”, comida excessiva. Imagina o monstro que você vai ficar..

–Monstro... É por ai mesmo, Bella.. Você nem imagina.

Jacob não conseguiu disfarçar o tom sombrio que havia em sua voz. E quando ia retrucar, Charlie interrompeu:

–Bom crianças, vocês tem a tarde livre. Eu, Billy vamos pescar com Harry.

Eu e Jake passamos a tarde andando pela Reserva.

Em um dado momento discutimos sobre como Jacob estava estranho ao falar algumas coisas e sobre sua saúde física. Quando chegamos na praia, ainda discutindo, eu percebi que Jacob tremia um pouco, então segurei suas mãos e disse para esquecermos o assunto, afinal eu não queria ficar mais uma semana sem ver seu melhor amigo. Jake se confortou com minha declaração, e riu.

Nos sentamos na praia vendo as ondas quebrarem na areia rosada pelo crepúsculo. Enquanto estávamos sentados sob a iluminação fraca da calçada da praia, eu comecei a sentir frio, e seu casaco estava no carro. Eu estava com preguiça de ir pegar, e não faria Jacob ir até lá, então tentei ignorar o frio, mas não tive sucesso. Jacob percebeu que eu tremia um pouco enquanto me encolhia e passou o braço por minha cintura e eu me encolhi junto ao corpo quente do meu melhor amigo. Mas é claro que pra Jacob isso significou algo mais. E mesmo que fosse confortável, eu não pude deixar de estranhar o calor do corpo de Jacob, tendo a sensação de algo estava sendo escondido de mim, mas preferi não voltar a discutir. Continuamos em silêncio até que ouvimos alguém se aproximando com passos pesados, e quando nos viramos pra ver quem era, vimos Charlie acenando para nós. Nos levantamos e fomos andando em direção a ele.

–Vamos crianças! Vamos aproveitar a pesca em um luau com a família. – disse Charlie animado.

Quando chegamos no quintal da casa de Jacob, estavam todos(Billy, pai de Jake; Sue, Seth, Leah, Sam, Paul, Harry, Embry, Quil, e mais alguns amigos e parentes dos Black) reunidos em torno de uma fogueira, e quando nós três nos juntamos, Billy começou a contar uma história:

“Há séculos atrás, espíritos se abrigaram numa aldeia e viviam em paz em meio aos índios, ajudando-os sempre que necessário e possível.

Um dia uma ameaça se estabeleceu nos arredores da tribo. Todos os dias, alguns índios apareciam mortos, com marca de mordidas humanas e sem uma gota de sangue no corpo. Os índios sabiam que não eram simples humanos. Eram demônios do sangue.

Em uma noite guerreiros da tribo ficaram acordados na esperança de surpreender a ameaça. Tudo estava em silêncio quando algo se moveu rápido demais entre os guerreiros. Foi ai que um grupo de três criaturas pálidas como a lua parou no centro da aldeia, onde estavam os guerreiros. Os três tinham uma beleza inquietante, olhos vermelhos como sangue, e olheiras arroxeadas que não diminuíam sua beleza.”

Nesse momento veio na minha cabeça a imagem dos 5 Cullen sentandos como deuses na mesa do refeitório. Um tremor percorreu minha espinha, e Jacob me abraçou de novo, pensando que eu estava com frio outra vez.

“Havia uma mulher e dois homens. A mulher tinha os cabelos ruivos, que brilhavam com a luz da lua. Um dos homens tinha a pele clara, os cabelos loiros presos num rabo-de-cavalo frouxo atrás do pescoço, e o outro tinha a pele negra, ainda assim pálida. Perfeitamente lindos.

O chefe dos guerreiros tomou a palavra:

–Quem são vocês, e o que querem?

A mulher ruiva tomou a frente e se aproximou cheia de elegância e ferocidade do chefe, suspirando bem próximo ao rosto dele, e disse numa voz delicada e sínica:

–Quem somos nós, e o que queremos? Vou responder à sua pergunta..

E assim que terminou de falar se lançou no índio agarrando seu corpo e esmagando-o sem dificuldades contra o seu, cravando os dentes em seu pescoço, e segundos depois, o corpo do chefe foi lançado ao chão, enquanto a mulher saltava para trás com seus olhos doentios parecendo se divertir com a reação estatizada dos demais guerreiros diante do corpo morto do chefe. Ela esperou, até que o irmão mais velho do chefe dos guerreiros gritou em voz forte:

–Vampiro! Guerreiros, não temam por defender suas vidas e a de seus descendentes!

E foi aí que começou uma guerra, mas os três vampiros conseguiam ser mais fortes. Pareciam ser indestrutíveis. Os índios temendo serem dizimados clamaram ajuda aos espíritos. Os espíritos deram como modo de defesa aos índios a forma de lobos. Lobos enormes e extremamente fortes e rápidos. Podiam correr mais rápido que os vampiros e se comunicar através de pensamentos. Isso permitiu que os índios vencessem os vampiros, que foram destroçados, e ainda assim houve perda quase metade dos guerreiros. Os índios puderam voltar à sua forma humana, mas a ameaça não estava terminada. Os vampiros conseguiram aos poucos se recuperarem, e a luta entre os índios-lobos e os demônios do sangue começou novamente. Um dos espíritos revelou que para vencerem os vampiros definitivamente era preciso desmembrá-los e queimar as partes. E após mais perdas, os guerreiros conseguiram incinerar os vampiros.

Os descendentes dos guerreiros que lutaram nesse dia herdaram a mutação e era mais comum que a mutação se desencadeasse quando ouvesse vampiros por perto das tribos.”

Billy anunciou que só poderia contar a história até esse ponto, mas disse que os filhos da lua, como ficaram conhecidos os lobos, existiam até hoje nos corações e na alma dos descendentes dos índios.

Eu fiquei em silêncio, paralisada enquanto associava a aparência dos Cullen com a dos vampiros da história. Alguma coisa ali estava errada demais. Era mais estranho do que eu pensava. Justo agora eu me lembrei de quando Jacob disse que os Cullen eram um problemas pro povo da reserva. Era coincidência demais.

Eu cheguei a pensar que pelo problema entre as famílias, aquela história era uma forma de implicar com os Cullen, mas a forma que Billy contava a história trazia um ar tão verdadeiro àquilo tudo que era difícil acreditar na ‘opção implicância’. Eu já não sabia o que pensar.

–Bella! Quem te hipnotizou? -Jacob falou estalando os dedos na minha frente e rindo. –Já te chamei algumas vezes e você fica ai, olhando pro nada. O que achou da história?

–Ah, a história é boa. Interessante.

–A parte que Billy não conta é que dizem que isso tudo é verdade, que aconteceu mesmo. Que inclusive, nós, o Quileutes, descendemos dos lobos, e que as criaturas frias estão por aí. – a forma como ele disse “criaturas frias” me fez extremecer.

–E você, Jake, acredita nisso? –perguntei num sussurro. Eu estava com medo. Não sei bem do que, mas estava com medo.

–Eu vivo isso, Bella. Eu vivo essa história. – disse ele em tom de mistério.

–O que?!?! - eu gritei e todos se voltaram pra mim.- Tá legal, Jacob. Pode explicar essa história agora mesmo!!

Jacob riu guturalmente.

–Bella, você tinha que ver sua cara agora! Calma! Eu estava só te testando.

–Testando? – eu ainda gritava nervosamente. –Você é mesmo um idiota, Jacob! – eu me agitava, tentando bater nele.

–Ei, ei, ei. Calminha aí, menina! – disse Charlie me segurando forte.

Eu estava uma pilha de nervos. Abismada. Meu pai, ainda me segurava, e eu lutava pra sair de seu aperto. Sem sucesso, eu me virei e me larguei em seus braços, fechei bem meus olhos e os punhos. Passei meus braços por meu peito, comprimindo a dor que eu sentia no coração. Reprimi o choro enquanto Charlie me abraçava.

Ele me levou para casa. Jacob foi junto, me segurando no colo no banco de trás do meu carro. Harry nos seguia para levar Jacob para casa depois.

Eu ainda estava tensa quando Jacob me deitou na minha cama e me cobriu. Ele ficou ali acariciando minha cabeça até eu dormir.



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