Marley P.O.V

Os olhos da minha mãe. Era a última coisa que eu lembrava, antes de a máquina ser ligada. E depois, vazio.

Abri os olhos lentamente, talvez com medo do que fosse encontrar. Senti a mão conhecida de Jake sobre a minha e suspirei mais aliviada, ato que foi repetido por ele.

_ Todos estão inteiros? – a voz de Ryder veio próxima, mas quando respondi, me surpreendi com minha voz.

_ Marley, o que aconteceu com a sua voz? – se assustou Jake, antes de se assustar com sua própria. O encarei e vi que ele estava bem mais velho, talvez beirando os 20. Ryder e Kitty pareciam intactos e Beth ainda aparentava ter 25 anos.

_ É como se tivéssemos viajado os cinco anos que vocês ficaram fora até eu e Beth voltarmos. – disse Ryder e nós concordamos. Comecei a observar o quarto, reconhecendo como o meu antigo, só que parecia diferente. Talvez porque eu tivesse 20 e não mais 16?

Antes que disséssemos algo mais, ouvimos batidas na porta. Beth, que estava sentada em minha cama, pediu que entrassem e quem abriu a porta foi um homem que eu nunca virá antes com um menininho de uns oito meses no colo.

_ Olha quem acordou para alegrar a mamãe e os titios. – cantou ele, entrando com o bebezinho no colo e eu vi os olhos da minha prima se encherem de água – Tá tudo bem amor?

_ Tá sim Danny. – garantiu ela se levantando e apanhando o menininho, que riu deliciado enquanto ela lhe beijava – Melhor impossível.

_ Bom, sua mãe pediu para avisar que o lanche está pronto. – disse ele – Vocês ficaram aqui muito tempo conversando.

Concordamos com a cabeça e ele continuou a nos encarar intrigado, mas por fim deu e ombros e saiu dizendo que ia pegar a mamadeira do pequeno Noah, que era o nome do bebê.

_ Quem é aquele? – perguntou Jake e Beth o encarou emocionada.

_ Eu e Danny havíamos acabado de ficar noivos quando vocês sumiram. E quando eu voltei... Bom, basta dizer que nós acabamos terminando. Mas ele está aqui, essa coisinha fofa está aqui... – disse ela, acariciando o rosto do menino – O futuro realmente mudou para melhor.

Ryder P.O.V

Descemos as escadas meio temerosos do que íamos encontrar, mas o que vimos foi o maior sonho de todos.

Mamãe estava sentada no braço da poltrona de meu pai, que lhe abraçava pela cintura, ambos rindo alto. Os cabelos de meu pai começavam a ficar brancos na parte debaixo da cabeça, mas os de minha mãe continuavam negros e brilhantes.

Num sofá, estavam Kurt, Blaine, Santana e Brittany, e eles também riam. E no centro da sala, o motivo dos risos.

Puck estava rodopiando pela sala, com Quinn sobre seus pés, como a uma criança sendo ensinada a dançar. Os dois riam deliciados, trocando vez ou outra um selinho. Encarei Beth e Jake e vi o quão emocionados eles estavam com aquilo.

_ Vamos descer. – sugeri, pegando a mão de Kitty, e todos concordaram.

_ Desceram afinal. – ouvi Blaine dizer e o casal parou de dançar – Ryder, por mais que você seja nosso afilhado, já disse que não gosto de você e Kitty sozinhos no quarto.

_ Deixe os meninos Blaine, eles estavam todos juntos. – repreendeu Kurt rindo – E nossa menininha é esperta, não vai fazer besteira. Certo princesa?

Kitty pareceu surpresa, mas concordou com a cabeça dando um sorriso meio amarelo e logo minha mãe e tia Quinn vinham da cozinha trazendo os lanches. Papai foi até o armário e pegou um champanhe, o que todos estranharam.

_ Qual é, eu sei que é de tarde, mas vamos comemorar. – disse ele, estourando a rolha – Não é todo dia que seu melhor amigo te dá a noticia de que, finalmente, está livre do maldito câncer.

Quase pude sentir o peso sair das costas de Beth e Jake ao ouvir aquilo e o sorriso dos dois quando se encaminharam para o pai provava isso. Os dois o abraçaram bem apertado, o pequeno Noah no meio. Se Puck pareceu surpreso, não deixou transparecer. Apenas apertou os filhos contra si e sorriu, sendo logo acompanhado pela esposa. Logo, eu e minha irmã estávamos abraçando nossos pais, felizes com o novo futuro.

Beth P.O.V

_ Muito bem maninha, o que você descobriu? – perguntou meu irmão naquela noite, quando nos encontramos de novo na casa de meus pais dessa vez, para um jantar comemorativo.

_ Bom, pelo que pude arrancar de Danny sem dar muita bandeira, em relação aos nascimentos de vocês, nada se modificou muito. A diferença é que Ryder nasceu em Ohio e foi criado e registrado por Finn, e não por Brody. Papai nunca nos deixou, nem tia Rachel foi para Nova York. Kitty foi adotada aos seis anos por Kurt e Blaine, logo após os pais dela morrerem em um acidente de carro.

“Eu me casei com Danny aos 23 anos e logo engravidei do Noah, que tem 9 meses. Eu e ele moramos em Los Angeles, mas como estamos no feriado de Ação de Graças, estamos aqui para ver minha mãe Shelby e nossos pais.”

“Você está estudando engenharia, que nem o papai estudou e Marley está estudando artes cênicas, ambos em Yale. Ryder e Kitty ainda não se formaram, como era de se esperar. Papai é engenheiro como eu disse, e tia Rachel dá aulas de canto em um colégio primário. Mamãe continua jornalista e tio Finn assumiu a oficina de Burt.”

“Kitty, você tem outros dois irmãos adotivos, Joseph e Michael, mas eles são mais novos que você. Santana e Brittany tem três filha, Marisa, Isabel e Luiza e elas todas estarão aqui essa noite. E foi só o que pude descobrir.”

_ Você descobriu nossa vida em três horas, ta mais que bom. – elogiou Ryder e ela sorriu – Então realmente deu certo, não é? Nós mudamos o futuro, para melhor.

_ Mudamos cara... – concordou Jake sorrindo – Realmente mudamos.

Kitty P.O.V

Era estanho ser filha do casal gay, especialmente porque eu me lembrava muito bem de meus pais. Procurei rapidamente na internet e descobri que Kitty Wilde nunca existiu e que meus pais nunca haviam tido filhos. Kitty Harrison, por outro lado, era filha de Elis e Dana Harrison, falecidos em um acidente anos atrás, deixando a única filha sem qualquer família. Blaine é assistente social e se encantou por mim e desde então, meu nome é Katherine Hummel-Anderson.

Meus dois irmãos mais novos, de 13 e 9 anos, tem histórias bem parecidas com essa e pelo que vi na coluna social, porque Kurt é um famoso estilista na região, nós somos uma família bem feliz e eu e Ryder estamos juntos há quase três anos. O que não se descobre pela internet.

_ Querida, está pensativa hoje. – ouvi Blaine e sorri, deixando que ele me abraçasse.

_ Nada pai... Só sendo grata.

_ É bom na noite de Ação de Graças. – rimos juntos – Mas pelo que você é grata princesa?

_ Por você, pelo papai, pelos meninos... Especialmente por através de vocês, eu ter conhecido o Ryder. – comentei e ele sorriu, me abraçando novamente. Olhei para dentro de casa, vendo meu namorado ao lado do pai no sofá, parecendo tão feliz quanto era possível.

Me afastei de meu pai e caminhei na direção dele, me sentando em sua perna e lhe dando um longo beijo. Aquele era meu novo presente e meu futuro, era Ryder.

Jake P.O.V

Eu tinha um pai, sempre tinha tido um pai. Ele estava bem, estava saudável e agora rolava no chão com o neto, meu sobrinho. Minha mãe estava feliz, minha irmã estava feliz, abraçada as duas mães, toda a família estava feliz. Nós havíamos conseguido.

_ Jacob... – tio Finn chamo e eu o encarei. Era exatamente o mesmo homem que eu me lembrava, mas sem as marcas da tristeza da perda de tia Rachel – Podemos falar?

Concordei e caminhamos para a cozinha. Lá, ele olhou para ver se ninguém vinha e sorriu.

_ Minha resposta é sim. – o olhei desentendido e ele riu – Não precisa ficar surpreso. Eu sempre soube que isso aconteceria. E estou feliz que antes de pedir a mão de Marley, você me pediu permissão.

Eu sorri largamente. Eu ia pedir Marley em casamento? Casamento? Eu e Marley, juntos, para sempre. Abracei meu tio agradecido, antes de sair correndo em direção a meu quarto.

Comecei a revirar as gavetas e armários, até encontrar o que procurava. A caixinha de veludo era simples, mas o anel dentro não. Sorri e me virei para sair e ir atrás de Marley, mas ela já me esperava ali.

_ Jake, ta tudo bem? – perguntou sorrindo e eu a encarei, maravilhado. Ela mais velha era ainda mais maravilhosa do que jovem. Lembrei daquela primeira noite, sentindo os arrepios no meu corpo e sabendo em meu interior que haviam havido muitas outras aqui nesse novo futuro. E se dependesse de mim, existiriam muitas mais e todas elas em nossa casa, nossa cama, nosso lar.

Me aproximei e lhe beijei, antes de me apoiar no joelho e abrir a caixinha a sua frente.

_ Marley Barbra Berry-Hudson, você me dá a honra de ser minha esposa?