Ryder P.O.V

Eu não sei o que aconteceu comigo, ou melhor, não sei o que está acontecendo comigo. Eu acho que essa viagem no tempo deve ter afetado meu cérebro de alguma forma, porque não tem explicação para tudo isso.

Eu beijei a Kitty, quer dizer, ela me beijou, mas eu gostei e correspondi. Eu não nego que ela é linda e tudo mais, mas ela é completamente assustadora.

Quando nos beijamos, por exemplo. Eu entrei numa sensação inédita de êxtase, como se nada mais importasse. E do nada ela se afasta, quebrando o beijo, e me dá um senhor tapa na cara.

— O que foi isso? – perguntei me aproximando, ainda sentindo a ardência no meu rosto.

— Nunca mais se aproxime de mim seu... Seu... Eu nem sei do que te chamar! – gritou ela vermelha – E não ouse contar o que aconteceu aqui pra ninguém ouviu?

E saiu correndo do auditório, me deixando sem entender nada. Sendo sincero comigo mesmo eu estava louco de vontade de beijá-la novamente, mas isso não é menos estranho.

Eu nunca me apaixonei, então não sei como é, mas eu imagino que o que se sente é algo especial, e foi o que eu senti naquele momento. Algo especial e novo nasceu em mim quando a Kitty me beijou e tudo que eu posso fazer e praguejar, porque eu fui me apaixonar por uma garota que já era adulta quando eu nasci e tem um gênio complicado.

Kitty P.O.V

Alguém ai conhece um bom exorcista pra me indicar? Sim, porque após beijar aquele garoto, eu realmente preciso de um. Não se passa uma noite sem que eu tenha pesadelos com Ryder. Tecnicamente são sonhos, mas com um conteúdo daqueles, só podem ser pesadelos.

Eu já beijei muitos garotos, a maioria muito melhor do que ele, mas nenhum deles me fez tremer sobre as pernas ou sentir borboletas do maldito estômago. Nenhum deles me faz corar cada vez que olho em sua direção ou querer sempre estar perto.

Vamos a verdade: eu nunca me apaixonei por nenhum deles e essa é minha pior derrota.

Beth P.O.V

Eu tentava inutilmente me manter calma nos últimos dias, enquanto procurava uma oportunidade e tempo de conversar com todos. Por fim consegui e eu estava surtada. Por que vocês perguntam?

Por que minha linda mamãe e meu adorado papai resolveram se divertir antes do tempo, o que conseqüentemente pode antecipar o nascimento do meu irmão, e conseqüentemente alterar o futuro. E não to afim de umas reviravoltas tão loucas na minha vida.

— Er, Beth? – chamou Ryder e eu percebi que eles me encaravam fazia tempo – Sem querer cortar o clima de suspense, mas você vai falar alguma coisa ou vai ficar andando de um lado pro outro feito doida?

— Você ta parecendo a mamãe quando tem que contar alguma coisa grave e... – começou Jake arregalando os olhos – Puta que pariu, você dormiu com alguém e engravidou no passado? – irmão surtado, oi?

— Eu não Jake, mas mamãe pode ser que sim em breve. – suspirei e ele arregalou os olhos – Papai não te falou que ele e mamãe estão, bom, fazendo o que é preciso para os bebês virem ao mundo? E levando em conta o histórico de fertilidade deles, isso pode querer dizer mamãe grávida antes do tempo.

— Mas se o Jake nasceu antes do tempo o futuro vai se alterar inteiramente. – quase gritou Ryder.

— Eu posso nem ser eu. – disse meu irmão dramaticamente e eu e Marley reviramos os olhos, mas ambas tínhamos as mesmas preocupações.

— Jake, você precisa garantir que eles estejam tomando cuidado. – pediu Marley e meu irmão fez careta.

— Cara, eu não quero nem pensar na minha mãe fazendo sexo, quanto mais falar sobre isso. – gemeu meu irmão com cara de desgosto.

— Porque é o seu nascimento que está em risco. – decretei nervosa – E você é o mais próximo do papai, o “irmão” mais novo dele. Você vai ter que resolver isso.

— Tá bom, mas para de agir como a mamãe. – pediu meu irmão de olhos arregalados – É horripilante.

Marley P.O.V

Depois de nossa conversa, que por acaso foi numa sala de aula nos intervalos dos ensaios de Wicked, eu fui para as arquibancadas, tentando raciocinar.

Todos andavam meio desligados, Ryder não sei ao certo porque, Beth agora eu sabia. Eu tinha tanto que pensar, que nem sabia por onde começar.

Mesmo tendo passado semanas eu havia visto minha mãe depois de mais de dez anos. E eu a havia visto cantar com meu pai, algo que nunca sequer sonhei que veria.

E agora tem também, bom, Jake e...

— Pensando no que a Beth disse? – ouvi alguém e me virei, dando com um Jake envergonhado – Posso?

— Você não devia estar falando com seu pai? – perguntei quando ele sentou e ele riu.

— Ele mandou mensagem que está em New Heaven, provavelmente fazendo o que Beth disse e que eu prefiro não pensar. – respondeu com cara de nojo e eu ri – Não é pra rir.

— Desculpa, mas não agüento. Você sabe que é assim que você foi parar na barriga da sua mãe né? – brinquei e ele mostrou a língua – Olha que eu te mordo hein?

— E se eu quiser? – provocou ele e eu gelei, corando logo depois – Er, eu andei pensando no nosso, você sabe, no beijo.

— E o que você pensou? – perguntei encarando minhas mãos, igual a ele.

— Marley todo esse tempo que eu tenho passado com meu pai tem me ajudado a rever muitos dos meus sentimentos, não só em relação a ele, mas a todos. Eu to vendo o quanto ele ama a minha mãe e, com isso, eu percebi que eu não te amo da mesma forma que eu amo a Beth.

— Não? – praticamente gaguejei sentindo o rosto arder e as mãos suarem.

— Não... – sussurrou ele, se aproximando mais de mim e tomando meu rosto nas mãos - Eu te amo da mesma forma que o meu pai ama a minha mãe e que o seu pai ama a sua mãe. Eu te amo bem mais do que simplesmente como seu primo Marley, eu quero ficar com você.

— Você ta falando serio Jake? – perguntei tremendo e sorrindo, porque bom, era tudo que eu queria ouvir dele desde que éramos crianças.

— Eu não brincaria com isso Marley, jamais brincaria com seu coração. – garantiu ele – Você quer ficar comigo Marley, como namorado?

Eu sorri, lhe dando um selinho.

— Vem comigo. – pedi me levantando.

Jake P.O.V

Marley e eu viemos caminhando até o apartamento em silêncio, após ela mandar uma mensagem qualquer para o irmão. O percurso não era longo, mas na expectativa que eu tava, me pareceu uma eternidade.

Entramos e não havia ninguém em casa, o que era esperado. Marley trancou a porta e me puxou pela mão até o quarto que ela dividia com minha irmã.

— O que foi? – perguntei ao vê-la trancando a porta. Ela me encarou nervosa e suspirou, antes de caminhar na minha direção e começar a me beijar. Eu retribui e logo senti suas mãos puxando minha camiseta para cima – Marley, o que você está fazendo?

— Jake, não sabemos o que vai acontecer. – disse ela com os olhos molhados – O futuro já é incerto, agora então... Eu sempre esperei pelo dia em que você me diria tudo que disse. Nós começaríamos a namorar, viveríamos nossa história de amor e seriamos felizes. Mas eu não sei quanto tempo temos e, eu quero poder aproveitar nossa história de amor. Eu to pronta, se você estiver. Eu te amo.

Eu a encarei surpreso e chocado, mas não menos feliz. Ouvir ela dizendo que me amava era tudo o que eu queria, e saber que ela confiava em mim a ponto de dar esse passo, era incrível.

Eu terminei o que ela havia começado e puxei a camiseta para cima, jogando-a no canto. Ela tirou a jaqueta que usava e eu me aproximei, puxando sua camiseta e a tirando, revelando sua pele clara. Ela tremeu ao meu toque e eu sabia que, apesar de decidida, ela tinha medo.

— I have died everyday waiting for you, darling don't be afraid I have loved you for a thousand years, I'll love you for a thousand more.— cantarolei em seu ouvido a abraçando, e sentindo-a relaxar – Eu te amo.

— Eu também. – sussurrou ela, e o resto é história.