74º Edição THG: Versão Carreirista: Cato escrita por Yasmin Marques


Capítulo 3
Os novos tributos




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Pego a espada com a qual estava treinando instantes antes e começo a fazer a demonstração de minhas habilidades, vou até os bonecos que ficaram inteiros depois do ataque da menina loura e começo a massacrá-los, quando termino, vou até a grade de armas e pego uma lança, fico a vinte metros do alvo, me preparo e atiro. A lança atinge o meio do alvo e o ultrapassa indo parar na parede logo atrás. Ouço suspiros de surpresa e dou um sorriso arrogante para Clove como quem diz “Você não é a única que consegue mirar.”, ela me encara com a ira estampada nos olhos.

—Muito bem, Cato! —Brutus fala batendo palmas.

Sorrio para ele e aguardo-o chamar os gêmeos, mas isso não acontece.

—Agora o treinamento psicológico. — ele disse

—Mas e quanto a nós? — Castor e Pólux disseram simultaneamente enquanto encaravam Brutus.

Brutus os encarou com certa pena no olhar, depois alguns minutos finalmente disse.

—Vocês não poderão ir para a arena já que um sem o outro fica fraco. —ele respondeu— Voltem para suas casas.

Os gêmeos ficaram furiosos, mas sabiam que Brutus não voltaria atrás em sua decisão. Eles saíram rapidamente do centro de treinamento. Eu sou o novo tributo masculino do distrito dois, e não consigo parar de sorrir.

—Segura sua onda aí, Cato. —Brutus falou— Se não passar no teste psicológico não irá ir para a arena a não ser que seja sorteado.

Concordo com a cabeça, mas continuo sorrindo.

—Sigam-me. —Enobaria falou indo em direção ao local onde os testes psicológicos seriam realizados em cada um individualmente.

Nós a seguimos. Chegamos a um corredor escuro onde havia três salas abertas, Brutus mandou cada um entrar em uma. Eu entrei na do meio e senti a porta sendo trancada atrás de mim, deixando-me em completo breu.

—Isso é parte do teste. —murmuro para eu mesmo tentando me acalmar e resistir à vontade de começar a bater desesperadamente na porta para que me tirem dali.

Ando pela sala com as duas mãos à minha frente, até que encontro uma parede e sento encostando minhas costas nela.

Passaram-se três horas, ou mais, não dá para se ter noção do tempo em uma sala pequena, fechada e escura. Continuo sentado até que ouço um barulho de gás vazando e começo a sentir um cheiro adocicado, tento respirar o mínimo de ar possível, mas depois de alguns instantes não consigo e inalo o gás, perdendo os sentidos instantes depois.


Acordo em uma arena no meio de um descampado, todos os competidores estão lutando ao meu redor, mas eu não consigo me mexer, ainda nem saí do círculo. Até que um tributo me avista e vem em minha direção, tento me concentrar e consigo mexer meus pés, viro-me em direção à Cornucópia e corro até o lugar que avistei duas espadas de lâminas curvadas de aspecto cruel. Viro-me para meu perseguidor e o apunhalo na barriga, sem piedade, sem compaixão. Viro-me para tentar encontrar minha parceira de distrito e meus aliados carreiristas, mas tudo que vejo é carnificina. Vou para o meio da batalha sangrenta, sem dúvidas a melhor parte dos Jogos, e ataco um garoto bem mais baixo do que eu que tentava pegar uma mochila laranja fluorescente. Viro-me e vejo Clove perto da Cornucópia, ela está cercada por dois caras enormes, ouço um grito agudo e olho para o lado, é Abigail ajoelhada e sem saber para onde ir, seu rosto começa a se desfigurar, olho para Clove novamente e o mesmo está acontecendo com ela, tento correr em sua direção para ajudá-la a deter os dois armários, mas tudo que vejo é escuridão. Agora estou numa selva, com duas espadas em mãos, Clove e Abigail estão atrás de mim, nenhum de nós está conversando, Abigail está com o rosto inchado e lágrimas escorrendo por seu rosto, Clove está com uma expressão fria. Andamos até uma clareira onde havia uma fogueira, um garoto e uma garota estavam usando-a para se aquecerem e afastarem os insetos, uma péssima idéia quando se tem Carreiristas te caçando, caminhei em silêncio até eles —que estavam de costas para nós— e ergui a espada, peguei o garoto pelo pescoço e antes de ele gritar enfiei a lâmina em suas costas o matando. A garota entrou em desespero, assim como Abigail que correu para tentar reanimar o garoto morto, sem sucesso. Clove cuidou da outra garota, atirando uma faca em sua clavícula quando ela tentou ficar em pé para se defender.

—Menos dois. —ela disse e sorriu, eu retribui.

O rosto dela começou a se desfigurar e acho que o meu também pela sua expressão e tudo ficou escuro novamente.

Acordo em uma sala com as luzes acesas, Brutus e Enobaria estão me encarando, agora estou sentado em uma cadeira desconfortável com Clove e Abigail sentadas logo ao meu lado.

—Esse foi o teste psicológico de vocês e infelizmente Abigail não passou. —ele disse fazendo uma expressão de decepção ao encará-la— Entrar em desespero na arena só faria você morrer depressa e sem luta.

—Me desculpe, e-eu... —ela disse— Eu quero fazer o teste novamente!

—Não é assim que as coisas funcionam Abigail— desta vez era Enobaria falando— Um carreirista não pode ser fraco, não pode ter compaixão. Você não passou no teste, vá para casa e arrume-se para a colheita, nem tente se voluntariar se não eu mando Cato te matar na arena.

Arregalei os olhos ao ouvir meu nome, será que ela faria isso? Mas parece que não importa se faria ou não, Abigail se levantou e saiu da sala batendo os pés e emburrada.

Enobaria virou para eu e Clove:

—Parabéns, vocês serão os nossos voluntários para a 74º Edição dos Jogos Vorazes. Vocês provaram sua coragem e força na arena fictícia, só espero que sejam assim na arena real, e tragam honra ao Distrito Dois.—Enobaria disse sorrindo— Agora vão para casa, arrumem-se e passem um tempo com sua família. Encontraremo-nos na praça.

Eu e Clove anuímos com a cabeça, nos levantamos e saímos da sala. Agora Clove estava com um sorriso orgulhoso substituindo a postura arrogante, eu por outro lado, adquiri a postura arrogante dela.

Saímos do prédio e cada um seguiu para o seu lado, não nos despedimos.



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Notas finais do capítulo

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