Os raios da manhã já estão começando a aparecer, desligo minha lanterna e os outro fazem o mesmo. Estamos andando a mais ou menos uma uma hora quando Clove me chama.

            —Cato, vamos voltar para a Cornucópia.

            —Por quê?

            —Porque precisamos nos reabastecer e ver se o garoto está sendo útil. —ela responde puta merda, me esqueci do garoto. —Depois a gente volta e recomeça de onde parou.

            —Tudo bem.

            Fazemos o caminho de volta o que dura aproximadamente três horas já que não fizemos nenhuma parada para descanso, quando chegamos à Cornucópia vejo que o garotinho já começou a desenterrar as minas terrestres, só nos resta fazer a pirâmide de suprimentos como ele sugeriu. Ainda não gosto da idéia de deixar a comida protegida por bombas, já que se aquilo explodir tudo irá pelos ares, mas todos concordaram com a ideia então…

            —Vamos pegar alguns suprimentos e fazer a pirâmide. —falo para o grupo.

            —O que estão pretendendo fazer? —Peeta pergunta.

            —Você é esperto Conquistador, já vai entender. —respondo sarcasticamente.

            Depois de pegar mais suprimentos e duas lanternas reservas para o caso da bateria acabar, eu coloco a mochila nas costas e começo a carregar as caixas de suprimentos para o local aberto logo em frente à Cornucópia, os outros começam a fazer o mesmo, até mesmo Peeta ajuda. Depois de meia hora terminamos e o garoto começa a enterrar as minas em volta da pilha. Deixamos as armas que mais usamos fora da pilha, assim serão mais fáceis de pegarmos. Montamos um pequeno acampamento ao lado da pirâmide de alimentos, e ali ficamos até o garoto ter terminado o serviço.

            —Está pronto. —ele fala depois de algum tempo.

            Eu e os outros levantamos e saímos debaixo da cobertura improvisada que fizemos com uma lona para nos proteger do Sol.

            Olho em volta e não consigo ver onde ele enterrou as minas, mas há algumas marcações feitas na terra para sabermos onde pisar e não sermos explodidos.

            —Bom trabalho garoto. —Clove o congratula.

            —Ótimo, pegaram tudo que precisam? —pergunto

            —Sim. —eles respondem em uníssono. Peeta permanece em silencio.

            —Ei Conquistador, pegue uma tiras de carne. —Clove recomenda.

            —O que? —Glimmer, Marvel e eu falamos juntos.

            —Se ele vai nos ajudar não pode morrer de fome. —disse e jogou dois pacotinhos de carne seca para ele.

            Reviro os olhos, ela faz o que ela quiser…

            —Só nem pense em dar armas para ele. —murmuro em seu ouvido quando os outros se afastam.

            —Eu não sou idiota Cato. —ela resmunga e coloca a mochila nas costas.

            Partimos para a mata fechada novamente, eu resolvo ficar próximo à Glimmer já que Clove me irrita com seu jeito de “sou mais esperta que todos”.

            —E aí Cato, como é o seu distrito? —Glimmer me pergunta com sua voz sensual.          

            —Rico. —respondo e eu notar que fui muito seco complemento— E acho que bem parecido com o seu só que sem o lance das jóias.

            Ela sorri para mim e eu retribuo não que eu ligue para o que Glimmer sente sobre como eu a respondo, mas é bom conversar quando não se tem nenhuma ação e se eu for grosso com ela sei que ela irá se afastar. Continuamos a conversar até eu decidir fazer uma pausa para comermos algo.

            Caminhamos umas três ou quatro horas depois do lugar que paramos antes de voltar para a Cornucópia, devem ser umas seis da tarde agora, na verdade é quase impossível saber já que os idealizadores podem fazer o dia parecer noite na arena, por exemplo agora, o Sol ainda continua bem no meio do céu. Fico sentado próximo de Glimmer observando a floresta enquanto ela tagarela algo ao meu lado, não é algo fútil nem nada, mas não estou a fim de prestar atenção. Quando ela faz uma pausa eu a encaro, ela está esperando uma resposta.

            —O que?

            —Então, o que achou?

            —Achei do que?

            —Da minha roupa no Desfile! —ela perguntou erguendo um pouco a voz até ficar estridente.

            —Ah… — digo como dizer sem o fender que a roupa de alguém está ridícula? Provavelmente não há nenhuma maneira… — Sua roupa era ridícula.

—E não era?! —ela respondeu— Como eu vou arranjar patrocinadores vestindo aquilo?

Ela começou a tagarelar e eu parei de prestar atenção, fico olhando a floresta à minha frente quando um gambá passa como um raio ao meu lado, eu fico em pé imediatamente bem na hora em que um cervo pula pelo lugar onde eu estava sentado. Quando olho para trás consigo enxergar um incêndio se espalhando pela floresta e mais animais correndo em nossa direção.

—Corram! —grito para os outros e pego minha mochila e minha espada que eu havia tirado do cinto.

            Começamos a correr na direção oposto ao incêndio, mas não adiantou, quando olho para o lado vejo que o fogo já conseguiu nos alcançar, coloco um pedaço da jaqueta em cima do meu nariz para não inalar tanta fumaça, meus olhos estão lacrimejando, consigo ver alguns animais, maiores dessa vez, correndo ao nosso lado sem nem se importar com nossa presença, de repente uma árvore cai a minha direita e eu dou um pulo para a esquerda esbarrando em Marvel. Se os idealizadores estão fazendo um incêndio é porque não está havendo nenhuma ação na arena, o que significa pessoas entediadas, e um incêndio é uma das melhores maneiras de fazer os tributos se juntarem, continuo correndo sem nem olhar para ver e algum aliado ficou para trás, o que importa agora é me manter vivo. Vejo que o fogo foi deixado para trás, mas ainda há muita fumaça então não ouso tirar a blusa do meu nariz, estou em um descampado, há mais floresta à frente de mim e há algumas pedras grandes à esquerda. Paro e tiro a mochila das costas para bebericar um pouco da água de meu cantil e também jogo um pouco dela sobre minha blusa para me ajudar a respirar enquanto ela fica em  cima do meu nariz.

—Acha que tem algum tributo por aqui? —Glimmer perguntou em meio a tosses, seu rosto estava vermelho.

—Não por muito tempo. —respondo e ouço mais tosses.

Parece que quase ninguém foi esperto o bastante para colocar a blusa sobre o nariz, apenas eu e Peeta o fizemos, vejo Clove quase se arrastar até eu e Glimmer, seu rosto está vermelho e seu cabelo caindo sobre a testa suada, os outros não estão em melhor estado, a garota do 4 está com um pedaço da jaqueta chamuscado e Marvel está vomitando ao lado dela por ter inalado muita fumaça. Peeta está apenas com o rosto vermelho e suado, assim como eu devo estar.

—Vamos por ali! —eu ordeno apontando para as pedras —Vamos ver que é o tributo que nos fez passar por isso tudo.

E seguimos a maioria se arrastando, mas seguimos. Quando chego a uns dez metros consigo ver uma piscina d’água em meio às pedras, e dentro dela…

—É a Katniss! —grito para os outros e aponto para a figura toda acabada à minha frente.

Ela já tinha se preparado para ir embora, mas agilizou o serviço quando me ouviu.

—Agora a gente te pega garota em chamas. —Marvel falou meio rosnando e todos começamos a correr atrás dela.

No meio da corrida eu puxei a espada do cinto e continuei seguindo-a para o outro lado da floresta, o que não pegou fogo. Provavelmente minha expressão facial deve estar igual à dos outros carreiristas, com os dentes a mostra e rosnando para Katniss. Mas de uma coisa eu tenho certeza, de hoje ela não passa.