O sol batia em meu rosto,eu havia esquecido de fechar a pequena cortina branca de meu quarto e então acordei com os pequenos raios de sol em minha face.

Abri meus olhos lentamente, e aos poucos a minha visão foi ficando nítida.Me levantei da cama, ainda sonolenta, e quase levando uma pequena queda. Eram 7:00 da manhã, eu havia acordado cedo mais uma vez.

Esfreguei meu rosto, tentando despertar-me. E logo fui para o banheiro e fiz a minha higiene matinal. Assim que terminei, desci e fui em direção á cozinha, com a esperança de encontrar meus pais ainda por lá.

Infelizmente, eles não se encontravam mais ali, supostamente já estavam no novo emprego.Mas havia uma carta em cima da mesa, escrita pela mãe de Lorena.

"Olá filha, eu e seu pai tínhamos de ir trabalhar, voltamos no começo da noite. Tem almoço na geladeira e biscoitos com suco em cima da mesa, bom dia pequena e até 18:00!"

Apenas dei um pequeno sorriso e fui saborear os biscoitos que minha mãe fez com um suco de laranja, estava delicioso.

Na minha opinião, foi uma sorte e tanto mamãe e papai conseguirem emprego logo no primeiro dia de procura, com salário bom e que interessasse muito á eles.

–Hum...Está ótimo!-Falei em voz alta enquanto comia.

Assim que terminei, arrumei a mesa e fui tomar um banho, eu não tinha nada para fazer e então decidi isto.

Peguei a toalha e logo estava tomando um delicioso banho naquela água quentinha. Me sentia relaxada e de bem com a vida enquanto a água percorria pelo meu corpo.

Assim que terminei, me enrolei na toalha e escolhi uma roupa para ler algum livro até meus pais chegarem. Não havia nada para se fazer, e ler naquele jardim belo e tranquilo me fazia bem.

Escolhi uma saia de babadinhos de cor vinho com uma blusa de mangas compridas de cores vinho e preto.Amarrei meu cabelos em um coque alto e simples e coloquei uma pulseira preta apenas para combinar com a roupa.

Eu curtia essas roupas, apesar de ficar só em casa, mas elas eram bonitas e faziam meu estilo.

–Pronto.- Disse eu ao estar arrumada.

Fui então pegar o livro que eu estava lendo, mas me lembrei que ele estava no jardim, e então todas aquelas lembranças de ontem vieram em minha mente e meu coração logo começou a palpitar rapidamente assustado.

Afinal, aquilo seria realmente a realidade? Eu havia visto aquele garoto?

–Aposto que não, eu só posso estar ficando louca. Vou lá e sem medo, ele não existe, ele não pode existir.-Pensei alto, tentanto me acalmar e ir lá.

Desci as escadas e fui caminhando lentamente para o jardim, o barulho dos meus passos ecoava por aquela casa tão silenciosa.

–Cheguei.-Disse ao pisar no jardim ainda assustada com a ipótese de Dave realmente ser real.

Fui procurando meu livro, até que escuto a mesma voz de ontem.

–Já está acordada?-Falou Dave sentado e com meu livro em mãos lendo-o.

Gritei assim que o vi.

–Nossa, quer me deixar surdo, garota?-Ele disse colocando suas mãos nos ouvidos e fazendo careta. -Esse livro é realmente interessante...-Dave voltou á ler meu livro e nem dando atenção á minha presença.Irritei-me com isto.

–Devolva-o.-Respondi zangada e querendo desfarçar um pouco o meu medo de sua presença.

–Deveria ter mais educação, você está na minha casa.-Reclamou o garoto.

–E esse livro é meu!

–Ah, tudo bem.Eu pego depois sem você ver!-Entregou-me então o livro, debochando de mim.

–O-O q-que? Não ouse encostar nesse livro.Você nem real é!-Retruquei.

–Sou sim!

–É...?

–Sou!

Fiquei um pouco assustada, respirei fundo e me sentei perto de uma árvore fingindo que não estava o vendo, eu estava louca, essas coisas não são possíveis.Ou são?

–Não deveria fingir que eu não existo.-O garoto chegara perto de mim.

–Você não existe Dave.-Abri o livro na página em que parei.

Ele deu um longo suspiro triste e falou:

–Porque você é assim? Você sabe que eu existo, eu tou aqui na sua frente falando com você!

–Essas coisas são impossiveis.Entendeu agora?-Respondi ele.

–Elas são, senão eu não estaria aqui, certo?-Dave disse.

–Porque você existe então?-Abandonei o livro e o olhei.

–Eu não sei...-Dave olhou para os lados com um certo olhar de como se ele lamentasse estar presente aqui, só que o garoto logo se recompôs.-Mas não lhe farei mal, eu sou apenas...Uma alma perdida, apenas isto.

Assenti com a cabeça demostrando concordar e não ter mais tanto medo dele ou fingir que ele não existia.

–E então, amigos?-Ele estendeu a mão com um sorriso meigo.

Por um momento, fiquei com medo, não sabia se aceitaria isso. Mas enfim, concordei.

–Amigos!-Respondi sorrindo e abertando a sua mão.

–Posso então ler o livro agora?-Ele falou sentando ao meu lado, me senti um pouco incomodada e estranha mas logo fiquei bem.

–Você só queria era ler o livro, né?Seu chato!-Taquei o livro em seu ombro fazendo com que depois nós rísemos.

–Não era só pelo livro, mas o livro é legal.-Ele respondeu depois, simpático.

–Tá,tá...Em que capítulo está?-Perguntei.

–Já li ele todo!-Ele respondeu pegando o livro e o observando.

–Espera, você oque?Eu estou lendo o livro á 2 semanas e ainda estou no capítulo 20!

–É que eu quase não faço nada o dia todo, então ontem passei o dia lendo, entende?-O menino argueou as sobrancelhas.

–Nossa, e o que acontece com Laura, a vampira?

–Ela morre assasinada por um humano.

–Caramba!-Botei minha mãe na boca chocada e ele deu uma gargalhada com a minha reação á esta notícia.

–Eu não devia ter falado, você ainda nem terminou de ler.-Dave cruzou os braços observando o movimento das folhas da árvore acima de nós.

Dei uma risada e ficamos conversando, eu não estava mais com medo de Dave, e me sentia bem.Porque isso só com poucas horas?

Chegou então a hora do almoço e eu disse que iria almoçar, ele falou que iria sair por aí, ir em alguma biblioteca.

Nós tínhamos 1 grande coisa em comum: Amávamos ler.

Eu gostava de Dave, ele era legal, por um momento eu até esquecia de que ele era uma espécie de espírito.

Éramos amigos.