O sol batia em minha face, abri meus olhos e esfreguei o rosto até que tudo ficasse mais nítido.Era mais um dia , e logo Bianca e o resto do pessoal estariam aqui em casa.

Bia avisou que eles chegariam ás 10:00 da manha, e como meu pai e minha mãe estariam no trabalho, eu os receberia. Eu não estava muito animada com a situação, supostamente algo aconteceria, sei que Eduardo e Nicholas arrumam muita confusão, principalmente o Nicholas.Mas eu veria a Bianca, que era quase uma irmã para mim.

Olhei no relógio que ficava perto da prateleira do quarto, ele marcava exatamente 8:30 da manhã.

–Droga, só tenho 1 hora e meia!-Reclamei em voz alta, correndo em direção ao banheiro para tomar um banho.

Entrei logo em baixo da quente água que caia do chuveiro, relaxando-me bastante e pensando um pouco sobre tudo.Coisas sem sentidos pairavam sobre minha mente, e por um momento pensei em mim e Dave, no nosso quase-beijo, o que me fez sorrir.

Percebi a minha reação idiota e rapidamente cachoalhei a cabeça, me livrando daqueles pensamentos que se acompanhavam do sentimento esquisito que eu estava á sentir.

–Tenho que esquece-lo.-Sussurrei enquanto me enrolava na toalha macia e de cor violeta. O banho havia acabado.

Me direcionei para o ármario e escolhi um vestido estilo lolita de cor preta e branca para vestir, de acessorios coloquei uma luva preta e meiotransparente e amarrei meus longos cabelos.O look estava ótimo, eu gostava desse modo excentrico de se vestir.

Já pronta, desci as escadas e fui em direção á cozinha tomar café da manhã.Peguei biscoitos e um suco, com certeza eles estariam deliciosos.

–Vejo que está se preparando para as loucuras que seus amigos irão proporcionar, não é mesmo?-Dave de repente aparece na cozinha, assustando-me com sua chegada.

Vire-me subitamente com o susto para o menino, que deu um sorriso sarcástico ao ver minha reação. Típico sorriso de Dave...

–Já pedi para não me dar sustos, Dave!-Reclamei pelo garoto ter me assustado.

–Ouvi seus pais falando ontem...Acha que vai ser legal a companhia deles aqui?-Ele perguntou, nem dando atenção á minha reclamação.

–Não sei.-Falei, levando um biscoito á boca.-Bia e Rafa são divertidas, apesar de serem fúteis. Só que Nicholas e Eduardo não são boas pessoas, são aqueles caras pegadores, baladeiros, que usam drogas, que enganam garotinhas, enfim, eles não prestam pelo o que dissem na escola. A face de Dave ficou diferente, como se lembrasse de algo triste. Mas ele logo se recompôs e olhou para mim, bravo.

–Como pode deixar caras desse tipo na sua casa? Seus pais sabem que eles são assim?-Dave brigou, como se fosse um pai.

–Pelo visto foi a Bia que falou com eles para vir me visitar. E aposto que ela não falou que eles são esses tipos de caras, ela nem seguer acha isso, eu mesma já tentei acorda-la para a vida e faze-la perceber o que eles são.

–Está com medo de algo acontecer?

Suspirei.

–Sim.-Respondi.

Dave olhou para os lados, procurando alguma resposta.

–Eu vou proteger você, se algo acontecer então.-Ele enfim, avisou.

–O-O q-que?M-Me p-proteger?!-Fiquei sem entender.

–Esse Nicholas e Eduardo não parecem bons caras. Preciso garantir que nada vai acontecer com você.

–Isso não é preciso, Dave!

–É sim, e mesmo se não concordar, eu farei isso.

–Bom, se é assim.-Dei de ombros, rindo depois. Dave deixou escapar um sorriso meigo.

–Sabe, acho que você só tem amigos problemáticos. Duas que ouvi falar são patricinhas, outra é uma "miss arco-íris" de tanto usar coisas coloridas e tem alguns caras que são perigosos.-O menino opinou, observando eu beber um gole de meu suco.

–Eles nem são meus amigos de verdade.-Assumi, com um olhar triste.-E também, eu acho que eu que sou a problemática dali.-Completei.

–É obvio que não é! Garotas que ligam mais para roupas e maquiagem do que para a vida é que são.

–Tem razão.-Respondi, rindo. Quando imediatamente a campainha tocou. Olhei para o relógio que havia na cozinha, perto da mesa onde eu tomava meu café. Eram 9:40.

–Vou ali ver quem é.-Disse eu, indo em direção á porta. Não sabia se era Bianca ou qualquer outra pessoa. Abri a porta, e me deparei com Gabi, que estava com um simpático vestido colorido e com acessorios bem chamativos.

–Olá!-Ela disse, á sorrir de orelha á orelha.-Eles já chegaram?

–Eles quem?-Fiquei duvidosa.

–Seus amigos, bobinha.-Ela deu um tapinha em meu ombro se dirigindo para dentro da velha casa.-Soube que vem amigos seus lhe visitar, eu adoraria conhece-los!- Os seus olhos brilharam.

–Ah...-Falei com a mão na nuca, desanimada.-Eles ainda não chegaram, mas chegam logo.

–Quem está aqui com você?-Ela perguntou, caminhando rapidamente e olhando para todos os lados como se procurasse alguém. A garota ficou esquisita com uma reação louca á adentrar mais dentro da casa.

–N-Ninguém.-Disse seca, sua pergunta soou estranha para mim.

–Quem está aqui, Lorena?-Ela perguntou novamente, agora com a expressão séria, que já estava á me dar arrepios.

–Eu já disse, ninguém!-Insisti.

–Parece um espírito, mas ao mesmo tempo parece um humano...-Gabriela sussurrou, fechando os olhos e farejando o ar, o que me fez não entender o que acontecia aqui. Será que ela estava á falar de Dave?

–O que você quer, menina?-Dave aparece sem motivos no sofá da sala onde eu e Gabi se encontrávamos.Minha pessoa achava incrível o modo como ele aparecia, ele se transformava de um simples vulto para uma figura na nossa frente. Mas não entendi o motivo de ele aparecer enquanto Gabi estava lá, sua vivência deveria ser segredo.

–Oh, eu sabia! Havia alguém aqui! Mas... O que você é?-A menina perguntou, e por incrível que pareça, ficou somente um pouco surpresa com sua aparição.

–Eu sei lá.-Dave deu de ombros, grosso.-Mas você é alguém especial, não é mesmo? Para sentir espíritos você tem que ser uma medium.

Eu não sacava o que eles estavam á falar, Gabriela teria conhecimento de Dave?

–É, eu sou, até mais um pouco do que isso, sou uma sensitiva, e o seu caso é bem engraçado. Você é um humano que também é um espírito, isso é confuso. Lhe senti assim que entrei, mas por mim era um humano, até eu conseguir entender mais sua presença.

–Do que estão falando?!-Me meti na conversa, chegando mais perto dos dois que dialogavam.

–Há quanto tempo você esconde ele, Lorena Collins?-Gabriela me interrogou, séria. Os fios de cabelos da menina, que estavam amarrados em um coque bagunçado, não paravam de se mecher compulsivamente por causa do movimento que Gabi fazia. Mirava de um lado para o outro, mechia as mãos nervosa e colocava-as na cintura. Ela parecia estar impressionada com a situação. Mas não por ver um espírito e sim por Dave ser algo "diferente" do que ela estava acustumada.

–O que?-Perguntei, sem entender.

–Ela me sente, ela é uma espécie de sensitiva. E pronto, me descobriu nesse momento!-Dave explicou, batendo palmas como se debochasse.

–Eu não vou contar á ninguém, juro. As pessoas nem sabem o que sou. Por favor, deixe-me tentar resolver seu caso, você é um enigma, Dave!-Gabi implorou.

–Você sentiu ele?-Perguntei olhando para ela.

–Eu sempre sinto espíritos ou presenças, só que a dele é diferente, é como se ele fosse um espírito meio humano. E assim que senti isso, precisei descobrir o que era.

–Isso é muito louco!-Pensei alto.

–E ela não vai tentar descobrir o que eu sou.-Dave cruzou os braços, com uma feição irritante.

–Olha, eu acabei de descobrir seu caso agora, mas pelo modo que senti sua presença, você é algo diferente.-Gabriela avisou.-Deveria dar uma chance, eu posso ajuda-lo.

–Espera, se Gabi realmente pode ajudar você, tens de dar aceitar!-Disse para Dave.

–Tá, tá. Eu vou pensar, satisfeitas?-Ele respondeu, fazendo com que Gabi sorrise alegremente. Eu logo iria falar algo, mas alguém tocara a campainha.

–É a Bianca, eu tenho certeza. Dave, eles não podem te ver, Gabi, espere na sala, por favor.-Avisei, correndo em direção á porta. Cheguei próxima á porta, e enfim, a abri.

Lá estavam eles; Bia, Rafa, Nicholas e Eduardo. Bianca se encontrava com uma calça comprida dourada e pelo visto caríssima, uma blusa branca e um casaco no mesmo tecido da calça. Ela estava bonita, e bem alegre. Segui seus braços com pulseiras de ouro e vi que ela estava agarrada á Nicholas. Rafaela se encostava perto da entrada com seu típico traje de cor rosa e Eduardo dava uma olhada nas malas descontraído.

–Lory!-Gritou Bia, saindo dos braços de Nicholas e vindo em minha direção ao ver que abri a porta.-Que saudades!-Ela me abraçou.

–Também estava, mesmo com poucos dias sem se ver.-Respondi.

–Os pais de Rafa viriam pra cá e eu não poderia perder essa oportunidade de nós vermos. -Ela avisou.

–O que eles vinheram fazer aqui?-Perguntei interessada.

–Coisas de trabalho. Minha mãe é modelo e recebeu uma oferta, meu pai quis vir para acompanha-la.-Rafaela, que fitava o chão, respondeu por Bianca.

–Interessante.-Sorri.-Como estão? -Perguntei.

–Estamos ótimos!-Nicholas se meteu.-Podemos entrar?-Foi grosso.Revirei os olhos, mas tentei ser simpatica e assenti dando um sorriso forçado.

–Casa bonita, hein?-Observou Eduardo.-Foi gentileza sua deixar a gente passar a tarde aqui até os pais de Rafaela acharem um Hotel para a gente.

–Lory é bem educada, ela sempre está disposta á ajudar os amigos.-Informou Bianca, colocando uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.

–Então não se encomodaria em levar minhas malas para algum quarto?-Nicholas, mal-educadamente perguntou, se sentando no sofá.

–Para de ser preguiçoso, garoto!-Reclamou Rafaela, pondo a mão na cintura, brava.

–Cada um leva suas malas, eu não vou me meter nisso.-Falei, dando de ombros. Era fraca demais para tal tarefa e não me fazeria de escrava para ninguém.

Chamei Gabi, e a apresentei para todos, a Bia e a Rafaela gostaram da menina. Depois disso, todos levaram suas malas para certos quartos.

Eu e as meninas usaríamos o meu quarto, e os meninos ficariam com o de hospedes.

–Esse é seu quarto?! Não acha ele um tanto comum demais não, Lorena?!-Perguntou Rafa ao se deparar com meu quarto.

–Esse é o estilo dela, ela não curte muito luxo.-Respondeu Bianca, que já me conhecia bem.

–É exatamente isso!-Concordei.-Venham, deixem essas malinhas aqui.-Apontei para uma área perto da cabeceira da cama, onde guardaram o que trouxeram.

Gabriela nos acompanhava, parecia se divertir com pelo menos algumas garotas por perto. Agora eu conseguia entender um pouco seu comportamento estranho, ela não seria como nós.

Descemos as escadas e voltamos para a sala de estar da casa onde se encontrava Nicholas e Eduardo que já haviam guardado as suas malas. Ficamos conversando, mas eu não tinha a mínima simpatica com Nicholas, e ele já estava bem grosso comigo. Como Bianca não percebia nada e nem dava atenção?